THE INDISCRIMINATE USE OF METHYLPHENIDATE FOR IMPROVING ACADEMIC PERFORMANCE: SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411140725
Bianca Arcanjo Brelaz; Emilly Beatriz Ribeiro de Freitas; João Victor Marques de Souza; Leandro Fernandes Pontes; Amanda Bezerra Carvalho
RESUMO
O metilfenidato, um derivado da anfetamina, é amplamente utilizado atualmente no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e da narcolepsia. Para a condução desta pesquisa, foi realizada uma revisão sistemática de literatura, revisando trabalhos completos disponíveis, conduzidos por outros autores. Os estudos selecionados passaram por uma leitura detalhada e uma avaliação criteriosa de sua metodologia, qualidade e relevância para o tema. Os resultados apontam que a pressão acadêmica é um dos principais fatores associados ao uso não prescrito de metilfenidato entre estudantes universitários, especialmente em cursos da área de saúde. Observou-se que o uso do metilfenidato, em muitos casos, não está relacionado ao tratamento de condições médicas, como o TDAH, mas sim à busca por melhorias no desempenho acadêmico. A pressão por resultados elevados, combinada com a competitividade acadêmica, tem levado muitos estudantes a recorrerem ao metilfenidato como uma “ferramenta” para aumentar a concentração e estender o tempo de estudo. Contudo, essa prática tem gerado uma série de riscos à saúde física e mental dos usuários, como insônia, ansiedade, dependência e até comportamentos de risco, como o consumo concomitante de álcool. Assim, torna-se necessário que as universidades implementem programas de conscientização e apoio acadêmico que auxiliem os estudantes a desenvolverem estratégias de gestão de tempo e métodos de estudo sem a dependência de estimulantes. Além disso, é fundamental fortalecer o papel do farmacêutico, orientando sobre o uso seguro de medicamentos controlados.
Palavras-chave: Metilfenidato, Ritalina, Uso indiscriminado, Farmacêutico, Acadêmicos.
ABSTRACT
Methylphenidate, an amphetamine derivative, is currently widely used in the treatment of Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) and narcolepsy. To conduct this research, a systematic literature review was carried out, reviewing complete works available, conducted by other authors. The selected studies underwent a detailed reading and a careful evaluation of their methodology, quality and relevance to the topic. The results indicate that academic pressure is one of the main factors associated with the non-prescribed use of methylphenidate among university students, especially in health courses. It was observed that the use of methylphenidate, in many cases, is not related to the treatment of medical conditions, such as ADHD, but rather to the search for improvements in academic performance. The pressure for high results, combined with academic competitiveness, has led many students to turn to methylphenidate as a “tool” to increase concentration and extend study time. However, this practice has generated a series of risks to users’ physical and mental health, such as insomnia, anxiety, dependence and even risky behaviors, such as concomitant alcohol consumption. Therefore, it is necessary for universities to implement awareness and academic support programs that help students develop time management strategies and study methods without dependence on stimulants. Furthermore, it is essential to strengthen the role of the pharmacist, providing guidance on the safe use of controlled medications.
Keywords: Methylphenidate, Ritalin, Indiscriminate use, Pharmaceutical, Academic.
1. INTRODUÇÃO
O metilfenidato, um derivado da anfetamina, é atualmente utilizado principalmente no tratamento do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e de narcolepsia. Em 1944, o químico Leandro Panizzon, da empresa suíça CIBA (hoje conhecida como Novartis), sintetizou pela primeira vez a molécula do metilfenidato em laboratório. Panizzon nomeou a substância de Ritalina em homenagem a Marguerite, sua esposa, cujo apelido era Rita (Myers, 2007).
Nos últimos anos, o uso de medicamentos estimulantes, como o metilfenidato, por estudantes universitários, tornou-se uma questão de saúde pública crescente. O metilfenidato tem sido utilizado sem prescrição médica, especialmente por estudantes que buscam melhorar seu desempenho, suscitando assim preocupações sobre os impactos do uso indiscriminado dessa substância na saúde física e mental dos jovens (Cândido et al., 2019).
Muitos estudantes recorrem a esse tipo de medicamento, enfrentando intensas demandas de estudo e prazos curtos, na tentativa de aumentar a concentração para prolongar o tempo de estudo e melhorar o desempenho em avaliações. No entanto, esse comportamento esconde uma realidade preocupante: o uso não prescrito de estimulantes pode acarretar sérios riscos à saúde, que vão desde efeitos colaterais imediatos, como insônia e ansiedade, até problemas mais graves, como dependência e complicações cardiovasculares (Freitas et al., 2021).
A automedicação com metilfenidato demonstra uma crescente necessidade de buscar soluções rápidas e acessíveis para lidar com as pressões que são comuns no ambiente universitário. No entanto, muitos desses estudantes desconhecem ou subestimam os potenciais riscos do uso indiscriminado desse medicamento (Júnior et al., 2021).
O uso inadequado do metilfenidato pode causar efeitos colaterais como insônia, perda de apetite, irritabilidade e perda de peso. Além disso, pode ocorrer um efeito rebote, que reduz a capacidade de compreensão, perda de libido, taquicardia, dores no peito, distúrbios no sistema linfático, anemia e náusea (Bacelar, 2018).
Drogas psicoestimulantes são utilizadas no tratamento de crianças e adolescentes desde a década de 1930 (Bradley, 1938). Seu mecanismo de ação é o estímulo de receptores alfa e beta-adrenérgicos diretamente, através da ação dos receptores adrenérgicos α2, desencadeando a excitabilidade cortical, outra evidência da interação do metilfenidato com os receptores α2 adrenérgicos é fornecida por estudos que mostram que os efeitos pró-cognitivos do metilfenidato em tarefas de memória de trabalho são inibidos pelo antagonista α2 adrenérgico idazoxan. Também agem de forma indireta, com a liberação de dopamina e noradrenalina dos terminais sinápticos, fazendo com que esses neurotransmissores permaneçam mais tempo disponíveis nas fendas sinápticas. (Faraone, 2018).
O Conselho Federal de Farmácia (CFF) reconhece o farmacêutico como um profissional crucial para os serviços de saúde pública, especialmente no que diz respeito à dispensação de medicamentos e orientação. Dentro desse cenário, o papel dos profissionais farmacêuticos, faz-se imprescindíveis, sobretudo, porque são responsáveis pela dispensação de medicamentos e pela orientação dos pacientes. Além disso, eles podem promover do uso racional de medicamentos, garantindo que a prescrição e o uso sejam feitos de forma segura e de acordo com as necessidades clínicas dos pacientes (Megiani et al., 2023).
Dessa forma, o objetivo da pesquisa foi investigar o uso não prescrito de metilfenidato entre estudantes universitários e os efeitos dessa prática a curto e longo prazo, destacando os fatores que influenciam a utilizar o metilfenidato de forma não prescrita por estudantes universitários; identificando as principais reações adversas e riscos à saúde associados ao uso indiscriminado de metilfenidato entre estudantes e analisar a relação entre a pressão acadêmica e o aumento do uso de metilfenidato entre estudantes universitários.
2. METODOLOGIA
Com a finalidade de ajudar os autores a relatar de forma clara os métodos e resultados de revisões sistemáticas foi utilizada a ferramenta metodológica chamada Itens Preferenciais para Relato de Revisões Sistemáticas e Meta-Análises (PRISMA), essa ferramenta foi desenvolvida, especialmente, para auxiliar no relato de revisões sistemáticas que analisam os efeitos de intervenções em saúde, independentemente do tipo de estudo incluído e da ocorrência de sínteses quantitativas (metanálises). Ele pode ser aplicado a revisões sistemáticas originais, atualizadas ou continuamente atualizadas (“vivas”) (Page et al.,2021).
Para a realização da pesquisa, foi feita uma revisão sistemática de literatura, analisando outros trabalhos disponíveis na íntegra realizados por outros autores. Segundo Galvão et al., (2014), a revisão sistemática possibilita uma análise de diferentes resultados obtidos em outras pesquisas.
O primeiro passo da revisão sistemática foi a definição da questão de pesquisa, que norteou a busca e seleção dos artigos. A questão formulada foi: “Quais são os impactos do uso indiscriminado de metilfenidato? ”. Após isso, foram definidos os objetivos de pesquisa, e, analisado na literatura aqueles que se enquadravam nos critérios de inclusão e exclusão.
A busca de artigos foi realizada nas bases de dados PubMed, SciELO e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utilizando os descritores em ciências da saúde, os descritores em português utilizados na busca de artigos foram: “metilfenidato”, “Ritalina”, “uso indiscriminado”, “farmacêutico”, “controle de medicamentos”. Eles foram cruzados utilizando-se o operador booleano AND.
Foram definidos como critérios de inclusão artigos publicados entre 2014 e 2024, disponíveis na íntegra em inglês, português e espanhol, e que abordassem a respeito da temática. Os critérios de exclusão abrangeram artigos que não estavam disponíveis na íntegra, publicações anteriores a 2014 e estudos que não tratassem especificamente do uso indiscriminado de metilfenidato.
Os estudos selecionados foram submetidos a uma leitura completa e a uma avaliação quanto à sua metodologia, qualidade e relevância para o tema. Foram extraídos dados como os autores, ano de publicação, objetivos, metodologia utilizada, principais resultados e conclusões. Na etapa de discussão, os dados extraídos dos estudos selecionados foram comparados e analisados de forma crítica, relacionando-os ao contexto acadêmico e às implicações do uso do metilfenidato entre estudantes universitários.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para a busca nas bases de dados, os descritores também foram colocados em inglês, sendo assim, a combinação constituída por “methylphenidate AND indiscriminate use” gerou 04 resultados no BVS, 01 resultados no LILAC’s, 04 resultados no PubMed, 23 resultados no SciElo. Já a busca constituída pela combinação “methylphenidate AND academic performance” gerou 315 resultados no BVS, 14 resultados no LILAC’s, 172 resultados no PubMed, 152 resultados no SciElo.
Ao cruzar os descritores “methylphenidate indiscriminate use AND pharmaceutical”, obteve-se os seguintes resultados 0 resultados no BVS, 0 resultados no LILAC’s, 0 resultados no PubMed, 07 resultados no SciElo. Já a combinação “metilfenidato AND uso indiscriminado AND desempenho acadêmico” gerou 0 resultados no BVS, 0 resultados no LILAC’s, 0 resultados no PubMed, 10 resultados no SciElo, a combinação “farmacêutico AND controle de medicamentos AND metilfenidato” gerou 18 resultados no BVS, 02 resultados no LILAC’s, 0 resultados no PubMed, 44 resultados no SciElo.
Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, o resultado inicial foi de 592 artigos selecionados para a leitura completa. Destes, 35 artigos foram incluídos inicialmente, mas, após a exclusão dos que não se mostraram relevantes, a amostra final ficou composta por 13 estudos. A Figura 1 ilustra o processo de coleta e seleção dos dados.
Figura 1: Diagrama dos estudos incluídos na revisão sistemática
Tabela 1:
Fonte: Autoria Própria.
3.1. Fatores que influenciam o uso não prescrito de metilfenidato por estudantes universitários
Os resultados dos estudos indicam que a pressão acadêmica é um dos principais fatores que levam ao uso não prescrito de metilfenidato entre estudantes universitários, particularmente em cursos de saúde. Conforme observado em estudos como o de Cândido et al., (2019) e Christo et al., (2023), o uso de metilfenidato é mais comum em períodos de provas, quando os estudantes enfrentam uma carga acadêmica intensa e sentem a necessidade de melhorar seu desempenho cognitivo.
A alta competitividade e a busca por excelência acadêmica também são fatores motivadores. Além disso, Freitas et al., (2021) revelam que o uso indiscriminado está frequentemente associado à influência de colegas e à fácil acessibilidade do medicamento, sem a devida conscientização dos riscos.
Ao analisar os respectivos estudos, é possível constatar que, há uma prevalência significativa do uso de metilfenidato entre estudantes universitários, sobretudo em períodos próximos a provas, quando a pressão acadêmica é mais intensa. O estudo de Cândido et al., (2019) indicou que 5,8% dos 438 estudantes universitários da Universidade Federal de Minas Gerais usaram metilfenidato para aprimoramento cognitivo, e 27% desses estudantes não tinham prescrição médica, o que aponta para um uso indiscriminado e arriscado da substância. No estudo de Goiano & Silva et al., (2021) também demonstrou que grande parte dos acadêmicos se consideram ansiosos e possuem conhecimento sobre a indicação e efeitos adversos da Ritalina®. O índice de consumo é baixo em relação à quantidade de participantes da pesquisa, dessa forma, a medicação é utilizada em vésperas de avaliações e, mesmo apresentando reações adversas, os universitários permanecem consumindo.
Resultados estes que corroboram com as evidências de Christo et al., (2023), que identificaram que estudantes de medicina frequentemente utilizam o medicamento sem diagnóstico de TDAH, utilizando-o para melhorar o desempenho em provas na universidade. Posto isso, denota-se então o quanto esta prática vem crescendo no contexto universitário, no qual o uso de estimulantes é percebido como uma forma de lidar com as altas demandas de estudo e o quanto isso pode ser extremamente prejudicial para esses alunos.
3.2. Relação entre pressão acadêmica e o aumento do uso de metilfenidato
A pressão acadêmica surge como um fator importante no aumento do uso de metilfenidato entre estudantes universitários, especialmente em áreas da saúde. No estudo de Freitas et al., (2021) 80% dos usuários relataram o uso do medicamento principalmente durante períodos de exames destaca o quanto o ambiente acadêmico pode emergir como um fator de risco para o consumo inadequado de substâncias estimulantes.
Os resultados também apontam para uma tendência preocupante entre os estudantes de medicina, que mostraram a maior prevalência de uso de metilfenidato, como visto no estudo de Freitas et al., (2021), com 12% dos estudantes admitindo o uso da substância. Ou seja, mesmo em áreas da saúde, onde se espera um maior conhecimento sobre os riscos do uso inadequado de medicamentos, o uso indiscriminado de metilfenidato para aprimoramento cognitivo é frequente, o que pode ser explicado pela alta competitividade e uma carga horária extremamente “pesada” que esses estudantes enfrentam.
Além disso, a pesquisa de Júnior et al., (2021) apontou um aumento significativo no uso de psicoestimulantes, com destaque para o metilfenidato, cuja prevalência passou de 21% para 56% ao longo do período de quatro anos. De fato, são dados que preocupam, pois evidencia que, conforme os estudantes avançam no curso e enfrentam maiores demandas, o uso de estimulantes torna-se mais frequente, sugerindo uma dependência acadêmica do medicamento para lidar com eficiência com todas as questões relacionadas a faculdade, obtendo, ainda que sobrecarregados, bons resultados. Esses resultados estão em consonância com o estudo de Freitas et al., (2021), que associa o uso de metilfenidato ao estresse acadêmico e à competitividade no ambiente universitário.
Silveira et al., (2014) demonstraram que 34,2% dos estudantes do 5º e 6º ano de medicina já haviam utilizado metilfenidato, e que 23,02% desses estudantes o fizeram sem prescrição médica. Dito isto, o uso não médico foi significativamente mais alto entre os estudantes do 6º ano, provavelmente devido à pressão acadêmica crescente e à proximidade da conclusão do curso, que demandam maior carga de estudo e dedicação. O que está em consonância com outros estudos que associam o uso de metilfenidato à alta pressão, como o de Sorgi, Azevedo e Mainardes (2022), que também identificaram uma alta prevalência de uso não médico da substância entre os universitários de Maringá-PR, motivada principalmente pela busca de melhor desenvolvimento.
Meiners et al ., (2022) relata que o uso não médico de metilfenidato entre estudantes da Faculdade de Ceilândia da UnB apresenta uma prevalência comparável ou até superior aos índices reportados na literatura. Além disso, uma parcela significativa dos estudantes considera utilizar esse medicamento durante a graduação. Apesar da percepção de que o metilfenidato pode melhorar o desempenho acadêmico, muitos relataram efeitos adversos, incluindo reações negativas e desenvolvimento de tolerância. O acesso ao medicamento ocorre majoritariamente de forma ilegal, sem prescrição médica, evidenciando irregularidades que podem caracterizar tráfico de entorpecentes.
O estudo de Netto et al., (2018) apontou que 33% dos estudantes de Medicina da Universidade Internacional Três Fronteras utilizaram metilfenidato sem prescrição médica, destacando o uso mais comum entre estudantes do primeiro e segundo ano do curso. Os autores destacaram que esse uso mais frequente nos primeiros anos pode estar relacionada a transição para o ambiente universitário, que exige maior capacidade de adaptação e de saber utilizar, de maneira útil, o seu tempo, levando alguns estudantes a recorrerem a substâncias como o metilfenidato para melhorar o desempenho.
O estudo realizado por Nasário e Matos (2022) aprensenta que o uso não prescrito do metilfenidato apresenta uma prevalência de 2,9% na amostra pesquisada; ademais, 17,3% dos estudantes de medicina afirmaram já ter usado o psicoestimulante em algum momento da vida. As motivações para a utilização mais citadas foram: melhorar o desempenho cognitivo (10%) e ficar mais tempo acordado (4,1%), e prevaleceu a forma de obtenção do fármaco por meio de amigos (56,5%).
Rodrigues et al., (2021) em sua pesquisa relata que entre os 696 estudantes, 495 (71,6%) eram mulheres, 196 (28,4%) homens, e 5 (7,1%) não responderam sobre o sexo. As faixas etárias mais comuns foram de 21 a 23 anos (37,9%) e de 18 a 20 anos (36,3%). Medicina foi o curso com maior participação (31,9%), seguido por Enfermagem (26,9%), Bioquímica (21,4%) e Farmácia (19,7%). No momento da pesquisa, 60 estudantes (8,6%) trabalhavam além de estudar, e 403 (58,1%) participavam de atividades extracurriculares. O uso não prescrito de metilfenidato foi relatado por 30 participantes, representando 4,3% da amostra.
Os estudos constataram ainda que, o uso de metilfenidato muitas vezes não está relacionado ao tratamento de transtornos médicos, como o TDAH, mas sim ao aprimoramento do desempenho acadêmico, conforme evidenciado por Lashkaripour et al., (2019) mostrou que 19,3% dos estudantes relataram o uso não médico de metilfenidato, sendo o uso ocasional mais comum. Ou seja, existe então um padrão de consumo recreativo e episódico, muitas vezes relacionado a períodos de exames, o que está alinhado com outros estudos como o de Christo et al., (2023) e Júnior et al., (2021) que indicam a prevalência do uso de metilfenidato em estudantes de áreas da saúde para enfrentar demandas acadêmicas intensas.
3.3. Reações adversas e riscos à saúde associados ao uso indiscriminado de metilfenidato
Ressalta-se que, a ausência de prescrição médica e de acompanhamento profissional é outro fator preocupante destacado em todos os estudos analisados. No estudo de Freitas et al., (2021), 92% dos estudantes de áreas da saúde, como medicina e farmácia, relataram o uso de metilfenidato sem acompanhamento médico, o que expõe esses indivíduos a diversos riscos à saúde, como dependência química, ansiedade, insônia e outros efeitos colaterais graves.
A relação entre pressão acadêmica e o uso de metilfenidato também foi identificada por Lashkaripour et al., (2019), que apontou que a principal justificativa para o uso do medicamento foi a melhoria no desempenho acadêmico. Ficando então explícito que, de fato, a pressão acadêmica é um fator determinante no uso de estimulantes e que políticas de apoio emocional e acadêmico podem ser necessárias para mitigar esse problema.
Ao revisar a literatura, foi possível constatar que, os estudantes do curso de medicina, estão mais suscetíveis ao uso desse psicoestimulante, fato este corroborado pela pesquisa de Megiani et al., (2023) destacou que 33,9% dos universitários relatam uso de psicoestimulantes, com a maioria sendo estudantes de medicina (90,2%).
Gráfico 1. Efeitos colaterais mais frequentes dependendo do uso do metilfenidato.
Pesquisa realizada por Netto et al., (2018) indica no gráfico 1 que, entre os efeitos colaterais relatados, 35% dos participantes mencionaram taquicardia, 18% relataram perda de apetite, 23% tremores nas mãos, 12% boca seca e 47% reportaram outros efeitos.
Na metodologia empregada por Nasário e Matos (2022), o medicamento não apresentou efeitos de aprimoramento cognitivo significativo na população estudada, uma vez que indivíduos que nunca utilizaram a droga têm um melhor desempenho acadêmico quando comparados aos indivíduos que já usaram ou usam o fármaco, confirmando a hipótese de efeito na autopercepção e em sensações de bem-estar em pessoas que não tem TDAH ou narcolepsia.
Ao final da pesquisa de Sorgi, Azevedo e Mainardes (2022), constatou-se que 28,8% dos usuários precisaram aumentar a dose inicial do medicamento para obter o mesmo efeito. Esse aumento ocorre devido ao mecanismo de ação do metilfenidato, que promove uma recompensa rápida, incentivando os usuários a consumir doses maiores para alcançar a mesma sensação. Para tal, denota-se a importância do acompanhamento médico e farmacêutico no uso de estimulantes, e a revisão evidencia que a falta desse suporte é um dos principais fatores que contribuem para o uso indiscriminado. Para tanto, programas de conscientização nas universidades, dirigidos tanto aos estudantes quanto aos profissionais de saúde, podem ser uma estratégia que demonstre viabilidade para reduzir o uso inadequado desse medicamento.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da presente pesquisa, foi possível constar que, é notório um alto crescimento do uso indiscriminado do metilfenidato, embora o medicamento seja eficaz no tratamento de transtornos como o TDAH, seu uso indiscriminado e sem orientação médica e farmacêutica tornou-se uma prática preocupante.
Verificou-se que, a pressão por alto desempenho, combinada com a competitividade acadêmica, tem levado muitos estudantes a utilizarem o metilfenidato como uma “ferramenta” para aumentar a concentração e prolongar o tempo de estudo. No entanto, essa prática tem acarretado uma série de riscos à saúde física e mental dos usuários, incluindo insônia, ansiedade, dependência e até comportamentos de risco, como o consumo de álcool associado.
Foi possível constatar que, uma parcela significativa dos estudantes universitários faz uso de metilfenidato sem prescrição médica, o que deixa em evidência também a falta de controle e fiscalização no uso de substâncias controladas. Em particular, os estudantes de Medicina, que deveriam ter maior conhecimento sobre os riscos do uso indiscriminado de medicamentos, apresentam uma prevalência maior de uso não médico de metilfenidato.
Além disso, os efeitos adversos relatados pelos estudantes que utilizam metilfenidato sem prescrição, como insônia, perda de apetite e taquicardia, indicam que o uso indiscriminado desse medicamento pode trazer mais prejuízos do que benefícios. Embora o medicamento possa proporcionar uma sensação temporária de aumento de concentração e desempenho, os riscos à saúde mental e física são significativos e não devem ser subestimados.
Este estudo investiga o uso indiscriminado de metilfenidato entre universitários para melhorar o desempenho acadêmico e os efeitos adversos dessa prática. A hipótese central é que a pressão por alta performance leva muitos estudantes a usar o medicamento sem prescrição, expondo-se a riscos para a saúde física e mental. A pesquisa mostra que o uso sem supervisão cresce especialmente em cursos competitivos, como Medicina. Embora seja eficaz no tratamento de TDAH, o uso não orientado para aumentar concentração e tempo de estudo gera efeitos colaterais graves, como insônia, ansiedade, taquicardia e risco de dependência. A prática expõe a falta de fiscalização e conscientização, evidenciando um problema de saúde pública que exige maior controle.
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