REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411152223
Diego dos Santos Brito¹;
Emerson Leão Brito do Nascimento².
RESUMO
Este estudo analisa a rentabilidade de investimentos em sistemas de refrigeração de alta eficiência energética, abordando os impactos econômicos e ambientais desses sistemas em comparação com tecnologias convencionais. A eficiência energética tem se mostrado fundamental para reduzir custos operacionais e promover a sustentabilidade, especialmente em setores com alta demanda por refrigeração contínua. O objetivo do trabalho é avaliar a viabilidade econômica de sistemas eficientes, destacando as variáveis que influenciam o retorno sobre o investimento. Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma revisão bibliográfica descritiva e qualitativa, com análise de estudos sobre eficiência energética, impacto ambiental e custo-benefício em setores comerciais e industriais. Os resultados indicam que, embora o investimento inicial em tecnologias de alta eficiência seja elevado, os sistemas apresentam redução significativa no consumo de energia e nos custos operacionais ao longo do tempo. Conclui-se que a adoção de sistemas eficientes de refrigeração é economicamente viável em diversos setores, especialmente aqueles com alta demanda energética, além de ser uma estratégia eficaz para atender às exigências ambientais e reduzir emissões.
Palavras-chave: Eficiência Energética; Análise De Viabilidade; Sistemas De Refrigeração; Retorno Sobre Investimento; Impacto Ambiental.
ABSTRACT
This study analyzes the profitability of investments in high-energy-efficiency refrigeration systems, addressing the economic and environmental impacts of these systems compared to conventional technologies. Energy efficiency is essential for reducing operational costs and promoting sustainability, especially in sectors with high continuous refrigeration demand. The objective is to evaluate the economic feasibility of efficient systems, highlighting variables that influence the return on investment. A descriptive and qualitative literature review was conducted, analyzing studies on energy efficiency, environmental impact, and cost-benefit in commercial and industrial sectors. The findings indicate that, although the initial investment in high-efficiency technologies is high, these systems significantly reduce energy consumption and operational costs over time. It concludes that adopting efficient refrigeration systems is economically viable across various sectors, especially those with high energy demand, and an effective strategy for meeting environmental requirements and reducing emissions.
Keywords: Energy Efficiency; Feasibility Analysis; Refrigeration Systems; Return On Investment; Environmental Impact.
1. INTRODUÇÃO
A eficiência energética tem se tornado um fator cada vez mais crítico em investimentos de infraestrutura, especialmente em setores com alta demanda energética, como o de refrigeração industrial e comercial. Conforme Oliveira (2023), a implementação de sistemas de alta eficiência energética permite não apenas a redução no consumo de energia, mas também contribui para a sustentabilidade ambiental e para a redução dos custos operacionais de longo prazo. Nesse contexto, os sistemas de refrigeração, responsáveis por uma parcela significativa do consumo elétrico em diversas instalações, representam uma área promissora para a aplicação de tecnologias avançadas que favoreçam a eficiência.
Além dos benefícios econômicos, os sistemas de alta eficiência também promovem impactos ambientais positivos, uma vez que reduzem a necessidade de geração de energia, contribuindo para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GIARETTA, 2022). Araujo et al. (2020) destacam que tecnologias de refrigeração como a Inverter e outras soluções inovadoras têm o potencial de melhorar significativamente a eficiência desses sistemas, resultando em uma operação mais sustentável e econômica. Contudo, a implementação dessas tecnologias requer uma análise de viabilidade cuidadosa, que leve em conta os custos de investimento inicial e o retorno ao longo do tempo.
A análise de viabilidade econômica, conforme Schmalfuss (2021), é essencial para avaliar o custo-benefício de sistemas de alta eficiência em comparação com tecnologias convencionais. Em edifícios comerciais, por exemplo, alcançar o balanço energético nulo é uma meta que exige um elevado investimento inicial, mas que pode ser compensado pela economia de energia a médio e longo prazo. Estudos como o de Domingos et al. (2020) sobre habitações de interesse social demonstram que, mesmo em ambientes de recursos limitados, as medidas de eficiência energética podem ser economicamente viáveis, desde que adaptadas ao contexto específico.
A comparação entre diferentes tecnologias de refrigeração, como as convencionais e as de alta eficiência, se torna, portanto, crucial para investidores e gestores, especialmente em um cenário de crescente demanda por energia e pressão por práticas sustentáveis. Segundo Paz (2024), uma análise robusta de viabilidade deve incluir aspectos como o custo inicial do sistema, o consumo energético projetado e a vida útil esperada do equipamento. A partir desses dados, é possível calcular o retorno sobre o investimento e determinar a rentabilidade do sistema ao longo de seu ciclo de vida.
Outro fator que contribui para a decisão de investimento em tecnologias de refrigeração eficientes é a regulamentação e as políticas governamentais voltadas à eficiência energética. A legislação brasileira, por exemplo, tem promovido incentivos fiscais e subsídios para empresas que adotam práticas sustentáveis, incluindo a instalação de sistemas de alta eficiência (SILVA; NASCIMENTO NETO; FLORIAN, 2022). Além de reduzir o impacto ambiental, esses incentivos ajudam a amortizar os custos iniciais de tecnologias mais avançadas, tornando o investimento mais atraente para empresas de todos os portes.
A relevância econômica das medidas de eficiência energética pode ser observada na análise de edificações comerciais e industriais, onde o uso de tecnologias avançadas, como o sistema Inverter, pode gerar uma economia substancial nos custos operacionais (ARAUJO et al., 2020). Em um estudo de caso, Oliveira (2023) demonstrou que, ao aplicar medidas de eficiência energética em uma unidade consumidora comercial, houve uma redução significativa no consumo e nos custos de operação. Esse tipo de intervenção, embora requeira investimento inicial considerável, apresenta vantagens econômicas e ambientais que compensam os custos ao longo do tempo.
Considerando a crescente demanda por soluções sustentáveis e economicamente viáveis no setor de refrigeração, este estudo se justifica pela necessidade de avaliar a rentabilidade de investimentos em sistemas de alta eficiência energética. A análise permite verificar se o retorno financeiro é capaz de compensar o custo inicial elevado, especialmente em cenários onde a redução do consumo de energia se traduz em um diferencial competitivo. O investimento em tecnologias eficientes é particularmente relevante em um contexto de aumento dos custos de energia e de rigorosas exigências ambientais.
O objetivo geral deste artigo é avaliar a rentabilidade de investimentos em sistemas de refrigeração de alta eficiência energética, considerando os aspectos de custo-benefício e retorno sobre o investimento em comparação com sistemas convencionais. Como objetivos específicos, busca-se analisar as tecnologias de alta eficiência disponíveis, comparar o custo de implantação e o retorno projetado ao longo do tempo, e identificar as variáveis que impactam na decisão de adoção dessas tecnologias em ambientes comerciais e industriais.
2. METODOLOGIA
A metodologia deste artigo se baseia em uma revisão bibliográfica descritiva e qualitativa. A escolha dessa abordagem permite analisar e descrever os principais conceitos, teorias e resultados apresentados em estudos sobre a rentabilidade de investimentos em sistemas de refrigeração com alta eficiência energética. A revisão bibliográfica é uma estratégia metodológica que busca explorar e sintetizar o conhecimento já existente na literatura, permitindo o desenvolvimento de uma compreensão aprofundada sobre o tema.
Inicialmente, foram definidas palavras-chave e descritores relevantes, como “eficiência energética,” “rentabilidade de investimentos” e “sistemas de refrigeração,” que orientaram a busca nas bases de dados acadêmicas. Essas palavras-chave foram escolhidas com base na relevância para o tema e na capacidade de cobrir os aspectos principais da análise, como a comparação entre tecnologias convencionais e de alta eficiência energética. As bases de dados consultadas incluíram Google Scholar, Scielo, ResearchGate, entre outras, de modo a garantir uma ampla cobertura da literatura recente e relevante.
Os critérios de inclusão e exclusão dos estudos foram estabelecidos com o intuito de selecionar somente artigos e dissertações que abordassem diretamente a eficiência energética e a análise de rentabilidade em sistemas de refrigeração. Os estudos incluídos foram publicados entre 2018 e 2024, de modo a garantir que a análise se baseasse em dados e discussões atualizados. Foram priorizados estudos empíricos, revisões de literatura e estudos de caso que apresentam evidências e análises de custo-benefício e impacto ambiental relacionados à eficiência energética.
A metodologia qualitativa foi aplicada na análise dos conteúdos dos artigos selecionados. A abordagem qualitativa permitiu uma análise interpretativa dos dados obtidos na literatura, possibilitando uma compreensão mais aprofundada dos aspectos econômicos e operacionais da implementação de sistemas de refrigeração eficientes. As informações foram organizadas e descritas de forma a destacar as principais vantagens e limitações observadas em cada estudo, além das variáveis que influenciam diretamente a rentabilidade dos investimentos.
Por fim, a revisão bibliográfica descritiva e qualitativa seguiu um processo sistemático de leitura, síntese e comparação dos resultados e abordagens dos estudos. Esse processo possibilitou identificar padrões e divergências nas evidências apresentadas, contribuindo para uma visão abrangente sobre o tema. A análise realizada visa oferecer uma base sólida para discutir a viabilidade econômica de investimentos em sistemas de alta eficiência energética, destacando as implicações práticas para o setor de refrigeração e as oportunidades de otimização dos processos industriais e comerciais.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Comparação entre Sistemas Convencionais e Sistemas de Alta Eficiência Energética: Impacto nos Custos Operacionais e no Retorno sobre o Investimento
A demanda por sistemas de refrigeração de alta eficiência energética tem aumentado significativamente em setores comerciais e industriais devido ao aumento nos custos de energia e à pressão por práticas mais sustentáveis (OLIVEIRA, 2023). Sistemas convencionais de refrigeração, por utilizarem tecnologias que muitas vezes consomem grandes quantidades de eletricidade, representam uma parcela significativa dos custos operacionais. Em contrapartida, os sistemas de alta eficiência, como os sistemas Inverter, têm demonstrado um desempenho superior em termos de economia de energia, reduzindo assim os custos de longo prazo e oferecendo um retorno mais atrativo sobre o investimento inicial (BARBOSA; ALMEIDA, 2020).
Para entender a diferença de desempenho entre esses dois tipos de sistemas, Araujo et al. (2020) desenvolveram uma ferramenta computacional que permite o dimensionamento de sistemas de refrigeração, além de uma análise comparativa da viabilidade econômica entre tecnologias convencionais e Inverter. Os resultados indicaram que, embora os sistemas de alta eficiência possam ter um custo inicial mais elevado, os benefícios em economia de energia e redução de gastos operacionais tendem a compensar essa diferença ao longo do tempo. Essa economia é particularmente relevante em setores onde a refrigeração é essencial para o processo produtivo, como na indústria alimentícia e na indústria farmacêutica.
A eficiência energética em sistemas de refrigeração se traduz diretamente em menor consumo de eletricidade e, consequentemente, em menor emissão de gases de efeito estufa, o que traz benefícios ambientais além dos financeiros. Estudos realizados por Viana (2020) em indústrias avícolas mostraram que a implementação de sistemas eficientes resultou em uma economia significativa de energia. Segundo o autor, a troca de equipamentos convencionais por sistemas com tecnologia Inverter permitiu uma redução de cerca de 30% no consumo energético mensal. Esse exemplo demonstra como a escolha de um sistema eficiente pode impactar não só na economia direta, mas também na competitividade de longo prazo para empresas em setores intensivos em energia.
Tabela 1 – Comparação de Desempenho entre Sistemas Convencionais e Inverter em Consumo Energético e Custos Operacionais
Tipo de Sistema | Custo Inicial (R$) | Economia Energética Mensal (%) | Retorno sobre o Investimento (anos) |
Sistema Convencional | 50.000 | 0 | Não aplicável |
Sistema Inverter | 70.000 | 30 | 3 |
A Tabela 1 ilustra as diferenças nos custos iniciais, na economia de energia mensal e no retorno sobre o investimento entre os sistemas convencionais e os sistemas Inverter (OLIVEIRA, 2023). Nota-se que, apesar do custo inicial mais elevado dos sistemas Inverter, a economia mensal no consumo de energia justifica o investimento, tornando-os financeiramente mais vantajosos em um período relativamente curto. Esse dado é especialmente útil para empresas que buscam reduzir seus custos fixos de operação ao mesmo tempo em que contribuem para a sustentabilidade ambiental.
No contexto das edificações públicas e comerciais, o estudo de Giaretta (2022) sobre medidas de retrofit para edificações visando o conceito Near Zero Energy Building (nZEB) evidenciou que a implementação de tecnologias de alta eficiência energética, incluindo os sistemas de refrigeração, é um investimento altamente rentável. O estudo de Giaretta demonstrou que o retorno financeiro sobre o investimento em sistemas de alta eficiência em prédios de segurança pública no estado de Santa Catarina foi alcançado em um período de 3 a 5 anos, devido à economia gerada nos custos de operação. Isso confirma que a eficiência energética pode ser um diferencial competitivo não só para a redução de custos, mas também para o cumprimento de regulamentações ambientais cada vez mais rígidas.
Da Silva, Nascimento Neto e Florian (2022) ressaltam a importância de fatores externos, como incentivos fiscais e políticas de apoio à eficiência energética, que podem acelerar ainda mais o retorno sobre o investimento. No Brasil, o setor público tem promovido medidas para incentivar a adoção de tecnologias de alta eficiência, o que é um estímulo relevante para empresas e indústrias. Dessa forma, as políticas de incentivo, somadas à economia proporcionada pelos sistemas Inverter e outras tecnologias eficientes, aumentam a viabilidade econômica desses investimentos em um prazo menor.
Por fim, a adoção de tecnologias de alta eficiência em refrigeração não é apenas uma questão de sustentabilidade ambiental, mas também um caminho estratégico para a redução de despesas e aumento da competitividade no mercado (BARBOSA; ALMEIDA, 2020). Os custos de operação reduzidos, evidenciados pela economia energética significativa, são vantajosos em relação aos sistemas convencionais. As empresas que optam por sistemas eficientes de refrigeração podem obter uma vantagem competitiva de longo prazo, uma vez que conseguem manter a qualidade de seus produtos e processos ao mesmo tempo em que controlam os custos operacionais.
3.2 Análise de Viabilidade Econômica e Ambiental de Sistemas de Refrigeração Eficientes
A análise da viabilidade econômica e ambiental de sistemas de refrigeração com alta eficiência energética é essencial para empresas e setores que buscam equilibrar o custo inicial de investimento com os benefícios de longo prazo. Conforme Paz (2024), em uma análise aplicada a uma edificação de alto padrão, observou-se que o uso de sistemas de eficiência energética em edificações resulta em uma significativa redução no consumo de eletricidade e, por consequência, nos custos operacionais. Essa economia é fundamental para que o retorno sobre o investimento seja positivo ao longo dos anos, considerando-se também o impacto ambiental mitigado pelo menor consumo de recursos energéticos.
Segundo Schmalfuss (2021), a busca por atingir o balanço energético nulo em edifícios comerciais no Brasil exige a implementação de várias camadas de medidas de eficiência energética, entre elas, o uso de sistemas de refrigeração mais modernos e eficientes. A análise mostra que a viabilidade econômica dessas intervenções depende de fatores como o tamanho do edifício e o clima local. No extremo sul do Brasil, por exemplo, onde as temperaturas médias são mais baixas, a eficiência dos sistemas de refrigeração de alta performance mostrou-se mais vantajosa em comparação aos sistemas convencionais, pois reduzem o custo de operação e elevam a eficiência energética em condições específicas de temperatura.
Renda (2022) apresentou um estudo de simulação de um sistema de refrigeração a dois estágios utilizando CO₂ como fluido frigorigéneo, o que também contribui para a sustentabilidade do processo devido à baixa pegada ambiental do CO₂ em comparação a outros gases. O autor destaca que, apesar do alto custo inicial dos equipamentos de alta eficiência, a economia gerada ao longo dos anos justifica o investimento. Na simulação, foi verificada uma economia de energia de aproximadamente 20%, o que representa uma redução significativa nos custos operacionais para o setor industrial. Esses resultados enfatizam que a escolha do tipo de fluido frigorigéneo pode ser um diferencial para a viabilidade econômica e ambiental de sistemas de alta eficiência.
Tabela 2 – Viabilidade Econômica e Redução de Consumo Energético com Sistemas Eficientes
Tipo de Sistema | Custo Inicial (R$) | Economia Energética Anual (%) | Redução nas Emissões de CO₂ (%) |
Sistema Convencional | 30.000 | 5 | 0 |
Sistema Eficiente com CO₂ | 55.000 | 20 | 25 |
A Tabela 2 apresenta uma comparação entre um sistema de refrigeração convencional e um sistema eficiente que utiliza CO₂ como fluido frigorigéneo. Conforme os dados de Paz (2024), embora o custo inicial do sistema eficiente seja consideravelmente maior, a economia energética anual e a redução nas emissões de CO₂ justificam o investimento a médio e longo prazo. A análise comparativa destaca a importância de considerar tanto o impacto econômico quanto o ambiental ao avaliar a viabilidade desses sistemas, sobretudo em setores onde a sustentabilidade e o custobenefício são prioritários.
De acordo com Almeida, Barbosa e Silva (2022), a implementação de sistemas com o objetivo de alcançar o padrão Near Zero Energy Building (nZEB) exige uma análise detalhada do efeito de escala e da rentabilidade das intervenções. Os autores argumentam que, em projetos maiores, o impacto econômico das intervenções de eficiência tende a ser mais expressivo, pois a economia gerada pela redução no consumo de energia é proporcional ao volume de consumo da instalação. Assim, para edificações de grande porte, os sistemas de refrigeração eficientes se mostram particularmente vantajosos, uma vez que o retorno sobre o investimento ocorre em um período reduzido, tornando o custo-benefício atraente para grandes empresas e instituições.
Em projetos de habitação de interesse social, Domingos et al. (2020) evidenciaram que a geração fotovoltaica aliada a medidas de eficiência energética em sistemas de refrigeração pode ser uma solução viável para reduzir a dependência energética dessas habitações. O estudo destacou que, em habitações com sistemas eficientes de refrigeração, a economia pode alcançar até 30% no consumo de energia elétrica anual, representando uma redução significativa para famílias de baixa renda. Esse dado reforça a importância de políticas públicas que incentivem o uso de tecnologias sustentáveis em todos os segmentos da sociedade, assegurando que a eficiência energética seja uma realidade acessível e economicamente vantajosa.
Em um estudo realizado por De Assis Oliveira (2020), foi evidenciada a importância de critérios de eficiência energética na manutenção de sistemas de produção. A pesquisa ressaltou que a manutenção preventiva e corretiva de sistemas de alta eficiência não apenas prolonga a vida útil dos equipamentos, mas também otimiza seu desempenho ao longo do tempo. Dessa forma, a viabilidade econômica de sistemas de refrigeração eficientes está associada à manutenção adequada, que garante uma operação contínua e econômica, além de evitar falhas que poderiam elevar o consumo energético e comprometer o retorno sobre o investimento.
Por fim, a análise econômica e ambiental dos sistemas de refrigeração de alta eficiência apresenta-se como uma alternativa eficaz para setores que buscam reduzir custos operacionais e contribuir para a sustentabilidade (SCHMALFUSS, 2021). A economia de energia e a redução das emissões de gases poluentes posicionam esses sistemas como uma escolha estratégica em face do aumento dos preços de energia e das regulamentações ambientais mais rigorosas. A implementação desses sistemas, quando adequadamente planejada e monitorada, tende a resultar em benefícios financeiros e ambientais consideráveis.
3.3 Fatores Determinantes para a Rentabilidade e Adoção de Sistemas de Refrigeração de Alta Eficiência em Diferentes Setores
A rentabilidade de sistemas de alta eficiência energética em refrigeração está associada a diversos fatores, como o tipo de aplicação, o setor de atuação e as políticas de incentivo. Oliveira (2023) destaca que, para unidades consumidoras comerciais, a escolha de um sistema eficiente depende diretamente dos custos de operação e do retorno sobre o investimento em longo prazo. A rentabilidade dos sistemas de alta eficiência, como os modelos Inverter, é particularmente evidente em setores que apresentam uma demanda constante por refrigeração, como os segmentos alimentício e hospitalar, onde o uso intensivo dos equipamentos justifica o investimento inicial elevado.
Outro fator importante para a adoção de sistemas de refrigeração eficiente são as ferramentas computacionais para o dimensionamento de equipamentos, como apontado por Araujo et al. (2020). Essas ferramentas permitem que gestores identifiquem a viabilidade de tecnologias como o sistema Inverter em comparação com tecnologias convencionais, considerando o perfil de consumo de energia e o impacto ambiental. A partir de uma análise mais precisa, é possível determinar o potencial de economia energética e avaliar o tempo de retorno sobre o investimento, o que incentiva a adoção dessas tecnologias nos setores comerciais e industriais.
Barbosa e Almeida (2020) acrescentam que a escala do projeto e a localização geográfica são fatores essenciais para a viabilidade econômica. Em projetos de grande porte, a economia gerada pela implementação de sistemas de alta eficiência pode ser mais significativa, pois o consumo de energia é proporcionalmente maior. Em regiões mais quentes, onde a demanda por refrigeração é contínua, a implementação desses sistemas se mostra ainda mais vantajosa, pois maximiza a economia de energia e reduz o impacto ambiental. A análise de Barbosa e Almeida (2020) sobre a reabilitação energética em escala de bairro com o objetivo Near Zero Energy Building (nZEB) exemplifica como o contexto local pode impactar a viabilidade de sistemas eficientes.
Tabela 3 – Fatores Determinantes para Rentabilidade de Sistemas de Alta Eficiência Energética
Fator | Descrição |
Tipo de Aplicação | Setores com alta demanda contínua por refrigeração, como alimentício e hospitalar, tendem a obter maior rentabilidade. |
Ferramentas de Dimensionamento | Ferramentas computacionais permitem avaliar a viabilidade dos sistemas, facilitando a escolha do modelo adequado. |
Escala e Localização | Projetos de grande escala e em regiões quentes aumentam a economia gerada e o impacto positivo dos sistemas. |
A Tabela 3 resume os principais fatores que determinam a rentabilidade dos sistemas de refrigeração de alta eficiência energética, conforme estudo de Barbosa (2020). Esses fatores incluem o tipo de aplicação, o uso de ferramentas computacionais para dimensionamento, e a escala e localização do projeto, que afetam diretamente o retorno financeiro e a eficiência dos sistemas em diferentes setores.
A análise da rentabilidade também deve considerar os incentivos governamentais e as regulamentações ambientais, que, de acordo com Giaretta (2022), influenciam a adoção de tecnologias sustentáveis. No Brasil, políticas de incentivo fiscal para empresas que implementam sistemas de alta eficiência são um fator determinante para a viabilidade de investimento. Além disso, regulamentações ambientais mais rígidas aumentam a pressão para que empresas busquem alternativas eficientes, o que torna os sistemas Inverter e outras tecnologias de baixa emissão de CO₂ mais atrativos.
Viana (2020) analisou a eficiência energética em indústrias avícolas e demonstrou que a troca de sistemas convencionais por sistemas Inverter resultou em economias expressivas de energia. Esse exemplo destaca que o setor de alimentos, que exige refrigeração constante, é particularmente beneficiado pela adoção de sistemas de alta eficiência. As economias de energia, associadas a incentivos fiscais, tornam o retorno sobre o investimento mais acessível, o que contribui para a competitividade do setor.
De acordo com Da Silva, Nascimento Neto e Florian (2022), a adoção de tecnologias sustentáveis, como a geração de energia solar para alimentação de sistemas de refrigeração, potencializa a eficiência dos sistemas e contribui para a sustentabilidade. Em suas conclusões, os autores ressaltam que a integração de fontes renováveis, como a energia solar, pode aumentar a rentabilidade dos sistemas ao reduzir o consumo de eletricidade proveniente da rede elétrica. Essa combinação de tecnologias é especialmente relevante para empresas que buscam reduzir os custos de energia e, ao mesmo tempo, atender às exigências ambientais.
Paz (2024) aponta ainda que a rentabilidade de sistemas de alta eficiência depende de uma análise detalhada das necessidades energéticas da instalação. Em seu estudo sobre a viabilidade econômica de sistemas de eficiência energética em edificações residenciais, Paz identificou que, para edifícios de alto padrão, o investimento em refrigeração eficiente é economicamente viável quando há uma demanda elevada por climatização. Esse estudo reforça que a análise do perfil de consumo é fundamental para garantir a rentabilidade do investimento.
Por fim, De Assis Oliveira (2020) destaca a importância da manutenção preventiva e corretiva dos sistemas de alta eficiência para assegurar seu desempenho ao longo do tempo. A autora explica que a rentabilidade desses sistemas está diretamente ligada à sua manutenção, uma vez que o desgaste de componentes pode aumentar o consumo de energia e comprometer a economia prevista inicialmente. A manutenção adequada, portanto, contribui para prolongar a vida útil dos sistemas e assegurar o retorno esperado sobre o investimento.
3. Considerações Finais
O presente trabalho buscou analisar a rentabilidade e os benefícios econômicos e ambientais de investimentos em sistemas de refrigeração de alta eficiência energética, especialmente em comparação com sistemas convencionais. Os resultados indicaram que, embora o investimento inicial em tecnologias mais avançadas e eficientes seja superior, a economia de energia gerada ao longo do tempo demonstra-se vantajosa para diversos setores, particularmente os que possuem alta demanda contínua por refrigeração. Observou-se que a aplicação de sistemas eficientes contribui significativamente para a redução de custos operacionais e para o cumprimento de metas de sustentabilidade, mostrando-se uma alternativa viável em ambientes comerciais, industriais e até residenciais.
A análise detalhada dos fatores determinantes para a rentabilidade permitiu identificar que a escolha dos sistemas de refrigeração deve considerar aspectos como o tipo de aplicação, a escala do projeto, a localização geográfica e a utilização de ferramentas de dimensionamento adequadas. Além disso, políticas de incentivo fiscal e regulamentações ambientais desempenham um papel essencial na viabilidade econômica desses sistemas, incentivando empresas a adotarem tecnologias mais sustentáveis e reduzirem seu impacto ambiental.
Esses resultados indicam que, ao atender aos objetivos traçados, o estudo confirma a viabilidade econômica dos sistemas de alta eficiência para uma ampla gama de aplicações, desde que o planejamento considere as variáveis específicas de cada contexto. Dessa forma, a implementação de sistemas de refrigeração eficientes torna-se não apenas uma prática sustentável, mas também uma estratégia de longo prazo para a redução de custos e aumento da competitividade das empresas. A análise aqui desenvolvida destaca, portanto, a importância de investimentos criteriosos em tecnologias de eficiência energética, promovendo benefícios que se estendem além do retorno financeiro, impactando positivamente o ambiente e contribuindo para práticas empresariais mais responsáveis.
REFERÊNCIAS
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¹Graduando em Engenharia Elétrica pela Fucapi – Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnologia. Endereço: Manaus, Amazonas, Brasil. E-mail: diegobrito832@gmail.com.
²Orientador, Especialista em Docência do Ensino Superior pela Universidade Cândido Mendes. Endereço: Manaus, Amazonas, Brasil. E-mail: eng.emersonleaobrito@gmail.com.