PERFIL DAS INTERNAÇÕES POR TRANSTORNOS PSICÓTICOS NO ESTADO DO PIAUI DE 2013 A 2023

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411131828


Igor Inácio de Sousa Ferro
Italo Roberto Costa Pedrosa
Orientador: Prof. Esp. Danilo Gonçalves Dantas


RESUMO

Introdução: Os transtornos psicóticos são considerados uma das condições de saúde mais debilitantes da atualidade. É uma doença de longa duração em que os indivíduos passam por períodos de crise e remissão. Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico das internações por transtornos psicóticos entre 2013 e 2023 e detalhar o perfil das internações por municípios, sexo, faixa etária e ano de internação. Metodologia: Este estudo trata-se de um estudo epidemiológico documental e transversal, utilizando principalmente métodos descritivos e quantitativos. Os dados foram obtidos junto ao Ministério da Saúde (MS) por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), utilizando o portal www.datasus.gov.br como principal fonte de informação. Resultados: O Piauí notificou 11.959 casos em hospitais públicos e privados, com maior número de casos em Teresina, com um total de 7.601 casos. A faixa etária com maior taxa de internação é a de 30 a 39 anos, com 29,72% do total e a prevalência nesse estudo foi do sexo feminino onde obteve-se 63,31% das internações. Os dados demonstram a maior prevalência de internações de pessoas pardas correspondendo a 70,80% das internações. Conclusão: Teresina apresenta o maior número de internações por transtornos psicóticos no Piauí, indicando o grande impacto à saúde pública. As hospitalizações por faixa etária ressaltam que as políticas de saúde pública devem ser desenvolvidas por meio de uma abordagem sensível ao gênero e apropriada à cultura para que as intervenções sejam iguais e eficazes.

Palavras-chave: Transtornos Psicóticos. Internações. Piauí.

ABSTRACT

Introduction: Psychotic disorders are considered one of the most debilitating health conditions today. It is a long-term disease in which individuals go through periods of crisis and remission. Objectives: To analyze the epidemiological profile of hospitalizations for psychotic disorders between 2013 and 2023 and to detail the profile of hospitalizations by municipality, sex, age group and year of hospitalization. Methodology: This is a documentary and cross-sectional epidemiological study, using mainly descriptive and quantitative methods. The data were obtained from the Ministry of Health (MS) through the Health Surveillance Secretariat (SVS), using the portal www.datasus.gov.br as the main source of information. Results: Piauí reported 11,959 cases in public and private hospitals, with the highest number of cases in Teresina, with a total of 7,601 cases. The age group with the highest hospitalization rate is 30 to 39 years old, with 29.72% of the total and the prevalence in this study was female, which obtained 63.31% of hospitalizations. The data demonstrate the highest prevalence of hospitalizations of brown people, corresponding to 70.80% of hospitalizations. Conclusion: Teresina has the highest number of hospitalizations due to psychotic disorders in Piauí, indicating the great impact on public health. Hospitalizations by age group highlight that public health policies must be developed through a gender-sensitive and culturally appropriate approach so that interventions are equitable and effective.

Keywords: Psychotic Disorders. Hospitalizations. Piauí.

1. INTRODUÇÃO

Os transtornos psicóticos são considerados uma das condições de saúde mais debilitantes da atualidade, pois podem afetar negativamente a funcionalidade de uma pessoa e levar à redução da qualidade e da expectativa de vida (De Oliveira et al, 2024).

A esquizofrenia é um transtorno mental persistente que afeta a vida e as interações sociais de um indivíduo devido aos seus sintomas. Pode manifestar-se na adolescência ou na idade adulta jovem e requer tratamento envolvendo uma equipe de profissionais de psicologia, neurologia, psiquiatria e farmacologia, com o objetivo de zelar pela saúde física e mental do paciente e sua rede de apoio. Existem diversas teorias sobre a origem desta doença, sendo as teorias neuroquímicas e dopaminérgicas as mais aceitas atualmente. Além disso, há uma variedade de tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida do indivíduo e alcançar resultados mais eficazes (Guths; Sausen, 2024).

Apesar do tratamento, os efeitos motores adversos são comuns e muitas vezes referidos pelos médicos como sintomas extrapiramidais. Esses sintomas podem incluir parkinsonismo, reação distônicas agudas, acatisia, acinesia e menstruação irregular em mulheres. Portanto, ao selecionar um tratamento adequado, é importante considerar os medicamentos utilizados, o estágio da doença, o histórico de resposta/adesão e o equilíbrio entre riscos e benefícios (Rodrigues et al., 2024).

Embora alguns déficits cognitivos possam ocorrer ao longo do curso da doença, a capacidade intelectual permanece inalterada, mas podem ocorrer alucinações, especialmente alucinações auditivas que comentam os pensamentos ou ações do paciente, e os distúrbios do pensamento levam a atribuições especiais de significado que fazem com que os pensamentos se tornem vago, obscuro e muitas vezes incompreensível (Xavier et al., 2024).

Diagnosticar a esquizofrenia é um processo complexo e desafiador. Um histórico médico completo é fundamental, explorando todos os aspectos dos sintomas relatados. Embora os exames laboratoriais e de imagem não possam confirmar diretamente a presença da doença, eles podem ajudar a descartar outras doenças orgânicas (Jauhar; Johnstone; Mckenna, 2022).

Os sintomas da esquizofrenia tendem a ocorrer em pessoas mais jovens, geralmente antes dos 25 anos nos homens e antes dos 35 anos nas mulheres. A esquizofrenia de início precoce (antes dos 18 anos) e a esquizofrenia de início tardio (após os 40 anos) são menos comuns, são mais complexas de diagnosticar e têm evidências limitadas de eficácia e segurança do tratamento (Fulone; Silva; Lopes, 2023). Muitas vezes começa de forma insidiosa com sintomas prodrômicos inespecíficos, incluindo perda de energia, iniciativa e interesse, humor deprimido, isolamento, comportamento inadequado, negligência da aparência pessoal e da higiene, que podem preceder o início e durar semanas ou até meses (Soares et al., 2024).

A doença pode ser dividida em duas fases: a fase aguda, quando os pacientes procuram ajuda durante uma crise, e a fase estável, quando os pacientes aderem ao tratamento a cada consulta. O acompanhamento psiquiátrico rigoroso a longo prazo é essencial para evitar recaídas e exacerbações (Rodrigues et al., 2024).

É uma doença de longa duração em que os indivíduos passam por períodos de crise e remissão, levando à deterioração do funcionamento do paciente e da família, causando diversas deficiências e perdas na capacidade de todo o grupo: redução da capacidade de cuidar de si, de trabalhar, interagir pessoal e socialmente, permanecer intacto o pensamento (Xavier et al., 2024).

O transtorno delirante é uma forma de doença mental que é caracterizada pela presença de delírios duradouros e estruturalmente complexos, sem outros sintomas associados de psicose que sejam significativos, como sonhos proeminentes. Delírios são falsas crenças que o indivíduo é incapaz de se livrar, apesar da presença de evidências sólidas (De Oliveira et al, 2024).

O transtorno psicótico breve é outra condição que exibe sintomas psicóticos repentinos, como delírios e alucinações, mas que têm curta duração e são tipicamente causados por estresse, o transtorno se recuperará em pouco mais de um mês. A psicose induzida por toxicidade, que é desencadeada por drogas ou suplementos, é mais prevalente em situações de dependência ou abstinência. O transtorno esquizoafetivo é caracterizado por uma combinação de sintomas de humor, como depressão ou mania, bem como sintomas psicóticos. Essas doenças têm semelhanças com a esquizofrenia em relação aos sintomas, mas diferem em relação a aspectos como duração, origem e associação com outras doenças, o que necessita do tratamento específico desses transtornos (Soares et al., 2024).

Transtornos psicóticos são uma forma significativa de doença mental que envolve desconexão da realidade, o que pode levar a problemas significativos com funcionalidade e qualidade de vida para os indivíduos. Entender o padrão epidemiológico de hospitalizações por essas doenças é crucial para direcionar políticas públicas, recursos e estratégias relacionadas à saúde mental. A análise específica do perfil dessas hospitalizações por sexo, idade, ano e município facilita uma compreensão mais aprofundada e localizada das causas dessas internações. Isso facilita a compreensão das necessidades específicas de cada região, faixa etária e gênero, o que promove um atendimento mais individualizado e eficaz. Dessa forma, a investigação é pertinente à otimização dos serviços de atenção à saúde mental, fornecendo subsídios para a criação de políticas públicas voltadas à prevenção desse transtorno.

Com isso, o objetivo geral deste estudo é analisar o perfil epidemiológico das internações por transtornos psicóticos entre 2013 e 2023. Bem como detalhar o perfil das internações por municípios, sexo, faixa etária e ano de internação.

2. METODOLOGIA 

Este estudo trata-se de um estudo epidemiológico documental e transversal, utilizando principalmente métodos descritivos e quantitativos. Os dados foram obtidos junto ao Ministério da Saúde (MS) por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), utilizando o portal www.datasus.gov.br como principal fonte de informação. 

No sistema DATASUS, ao buscar dados referentes ao estado do Piauí na CID-10 Capítulo 5, encontramos diversas condições como demência, transtornos mentais e comportamentais por uso de álcool, transtornos mentais e comportamentais por uso de outras substâncias psicoativas, esquizofrenia e transtorno esquizotípicos e delirantes, transtornos de humor, transtornos relacionados ao estresse neurótico e somatoforme, retardo mental e outros transtornos mentais e comportamentais. Contudo, este estudo considerou apenas os transtornos psicóticos descritos do CID F20 ao F29, que podem ser classificados como esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes. Dessa forma, encontramos resultados completos utilizando a lista de morbidades hospitalares da CID 10 envolvendo transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes. 

O estudo incluiu internações por transtornos psicóticos entre 2013 e 2023, envolvendo residentes do estado do Piaui, classificados com códigos CID F20 a F29. Foram excluídos registros de internações fora dos períodos citados e outros transtornos mentais não pertinentes ao escopo deste estudo.

As variáveis analisadas são as seguintes: Distribuição das internações por transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes por município do Piauí distribuição por faixa etária (10 a 14 anos, 15 a 19 anos, 20 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos; 60 a 69, 70 a 79 anos e 80 anos ou mais), sexo (masculino, feminino) e raça/cor (branca, preta, parda e amarela). 

Os dados coletados foram analisados objetivamente por meio de estatística descritiva. Nesse sentido, são tabuladas em planilha do Microsoft Excel, divididas em categorias (variáveis de análise) e depois, após calculada a frequência de ocorrência dessas variáveis na amostra, convertidas em gráficos de setores para análise percentual. 

No quesito ética, foram seguidas as diretrizes estabelecidas pelas resoluções do Conselho Nacional de Saúde (CNS) para pesquisas envolvendo seres humanos. Os dados analisados provêm do banco de dados público do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) que são ofertados sem identificação dos participantes da pesquisa, minimizando assim os riscos de identificação. Embora o estudo não tenha exigido aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), todas as recomendações das resoluções 466/12 e 510/16 foram rigorosamente seguidas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

O estudo realizado pelo DATASUS constatou internações hospitalares por transtornos psicóticos entre janeiro de 2013 e dezembro de 2023. O Piauí notificou 11.959 casos, inclusive em hospitais públicos e privados.

Segundo Rodrigues et al., 2024, de janeiro de 2018 a dezembro de 2023, ocorreram 415.173 internações por esquizofrenia no Brasil, com tempo médio de internação de 32,7 dias.

A esquizofrenia é listada por Fischer e Buchanan, 2021, como uma das principais condições incapacitantes em adolescentes e adultos, com prevalência global de 1% e incidência de 1,5 casos por 10 mil pessoas. 

Já no estudo realizado em 2024 sobre a prevalência da esquizofrenia, Soares et al estimaram que existem aproximadamente 1 a 7 novos casos por 10.000 habitantes por ano, dependendo dos critérios diagnósticos utilizados na estimativa, sugerindo que este número está a crescer diariamente. Dessa forma, podem ser compreendidas as altas taxas de internação por transtornos psicóticos.

De acordo com a Tabela 1, a cidade com maior número de casos internados no Piauí nos últimos 10 anos é Teresina, com um total de 7.601 casos, representando 63,55 % do total. Em segundo lugar está Parnaíba com 3.989 casos, seguido por Picos com 279 casos. As cidades de Piripiri, Valença, Oeiras, Floriano, São Raimundo Nonato e Bom Jesus, têm menos casos, com 2, 1, 4, 3, 79 e 1 casos, respectivamente, as outras cidades do Piaui não registraram nenhum caso. 

Tabela 1 – Internações por transtornos psicóticos no Estado do Piauí, por Município (2013-2023).


MUNICÍPIOS

INTERNAÇÕES

Teresina

7.601
Parnaíba3.989
Picos279
São Raimundo Nonato79
Oeiras4
Floriano3
Piripiri2
Bom Jesus1
Valença1
TOTAL11.959

Fonte: Elaborado pelos autores com base nas tabelas obtidas no sistema DATASUS.

A esquizofrenia é um transtorno complexo que afeta a vida e os relacionamentos dos pacientes. Pessoas com esquizofrenia tem mudanças no seu comportamento diário. Estas alterações podem ser confundidas com o comportamento típico do adolescente ou classificadas como alterações emocionais ou sociais em adultos jovens.

Fulone; Silva; Lopes, 2023, apresenta em seu estudo que a maioria dos pacientes com transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes eram adultos entre 19 a 59 anos: representando 68,7%, e em seguida os idosos ≥60 anos sendo 22,2%, crianças/adolescentes menores de 18 anos somaram 9,1% desses pacientes. 

O início dos sintomas da esquizofrenia tende a ocorrer em adultos jovens, geralmente antes dos 25 anos nos homens e antes dos 35 anos nas mulheres. Há início precoce (antes dos 18 anos) e início tardio (após os 40 anos). Porém, acredita-se que isso acontece devido o diagnóstico desses pacientes ser mais tardio por ser complexo e exigir uma avaliação cuidadosa e abrangente por um profissional de saúde mental, muitas vezes utilizando entrevistas clínicas aprofundadas e ferramentas de avaliação (Andrade et al., 2023). 

Durante a coleta de dados quantitativos, as internações foram analisadas segundo faixas etárias. Foram coletados dados de incidência relacionados aos CID F20 a F29, abrangendo pacientes de 10 a 80 anos ou mais. Os resultados mostram que a faixa etária com maior taxa de internação por transtornos psicóticos é a de 30 a 39 anos, com 3.555 pessoas, representando aproximadamente 29,72% do total, conforme mostra o gráfico 1.

Gráfico 1- Internações por transtornos psicóticos no Estado do Piauí, segundo Faixa Etária (2013-2023).

Fonte: Elaborado pelos autores com base nas tabelas obtidas no sistema DATASUS.

Fulone; Silva; Lopes, 2023 realizou uma pesquisa com pacientes internados por transtornos psicóticos no Brasil, onde 50,5% eram do sexo feminino. Já no estudo de Rodrigues et al., 2024, os indivíduos mais acometidos pela doença foram do sexo masculino com 254.530 internações, representando 61,3% desses pacientes. 

Foi constatado que entre julho de 2016 e julho de 2021, 2.252 pessoas foram internadas por transtornos psicóticos no estado do Tocantins. Entre eles, 60,8% (1.370 pessoas) são homens e 38,1% (882 pessoas) são mulheres (Andrade et al., 2023).

É possível observar que esses dados podem variar de acordo com fatores demográficos. Em consonância com o estudo de Fulone; Silva; Lopes, 2023, a prevalência nesse estudo foi do sexo feminino onde obteve-se 7.608 internações correspondendo 63,31%, enquanto os do sexo masculino representou 36,38% (n=4.351) conforme mostra o gráfico 2. 

Gráfico 2- Internações por transtornos psicóticos no Estado do Piauí, segundo sexo (2013-2023).

Fonte: Elaborado pelos autores com base nas tabelas obtidas no sistema DATASUS.

A cor da pele de um indivíduo também pode ser comparada à prevalência de transtornos psicóticos, onde, Rodrigues et al. 2024, em seu estudo, apresentam que indivíduos pardos foram responsáveis por 154.351 internações, ou seja, 37,1% de todos os casos registrados. Os dados demonstram a maior prevalência de transtornos psicóticos entre indivíduos pardos, seguidos pelos brancos, respondendo por 138.873 internações (33,4%). No entanto, não há informações sobre a cor/etnia dos pacientes afetados em 89.305 ocorrências.

A prevalência de transtornos psicóticos entre pardos também é um dado relevante e deve ser interpretado com cautela. É importante considerar que essas informações podem estar sujeitas a vieses de notificação, pois a coleta de dados sobre cor/raça nem sempre é precisa ou completa. Além disso, fatores socioeconômicos e o acesso aos cuidados de saúde podem influenciar a prevalência da doença em diferentes populações (Soares et al, 2024).

Corroborando com os estudos supracitados é possível observar que as internações de pessoas pardas com transtornos psicóticos foram maiores, conforme indicado no gráfico 3, correspondendo a 70,80% das internações. Em seguida, 24,05% (n=2.877) não tem informação sobre em qual cor/raça.

Gráfico 3- Internações por transtornos psicóticos no Estado do Piaui, segundo Cor/raça (2013-2023).

Fonte: Elaborado pelos autores com base nas tabelas obtidas no sistema DATASUS.

Justifica-se a cor/raça parda ter sido maior no Piauí pois possui a maioria da população (64,83%), apresentado no último censo de 2022 realizado pelo IBGE. O censo revelou ainda que 22,63% se declararam brancos, 12,25% pretos, 0,22% indígenas e 0,09% amarelos (IBGE, 2022). Segundo o censo de 2022, Teresina possui a maior população do Piauí – 866,300 habitantes, e também por ser a capital do Piauí acredita-se que por isso apresenta maior número de internações, seguindo assim com Parnaíba com 162.159 e Picos 83.090 (BRASIL, 2024).

4. CONCLUSÃO

O estudo realizou uma análise completa sobre os transtornos psicóticos no estado do Piauí. Observa-se que entre 2013 a 2023 Teresina apresenta o maior número de internações por transtornos psicóticos no Piauí, indicando o grande impacto à saúde pública. Estes dados indicam a necessidade de uma investigação mais aprofundada dos determinantes locais destas hospitalizações e da implementação de estratégias de prevenção e intervenção dirigidas às comunidades mais afetadas. 

As hospitalizações por faixa etária se concentraram principalmente entre aqueles com idade entre 30 e 39 anos, por meio dos quais os programas de intervenção direcionados a essa faixa etária específica formam estratégias de intervenção cruciais sugerindo a prevenção e intervenção precoce. Além disso, a maioria das categorias específicas de cor/raça mostram a maior frequência de hospitalização para pessoas pardas, enquanto não há segregação quanto à cor por sexo. Esses resultados ressaltam que as políticas de saúde pública devem ser desenvolvidas por meio de uma abordagem sensível ao gênero e apropriada à cultura para que as intervenções sejam iguais e eficazes. 

Embora este estudo forneça muitas informações úteis sobre internações hospitalares por transtornos psicóticos, muito precisa ser advertido pela falta de dados detalhados sobre os tipos de esquizofrenia e razões específicas para internações. Muito mais estudo é necessário para entender completamente os fatores subjacentes a essas tendências, o que permitiria estratégias de prevenção e tratamento mais justas e até mesmo eficazes. Neste estudo, os transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes foram um desafio considerável para o sistema de saúde no Piauí; a maneira mais lógica de resolver esse problema emergente é por meio de uma abordagem coordenada e abrangente.

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