A UTILIZAÇÃO DE VALERIANA OFFICINALIS E PASSIFLORA INCARNATA EM PACIENTES COM DEPRESSÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411151416


Andréia Soares Stone; Franciana Chaves Marinho; Indramara Vasconcelos Pereira; Veranilde Almeida Lima; Orientador (a): Prof. Msc. Amanda Bezerra Carvalho; Coorientador (a): Prof. Dr. Fábio Maués Carmona


RESUMO

A depressão, condição mental debilitante com impacto crescente na qualidade de vida, nem sempre responde bem aos tratamentos convencionais, que apresentam efeitos colaterais e dificultam a adesão. Nesse contexto, fitoterápicos como Valeriana officinalis e Passiflora incarnata surgem como alternativas terapêuticas promissoras. Este estudo teve como objetivo revisar a eficácia desses fitoterápicos no tratamento da depressão e da ansiedade. A metodologia consiste em uma revisão sistemática da literatura, abrangendo 16 artigos publicados entre 2014 e 2024, com base nas diretrizes PRISMA. Os resultados indicaram que ambos os fitoterápicos tiveram redução significativa dos sintomas depressivos e ansiosos, com menor incidência de efeitos adversos em comparação aos medicamentos convencionais. Observou-se que a Valeriana officinalis e a Passiflora incarnata atuam na modulação do sistema GABA, promovendo o alívio dos sintomas. Contudo, a padronização inconsistente dos compostos bioativos e a variabilidade nas formas de preparo são limitações para a aplicação clínica. Conclui-se que, embora promissores, esses fitoterápicos requerem mais pesquisas para garantir sua eficácia e segurança consistentes.

Palavras-Chaves: Ansiedade; Fitoterapia; Valeriana; Calmante; Eficácia Clínica.

ABSTRACT

Depression, a debilitating mental condition with an increasing impact on quality of life, does not always respond well to conventional treatments, which often have side effects that hinder adherence. In this context, phytotherapeutics like Valeriana officinalis and Passiflora incarnata have emerged as promising therapeutic alternatives. This study aimed to review the effectiveness of these phytotherapeutics in treating depression and anxiety. The methodology involved a systematic literature review of 16 articles published between 2014 and 2024, following PRISMA guidelines. Results indicated that both phytotherapeutics significantly reduced depressive and anxiety symptoms, with fewer adverse effects compared to conventional medications. Valeriana officinalis and Passiflora incarnata were observed to modulate the GABA system, promoting symptom relief. However, inconsistent bioactive compound standardization and preparation variability are limitations for clinical application. It is concluded that, while promising, these phytotherapeutics require further research to ensure consistent efficacy and safety.

Keywords: Anxiety, Phytotherapy, Valerian, Sedative, Clinical Efficacy.

1. INTRODUÇÃO

A depressão é um transtorno de humor grave e comum que tem se tornado cada vez mais prevalente entre jovens e idosos, sendo um problema significativo neste século, cujas causas ainda não são completamente compreendidas. Caracterizada por sentimentos persistentes de pessimismo, desamparo, tristeza profunda, insatisfação física e comprometimento do julgamento cognitivo, a depressão afeta milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão está projetada para se tornar a segunda maior causa de incapacitação ao trabalho no século XXI (Rocha et al., 2023).

Diversos estudos têm sugerido que a depressão pode ser desencadeada por uma combinação de fatores, incluindo histórico familiar, perdas significativas, doenças físicas, eventos estressantes, abuso de substâncias ou medicamentos (Dantas, 2017). Além dos tratamentos convencionais, como medicamentos antidepressivos e terapia, a fitoterapia tem emergido como uma alternativa promissora. Segundo Sarris et al., (2022), o uso de fitoterápicos não apenas é seguro e eficaz, mas também comparável aos ansiolíticos em termos de resultados terapêuticos.

A fitoterapia, definida como o uso terapêutico de plantas medicinais em diferentes formas farmacêuticas, não envolve substâncias ativas isoladas e tem como objetivo prevenir, tratar ou aliviar sintomas de doenças (Carmen et al., 2004). Entre os fitoterápicos com propriedades antidepressivas destacam-se plantas como Valeriana officinalis e Passiflora incarnata, essas plantas têm sido amplamente estudadas e demonstram eficácia significativa no tratamento de transtornos de ansiedade e depressão (Borrás et al., 2021).

A Valeriana officinalis, conhecida popularmente como valeriana, é uma planta da família Valerianaceae, cujas raízes secas, especialmente as de origem europeia, são usadas como droga oficial. Esta planta é destacada na Farmacopeia Brasileira e em outras referências internacionais, como a EMA (European Medicine Agency) e a WHO (World Health Organization). A valeriana é rica em compostos voláteis, flavonoides e ácido valerênico, um sesquiterpenoide que contribui para suas propriedades terapêuticas, como a promoção do sono e a redução da ansiedade (Silva, et al., 2020).

Além da valeriana, outras plantas como a Passiflora incarnata o, ou maracujá, têm ganhado destaque na fitoterapia. Pertencente à família Passifloraceae, a Passiflora incarnata é rica em flavonoides, C-glicosídeos e alcaloides, apresentando efeitos sedativos e hipnóticos (Dantas et al., 2017). Embora o mecanismo de ação exato dessa planta permaneça desconhecido, acredita-se que a inibição da monoamina oxidase (MAO) e a ativação dos receptores de ácido gama-aminobutírico (GABA) estejam envolvidos, o que sugere seu potencial no tratamento da ansiedade e distúrbios do sono (Appel, 2020).

Portanto, com a crescente prevalência da depressão e a busca por alternativas terapêuticas eficazes e seguras, este estudo visa avaliar o uso de Valeriana officinalis e Passiflora incarnata no tratamento da depressão. Especificamente, busca-se explorar a fitoquímica para identificar compostos bioativos, revisar os mecanismos de ação dos princípios ativos encontrados nas plantas na modulação dos sintomas depressivos e analisar as formas farmacêuticas utilizadas para otimizar a eficácia clínica.

2. METODOLOGIA

Este estudo consiste em uma revisão sistemática da literatura, conduzida de acordo com as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). A coleta de dados foi realizada no primeiro semestre de 2024, utilizando palavras-chaves como “Depressão”, “Fitoterapia”, “Valeriana officinalis“, “Passiflora incarnata“, “Compostos Bioativos” e “Eficácia Clínica”. As bases de dados consultadas incluíram a Scientific Electronic Library Online (SciELO), o US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) e a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

Os critérios de inclusão abrangeram artigos publicados entre 2014 e 2024, disponíveis na íntegra em português ou inglês, e de acesso livre. Foram excluídos resumos, estudos de caso e duplicatas.

Inicialmente, foi realizada uma pré-análise para identificar as hipóteses e os principais objetivos dos artigos selecionados. Em seguida, houve uma exploração detalhada do conteúdo para entender as ideias principais e as abordagens dos autores. Finalmente, os artigos foram interpretados e discutidos à luz dos objetivos deste estudo, buscando oferecer uma contribuição crítica ao debate sobre a eficácia clínica do tratamento fitoterápico e suas implicações para a saúde pública.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A busca inicial resultou em 494 artigos, dos quais 464 foram selecionados para uma análise mais aprofundada. Após aplicar rigorosamente os critérios de inclusão e exclusão, 30 artigos duplicados foram eliminados, 235 estavam fora do escopo do tema proposto, 69 eram em idiomas não aceitos, 58 eram artigos de opinião sem evidência científica sólida, e 86 eram revisões de literatura. Ao final, 16 artigos foram selecionados por se alinharem diretamente à questão central da pesquisa

A análise dos dados extraídos dos 16 artigos selecionados revelou insights significativos sobre a eficácia dos fitoterápicos Valeriana officinalis e Passiflora incarnata no tratamento de estados depressivos. Esses estudos, cuidadosamente escolhidos por meio de critérios rigorosos de inclusão e exclusão, abrangem uma variedade de abordagens metodológicas, incluindo pesquisas prospectivas, retrospectivas e observacionais. A diversidade dos métodos empregados enriquece a compreensão do tema, oferecendo uma perspectiva multifacetada sobre a eficácia dessas plantas medicinais.

Figura 1. Fluxograma de artigos obtidos com os critérios aplicados.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Os resultados obtidos indicam uma tendência consistente na eficácia dos fitoterápicos estudados, especialmente quando comparados a tratamentos convencionais ou placebos. A categorização dos artigos, conforme apresentado na Tabela 1, permitiu identificar padrões e variáveis críticas que influenciam os resultados terapêuticos. A eficácia de Valeriana officinalis e Passiflora incarnata foi observada em múltiplos estudos, com destaque para a redução dos sintomas depressivos e melhora na qualidade de vida dos pacientes.

Além disso, os resultados sugerem que a combinação desses fitoterápicos com outras intervenções terapêuticas pode potencializar seus efeitos, apontando para uma possível sinergia que merece ser explorada em futuras pesquisas. As discussões que seguem abordam as implicações clínicas dessas descobertas, considerando tanto as limitações metodológicas dos estudos quanto as oportunidades de aplicação prática desses fitoterápicos no tratamento da depressão.

Tabela 1. Categorização dos artigos selecionados para o estudo.

3.1. Fitoquímica e Compostos Bioativos da Valeriana officinalis e Passiflora incarnata

Estudos indicam que Valeriana officinalis (Valeriana) é uma planta nativa de zonas temperadas da América, Europa e Ásia, sendo amplamente conhecida por seus efeitos terapêuticos, incluindo propriedades sedativas, hipnóticas, ansiolíticas, anticonvulsivantes e antidepressivas. Seus rizomas contêm uma diversidade de compostos bioativos, como óleos essenciais e sesquiterpenóides (ácido valerênico), além de ésteres iridóides epóxi (valepotriatos, valtrato, didravaltrato), aminoácidos (arginina, GABA, glutamina, tirosina) e alcaloides. A extração desses compostos pode ser realizada através de métodos como o uso de solventes etanólicos ou aquosos, que têm demonstrado a capacidade de inibir a recaptação de GABA, um neurotransmissor fundamental no controle do humor e da ansiedade (Namaeti et al., 2014).

Além de sua ação sobre o GABA, Valeriana officinalis possui atividade antioxidante, o que pode ser relevante no combate ao estresse oxidativo, um fator amplamente associado ao desenvolvimento de depressão e ansiedade. O ácido valerênico, um de seus compostos principais, atua também sobre o transportador OATP2B1, o que pode influenciar a absorção de outros bioativos e substâncias no organismo (Schäfer et al., 2021). Preparações comerciais, como extratos hidroalcoólicos de valeriana, têm sido amplamente estudadas por seus efeitos positivos na qualidade do sono e na redução dos sintomas depressivos, sem causar efeitos colaterais significativos (Namaeti et al., 2014).

Por outro lado, a Passiflora incarnata, conhecida como flor-da-paixão, também é uma planta medicinal amplamente utilizada, principalmente pelas propriedades ansiolíticas e sedativas de seus compostos. Entre os fitoquímicos presentes nas partes aéreas da planta, como folhas e caules, destacam-se os alcaloides (harman, harmalina, harmol, harmine) e flavonoides (vitexina, isovitexina, apigenina, orientina). O isolamento dessas substâncias pode ser realizado através de infusão, tintura ou na forma de cápsulas contendo a droga vegetal (Silva et al., 2020).

Os flavonoides apigenina, orientina e vitexina, encontrados na P. incarnata, interagem de forma significativa com os transportadores OATP2B1 e OATP1A2, que desempenham papel crucial na absorção de esteroides sulfatados, como o estrona 3-sulfato. A orientina e a vitexina são identificadas como substratos tanto para OATP2B1 quanto para OATP1A2, enquanto a apigenina é transportada apenas pelo OATP1A2. Estudos sugerem que preparações comerciais da planta inibem a captação mediada por OATP2B1, o que pode alterar a função desses transportadores e, por consequência, a absorção de outros compostos bioativos (Schäfer et al., 2021).

No entanto, uma limitação importante em estudos com plantas medicinais, incluindo Valeriana officinalis e Passiflora incarnata, é a dificuldade em padronizar a concentração dos compostos bioativos devido à variabilidade influenciada por fatores geográficos e ecológicos. Isso pode dificultar a reprodutibilidade dos resultados, evidenciando a necessidade de estudos mais detalhados em metabolômica para melhor caracterização dos extratos vegetais (Munir et al., 2020). Além disso, a síntese de alcaloides indólicos, como alternativa aos métodos naturais de extração, pode ser uma abordagem promissora para garantir uma maior eficiência na produção dessas substâncias (Munir et al., 2020).

O estudo de Wu et al., (2023) evidenciou que a extração de compostos bioativos de raízes e rizomas de valeriana com etanol a 95% em banho-maria a 75 °C mostrou-se eficiente, produzindo altos níveis de fenóis e ácidos valéricos. Embora o etanol ofereça vantagens como atoxicidade e baixo custo, sua inflamabilidade é uma limitação. A técnica de ultrassom é uma alternativa promissora, mas exige equipamentos especializados. Os extratos das raízes contêm mais fenóis e apresentaram maior inibição de enzimas associadas à síndrome metabólica (SM) do que os dos rizomas. Conclui-se que esses extratos têm potencial para o desenvolvimento de alimentos funcionais com benefícios para o controle da SM.

Um estudo concluiu que a Passiflora incarnata, na dose de 260 mg por via oral, é eficaz e segura como ansiolítico para sedação consciente em exodontias de terceiros molares inclusos, mostrando efeitos similares ao midazolam (15 mg). Ambos os medicamentos mantiveram a pressão arterial, frequência cardíaca e saturação de oxigênio estáveis durante o procedimento, indicando que a Passiflora incarnata é uma alternativa viável ao midazolam, especialmente para pacientes que preferem opções fitoterápicas. Estudos adicionais são recomendados para aprofundar a compreensão de seu efeito ansiolítico em diferentes contextos e populações (Dantas et al., 2017).

3.2. Mecanismo de ação da Valeriana officinalis e Passiflora incarnata na modulação dos sintomas da depressão e ansiedade

O estresse é um fator desencadeante de diversos problemas de saúde, incluindo a ansiedade e a tensão nervosa, ambos frequentemente associados à depressão. Na União Europeia, plantas como Valeriana officinalis e Passiflora incarnata têm sido amplamente utilizadas no tratamento desses sintomas, proporcionando alívio ao estresse mental (Keck et al., 2020). Esses fitoterápicos são conhecidos por suas propriedades terapêuticas e têm atraído a atenção para o tratamento de distúrbios psiquiátricos.

Estudos indicam que a Passiflora incarnata possui efeitos ansiolíticos possivelmente relacionados à modulação do sistema GABA. Flavonoides presentes nesta planta atuam como agonistas parciais dos receptores GABAA, inibindo a recaptação de GABA e mediando diversos efeitos farmacológicos (Azimaraghi et al., 2017). Similarmente, a Valeriana officinalis, que contém uma ampla gama de compostos como iridoides, flavonoides e óleos essenciais, também exerce suas propriedades terapêuticas através do sistema GABAérgico (Tammadon et al., 2020). Estes mecanismos são cruciais para o tratamento de distúrbios relacionados ao estresse e à ansiedade.

Além dos efeitos no sistema GABA, a eficácia da Passiflora incarnata foi reforçada por estudos que mostram que seu efeito sobre o receptor GABAA pode ser comparado ao dos benzodiazepínicos, sugerindo sua viabilidade como alternativa no manejo dos sintomas de ansiedade. A ação antagonista no receptor GABAB pré-sináptico também pode contribuir para a redução da dependência de benzodiazepínicos, ajudando na diminuição do desejo por essas substâncias (Zanardi et al., 2023).

Por outro lado, Valeriana officinalis demonstrou um aumento das concentrações de serotonina no cérebro, um mecanismo potencialmente relevante para sua ação antidepressiva. O ácido valerênico, um dos principais compostos desta planta, pode influenciar a expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), que está associado à regulação do humor e à resposta ao estresse. Estudos recentes indicam que o extrato metanólico de Valeriana officinalis pode elevar os níveis de BDNF, sugerindo que o ácido valerênico desempenha um papel crucial na atividade antidepressiva da planta (Gonulalan et al., 2018).

A ação da Valeriana officinalis no tratamento da insônia e da ansiedade é baseada na modulação de neurotransmissores centrais. O óleo essencial desta planta desempenha um papel vital ao elevar os níveis de GABA (ácido gama-aminobutírico) no cérebro, um neurotransmissor com efeito inibitório que reduz a atividade neural excessiva e promove um estado de tranquilidade. Esse incremento no GABA facilita a iniciação e a manutenção do sono, ajudando a combater a insônia. Além disso, a Valeriana officinalis afeta a serotonina (5-HT) ao ativar o receptor 5-HT1AR, melhorando a qualidade do sono e diminuindo a ansiedade. A planta também modula a dopamina (DA), um neurotransmissor relacionado ao estado de vigília e excitação, diminuindo sua atividade para induzir um estado mais calmo (Wang et al., 2022).

A ação da planta também está vinculada à adenosina monofosfato cíclico (AMPc) e à proteína quinase dependente de AMPc (PKA), que influenciam a expressão de genes associados ao sono. Pesquisas indicam que a Valeriana officinalis pode aumentar a expressão de cAMP e PKA, o que afeta a atividade de neurotransmissores e melhora a qualidade do sono e o estado emocional. Estudos sugerem que o óleo essencial da planta regula positivamente o receptor 5-HT1AR, elevando a liberação de serotonina e GABA, e, assim, aliviando os sintomas de insônia e ansiedade (Wang et al., 2022).

3.3. Utilização de formas farmacêuticas na administração de Valeriana officinalis e Passiflora incarnata

O estudo do pesquisador De Brito et a., (2020) destacou a presença de compostos bioativos na Valeriana officinalis, como o ácido valpróico e o flavonoide 2S-hesperidina, que possuem propriedades sedativas e antioxidantes. Esses compostos são sugeridos como responsáveis por efeitos neuroprotetores e pela neutralização de danos oxidativos cerebrais. A fitoquímica da Valeriana officinalis é relevante para entender seus efeitos farmacológicos e sua eficácia como fitoterápico.

Segundo Silva et al. (2020), Passiflora incarnata atua como um depressor geral do Sistema Nervoso Central (SNC), o que a torna uma opção valiosa no tratamento da ansiedade. A administração desta planta pode ser feita de diversas formas, incluindo infusão, tintura ou cápsulas. Estudos clínicos confirmam que o extrato seco de Passiflora tem eficácia no alívio da ansiedade e no tratamento de distúrbios do sono, demonstrando efeitos comparáveis aos de medicamentos ansiolíticos convencionais, mas com menor risco de dependência (Zanardi et al., 2023).

Diversas formas de administração da valeriana estão disponíveis, permitindo ao paciente e aos profissionais de saúde escolher o formato mais adequado. O extrato é uma das formas mais comuns de administração, e em concentrações de até 30µg/mL é responsável por reduzir a viabilidade celular em 75%. (Spiess et al., 2021).

No estudo de Marawne et al. (2022), observou-se que as altas doses do extrato alcoólico de Valeriana officinalis (20, 50 e 100 µL/mL) não alteraram significativamente a neuroinflamação. No entanto, as doses mais baixas foram eficazes na redução da inflamação e na diminuição da expressão de genes relacionados à inflamação. Em contraste, as doses mais altas favoreceram a sobrevivência das células, indicando que, apesar da ausência de um efeito claro na neuroinflamação, essas doses podem contribuir positivamente para a viabilidade celular.

Estudos demonstram que os efeitos antidepressivos e ansiolíticos foram obtidos em camudongos após tratamento oral subagudo de extrato metanólico e etanólico de Valeriana officinalis. Onde a maior capacidade antioxidante foi observada em água e extrato metanólico de Valeriana officinalis (Gavzan et al., 2023).

Apesar da popularidade dessas plantas medicinais, é importante considerar a falta de padronização e a necessidade de mais estudos clínicos para validar suas propriedades terapêuticas. As pesquisas devem focar em evidências mais robustas para apoiar o uso dessas plantas no tratamento de transtornos mentais, garantindo que os benefícios superem os riscos e que as práticas terapêuticas sejam baseadas em dados científicos sólidos (Sarris et al., 2021).

A Valeriana officinalis e a Passiflora incarnata têm demonstrado potencial no alívio de sintomas associados a distúrbios psiquiátricos e problemas de sono. A integração de estudos farmacológicos mais rigorosos e a padronização das preparações fitoterápicas são essenciais para promover seu uso seguro e eficaz na prática clínica (Wang et al., 2022).

4. CONCLUSÃO

A fitoterapia, com o uso de Valeriana officinalis e Passiflora incarnata, apresenta-se como uma alternativa promissora para o tratamento de distúrbios psiquiátricos, especialmente depressão e ansiedade. Os objetivos foram alcançados ao evidenciar a eficácia dessas plantas na modulação de neurotransmissores e a redução de sintomas com menor incidência de efeitos colaterais em comparação com fármacos convencionais. A pesquisa destacou, ainda, a necessidade de padronização das preparações fitoterápicas e maior rigor nos estudos clínicos para garantir a consistência dos resultados.

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