REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411141625
Bárbara do Nascimento Pereira1; Deivison Miranda da Silva1; Marcos Vinícius da Cruz Silva1; Débora Maira Messias Leal do Nascimento2; Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal3; Ianderson de Siqueira Martins4; Ney Penalva Filho5; Jorge Messias Leal do Nascimento6
RESUMO: Tendo em vista que as infecções hospitalares relacionadas à assistência à saúde (IRAS), são adquiridas 48 horas após a admissão hospitalar, ou se manifestam em até 3 dias após a alta hospitalar, podem estar associadas a profilaxia em saúde acarretando um impacto a saúde do paciente, família, instituições hospitalares e até mesmo a sociedade por completo. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar a incidência bacteriana das superfícies e equipamentos das salas de urgência e emergência, sala de medicação, sala de cuidados intermediários e bloco cirúrgico de um hospital universitário. A infecção hospitalar representa um desafio quando se trata da prática clínica referente ao paciente hospitalizado. O seu parâmetro determina uma adição considerável no período de internação, da letalidade e, paralelamente contribui para os altos custos hospitalares. Os pacientes hospitalizados, especificamente em Unidade de Terapia Intensiva, estão particularmente mais expostos à infecçãohospitalar, dada as suas condições clínicas, que exigem procedimentos invasivos e terapia antimicrobiana. Este estudo objetivou observar e determinar a prevalência de infecção hospitalar (IH) distribuída por setores de um hospital terciário em Pernambuco, especializado como hospital-dia, que oferece consultas de diversas especialidades como Anestesiologia, Cardiologia, Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Clínica Médica, Urologia entre as diversas especialidades. Realizado o levantamento de dados, com a retrospectiva destes exames em pacientes internados no período de 2019 a 2023.
Palavras-chave: antimicrobianos, infecções, hospital universitário, microbiologia
ABSTRACT: Considering that healthcare-associated hospital infections (HAIs) are acquired 48 hours after hospital admission, or manifest within 3 days after hospital discharge, they may be associated with healthcare prophylaxis, causing an impact on the health of the patient. patient, family, hospital institutions and even society as a whole. The main objective of this work was to evaluate the bacterial incidence of surfaces and equipment in emergency rooms, medication rooms, intermediate care rooms and surgical blocks at a university hospital. Hospital infections represent a challenge when it comes to clinical practice regarding hospitalized patients. Its parameter determines a considerable increase in the hospitalization period, in lethality and, at the same time, contributes to high hospital costs. Hospitalized patients, specifically in the Intensive Care Unit, are particularly more exposed to hospital infections, given their clinical conditions, which require invasive procedures and antimicrobial therapy. This study aimed to observe and determine the prevalence of nosocomial infection (HI) distributed across sectors of a tertiary hospital in Pernambuco, specialized as a day hospital, which offers consultations in different specialties such as Anesthesiology, Cardiology, General Surgery, Vascular Surgery, Internal Medicine, Urology among the different specialties. Data collection was carried out, with a retrospective of these exams on hospitalized patients from 2019 to 2023.
Keywords: antimicrobials, infections,university hospital, microbiology
INTRODUÇÃO
As Infecções Relacionadas à assistência de Saúde (IRAS), popularmente conhecidas como infecções hospitalares, correspondem às contaminações adquiridas quando associadas a internações, procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos. Estima-se que anualmente cerca de dois milhões de pacientes que são internados no Estados Unidos acabam contraindo algum tipo de IRAS, e oitenta mil pacientes acabam indo a óbito (Nogueira et al., 2014).
Pacientes internados em instituições de saúde estão expostos a uma ampla variedade de microorganismos, principalmente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde o uso de antimicrobianos potentes é de amplo espectro, e o preceito são os procedimentos invasivos tradicionais. Nessa concepção, esta pesquisa tem como objeto de estudo a prevalência de infecções hospitalares (IH) nas unidades de terapia intensiva de um hospital público e de ensino.
No Brasil, os dados variam de acordo com cada setor hospitalar e tipo de procedimento realizado, em torno de 14 a 16% dos pacientes que são submetidos a procedimentos cirúrgicos, e acabam desenvolvendo alguma infecção durante o período (Barbosa et al., 2011). O Ministério da Saúde, através da portaria nº 2.616 de 12/05/1998, define “IH” como infecção angariada, após a admissão do paciente na unidade hospitalar, e exposta durante o período de internação ou após a alta.
Desta forma, o reconhecimento da situação expõe todos os pacientes admitidos em uma UTI, que dentre as demais unidades de uma instituição hospitalar, são frequentemente expostos aos fatores de risco, com procedimentos invasivos, estão sujeitos a riscos de 6 a 10 vezes maior de adquirir infecção que aqueles de outras unidades de internação do hospital, se tratando de um local de grande risco para o desenvolvimento das infecções hospitalares, como cirurgias complexas, antimicrobianos e também por utilizarem tecnologias avançadas de suporte de vida, que requer um método mais agressivo, que prevê um ambiente apropriado para desenvolvimento de uma IH.
As infecções hospitalares são caracterizadas como preveníveis, podendo ser evitadas como medidas de controle e procedimentos apropriados. As principais variáveis que classificam como fator de risco para categorização relacionada à infecção são: os extremos de idade, devido a deficiência do sistema imunológico, diabetes, desnutrição, potencial de contaminação por quantidade de cirurgias, método inadequado de esterilização, desinfecção de artigos médicos-hospitalares, insuficiência de medida protetiva para higienização e esterilização das mãos dos profissionais responsáveis.
Diante desta situação, a IH tem sido apontada como um dos mais importantes riscos aos pacientes hospitalizados, pois justifica a inclusão dos índices de infecção hospitalar como um dos indicadores de qualidade da assistência à saúde. Vale ressaltar que as infecções hospitalares influenciam agressivamente no período de hospitalização, junto aos índices de morbimortalidade repercutindo de maneira significativa nos custos de internação, consumo de antibióticos, bolsas alimentícias, isolamentos e exames laboratoriais.
A problemática da IH no Brasil evolui a cada dia, trazendo dados de que o custo do tratamento dos pacientes com IH é duas vezes maior que o custo dos pacientes sem algum tipo de infecção. Mesmo com a legislação vigente no país, os índices de IH permanecem altos, 14%, corresponde a 234 milhões de pacientes que passam por procedimentos cirúrgicos por ano. Dentre esses, pelo menos um milhão morre em decorrência de IH.
Em complexo, estes são fatores que têm contribuído decisivamente de forma exorbitante os serviços de internação, e consequentemente, transformado em uma das mais críticas áreas do sistema de saúde devido ao aumento dos gastos realizados com internação hospitalar e a alta taxa de permanência hospitalar.
De certa forma, precisa ser intensificado o desenvolvimento de medidas no que concerne à prevenção, combate e controle de infecções hospitalares extensivos a todo o pessoal hospitalar, principalmente àqueles que mantêm contatos com os pacientes. Diante da importância dessa temática, buscando em meios profiláticos das infecções hospitalares, o atual estudo objetivou-se verificar a incidência e perfil bacteriano em secreção traqueal, urocultura, síntese, partes moles e fragmento ósseo de pacientes internados em um Hospital Universitário em Pernambuco.
METODOLOGIA
Frente ao exposto e procurando oferecer suporte para a construção ou aplicação de revisões integrativas no cenário hospitalar sobre IRAS (infecções relacionadas à assistência à saúde), o presente trabalho tem como objetivo apresentar as fases evolutivas e constituintes de uma revisão integrativa junto aos aspectos que são de extrema importância a serem considerados para a utilização deste recurso metodológico.
Trata-se de um estudo observacional, quantitativo e analítico. A princípio, seguiu a análise de material literário específico, trabalhos envolvendo artigos e revisões buscadas no Google Acadêmico, trazendo à tona as evidências científicas disponíveis sobre determinado assunto, onde foram consultadas em diversas bases de dados, como Scielo, Rescis, Brazilian Journal of Health Review (BJHR), HU revista e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando palavras-chave, tais como: “infecções hospitalares”, “incidência”, “perfil bacteriano”, “bactéria”, “hospital” e “microbiologia”.
A análise foi realizada utilizando dados de um Hospital Universitário do Sertão do Vale do São Francisco, que conta com o perfil assistencial de hospital geral de média e alta complexidade à comunidade adulta, com dimensionamento dos serviços assistenciais e de ensino e pesquisa. A pesquisa trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo com abordagem social quantitativa, cujos dados foram coletados por meio de impressos laboratoriais do próprio serviço do hospital. Foram analisados exames de secreções de feridas, secreção de ferida operatória, uroculturas, hemoculturas e fragmentos de tecidos, de pacientes internados em setores diversificados do hospital, como: bloco cirúrgico, sala de medicação, sala de observação, urgência/emergência e sala de cuidados intermediários, no período de fevereiro de 2019 a abril de 2023.
O Hospital Universitário é considerado referência em traumas, politraumas, ortopedia, neurocirurgia, cirurgia geral e clínica médica. Para alavancar a construção da revisão integrativa, algumas etapas foram realizadas, sendo elas: elaboração de uma pergunta norteadora, buscas nas bases de dados, categorização dos estudos, avaliação e interpretação dos resultados das leituras.
Do total de 22 artigos, apenas 6 constituíram-se em material de análise, tendo em vista os critérios de inclusão e exclusão previstos. A questão norteadora foi direcionada buscando inserir palavras-chave de identificação, com a finalidade de possibilitar a localização dos estudos primários disponíveis nas bases de dados onde foram coletados, sendo ela: “Quais são os perfis bacterianos predominantes e suas classificações em áreas do ambiente hospitalar, e de que forma essas informações podem apontar medidas para prevenir infecções nessas extensões?”.
Os descritores e palavras chaves utilizados na busca foram aplicados de acordo com particularidades de cada base de dados e obtidos por pesquisa em sites com artigos acadêmicos. Utilizou-se o filtro de anos específicos de 2013 a 2023 em todas as buscas, e foram inseridos em língua inglesa e portuguesa, pois todas as revistas indexadas nas bases apresentavam em seus artigos alguns descritores em inglês e espanhol, com exceção do Rescis – HU onde foram inseridos somente descritores em português.
O quadro 1 mostra os descritores utilizados nesta revisão literária, sintetizando a forma como a busca foi realizada.
RESULTADOS
Inicialmente, a pesquisa foi realizada a partir da busca nas bases de dados citadas, com os descritores selecionados, nesta etapa foram selecionados 24 trabalhos, baseados nos respectivos títulos, resultados e recorte temporal dos últimos 10 anos, além disso, foram excluídos mais 3 artigos que estavam em duplicidade. Posteriormente, os 21 artigos restantes foram lidos de forma integral para avaliar a convergência com a pesquisa atual, e após esta leitura, 11 destes artigos foram excluídos por não serem de interesse ao presente estudo, restando 10 artigos primários, por fim, 02 destes foram também excluídos por não estarem diretamente ligados às IRAS, restando apenas 08 trabalhos como produto final.
Assim, sendo selecionados oito estudos realizados nos anos de 2015 (7), 2020 (2 e 6), 2021 (3 e 5) e 2023 (1, 4 e 8) que abordaram o perfil microbiológico de profissionais de saúde, das unidades de tratamento e das infecções relacionadas a serviços de saúde (IRAS) em hospitais universitários no Brasil.
Durante os anos de 2016 e 2017 o Hospital Universitário da Universidade do Vale do São Francisco (HU-UNIVASF) teve a taxa média geral de IRAS de 8,45% (Dias, 2021), Às principais infecções com maior ocorrência são: Infecções do trato respiratório, Infecção de trato urinário (ITU), Infecção de sítio cirúrgico (ISC) e infecção por corrente sanguínea laboratorialmente confirmada (IPCSL), dentre elas a que registrou a maior densidade de incidência (DI) foi a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) que em fevereiro de 2016 chegou a 63,8% e em abril de 2017 chegou a 90,4%.
As demais taxas de DI são as IPCS devido o uso de cateter venoso central com a taxa de 76,8% em outubro de 2016 e 74,7 em fevereiro de 2017, ITU com 33% no mês de julho de 2016 e 28,3% no mês de julho de 2017 e a IRAS com menor densidade de incidência foi a ISC que no mês de novembro de 2016 obteve uma taxa de 4,6% e 5,9% em fevereiro de 2017 tendo uma taxa média nos anos de 2016 e 2017 de 2,5% estando dentro da meta pactuada pelo ministério de saúde (Dias, 2021).
Gráfico 1: Porcentagem dos tipos de infecções hospitalares na unidade de terapia intensiva, no Hospital Universitário no submédio do Vale do São Francisco (HU- UNIVASF) com maior prevalência, no ano de 2016.
Gráfico 2: Porcentagem dos tipos de infecções hospitalares na unidade de terapia intensiva, no Hospital Universitário no submédio do Vale do São Francisco (HU- UNIVASF) com maior prevalência, no ano de 2017.
Para a formação do perfil microbiológico foi feito uma análise da identificação bacteriana das amostras biológicas coletadas no HU-UNIVASF de junho de 2018 até julho de 2019, sendo as amostras 336 hemoculturas, 291 uroculturas e 49 aspirados traqueais (Bastos, 2020). Das 336 hemoculturas, apenas 56 apresentaram crescimento bacteriano, as três bactérias mais frequentes foram a Staphylococcus coagulase negativa (31%), Staphylococcus aureus (17%) e Klebsiella pneumoniae (10%) (Bastos, 2020).
Gráfico 3: Perfil microbiológico de infecções por corrente sanguínea laboratorialmente confirmado (IPCSL) e por corrente sanguínea (CVC) na clínica médica do Hospital Universitário do Vale do São Francisco (HU-UNIVASF).
Ao ser caracterizado o perfil de resistência de cada bactéria, a S. coagulase negativa demonstrou 100% de resistência a ampicilina, eritromicina, levofloxacina, penicilina, piperacilina+tazobactam; 88% para oxacilina, clindamicina e sendo 100% sensível apenas para minociclina, daptomicina, vancomicina, linezolida. Já a S. aureus apresentou 100% de resistência para ampicilina, penicilina e piperacilina+tazobactam e tendo 100% de sensibilidade a daptomicina, ceftarolina, linezolida, minociclina, rifampicina, sulfametoxazol+trimetoprima, tigeciclina e vancomicina. A K. pneumoniae apresentou 100% de resistência a ceftarolina, ampicilina, ciprofloxacino e foi 100% sensíveis à amicacina, cefoxitina, daptomicina, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, tigeciclina e colistina (Bastos, 2020).
Tabela 1: Perfil de resistência e sensibilidade dos principais agentes etiológicos das Infecções por corrente sanguínea laboratorialmente confirmadas (IPCSL) e cateter venoso central(CVC).
Antimicrobianos | S. coagulase negativa | S. aureus | K. pneumoniae |
Ampicilina | Resistente(100%) | Resistente(100%) | Resistente(100%) |
Eritromicina | Resistente(100%) | Resistente(56%) | Não testado |
Penicilina | Resistente(100%) | Resistente(100%) | Não testado |
Levofloxacina | Resistente(100%) | Não testado | Não testado |
Piperacilina+Tazobact am. | Resistente(100%) | Resistente(100%) | Não testado |
Oxacilina | Resistente(88%) | Resistente(33%) | Não testado |
Clindamicina | Resistente(88%) | Resistente(56%) | Não testado |
Minociclina | Sensível(100%) | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Daptomicina | Sensível(100%) | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Linezolida | Sensível(100%) | Sensível(100%) | Não testado |
Vancomicina | Sensível(100%) | Sensível(100%) | Não testado |
Rifampicina | Resistente(31%) | Sensível(100%) | Não testado |
Ceftarolina | Não testado | Sensível(100%) | Resistente(100%) |
Tigeciclina | Não testado | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Sulfametoxazol+Trimet oprima | Resistente(57%) | Sensível(100%) | Não testado |
Ciprofloxacino | Não testado | Não testado | Resistente(100%) |
Amicacina | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Ertapenem | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Meropenem | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Imipenem | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Colistina | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Gentamicina | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Ceftoxina | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Das 291 amostras coletadas somente 47 tiveram crescimento bacteriano satisfatório, durante a identificação bacteriana as que tiveram maior incidência foram a Klebsiella pneumoniae (30%), Escherichia coli (29%) e Proteus mirabilis (11%) (Bastos, 2020).
Gráfico 4: Perfil microbiológico de infecções do trato urinário (ITU) na clínica médica do Hospital Universitário do Vale do São Francisco (HU-UNIVASF).
A K. pneumoniae teve 100% de resistência a ampicilina, ceftazidima, ceftarolina e foi 100% sensível à amicacina e tigeciclina. Já a E. coli obteve percentuais de 100% de resistência apenas para a cefazolina e 100% de sensibilidade à amicacina, aztreonam, cefoxitina, clorafenicol, colistina, ertapenem, fosfomicina, imipenem, meropenem, tigeciclina, piperacilina+tazobactam, tetraciclina e nitrofurantoína , A P. mirabilis apresentou sensibilidade de 100% para os antimicrobianos: Tigeciclina, ertapenem, meropenem, imipenem, piperacilina+tazobactam, nitrofurantoína tendo resistência de 20% para amicacina, ampicilina, ciprofloxacino, sulfametoxazol+trimetoprima, gentamicina e sendo 100% resistente apenas à tigeciclina e colistina (Bastos, 2020).
Tabela 2: Perfil de resistência e sensibilidade dos principais agentes etiológicos das Infecções do trato urinário(ITU).
Antimicrobianos | K. pneumoniae | E. coli | P. mirabilis |
Ampicilina | Resistente(100%) | Resistente(86%) | Resistente(20%) |
Ceftazidima | Resistente(100%) | Não testado | Não testado |
Ceftarolina | Resistente(100%) | Não testado | Não testado |
Amicacina | Sensível(100%) | Sensível(100%) | Resistente(20%) |
Tigeciclina | Sensível(100%) | Sensível(100%) | Resistente(100%) |
Aztreonam | Não testado | Sensível(100%) | Não testado |
Cefoxitina | Não testado | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Cloranfenicol | Não testado | Sensível(100%) | Não testado |
Colistina | Resistente(13%) | Sensível(100%) | Resistente(100%) |
Ertapenem | Não testado | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Fosfomicina | Não testado | Sensível(100%) | Não testado |
Imipenem | Resistente(24%) | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Meropenem | Resistente(39%) | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Piperacilina+Tazobact am | Resistente(50%) | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Tetraciclina | Não testado | Sensível(100%) | Não testado |
Nitrofurantoína | Resistente(57%) | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Cefazolina | Não testado | Resistente(100%) | Não testado |
Ciprofloxacino | Resistente(64%) | Resistente(42%) | Resistente(20%) |
Sulfametoxazol+Trimet oprima | Resistente(79%) | Resistente(64%) | Resistente(20%) |
Gentamicina | Resistente(64%) | Resistente(25%) | Resistente(20%) |
Houve crescimento bacteriano satisfatório em 44 das 49 amostras de aspirados traqueais, sendo as mais frequentes a Pseudomonas aeruginosa (30%), Klebsiella pneumoniae (20%), Acinetobacter baumannii (14%) e Staphylococcus aureus (14%) (Bastos, 2020).
Gráfico 5: Perfil microbiológico de pneumonias associadas à ventilação mecânica(PAV) na clínica médica do Hospital Universitário do Vale do São Francisco (HU-UNIVASF).
P. aeruginosa apresentou valores percentuais de 50% de resistência para imipenem, 38% para meropenem, 31% para cefepima e ceftriaxona, sendo 100% sensíveis à piperacilina+tazobactam e a minociclina. A Klebsiella pneumoniae se mostrou 100% resistente a ampicilina, também apresentou 67% para cefepima, ceftriaxona e 43% para piperacilina+tazobactam. Tendo 100% de sensibilidade apenas para a amicacina, colistina e tigeciclina.
Já a Acinetobacter baumannii apresentou 100% de resistência para imipenem, meropenem, piperacilina+tazobactam e se mostrou 100% sensível apenas para a colistina. A Streptococcus aureus apresentou valores percentuais de 100% de resistência para azitromicina, penicilina e mostrou 100% de sensibilidade para ciprofloxacino, gentamicina, doxiciclina, minociclina, linezolida, rifampicina, tigeciclina, vancomicina e tetraciclina (Bastos, 2020).
Tabela 3: Perfil de resistência e sensibilidade dos principais agentes etiológicos das pneumonias associadas à ventilação mecânica.
Antimicrobianos | P. aeruginosa | A. baumannii | K. pneumoniae | S. aureus |
Imipenem | Resistente(50%) | Resistente(100%) | Resistente(11%) | Não testado |
Meropenem | Resistente(38%) | Resistente(100%) | Resistente(23%) | Não testado |
Cefepima | Resistente(31%) | Resistente(83%) | Resistente(67%) | Não testado |
Ceftriaxona | Resistente(31%) | Não testado | Resistente(67%) | Não testado |
Piperacilina+Tazob actam | Sensível(100%) | Resistente(100%) | Resistente(44%) | Não testado |
Minociclina | Sensível(100%) | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Ampicilina | Resistente(15%) | Resistente(83%) | Resistente(100%) | Resistente(67%) |
Ceftarolina | Não testado | Não testado | Resistente(100%) | Resistente(25%) |
Amicacina | Não testado | Não testado | Sensível(100%) | Não testado |
Tigeciclina | Não testado | Não testado | Sensível(100%) | Sensível(100%) |
Azitromicina | Não testado | Não testado | Não testado | Resistente(100%) |
Penicilina | Não testado | Não testado | Não testado | Resistente(100%) |
Ciprofloxacino | Não testado | Resistente(83%) | Resistente(56%) | Sensível(100%) |
Doxiciclina | Não testado | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Linezolida | Não testado | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Vancomicina | Não testado | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Rifampicina | Não testado | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Tetraciclina | Não testado | Não testado | Não testado | Sensível(100%) |
Ceftazidima | Resistente(23%) | Resistente(83%) | Não testado | Não testado |
Gentamicina | Resistente(23%) | Resistente(83%) | Não testado | Sensível(100%) |
Colistina | Não testado | Sensível(100%) | Sensível(100%) | Não testado |
DISCUSSÃO
No estudo realizado por Dias, 2021 nos anos de 2016 e 2017 a taxa média geral de infecções hospitalares adquiridas no HU-UNIVASF foi 8,45%, a taxa ideal estimada como referência universal nos serviços de saúde é 5,1% (Dias, 2021), porém o hospital não se encaixou na meta pactuada devido ao alto grau de complexidade dos procedimentos oferecidos, pois o mesmo é referência em cirurgias ortopédicas, traumas e violência externas na região do vale do são francisco. Em estudo realizado por Santana, 2020 nos anos posteriores nessa mesma unidade, houve uma leve redução da taxa média geral onde no ano de 2018 foi de 6,8% e no ano de 2019 foi de 5,1% (Santana, 2020).
As infecções do trato respiratório (ITR), do trato urinário (ITU) e por corrente sanguínea (IPCS) são responsáveis por causar 60% das infecções hospitalares, ao ser feita uma análise comparativa entre os estudos realizados por Dias, 2021 e Santana, 2020 foi possível observar taxas semelhantes de densidade de incidência das IPCS associadas ao uso de cateter venoso central e nas ITU por uso de cateteres, enquanto as ITR por pneumonia associadas à ventilação mecânica (PAV) apresentaram uma redução significativa. A ITU teve a DI de 27% em janeiro de 2018 e 31,3% no mesmo mês em 2019, já IPCS apresentou a DI de 76% em outubro de 2018 e 75% em dezembro de 2019 e PAV obteve a DI de 52,6% em agosto de 2018 e 41,4% em julho de 2019 (Santana, 2020).
Para Alves (2023) o perfil de incidência bacteriana isolada nos aspirados traqueais foram as mesmas bactérias isoladas no estudo realizado por Bastos, em 2020 porém a Acinetobacter baumannii se mostrou mais frequente. A respeito do perfil de resistência no estudo de Alves, 2023, a K. pneumoniae apresentou 100% de resistência a ampicilina e levofloxacina e a A. baumannii não apresentou 100% de sensibilidade a nenhum antimicrobiano testado (Alves, 2023).
Ao caracterizar o perfil microbiológico das ITU é possível observar quanto no estudo realizado por (Bastos, 2020) e (Gonçalves, 2020), as bactérias que apresentaram maior prevalência foram a Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa. A respeito da sensibilidade dos antimicrobianos utilizados no tratamento da Acinetobacter baumannii, apresentou uma alta resistência de 67% para amicacina, imipenem, meropenem, piperacilina+tazobactam.
A polimixina B não apresentou 100% de sensibilidade a nenhum antimicrobiano testado, já a Pseudomonas aeruginosa teve o maior de perfil de resistência aos antimicrobianos apresentando 100% de resistência ao imipenem, ceftazidima e levofloxacino (Gonçalves, 2020).
A bactéria Klebsiella pneumoniae é um dos agente etiológicos mais prevalentes isolados das hemoculturas seguidos da Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus epidermidis (Gomes, 2022), que também foram isolados no estudo de (Bastos, 2020) com exceção da S. epidermidis. A respeito da sensibilidade do tratamento das infecções causadas pela K. pneumoniae, em ambos trabalhos apresentaram valores percentuais entre 91,6% a 100% de resistência a ampicilina, 60% a 75,85% de resistência a ampicilina+sulbactam e sendo sensível apenas para amicacina (Gomes, 2022), mesmo sendo isoladas em hospitais diferentes, o perfil de sensibilidade desta bactéria são muito semelhantes.
É possível observar que as bactérias Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa foram isoladas nos três tipos mais comum de infecções hospitalares, isto ocorre devido a estes microrganismos compartilharem mecanismos de defesas parecidos como as enzimas beta-lactamases e carbapenemases que inativam o anel beta-lactâmico presente nos antibióticos como a ampicilina e o meropenem (Silva, 2023), a bomba de efluxo que ejeta o antimicrobiano do interior da bactéria reduzindo a sua eficácia e a produção de biofilme que cria uma barreira que reduz a ação dos agentes antimicrobianos e aumenta a taxa de crescimento bacteriano das colônias (Santos, 2015) favorecendo ao surgimento de cepas multirresistentes.
CONCLUSÃO
No Brasil, mesmo diante das profilaxias adotadas para implementar a humanização nas UTI ́s, entende-se que é um desafio extremo, pois o ambiente da UTI possui um aparato de recursos tecnológicos que apesar de tão importante no avanço do cuidado do paciente crítico, se apresenta de forma a desumanizar o cuidado do paciente. A prevenção e o controle da problemática da multirresistência incluem fundamentalmente, estabelecer medidas de controle, higiene e no uso de antibióticos, supervisionando as prescrições médicas, ações educativas, e o uso racional de antimicrobianos, bem como atentar aos procedimentos invasivos para evitar quaisquer imprevistos à saúde do paciente.
Cabe destacar que a vigilância epidemiológica representa uma imagem extremamente importante que possibilita descrever a realidade da situação, apontar os problemas, e, assim, planejar as ações frente aos fatores que possam desencadear riscos à saúde.
Como primeiro ponto importante da prevenção, anteceder ao efeito é sem dúvida o ponto primordial para atuar sobre as situações-problema. Essa atuação deve ser em todos os níveis da hierarquia da equipe multiprofissional, e não somente sobre a exposição direta aos fatores de risco.
Com o objetivo de obrigatoriamente garantir a implementação dessas políticas, com a portaria de nº 2.616/98, que trata dos serviços de farmácia, que objetivamente descreve a inserção do profissional farmacêutico no PCIH (Programa Controle Infecção Hospitalar) é fundamental no controle infeccioso. Nesse âmbito, ações voltadas para o uso racional de antimicrobianos, germicidas e produtos para a saúde são desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar, tendo o farmacêutico como o principal profissional a desenvolver o papel de atividades no que concerne o consumo consciente de medicamentos e a tentativa de diminuir casos de resistência bacteriana.
De modo geral, a educação vem formando profissionais de forma descontrolada sem considerar as carências e as necessidades de diversos setores da área da saúde, e por sua vez, procura criar condições para suprir as deficiências dos profissionais que incorporam a área e suas respectivas funções. Sem dúvida, há uma extrema necessidade de romper essa situação historicamente falha e iniciarmos a construção de um processo que aborda crescimento intelectual e profissional do profissional responsável, propiciando-lhe o desenvolvimento de suas capacidades com autonomia de pensamento e prática crítica, capacitando-o através de sistema de educação para o exercício profissional. Educar o público e os profissionais de saúde é imperativo para deter a expansão da infecção hospitalar, principalmente quando se trata de microrganismos multirresistentes.
REFERÊNCIAS
Alves. A. L. R. et al. Incidência e perfil de resistência de bactérias isoladas de aspirados traqueais de pacientes internados na UTI do Hospital Universitário do Vale do São Francisco. Revista de Ensino, Ciência e Inovação em Saúde. v. 4, n. 2, p. 01-07, 2023 .
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Silva O. T. et al. Klebsiella pneumoniae e seu perfil de resistência aos antimicrobianos–ISSN 1678-0817 Qualis B2, 2023. Disponível em:<https://revistaft.com.br/klebsiella-pneumoniae-e-seu-perfil-de-resistencia-aos-antimicrobianos/> acesso em: 01 de fevereiro de 2024.
1Discentes do Curso de Farmácia da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Juazeiro-BA
2Docente da Secretaria de Educação do estado da Bahia
3Docente da Faculdade Estácio IDOMED Juazeiro-BA
4Discente do curso de medicina pela Universidade Anhembi Morumbi Mooca-SP
5Docente em Gestão de Projetos
6Docente dos cursos da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Juazeiro-BA. *jorge.nasicmento@ftc.edu.br