REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411141402
Karoni Oliveira Silva1
Luana De Sousa Silva Ferreira2
Morgane Abreu Bezerra3
Vanessa Pereira Da Silva4
Verônica De Sousa Lima5
Vivian Rafaela Castro Sousa6
Orientador: Prof. Esp. Pedro Henrique Rodrigues Alencar
RESUMO
O presente artigo explora o papel do enfermeiro no atendimento a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), enfatizando práticas empáticas, holísticas e baseadas em conhecimento especializado, a partir de uma análise integrativa de três estudos principais. A pesquisa destaca a importância de estratégias como a empatia e a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), bem como a colaboração com os familiares, para melhorar a qualidade de vida desses pacientes. O primeiro estudo aborda a necessidade de uma prática de enfermagem adaptada às particularidades comportamentais e emocionais das crianças com TEA, enfatizando técnicas de comunicação e identificação de gatilhos para manejar crises. O segundo estudo evidencia a eficácia da ABA na redução de comportamentos repetitivos e na melhoria de habilidades sociais, ressaltando a importância da percepção dos familiares, que facilita a colaboração com os enfermeiros. Já o terceiro estudo discute as potencialidades e desafios da prática de enfermagem em saúde mental, reforçando a necessidade de formação contínua e recursos adequados para intervenções integradas e efetivas. Ao traçar paralelos entre os estudos, o artigo revela que o manejo de pacientes com TEA requer uma abordagem multidisciplinar e contínua, onde o enfermeiro atua como facilitador de um atendimento adaptado e compassivo. A conclusão reforça a relevância de programas de formação específicos que capacitem os profissionais a aplicar técnicas como a ABA de maneira humanizada e centrada no paciente, sugerindo a criação de diretrizes para o atendimento especializado no contexto de saúde mental e pediátrica, e consolidando o papel essencial do enfermeiro no cuidado desses pacientes.
Palavras-chave: “Enfermeiro”, “Comportamentos disruptivos”, “Autismo” e “TEA”.
ABSTRACT
This article explores the role of nurses in caring for children with Autism Spectrum Disorder (ASD), emphasizing empathetic, holistic, and knowledge-based practices through an integrative analysis of three main studies. The research highlights the importance of strategies such as empathy and Applied Behavior Analysis (ABA), as well as collaboration with family members, to improve the quality of life for these patients. The first study addresses the need for nursing practices adapted to the behavioral and emotional characteristics of children with ASD, emphasizing communication techniques and the identification of triggers to manage crises. The second study demonstrates the effectiveness of ABA in reducing repetitive behaviors and improving social skills, underscoring the value of family perceptions, which facilitate collaboration with nurses. The third study discusses the potential and challenges of mental health nursing, reinforcing the need for ongoing training and adequate resources for integrated and effective interventions. By drawing parallels between these studies, the article reveals that managing ASD patients requires a multidisciplinary, continuous approach, where the nurse acts as a facilitator of adapted and compassionate care. The conclusion emphasizes the importance of specific training programs that equip professionals to apply techniques such as ABA in a humanized, patient-centered manner, suggesting the creation of guidelines for specialized care in mental health and pediatric settings, and consolidating the essential role of the nurse in caring for these patients.
Keywords: “Nurse”, “Disruptive behaviors”, “Autism” and “ASD.”
1. INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurodesenvolvimental complexa, caracterizada por dificuldades na comunicação, na interação social e na apresentação de comportamentos repetitivos. Estima-se que, atualmente, 1 em cada 54 crianças é diagnosticada com TEA, o que destaca a importância de estratégias eficazes de cuidado e intervenção. A atuação de enfermeiros nesse contexto é fundamental, uma vez que eles desempenham um papel essencial na identificação, avaliação e manejo dos sintomas associados ao transtorno (Brentani et al., 2013).
Segundo Bonfim et al (2023), a prática de enfermagem voltada para crianças com TEA demanda uma abordagem específica e sensível às particularidades de cada paciente. Estudos anteriores indicam que a empatia e a visão holística são aspectos cruciais para a prestação de cuidados de qualidade. Nesse sentido, a problemática central deste estudo reside nas dificuldades enfrentadas pelos profissionais de enfermagem na assistência a crianças autistas, especialmente no que tange à implementação de intervenções que considerem as nuances comportamentais e emocionais desses pacientes.
Este artigo tem como hipótese que uma prática de enfermagem empática e informada é essencial para o manejo efetivo das crises e comportamentos disruptivos em crianças com TEA. Para explorar essa hipótese, foram analisados três estudos que abordam diferentes aspectos da assistência de enfermagem a essa população. O primeiro artigo, “Assistência de enfermagem à criança autista: revisão integrativa”, discute a importância da empatia e do conhecimento específico na prática clínica. O segundo, “Análise do comportamento aplicada: a percepção de pais e profissionais acerca do tratamento em crianças com espectro autista”, investiga a eficácia da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) como abordagem terapêutica. Por fim, o artigo “O trabalho de enfermagem em saúde mental: contradições e potencialidades atuais” analisa os desafios e as oportunidades da enfermagem em saúde mental, proporcionando um contexto mais amplo sobre o papel do enfermeiro na assistência a pacientes com TEA.
Dessa forma, a revisão integrativa da literatura e a análise crítica dos estudos selecionados visam oferecer uma compreensão aprofundada das melhores práticas na assistência de enfermagem a crianças com Transtorno do Espectro Autista, destacando a necessidade de formação contínua e adaptação das intervenções às características individuais dos pacientes.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Introdução ao Transtorno do Espectro Autista (TEA)
De acordo com Brentani et al (2013), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurobiológica do desenvolvimento que se manifesta por dificuldades persistentes na comunicação social e por padrões restritos e repetitivos de comportamento. As características do TEA podem variar significativamente entre os indivíduos, tanto em termos de gravidade quanto de manifestação clínica, sendo por isso referido como um espectro. As áreas mais frequentemente afetadas incluem a interação social, a comunicação verbal e não verbal, além de interesses limitados e comportamentos repetitivos. Alguns indivíduos podem apresentar habilidades cognitivas normais ou superiores, enquanto outros podem apresentar deficiência intelectual. A diversidade de manifestações torna essencial uma abordagem individualizada para cada paciente.
A prevalência do TEA tem aumentado nas últimas décadas, sendo identificada em diversas populações e faixas etárias, o que evidencia tanto uma maior conscientização sobre a condição quanto avanços nos critérios diagnósticos. Segundo dados epidemiológicos, estima-se que o TEA afete cerca de 1% a 2% da população mundial, embora as taxas possam variar entre os estudos e regiões analisadas. O diagnóstico é geralmente realizado na infância, por volta dos dois ou três anos de idade, período em que os sinais se tornam mais evidentes. Para confirmar o diagnóstico, é necessária uma avaliação clínica abrangente, baseada em critérios específicos estabelecidos por manuais como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) ou a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças). A identificação precoce é fundamental, pois permite intervenções mais efetivas, que podem minimizar os impactos negativos na vida do paciente e facilitar o desenvolvimento de habilidades adaptativas (Lucato et al., 2024).
Entre os principais desafios comportamentais associados ao TEA, destacam-se comportamentos disruptivos, como agitação, agressividade, crises de choro, automutilação e dificuldade em lidar com mudanças na rotina. Esses comportamentos não apenas prejudicam a qualidade de vida do indivíduo, mas também afetam de forma significativa seus familiares e os profissionais responsáveis pelo cuidado. Os fatores que desencadeiam tais comportamentos podem estar relacionados a dificuldades sensoriais, como hipersensibilidade a sons e luzes, ou a aspectos emocionais, como frustração e ansiedade diante de situações de comunicação. Além disso, a rigidez comportamental e a resistência a mudanças são outros aspectos que dificultam a adaptação do paciente a novos ambientes ou rotinas. Assim, a compreensão desses desafios é essencial para que os profissionais de saúde, incluindo os enfermeiros, possam desenvolver intervenções eficazes, visando promover o bem-estar e favorecer o desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos com TEA (Pires, Grattão e Gomes, 2024).
2.2 Comportamentos Disruptivos no Contexto do TEA
De acordo com Pires, Grattão e Gomes (2024), no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), os comportamentos disruptivos são manifestações frequentes que podem variar em intensidade e tipo, dificultando a adaptação do indivíduo e o manejo por parte dos cuidadores e profissionais de saúde. Esses comportamentos incluem agitação, agressividade dirigida a si próprio ou a outros, automutilação, crises de choro, destruição de objetos, resistência a instruções e comportamentos desafiadores, como a fuga de ambientes controlados. A ocorrência e a persistência desses episódios podem comprometer não apenas o desenvolvimento social e emocional do paciente, mas também a qualidade do cuidado oferecido e a convivência familiar.
Já Bagaiolo et al (2019) afirmam que os fatores desencadeantes desses comportamentos são múltiplos e inter-relacionados. Do ponto de vista sensorial, muitos indivíduos com TEA apresentam hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos do ambiente, como luzes fortes, ruídos ou toques, o que pode gerar sobrecarga e reações negativas. Em termos emocionais, sentimentos de frustração, ansiedade e dificuldades para expressar necessidades e emoções são comuns, favorecendo explosões comportamentais. No aspecto social, o desafio de interpretar sinais sociais e estabelecer vínculos pode levar a situações de isolamento ou mal entendidos, que, por sua vez, potencializam comportamentos disruptivos. Fatores ambientais, como mudanças repentinas na rotina ou ambientes caóticos e imprevisíveis, também atuam como gatilhos, exacerbando reações negativas devido à dificuldade de adaptação a novos cenários e eventos não planejados. Os impactos desses comportamentos são profundos e abrangem o paciente, seus familiares e a equipe de saúde. Para o paciente, a recorrência desses episódios pode dificultar a integração em atividades sociais e educacionais, além de prejudicar o desenvolvimento de habilidades funcionais e a autonomia. No ambiente familiar, comportamentos disruptivos podem ser fonte de estresse e desgaste emocional, exigindo dos cuidadores uma atenção constante e, muitas vezes, inviabilizando a conciliação com outras responsabilidades diárias. Os pais e familiares frequentemente relatam sobrecarga emocional e dificuldades para manter o equilíbrio psicológico diante da imprevisibilidade dos episódios comportamentais (Bagaiolo et al., 2019). No contexto da equipe de saúde, o manejo desses comportamentos representa um desafio adicional, exigindo preparo técnico, paciência e resiliência por parte dos profissionais, sobretudo dos enfermeiros, que estão diretamente envolvidos no cuidado diário. A falta de recursos adequados, como ambientes controlados e profissionais capacitados, pode agravar a situação, gerando frustração tanto nos pacientes quanto na equipe. Além disso, o estresse e a pressão envolvidos no cuidado de pacientes com comportamentos disruptivos podem contribuir para a exaustão e o esgotamento dos profissionais, tornando essencial o desenvolvimento de estratégias específicas e o suporte institucional para a promoção de um atendimento de qualidade (Oliveira et al., 2016).
2.3 O Papel do Enfermeiro na Assistência ao Paciente com TEA
O enfermeiro desempenha um papel fundamental na assistência ao paciente com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo suas atribuições e responsabilidades cruciais para a promoção do bem-estar e da qualidade de vida desses indivíduos. Em contextos de atendimento, o enfermeiro é responsável por realizar avaliações detalhadas e contínuas do estado de saúde do paciente, identificando necessidades específicas e adaptando intervenções de acordo com as características e particularidades de cada indivíduo. Além disso, o profissional deve desenvolver e implementar planos de cuidado individualizados, que considerem não apenas os aspectos clínicos, mas também as dimensões emocionais e comportamentais, garantindo uma abordagem holística que integre a família e a equipe multiprofissional. A formação contínua e a atualização em relação às melhores práticas de manejo do TEA são igualmente importantes, visto que a condição apresenta uma diversidade de manifestações que requerem conhecimentos específicos e estratégias de intervenção eficazes (Bonfim et al., 2023).
A comunicação efetiva é um aspecto central na atuação do enfermeiro com pacientes com TEA e suas famílias. Devido às dificuldades de comunicação verbal e não verbal frequentemente associadas ao TEA, o enfermeiro deve adotar abordagens adaptativas que facilitem a expressão de necessidades e sentimentos do paciente. Isso pode incluir o uso de linguagem simples, recursos visuais, e técnicas de comunicação alternativa, que favoreçam a interação e o entendimento mútuo. Além disso, a relação de confiança estabelecida entre o enfermeiro e a família é essencial para promover um ambiente de cuidado seguro e acolhedor, no qual os familiares se sintam parte ativa do processo. Ao incluir os familiares nas discussões sobre o plano de cuidado e nas orientações acerca do manejo dos comportamentos, o enfermeiro contribui para a criação de estratégias conjuntas que podem ser implementadas no ambiente domiciliar, favorecendo a continuidade do cuidado (Coelho et al., 2021).
Para Medeiros et al (2016), os princípios éticos e a humanização são fundamentais na prática de enfermagem voltada para pacientes com TEA. O respeito à dignidade e à individualidade de cada paciente deve ser a base das intervenções, considerando suas peculiaridades e potencialidades. Além disso, é essencial que os enfermeiros atuem de maneira a promover a autonomia do paciente, respeitando suas preferências e envolvendo-o nas decisões relacionadas ao seu cuidado. A humanização do atendimento se traduz na criação de vínculos empáticos, no acolhimento das emoções e na busca por um ambiente terapêutico que minimize o sofrimento. Nesse sentido, os enfermeiros devem ser defensores dos direitos dos pacientes, promovendo uma abordagem ética que priorize o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas com TEA, ao mesmo tempo em que se comprometem com a formação de uma rede de apoio que inclua a família e a comunidade.
2.4 Estratégias de Enfermagem para o Manejo de Comportamentos Disruptivos
As estratégias de enfermagem para o manejo de comportamentos disruptivos em pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são essenciais para promover um cuidado efetivo e minimizar o impacto desses comportamentos na vida dos pacientes e de suas famílias. Uma das primeiras etapas nesse processo é a avaliação individualizada, que envolve a identificação de padrões e gatilhos comportamentais. Esta avaliação deve ser feita de forma contínua e sistemática, considerando o histórico clínico do paciente, as circunstâncias em que os comportamentos disruptivos ocorrem, e os fatores que podem influenciá-los, como estressores ambientais, interações sociais e condições emocionais. A partir dessa análise, é possível elaborar um plano de cuidados que considere as particularidades de cada paciente, promovendo intervenções direcionadas e adaptativas (Mascotti et al., 2019).
As intervenções não farmacológicas desempenham um papel crucial no manejo de comportamentos disruptivos. A criação de ambientes controlados e seguros é uma estratégia fundamental, pois proporciona um espaço onde o paciente se sente protegido e confortável. Ambientes organizados e previsíveis ajudam a reduzir a ansiedade e o estresse, diminuindo a probabilidade de reações disruptivas. Além disso, a utilização de estímulos sensoriais apropriados é essencial. Muitos indivíduos com TEA apresentam sensibilidades sensoriais, e a modulação desses estímulos, como luzes, sons e texturas, pode ajudar a evitar sobrecargas sensoriais que desencadeiam comportamentos problemáticos. O apoio emocional, juntamente com técnicas de desescalonamento, também é uma estratégia valiosa. O enfermeiro deve estar preparado para oferecer suporte emocional durante episódios de crise, utilizando técnicas que promovam a calma, como respiração controlada, relaxamento e redirecionamento da atenção do paciente (Mascotti et al., 2019).
A colaboração interdisciplinar é uma peça-chave no manejo de comportamentos disruptivos. O trabalho conjunto com psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e médicos é essencial para a elaboração de um plano de cuidado integrado que aborde as diversas necessidades do paciente. Essa abordagem multidisciplinar permite que os profissionais compartilhem conhecimentos, experiências e estratégias, enriquecendo o cuidado e garantindo uma resposta mais efetiva às dificuldades apresentadas. A comunicação aberta entre os membros da equipe é fundamental para a troca de informações e a revisão contínua das estratégias de intervenção, assegurando que as abordagens utilizadas sejam sempre as mais adequadas ao contexto do paciente (Oliveira et al., 2016).
A capacitação e o desenvolvimento profissional do enfermeiro são fundamentais para a eficácia das intervenções. Os enfermeiros devem buscar formação específica em TEA e manejo de comportamentos disruptivos, através de cursos, workshops e treinamentos. O conhecimento sobre as características do TEA, as melhores práticas de cuidado e as estratégias de comunicação são essenciais para o enfrentamento dos desafios diários que surgem na assistência a esses pacientes. Além disso, a reflexão crítica sobre a prática e o compartilhamento de experiências entre profissionais também são importantes para promover um ambiente de aprendizagem contínua e para melhorar a qualidade do atendimento. Dessa forma, as estratégias de enfermagem se tornam um elemento integral no cuidado a pacientes com TEA, proporcionando suporte eficaz e humanizado em situações de comportamentos disruptivos (Sade e Peres, 2015).
2.5 Desafios e Limitações no Manejo de Pacientes com TEA
O manejo de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) enfrenta diversos desafios e limitações que podem impactar a qualidade do cuidado prestado. Dentre essas dificuldades, as barreiras institucionais e estruturais se destacam. Muitas vezes, as instituições de saúde não estão devidamente preparadas para atender às necessidades específicas dos pacientes com TEA, apresentando ambientes inadequados e falta de adaptações necessárias para garantir conforto e segurança. Estruturas físicas que não consideram as sensibilidades sensoriais dos pacientes podem agravar o quadro comportamental, aumentando a incidência de crises e comportamentos disruptivos. Além disso, a escassez de espaços dedicados e de equipamentos que favoreçam intervenções terapêuticas adequadas limita a capacidade da equipe de saúde em oferecer um cuidado efetivo (Souza, Hoffmeister e Moura, 2022).
Outro desafio significativo é a falta de recursos e apoio especializado. Muitas instituições enfrentam dificuldades em disponibilizar profissionais capacitados para atender adequadamente indivíduos com TEA, o que resulta em equipes sobrecarregadas e, muitas vezes, despreparadas para lidar com as complexidades do transtorno. A escassez de materiais e tecnologias assistivas que possam auxiliar na comunicação e no manejo comportamental também é um entrave importante. Essa falta de suporte não apenas compromete a eficácia das intervenções, mas também limita a implementação de programas de formação e capacitação que são essenciais para o aprimoramento das práticas de cuidado (Nóbrega, Mantovani e Domingos, 2020).
Além das barreiras institucionais e da falta de recursos, a sobrecarga emocional e o Burnout da equipe de enfermagem representam um sério problema no manejo de pacientes com TEA. O trabalho com esses pacientes pode ser extremamente desafiador e emocionalmente desgastante, especialmente em situações de crise. A necessidade constante de estar atento a comportamentos disruptivos, a pressão para oferecer cuidados de qualidade e o envolvimento emocional com os pacientes e suas famílias podem levar à exaustão física e mental dos profissionais de saúde. Essa condição de Burnout não apenas afeta a saúde e o bem-estar dos enfermeiros, mas também pode comprometer a qualidade do atendimento prestado, resultando em um ciclo vicioso que impacta tanto a equipe quanto os pacientes (Garcia e Marziale, 2021).
3. MÉTODOS
Este artigo baseou-se em uma revisão integrativa de literatura sobre o papel do enfermeiro no manejo de comportamentos disruptivos em pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Considerando a crescente prevalência de diagnósticos de TEA e os desafios específicos no manejo de comportamentos disruptivos, esta revisão tem o propósito de reunir e sintetizar evidências científicas que auxiliem a compreensão das práticas e estratégias de enfermagem aplicadas nessas situações. A revisão integrativa foi escolhida por sua capacidade de, segundo Sampaio e Mancini (2007), agregar e comparar diferentes estudos, oferecendo uma visão abrangente e fundamentada sobre as intervenções e o papel dos enfermeiros no manejo de crises comportamentais.
A relevância da revisão integrativa da literatura está em sua capacidade de proporcionar uma visão ampla e objetiva do conhecimento disponível sobre um tema específico. Por meio de critérios definidos para a seleção e avaliação dos estudos, essa abordagem permite identificar tendências, lacunas de conhecimento e áreas de consenso ou controvérsia na literatura (DORSA, 2020).
A pesquisa adota uma abordagem qualitativa de natureza exploratória, que permite identificar e descrever práticas e desafios enfrentados pelos enfermeiros, sem a coleta de dados originais. Para esta revisão, foram selecionados estudos publicados entre 2013 e 2023, que abordam o manejo de comportamentos disruptivos em pacientes com TEA e o papel específico do enfermeiro em tais intervenções. Os critérios de inclusão adotados foram: artigos originais em português e inglês, disponíveis nas bases de dados SciELO e Google Acadêmico que descrevessem práticas de enfermagem no manejo de crises em pacientes com TEA. Foram excluídos estudos que tratavam apenas de intervenções farmacológicas ou que não incluíam a atuação do enfermeiro no processo de manejo, além de estudos publicados antes de 2013 e em outras línguas.
A coleta de dados foi realizada por meio de descritores específicos, como “Enfermeiro”, “Comportamentos disruptivos”, “Autismo” e “TEA”. Cada artigo selecionado foi examinado em relação aos objetivos, metodologia, resultados e tipo de estudo, com especial atenção para as intervenções de enfermagem e as abordagens adotadas para lidar com comportamentos disruptivos. A análise dos dados foi feita de forma interpretativa e descritiva, permitindo a identificação de intervenções eficazes e das dificuldades relatadas pelos enfermeiros no cuidado a esses pacientes. As informações extraídas foram organizadas em categorias temáticas para destacar as estratégias mais comuns, os desafios recorrentes e as recomendações descritas na literatura.
A busca inicial identificou um total de 55 artigos relacionados ao tema, dos quais 22 foram submetidos à avaliação (Fluxograma 1). Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 13 artigos foram selecionados para uma análise mais aprofundada, enquanto 9 foram excluídos por não atenderem aos critérios estabelecidos. Entre os artigos selecionados, 3 foram considerados interessantes para inclusão na discussão da revisão integrativa. Esses artigos serviram de base para a análise crítica e síntese das evidências sobre o tema estudado.
Por se tratar de uma revisão integrativa, e não de uma pesquisa com coleta de dados primários, não houve necessidade de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. O estudo respeitou rigorosamente as diretrizes éticas e de citação conforme as normas da ABNT, visando garantir a integridade dos dados utilizados e a fidelidade das interpretações realizadas.
4. RESULTADOS
A análise de dados foi essencial na pesquisa, permitindo que os pesquisadores convertessem observações iniciais em informações relevantes. Segundo Santos et al. (2018), esse tipo de análise possibilita a identificação de padrões, tendências e relações entre diferentes variáveis, tornando os dados mais interpretáveis e úteis para o estudo.
Fluxograma 1 – Método de seleção dos artigos.
Fonte: Autores (2024).
O artigo “Assistência de enfermagem à criança autista: revisão integrativa” justifica-se pela necessidade de abordar o papel fundamental dos enfermeiros no manejo de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Identificado frequentemente na infância, o TEA afeta a interação social, comunicação e comportamento. A problemática central do estudo reside nas dificuldades práticas enfrentadas pelos profissionais de enfermagem na prestação de cuidados a essas crianças. Com a hipótese de que empatia, visão holística e conhecimento são essenciais para uma assistência de qualidade, os autores estabelecem como objetivo analisar as evidências científicas disponíveis sobre o tema.
A metodologia adotada foi uma revisão integrativa da literatura, abrangendo artigos publicados entre 2013 e 2017 nas bases CINAHL, Web of Science e LILACS. A análise revelou que a prática de enfermagem necessita de empatia, visão holística e conhecimento específico, embora as dificuldades práticas persistam na prática clínica. O estudo conclui que, apesar da importância do tema, as publicações científicas são escassas, apontando para a necessidade de mais pesquisas clínicas para aprimorar a assistência de enfermagem às crianças com TEA.
O artigo “Análise do comportamento aplicada: a percepção de pais e profissionais acerca do tratamento em crianças com espectro autista” justifica-se pela crescente prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que afeta aproximadamente 70 milhões de pessoas globalmente, e a necessidade de tratamentos eficazes. A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma técnica terapêutica amplamente utilizada em outros países e que vem ganhando reconhecimento no Brasil. O estudo investiga a percepção dos pais e profissionais sobre a aplicação da ABA em crianças com TEA, partindo da hipótese de que esta abordagem pode melhorar as habilidades sociais e afetivas das crianças ao reforçar comportamentos socialmente aceitos e modificar os não aceitos.
A pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, contou com 17 participantes, incluindo profissionais de saúde e familiares de crianças com TEA. Foram realizadas entrevistas adaptadas a cada grupo e os dados foram analisados utilizando o software IRaMuTeQ. Os resultados indicam que a ABA promove uma melhoria significativa nas habilidades sociais e afetivas das crianças com TEA, reduzindo comportamentos repetitivos e estereotipias, o que facilita sua adaptação na sociedade. O estudo conclui que a ABA é uma técnica eficiente para o desenvolvimento das crianças, destacando a importância de sua implementação e expansão no Brasil.
O artigo “O trabalho de enfermagem em saúde mental: contradições e potencialidades atuais” tem como justificativa a importância de discutir o papel do enfermeiro na área da saúde mental, um campo repleto de desafios e contradições. A problemática central do estudo reside na complexidade do trabalho de enfermagem em saúde mental, que envolve não apenas o cuidado clínico, mas também a gestão de crises, interações com pacientes e suas famílias, e a necessidade de uma abordagem holística. Os autores não apresentam uma hipótese específica, mas exploram o contexto e as potencialidades do trabalho dos enfermeiros nesse campo.
A metodologia utilizada no estudo foi uma revisão bibliográfica e análise crítica de literatura relevante para a saúde mental e enfermagem. Os resultados destacam diversas contradições enfrentadas pelos profissionais, como a falta de recursos, estigma associado às doenças mentais e a necessidade de formação contínua. Contudo, o estudo também ressalta as potencialidades, como a capacidade dos enfermeiros de atuar de maneira integrada com outras disciplinas e promover intervenções que favorecem a recuperação e o bem-estar dos pacientes. A análise dos autores sugere que, apesar dos desafios, há um vasto campo de oportunidades para o desenvolvimento da enfermagem em saúde mental.
Todos os resultados encontrados e descritos anteriormente nos artigos selecionados para o estudo podem ser melhor visualizados no Quadro 1.
Quadro 1 – Características dos estudos selecionados para a discussão.
Fonte: Autores (2024).
5. DISCUSSÃO
A análise dos resultados dos artigos revisados fornece importantes reflexões sobre o papel do enfermeiro no manejo de crises e comportamentos disruptivos em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os achados convergem para destacar a relevância de uma prática de enfermagem empática, holística e informada para proporcionar um atendimento de qualidade e centrado nas necessidades desses pacientes. Cada estudo contribui de forma significativa, oferecendo diferentes perspectivas sobre o papel do enfermeiro e as estratégias que podem ser adotadas para um atendimento mais eficaz.
O estudo “Assistência de enfermagem à criança autista: revisão integrativa” evidencia a complexidade do cuidado em TEA e a importância de uma prática adaptada às necessidades individuais dessas crianças. Os autores ressaltam que uma abordagem empática e uma visão holística são cruciais, embora frequentemente desafiadoras na prática diária. Técnicas de comunicação adaptada e a criação de um ambiente acolhedor, por exemplo, ajudam a facilitar a interação com o paciente e promovem uma assistência mais eficaz. Nesse sentido, é essencial que os enfermeiros saibam identificar gatilhos comportamentais — como mudanças de rotina ou estímulos sensoriais — para que possam agir proativamente na prevenção de crises, prática que requer uma formação continuada para consolidar essas habilidades.
Complementando essa perspectiva, o artigo “Análise do comportamento aplicada: a percepção de pais e profissionais acerca do tratamento em crianças com espectro autista” destaca a eficácia da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para reduzir comportamentos repetitivos e melhorar habilidades sociais. Enfermeiros podem integrar essas técnicas na prática diária, utilizando reforços positivos e ajustando as abordagens conforme necessário para atender às reações das crianças. A percepção dos familiares sobre a ABA também é um ponto importante, pois permite que os enfermeiros alinhem as intervenções com as expectativas e necessidades da família, promovendo um cuidado mais colaborativo. O enfermeiro, ao estabelecer esse vínculo com os familiares, pode apoiar de forma mais robusta o desenvolvimento social e afetivo do paciente.
O terceiro estudo, “O trabalho de enfermagem em saúde mental: contradições e potencialidades atuais”, explora os desafios na saúde mental e reforça a necessidade de recursos adequados e formação contínua. Esse contexto é essencial para que os enfermeiros possam se adaptar às demandas específicas do atendimento em TEA, colaborando com equipes multidisciplinares e promovendo intervenções integradas e efetivas. A criação de planos de cuidado individualizados, em parceria com psicólogos e terapeutas, permite que não apenas os aspectos comportamentais, mas também as necessidades emocionais e sociais dos pacientes sejam considerados.
Adicionalmente, a aplicação prática dessas estratégias depende de condições favoráveis, como a disponibilidade de recursos e um suporte institucional adequado. O uso de técnicas como a ABA e de práticas empáticas requer não apenas o conhecimento teórico, mas também uma capacitação prática que permita ao enfermeiro desenvolver as habilidades necessárias para lidar com crises e interações complexas no cotidiano. Uma estrutura institucional que ofereça treinamentos regulares e suporte psicológico ao profissional pode aumentar significativamente a eficácia dessas intervenções, pois é essencial que o enfermeiro se sinta preparado e amparado para enfrentar os desafios do atendimento ao paciente com TEA.
Ao traçar paralelos entre esses artigos, torna-se claro que o manejo de crises e comportamentos disruptivos em pacientes com TEA exige uma abordagem multifacetada e contínua. Esta abordagem deve combinar práticas terapêuticas específicas, como a ABA, com uma assistência que valorize a empatia e a individualidade dos pacientes, reforçando a importância de programas de formação e desenvolvimento profissional para que os enfermeiros aplicam essas técnicas de forma humanizada e adaptada às condições de cada paciente.
6. CONCLUSÃO
A análise dos estudos revisados evidencia a importância do papel do enfermeiro no manejo de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A prática de enfermagem, fundamentada em empatia, visão holística e conhecimento específico, é essencial para a promoção de intervenções eficazes e para a melhoria da qualidade de vida desses pacientes. As evidências obtidas ressaltam que a abordagem empática não apenas facilita a identificação de gatilhos comportamentais, mas também contribui para a construção de um ambiente mais acolhedor e adaptado às necessidades individuais das crianças.
Além de reforçar o papel fundamental dos enfermeiros, esta conclusão aponta para a necessidade urgente de novas diretrizes e programas de formação contínua que incorporem as práticas recomendadas para o cuidado de pacientes com TEA.
Considerando as lacunas identificadas no estudo sobre “O trabalho de enfermagem em saúde mental”, é crucial que as instituições de ensino e os serviços de saúde se mobilizem para desenvolver currículos que incluem formação específica em TEA, estratégias de manejo de crises e intervenções não farmacológicas, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
Essas diretrizes devem contemplar a realidade dos recursos disponíveis, abordando as limitações que muitas vezes os profissionais enfrentam, como a falta de suporte e capacitação. A promoção de um ambiente de trabalho que favoreça a formação contínua e a troca de experiências entre profissionais pode contribuir significativamente para o aprimoramento da assistência prestada a crianças com TEA.
Portanto, a implementação de práticas informadas e adaptadas às necessidades dos pacientes não é apenas uma recomendação, mas uma necessidade premente. Ao abordar essas questões, os enfermeiros poderão desempenhar um papel ainda mais significativo na promoção da inclusão social e do bem-estar de crianças com Transtorno do Espectro Autista.
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