TREATMENT OF FIBROMYALGIA: AN ANALYSIS OF AVAILABLE PHARMACOLOGICAL AND NON-PHARMACOLOGICAL THERAPIES.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411150950
Julia Gonçalves dos Anjos
Laryssa Kauane da Silva Teixeira
Luana Cardoso Lopes
Rute Viana Montalvão Rocha
Vitória Aparecida Alves Nogueira
Prof. Lorena Silva Matos Andrade
Resumo
A fibromialgia é uma condição de caráter crônico, definida principalmente pela dor crônica difusa e generalizada, possui etiopatogenia desconhecida e não tem causa de origem inflamatória. Os indivíduos acometidos por essa síndrome podem apresentar sintomas como hiperalgesia, alodinia, fadiga, distúrbios do sono, alterações de humor, ansiedade, depressão, síndrome do intestino irritável, rigidez articular e comprometimento das capacidades físicas.
A fisiopatologia da fibromialgia ainda é de caráter desconhecido, e por não apresentar substrato anatômico na sua fisiopatologia, ainda é confundida com outras condições, como os transtornos de humor, devido a semelhança dos seus sintomas. O diagnóstico da FM é feito através da história clínica do paciente, baseado nos sintomas e sinais apresentados, no entanto os critérios utilizados ainda são imprecisos, devido a inexistência de marcadores laboratoriais, o que dificulta um diagnóstico mais preciso.
O tratamento farmacológico da fibromialgia, é composto por uma variedade de classes de fármacos que vão atuar no alívio da dor, melhoria da qualidade de sono, aumento da capacidade funcional e o equilíbrio emocional do paciente, incluindo os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina e nortriptilina), inibidores seletivos da recaptação da serotonina e norepinefrina (IRSNs. Exemplo: duloxetina e milnaciprano), inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), antiepilépticas (pregabalina), relaxantes musculares (ciclobenzaprina), sedativos (clonazepam, alprazolam, oxibato de śodio e zolpidem) e analgésicos (tramadol). Há também utilização do 5-hidroxitriptofano e da melatonina no manejo da fibromialgia.
Quanto ao tratamento não farmacológico, consiste na utilização de acupuntura, atividades físicas, alongamentos, exercícios aeróbicos, estimulação elétrica e ozonioterapia, devendo considerar a individualização e aplicação contínua das terapias para melhor controle das doenças e melhoria da qualidade de vida.
Palavras-Chaves: Fibromialgia, Fisiopatologia, diagnóstico, tratamento farmacológico e tratamento não farmacológico.
Abstract
Fibromyalgia is a chronic condition, defined mainly by diffuse and widespread chronic pain, with an unknown etiopathogenesis and no inflammatory cause. Individuals affected by this syndrome may experience symptoms such as hyperalgesia, allodynia, fatigue, sleep disorders, mood swings, anxiety, depression, irritable bowel syndrome, joint stiffness and impaired physical abilities.
The pathophysiology of fibromyalgia is still unknown, and because it has no anatomical substrate in its pathophysiology, it is still confused with other conditions, such as mood disorders, due to the similarity of their symptoms. The diagnosis of FM is made through the patient’s clinical history, based on the symptoms and signs presented, however the criteria used are still imprecise, due to the lack of laboratory markers, which makes a more accurate diagnosis difficult.
The pharmacological treatment of fibromyalgia is made up of a variety of drug classes that will act to relieve pain, improve sleep quality, increase functional capacity and the patient’s emotional balance, including tricyclic antidepressants (amitriptyline and nortriptyline), selective serotonin and norepinephrine reuptake inhibitors (SNRIs). Example: duloxetine and milnacipran), selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs), antiepileptics (pregabalin), muscle relaxants (cyclobenzaprine), sedatives (clonazepam, alprazolam, oxybate and zolpidem) and analgesics (tramadol). 5-hydroxytryptophan and melatonin are also used in the management of fibromyalgia.
As for non-pharmacological treatment, it consists of acupuncture, physical activity, stretching, aerobic exercise, electrical stimulation and ozone therapy, and should consider individualization and continuous application of therapies for better disease control and improved quality of life.
Keywords: Fibromyalgia, Pathophysiology, diagnosis, pharmacological treatment and non-pharmacological treatme
1 INTRODUÇÃO
A fibromialgia é uma condição de caráter crônico, com etiopatogenia desconhecida e não inflamatória, é caracterizada por dor musculoesquelética causado por um distúrbio do processamento dos centros sensitivos aferentes, essa síndrome pode ser associada a outros variados sintomas em outros sistemas como sono não reparador, cansaço e grande sensibilidade ao toque, além disso, pode afetar várias áreas do corpo. Devido não ter modificações orgânicas, a doença recebe influência direta de fatores relacionados à saúde mental como estresse, ansiedade, depressão, inassertividade e crenças irracionais, essa incidência pode acontecer tanto no início quanto no decorrer do problema. (Bender; Faria e Fajardo, 2022)
A doença é diagnosticada através da história clínica da paciente, ou seja, diagnóstico totalmente clínico, realizado com base nos sintomas e sinais. Ainda, são solicitados outros tipos de exames para a exclusão de doenças que apresentam semelhança à Fibromialgia e para detecção de possíveis problemas que podem ocorrer junto e influenciar na sua evolução (Provenza et al., 2011). A American College of Rheumatology (ACR) criou alguns critérios com intuito de facilitar o diagnóstico usando o índice de dor generalizada (IDG) e a escala de gravidade dos sintomas (EGS), com isso o profissional responsável analisa e julga os dados obtidos. (Heymann et al., 2017)
O tratamento da doença não é totalmente efetivo, uma vez que, a falta de conhecimento sobre a etiopatogenia impossibilita isso, mas é elaborado combinação de modalidades não farmacológicas e farmacológicas de acordo com o quadro do paciente, a intensidade e características dos sintomas apresentados.
O grande objetivo é amenizar a dor e melhorar a qualidade de vida. (Oliveira; Almeida, 2018)
Os fármacos são utilizados para alívio da dor, possibilitando também disposição para realizar exercícios físicos e melhor qualidade de vida. Alguns desses medicamentos são a pregabalina, duloxetina, amitriptilina, nortriptilina, antiparkinsonianos, ansiolíticos, analgésico, antidepressivo e relaxante muscular, além de terapias alternativas como acupuntura e aromaterapia. Cada medicamento atua no organismo de forma diferente, alguns melhoram a dor, o ânimo, o relaxante, por exemplo, diminuem a rigidez dos músculos e alguns agem como indutores do sono, melhorando assim a qualidade de vida do paciente. (Vilaça et al., 2022).
Nesse contexto, o trabalho propõe uma análise das terapias disponíveis para o tratamento da fibromialgia, considerando a diversas classes medicamentosas que podem ser inseridas na farmacoterapia, contribuindo assim para uma reflexão sobre o melhor manejo dos pacientes
2 METODOLOGIA
Este artigo trata-se de uma revisão da literatura, sendo utilizada a pesquisa bibliográfica, a referida pesquisa foi realizada no período de setembro a dezembro de 2024. Inicialmente foram feitas buscas por artigos científicos relacionados ao tema, para leitura e posterior triagem. Os artigos que atenderam ao critério de inserção e possuíam relevância para a pesquisa, foram então selecionados para compor a fundamentação teórica deste trabalho.
Os artigos publicados no período de 2019 a 2024 foram avaliados e escolhidos como critérios de inclusão, dando preferência aos artigos mais recentes, escritos em inglês e português. Nesta análise, existem artigos que fornecem informações relevantes sobre o tratamento farmacológico, diagnóstico e gestão da fibromialgia, fundamentais para o avanço e aprimoramento do estudo. Todos os dados foram selecionados meticulosamente de modo a caracterizar cada estudo. Essa revisão ignora cartas, monografias e teses.
As informações coletadas para este estudo de revisão de literatura, foram obtidas em bancos de dados como Google Acadêmico, PubMed (National Library of Medicine, Bethesda, MD) e SciELO (Scientific Electronic Library Online). Para uma pesquisa direta sobre o assunto em questão, foram utilizados relatores categorizados em português como “fibromialgia”, “tratamento medicamentoso da fibromialgia” e “tratamento farmacológico da fibromialgia”. Adicionalmente, empregaram-se seus equivalentes em inglês, “fibromyalgia”, “drug treatment of fibromyalgia” and “pharmacological treatment of fibromyalgia”.
Os valores morais associados às referências dos autores dos artigos escolhidos foram valorizados. Por fim, por ser uma revisão de literatura, não foi necessária a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa para este estudo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Quadro 1– Fornece os dados sobre os artigos escolhidos para fundamentar o estudo, compreendendo as seguintes informações: ano, título, autores e objetivos.
ANO | TÍTULO | AUTOR (ES) | OBJETIVOS |
2022 | Possíveis hipóteses Fisiopatológicas da Fibromialgia: uma revisão Integrativa de literatura. | GOMES, MariaJacilene deAraújo et al. | Compreender e analisar possíveis fatores sobre a Síndrome fibromiálgica (SFM). |
2024 | A (in)visibilidade da fibromialgia por seus sintomas e os desafios do seu diagnóstico e terapêutica. | COSTA, Larissa Pereira; FERREIRA, Márcia de Assunção. | Analisar os desafios da fibromialgia com base em seus sintomas e suas influências no diagnóstico e na terapêutica. |
2020 | Aspectos clínicos e principais formas de tratamento para Fibromialgia. | COSTA,Samara et al. | Explorar sobre a fisiopatologia da FM e as determinadas classes terapêuticas para o tratamento da mesma. |
2020 | Síndrome da Fibromialgia e Transtorno Depressivo: uma análise de estudos transversais e longitudinais. | BENTES, Renan Da Silva et al. | Investigar a associação da Fibromialgia e Transtorno Depressivo. |
2023 | Etiologia e Fisiopatologia da Fibromialgia. | ALMANZA, Ana Placida Marino Chamani et al. | Retrata sobre a fibromialgia, suas condições patológicas, descreve as alterações no sistema nervoso autônomo e enfatiza a dor crônica. |
2020 | Marcadores genéticos para fibromialgia em mulheres. | MOREIRA, Lara de Souza Farias et al. | Analisa a presença de marcadores genéticos e biomarcadores que auxiliam na detecção e a incidência de fibromialgia nas mulheres. |
2020 | Fibromialgia: Etiologia, Diagnóstico e Tratamento. | GOMES, Catarina Sofia dos Santos Pedreira. | descrever a doença, sua condição clínica, o tratamento necessário para cada paciente, o diagnóstico e avaliação do corpo e da dor ao longo do tempo. |
2022 | Diagnóstico e tratamento da fibromialgia: uma revisão integrativa. | TREVISAN, Márcio et al. | Objetiva a patologia da fibromialgia incluindo o diagnóstico, as condutas esperadas, e o tratamento realizado a base de medicamentos e terapias não farmacológicas. |
2022 | Uma abordagem geral da Fibromialgia. | ATHAYDE, Italo; MARQUES, Ester; CÔRTES, João Pedro. | Compreender e analisar as características da fibromialgia |
2018 | O tratamento atual da fibromialgia. | JUNIOR, José; ALMEIDA, Mauro. | Apresentar os principais tratamentos sugeridos para os portadores de fibromialgia, incluindo alguns emergentes. |
2020 | Importância do conhecimento da doença e seus tratamentos. | FRIEDRICH, João Víctor; UHDE; Sara Petrini Ritter; ZANINI, Elaine De Oliveira. | Destacar a importância da fibromialgia e dos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos utilizados para proporcionar melhorias dos sintomas causados por ela. |
2023 | Does fibromyalgia have a solution? | DESANTANA, Josimari Melo; SOUZA, Anne Carolline de Freitas; SANTOS, Jéssica Ellen Cardoso. | Aponta que a abordagem interdisciplinar e multimodal se mostra como a melhor alternativa para o tratamento da fibromialgia. |
2024 | Fibromialgia: exploração das causas, diagnóstico e opções de tratamento. | ABREU, Ana Clara Lima de Paula et al. | Aponta uma exploração das causas da fibromialgia, retrata a respeito do reumatismo, além de conter opções de tratamento e formas de diagnóstico. |
2020 | Treatment data from the Brazilian fibromyalgia registry. | RENATO, Marcos de Assis et al. | Analisar as médicas terapêuticas prescritas pelos médicos brasileiro. |
2021 | Efeitos da acupuntura na fibromialgia. | PEREIRA, Heloísa; NUNES, Mariangela; RIBEIRO, Caíque; RIBEIRO, Maria. | O objetivo foi realizar uma revisão integrativa sobre o uso da acupuntura na analgesia em pacientes com fibromialgia. |
2020 | Association between daily level of objective physical activity and C-Reactive protein in a representative national sample of adults with self-reported diagnosed arthritis or fibromyalgia. | KINGSBURY, Celia et al. | Avaliar a prática da atividade física e tempo sedentário com níveis de proteína C-Reativa em paciente com Fibromialgia eArtrite. |
2021 | Uma revisão sistemática da literatura sobre os efeitos da terapia com ozônio em pacientes com fibromialgia: resultados clínicos. | AMORIM, João Vitor; MASINI, Marcos | Uma análise com base nas literaturas sobre o impacto da ozonioterapia em paciente com Fibromialgia |
2022 | Fibromialgia e exercícios físicos: uma revisão de literatura | ARANTES, Matheus de Oliveira; et al. | A revisão de literatura tem o intuito de demonstrar a relação da prática de atividade física e a melhora dos sintomas presentes na fibromialgia. |
3.1 FISIOPATOLOGIA DA FIBROMIALGIA
A fisiopatologia da fibromialgia ainda não é completamente esclarecida, apesar de ser atualmente uma das síndromes crônicas mais estudadas (Gomes et al., 2022). Sabe-se que a fibromialgia é uma síndrome definida principalmente pela dor crônica difusa e generalizada, onde não possui causa de origem inflamatória. (Costa; Ferreira, 2024). Os indivíduos acometidos pela fibromialgia podem apresentar sintomas como hiperalgesia, alodinia, fadiga, distúrbios do sono, alterações de humor, ansiedade, depressão, síndrome do intestino irritável, rigidez articular e comprometimento das capacidades físicas. (Costa et al.,2020).
A revisão integrativa de (Gomes et al., 2022), elucida as questões relacionadas a contrariedade da patogênese da fibromialgia, esclarecendo que não há presença de substrato anatômico na sua fisiopatologia, e que os sintomas dessa síndrome se assemelha a um quadro depressivo ou com a síndrome da fadiga crônica. Dessa forma, alguns especialistas ainda definem a FM como uma síndrome de somatização.
No entanto, a fibromialgia é caracterizada como uma síndrome de dor crônica e real (BENTES et al., 2020). Algumas hipóteses mais atuais mostram que a FM pode ser resultante da alteração de algum mecanismo central que regula a dor, na qual ocasiona uma alteração das funções normais dos neurotransmissores. Por exemplo, essa disfunção causaria uma hiperatividade dos níveis da substância P do sistema excitatório, e também uma diminuição de neurotransmissores inibitórios, como a serotonina. Além do fator de crescimento de neurônios. Essas condições podem ter influência de fator genético ou podem ter sido adquiridas por agentes estressores, e ambas podem estar juntamente presente num quadro de fibromialgia. (Costa et al., 2020).
De acordo a critérios definidos pelo colégio Norte-Americano de radiologia e validados para o contexto brasileiro em 1998, a dor da síndrome se intensifica ao pressionar alguns pontos dolorosos que ficam em regiões específicas do corpo (Almanza et al., 2023).
A síndrome não possui marcadores laboratoriais que possam chegar a um diagnóstico preciso, tão pouco estudos conclusivos sobre os mecanismos que causam a doença no organismo. A fibromialgia atinge pessoas de ambos os sexos, no entanto há uma maior prevalência em mulheres, onde estas representam 90% dos casos estrangeiros e nacionais, atingindo em maior parte mulheres com 50 anos ou mais. Estudos epidemiológicos de base populacional realizado nos Estados Unidos da América sugeriram que a síndrome atinge com maior predominância mulheres de 60 a 70 anos.
A fibromialgia atinge ambos os sexos, no entanto acomete em maior parte mulheres. A prevalência e o aumento da dor crônica relacionada a síndrome no sexo feminino geraram reflexões sobre o diagnóstico, as formas terapêuticas adotadas e a intensidade dos sintomas dolorosos relatados pelas pacientes, que por muitas vezes não são levados a sério, devido a inexistência de marcadores laboratoriais que facilitariam em um diagnóstico mais preciso (MOREIRA, 2020).
Algumas teorias sugerem que alterações no mecanismo nociceptivos associados a percepção dolorosa, transmissão e regulação central da dor podem resultar em desconforto e sensação aumentada de dor e/ou alodinia caracterizada pela percepção de um estímulo que não causaria dor, agora como doloroso. (COSTA et al., 2020).
3.2 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA FIBROMIALGIA
O tratamento farmacológico da fibromialgia existente é composto por um compilado de classes extensas de fármacos que vão atuar no alívio da dor, melhoria da qualidade de sono, aumento da capacidade funcional e o equilíbrio emocional do paciente (GOMES, 2020).
Diante das amplas classes medicamentosas são encontradas, antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina e norepinefrina (IRSNs), inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), antiepilépticas. Os relaxantes musculares, sedativos e analgésicos também são utilizados como opção de paliativo para sintomas da patologia (COSTA et al., 2020).
Os antidepressivos tricíclicos sendo eles amitriptilina e nortriptilina são medicamentos utilizados no tratamento farmacológico da fibromialgia com o intuito de melhoria do sono e da dor e redução da fadiga. Outra classe de medicamentos utilizadas no tratamento são os inibidores da recaptação da serotonina e norepinefrina (IRSNs), sendo eles a duloxetina e milnaciprano, fármacos de escolha e eficácia no tratamento da FM para tratar sintomas depressivos, alívio das dores e fadiga (TREVISAN, et al., 2022).
A classe medicamentosa antiepilépticas são usadas no tratamento da Fibromialgia com o propósito de causar uma redução na quantidade de sinais da dor que são induzidos pelo sistema nervoso central (SNC), inibindo a liberação de neurotransmissores, provocando a diminuição da atividade excitatória dos neurônios, sendo a droga recomendada dessa classe a pregabalina. Diante desse ciclo é notório no paciente uma melhora do sono, da dor e bem-estar geral (TREVISAN et al., 2022). Perante os testes feitos e resultados obtidos em pacientes com o placebo e medicamentos, atualmente, apenas a duloxetina, o milnaciprano e a pregabalina são aprovadas pelo Federal Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos para o tratamento e controle de sintomas da fibromialgia, taxando todos os outros medicamentos como “off label” no tratamento (ATHAYDE et al., 2022; COSTA et al., 2020).
Os relaxantes musculares, tendo a ciclobenzaprina de referência no mercado para alívio dos sintomas. Essa droga vai servir como bloqueador do receptor 5-HT2 de serotonina, esse que está envolvido em várias funções fisiológicas do corpo, tem como intuito agir no sistema nervoso central (SNC), provocando o relaxamento dos músculos esqueléticos e reduzindo a dor (ATHAYDE et al., 2022).
Os analgésicos como tramadol é um opioide que age no sistema nervoso central (SNC), bloqueando também a recaptação da 5-HT2 de serotonina, causando a inibição da dor. No tratamento da FM a junção do tramadol com paracetamol que também é pertencente ao grupo de analgésicos, tem sido mais eficaz do que sua finalidade individual (GOMES., 2020)
Os inibidores seletivos da recaptação de seretonina (SSRIs) também são empregados no tratamento da fibromialgia, graças à sua capacidade de aumentar a presença de 5-HT nas sinapses neurais. Um exemplo disso é a fluoxetina 20mg, um fármaco altamente eficaz no tratamento dos sintomas da fibromialgia, contribuindo para o controle da fadiga e do transtorno de humor. Adicionalmente, pode ser associado à amitriptilina para melhorar e regular a dor, o bem-estar e o sono (GOMES., 2020).
Estudos demonstram que a terapia combinada de amitriptilina e melatonina (N-acetil-5 metoxitriptamina) apresenta melhora aos sintomas. Isso ocorre pelo fato dos componentes noradrenérgicos e serotoninérgicos do sistema endógeno alivia a intensidade da dor pela estimulação dos receptores melatoninérgicos (JÚNIOR, José; ALMEIDA., 2018).
Embora não sejam aconselhados na abordagem terapêutica da fibromialgia, os sedativos benzodiazepínicos continuam sendo receitados devido à sua eficácia no controle do sono. O clonazepam e o alprazolam são os medicamentos mais comumente receitados para tratar a fibromialgia. O oxibato de sódio é um sedativo recente que está sendo investigado e mostrou benefícios. Tem efeito sobre a dor e problemas de sono, mas também gera efeitos colaterais como náuseas, vômitos, ansiedade, contrações musculares e vertigem. O zolpidem, por sua vez, ainda é o fármaco mais comumente usado para aprimorar a qualidade do sono em pacientes com fibromialgia (GOMES., 2020).
Sugere-se também que os precursores da serotonina, como o 5-hidroxitriptofano, um químico e metabólito na biossíntese do neurotransmissor 5-HT e da melatonina a partir do triptofano, podem amenizar os sintomas da fibromialgia, tais como dor, ansiedade, rigidez matinal e cansaço. Eleva os níveis de 5-HT, normalmente baixos em pacientes com fibromialgia, através do mesmo processo dos antidepressivos SSRI. A dose que demonstrou eficácia para este tratamento foi de 100mg, administrados três vezes ao dia (GOMES., 2020).
3.3 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO DA FIBROMIALGIA
O tratamento da fibromialgia consiste em um tratamento multidisciplinar e individualizado. É baseado, sobretudo, na sintomatologia, podendo este ser farmacológico e não farmacológico se valendo este último da acupuntura e terapias (FRIEDRICH, 2020; COSTA, et al, 2020; DESANTANA, et al, 2023; De Paula, et al, 2024).
Foi notada uma melhora na dor e na qualidade do sono em pacientes que realizam a acupuntura com frequência como tratamento não farmacológico paralelamente ao farmacológico (DE ASSIS et al, 2020; PEREIRA et al, 2021). Estudos apontam que a acupuntura para o tratamento da dor em pacientes com fibromialgia, trazem uma melhora significativa na qualidade de vida (PEREIRA et al, 2021). Pereira, et al, 2021 esclarece que a acupuntura pode ser utilizada em diversos grupos de pacientes e serviços de saúde, sendo uma importante ferramenta na atenção primária, gerando efeitos benéficos, não se limitando à analgesia. Pode demonstrar um ótimo custo efetividade, com redução de gastos atendimentos em ambulatórios e hospitalizações, decorrentes de crises álgicas em pacientes com fibromialgia. Ademais, esta terapia pode promover alívio da dor, impactando na melhora da qualidade de vida do paciente e na realização das atividades cotidianas. Torna-se imperativo ampliar o acesso a essa terapia, com a criação de um protocolo que vise o seu uso combinado ou individualizado no tratamento da fibromialgia.
Dentre as terapias não farmacológicas, existem algumas outras práticas reconhecidas, que quando utilizadas de forma contínua e individualizada, apresentam bons resultados, como os exercícios físicos regulares ( ARANTES et al, 2022; DE SANTANA et al, 2023) e estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS). Assim, alongamentos, treinamento resistido e aeróbico, promovem a redução da dor, de novas lesões e de cinesiofobia, corroborando para a melhora no funcionamento do sistema cardiovascular, da qualidade de vida e da consciência corporal dos indivíduos (DE SANTANA et al, 2023).
Neste sentido, a melhora na sintomatologia da doença, pode se relacionar a achados como níveis mais baixos de proteína C-reativa, e outras substâncias, em indivíduos que praticam atividades físicas regulares, pois a proteína C-reativa por exemplo, induz a passagem do estímulo da dor, dessa forma, pacientes que praticam atividades físicas possuem menos pontos de dor e um envelhecimento saudável, com qualidade de vida (KINGSBURY et al., 2020).
Conforme Amorim, 2021, existem relatos de pacientes que utilizaram a ozonioterapia no tratamento da fibromialgia, apontando melhora de sintomas específicos, como a dor, depressão, qualidade do sono, melhora na realização de atividades cotidianas, fadiga e fraqueza. No entanto, os estudos existentes ainda são incipientes para classificar a ozonioterapia como um tratamento capaz de garantir segurança e eficácia.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fibromialgia é uma condição crônica e incapacitante, cuja causa é desconhecida. No entanto, existem elementos genéticos e biológicos que a provocam. A terapia deve ser personalizada, já que cada pessoa tem suas próprias necessidades. Isso também se aplica ao tratamento farmacológico, que é caracterizado pela combinação de várias classes de medicamentos que têm a capacidade de aliviar os sintomas e aprimorar a qualidade de vida.
Por outro lado, o tratamento não farmacológico envolve a utilização de ervas, terapias e substâncias medicinais. Assim, levando em conta a severidade e a condição desta enfermidade. Existe uma grande demanda por novos estudos e pesquisas, tanto para a criação de novos medicamentos quanto para o aprimoramento de práticas complementares. Isso se deve ao fato de que, mesmo com vários estudos sobre o tratamento da fibromialgia, não existe um tratamento totalmente eficaz.
REFERÊNCIAS
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