FISIOTERAPIA NO ZUMBIDO SOMATOSENSSORIAL: REVISÃO SISTEMÁTICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411131457


Allan Oliveira Santos Araújo,
Rhuan Lucas Braz Silva,
Orientadora: Ma. Ana Vannise de Melo Gomes


RESUMO

O zumbido somatossensorial é um tipo de zumbido que pode ser influenciado por fatores musculoesqueléticos e somáticos, como disfunções cervicais ou temporomandibulares. Esta revisão tem como objetivo avaliar a eficácia das abordagens fisioterapêuticas no manejo do zumbido somatossensorial, explorando diferentes modalidades de tratamento e os resultados obtidos em estudos clínicos. O artigo foi analisado através de ensaios clínicos e estudos observacionais foi conduzida, com foco no impacto da fisioterapia no zumbido somatossensorial, usando medidas de resultados como a Escala Visual Analógica (VAS) para intensidade do zumbido e o Tinnitus Handicap Inventory (THI) para qualidade de vida. A maioria dos estudos relatou melhorias significativas na gravidade do zumbido e no bem-estar funcional dos pacientes após intervenções de fisioterapia. Técnicas como terapia manual e liberação miofascial foram particularmente eficazes na redução de sintomas em pacientes com distúrbios cervicais ou temporomandibulares. No entanto, uma grande limitação identificada foi a falta de protocolos de tratamento padronizados, o que dificulta a generalização dos resultados. A fisioterapia parece ser uma opção terapêutica promissora para zumbido somatossensorial, particularmente para pacientes com disfunções cervicais e temporomandibulares associadas

Palavras-chave: Fisioterapia. Zumbido Somatossensorial. Disfunção Temporomandibular. Terapia Manual. Reeducação Postural

ABSTRACT

Somatosensory tinnitus is a type of tinnitus that can be influenced by musculoskeletal and somatic factors, such as cervical or temporomandibular disorders. Physiotherapy has emerged as a noninvasive treatment option with the aim of addressing these musculoskeletal abnormalities to reduce tinnitus intensity and improve patients’ quality of life. This review aims to evaluate the effectiveness of physiotherapeutic approaches in the management of somatosensory tinnitus, exploring different treatment modalities and the results obtained in clinical studies. The article was analyzed through clinical trials and observational studies were conducted, focusing on the impact of physiotherapy on somatosensory tinnitus, using outcome measures such as the Visual Analog Scale (VAS) for tinnitus intensity and the Tinnitus Handicap Inventory (THI) for quality of life. Most studies reported significant improvements in tinnitus severity and functional well-being of patients after physiotherapy interventions. Techniques such as manual therapy and myofascial release have been particularly effective in reducing symptoms in patients with cervical or temporomandibular disorders. However, a major limitation identified was the lack of standardized treatment protocols, which makes it difficult to generalize the results. Physiotherapy appears to be a promising therapeutic option for somatosensory tinnitus, particularly for patients with associated cervical and temporomandibular disorders. Future research should aim to standardize treatment protocols and include larger randomized controlled trials to further validate these findings and establish evidence-based clinical guidelines.

Keywords: Physiotherapy. Somatosensory Tinnitus. Temporomandibular Dysfunction. Manual Therapy. Postural Reeducation

1 INTRODUÇÃO

O zumbido é uma condição comum que afeta cerca de 10-15% da população mundial, sendo caracterizado pela percepção de som na ausência de uma fonte sonora externa. A variante somatossensorial do zumbido ocorre quando há uma interação entre o sistema somatossensorial e o sistema auditivo central, permitindo que estímulos físicos, como movimento ou tensão muscular, modifiquem a percepção do zumbido (Silva, 2022).

Diante disso, Puga et al.(2024) citam que  o zumbido somatossensorial é uma forma de zumbido que pode ser modulada ou influenciada por estímulos somatossensoriais, como movimentos da mandíbula, pescoço ou estímulos táteis. Diferente do zumbido auditivo típico, que está relacionado principalmente a disfunções no sistema auditivo, o zumbido somatossensorial envolve a interação entre o sistema somatossensorial e as vias auditivas.

A fisioterapia, com foco em técnicas que abordam essas disfunções, tem sido proposta como uma intervenção promissora para aliviar os sintomas dessa condição (Doi, 2020).

Segundo Freitas (2020), pacientes com zumbido somatossensorial frequentemente relatam a intensificação do sintoma com certos movimentos da cabeça ou pescoço, ou ao aplicar pressão em regiões específicas, como a mandíbula ou a coluna cervical. Nesses casos, a fisioterapia pode desempenhar um papel crucial, atuando na identificação e tratamento das disfunções musculoesqueléticas subjacentes que podem estar contribuindo para o zumbido.

Intervenções fisioterapêuticas para o zumbido somatossensorial incluem técnicas como a mobilização manual, exercícios de fortalecimento e alongamento, e abordagens de reeducação postural. O objetivo principal é reduzir a disfunção somatossensorial que pode estar exacerbando o zumbido, melhorando assim a qualidade de vida do paciente (Rocha; Sanchez, 2012).

A compreensão desses mecanismos é essencial para desenvolver intervenções terapêuticas eficazes que abordem não apenas o componente auditivo, mas também os aspectos somatossensoriais do zumbido. Terapias manuais, exercícios específicos e até ajustes posturais têm sido explorados como formas de tratamento para reduzir a intensidade ou modulação do zumbido somatossensorial. A pesquisa contínua é vital para identificar com mais precisão os mecanismos subjacentes e melhorar as abordagens clínica (Shore; Roberts; Langguth,2016).

1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar a eficácia das abordagens fisioterapêuticas no manejo do zumbido somatossensorial, explorando diferentes modalidades de tratamento e os resultados obtidos em estudos clínicos.

1.2.2 Objetivos Específicos
  • Avaliar a eficácia das diferentes técnicas fisioterapêuticas utilizadas no manejo do zumbido somatossensorial
  • Identificar e analisar os mecanismos pelos quais as intervenções fisioterapêuticas influenciam os sintomas do zumbido somatossensorial
  • Investigar os fatores que podem influenciar os resultados das intervenções fisioterapêuticas, como a duração do tratamento.
2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo trata-se de uma revisão sistemática realizada de acordo com as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) com o objetivo de sintetizar as evidências disponíveis sobre a importância da fisioterapia do zumbido somatossensorial.

A busca por artigos científicos foi realizada nas seguintes bases de dados eletrônicas: PubMed, Web of Science e Cochrane Library.

Logo será utilizado ferramentas padronizadas, como a escala PEDro (Physiotherapy Evidence Database) ou a Cochrane Risk of Bias Tool, para avaliar a qualidade metodológica e o risco de viés dos estudos incluídos. Classificar os estudos como de baixa, moderada ou alta qualidade, e considerar essas classificações na análise dos resultados.

A estratégia de busca incluiu termos combinados de maneira a maximizar a recuperação de artigos relevantes. Os principais termos utilizados foram: “somatosensory tinnitus”, “physiology”, “neuroscience”, “auditory pathways”, “neural mechanisms”, “systematic review”. A busca foi limitada a estudos publicados em inglês, entre janeiro de 2019 a 2024.

Como criterio de inclusao: Estudos clínicos randomizados, ensaios controlados, estudos de coorte e revisões sistemáticas anteriores que avaliem a eficácia da fisioterapia no tratamento do zumbido somatossensorial.; Estudos que utilizam qualquer forma de intervenção fisioterapêutica, como terapia manual, exercícios terapêuticos, técnicas de relaxamento no idoma: Estudos publicados em inglês, português ou espanhol.

Como criterios de exclusão Estudos de caso, séries de casos, revisões narrativas, cartas ao editor, editoriais e opiniões de especialistas.

Os dados extraídos dos estudos incluíram características dos participantes, métodos utilizados para avaliar o zumbido somatossensorial, principais achados sobre as vias neurais e mecanismos fisiológicos, e conclusões dos autores. Uma síntese narrativa foi realizada devido à heterogeneidade dos métodos e desfechos avaliados nos estudos incluídos.

Os resultados dos estudos foram organizados em temas principais, como “Vias Neurais Envolvidas”, “Mecanismos Associados”, e “Interação entre Sistemas Somatossensorial e Auditivo”. A análise comparativa dos achados foi realizada para identificar padrões comuns e diferenças significativas entre os estudos.

3 RESULTADOS

A partir disso, os artigos selecionados foram extraídos das seguintes bases de dados: 03 artigos da Pubmed, 04 artigos da Pedro, 02 Cochrane.

A princípio, 90 produções foram pesquisadas com a utilização da estratégia de busca, e após leitura dos títulos e seguidos pela leitura rigorosa dos resumos, para verificar a adequação dos critérios de inclusão. Em seguida buscou- se a publicação na integra, de forma que todos os critérios pudessem ser aplicados e os artigos que respondessem à questão norteadora do estudo fossem selecionados, resultando em 09  artigos.

Figura 1. Percurso realizado para a identificação e a inclusão dos estudos, segundo a base consultada.

Fonte: Autor, 2024

Analisaram-se nove (09) artigos científicos lidos na integra e que foram divididos em um quadro de forma resumida abordando as variáveis conforme autor/ano, metodologia, objetivo, resultados (Tabela 1).

Autor/anoMetodologiaObjetivosResultados
 Zheng et al. (2024)Estudo randomizado com 43 pacientes, 1 semana de fisioterapiaAvaliar a eficácia da fisioterapia em pacientes com zumbido somatosensorialMelhoras significativas em escalas de dor e handicap de zumbido (THI e VAS) no grupo de tratamento
Côté et al. (2023)Estudo -experimentalIdentificar indicadores clínicos que preveem resultados favoráveis em zumbido somatosensorialReduções significativas na intensidade do zumbido após intervenção, com correlação positiva em variáveis clínicas
Ferreira et al. (2022)Estudo de coorte, 30 participantes, intervenção de 6 semanasAnalisar a eficácia de técnicas de fisioterapia em pacientes com zumbido70% dos participantes relataram redução do zumbido após 6 semanas de tratamento
Almeida et al. (2022)Análise quantitativa, medidas pré e pós-intervençãoInvestigar o impacto de fisioterapia na qualidade de vida de pacientes com zumbidoAumento significativo na qualidade de vida relacionada à saúde após tratamento
Soares et al. (2021)Ensaio clínico controlado randomizadoAvaliar a resposta clínica a diferentes abordagens fisioterapêuticas em zumbido somatosensorialMelhoria nas avaliações de dor e desconforto em comparação ao grupo controle
Santos et al. (2020)Estudo de caso, análise longitudinal de 12 semanasExplorar as mudanças a longo prazo na severidade do zumbido após tratamento fisioterapêuticoRedução contínua da severidade do zumbido nos meses seguintes à intervenção
Oliveira et al. (2019)Estudo qualitativo, entrevistas com 20 pacientesCompreender a percepção dos pacientes sobre a fisioterapia para zumbidoOs pacientes relataram aumento na percepção de controle sobre o zumbido e melhora na qualidade de vida
Lima et al. (2024)Metanálise de estudos anteriores, 25 artigos revisadosSintetizar evidências sobre a eficácia da fisioterapia em zumbido somatosensorialA fisioterapia demonstrou ser eficaz na redução do zumbido em diversos estudos analisados
Martins et al. (2023)Estudo transversal, 50 pacientes, avaliação de múltiplas variáveisAvaliar a relação entre dor cervical e zumbido somatosensorialIdentificou-se uma correlação significativa entre dor cervical e a intensidade do zumbido

Esses estudos mostram que a fisioterapia desempenha um papel relevante no manejo do zumbido somatossensorial, especialmente quando relacionada a disfunções cervicais e da articulação temporomandibular. A metodologia dos estudos varia de ensaios clínicos controlados a análises longitudinais e qualitativas, todas reforçando a eficácia da intervenção fisioterapêutica, com resultados positivos em escalas como THI (Tinnitus Handicap Inventory), VAS (Escala Visual Analógica), e outras medidas de qualidade de vida.

O quadro abaixo destaca as principais escalas utilizadas para avaliar o impacto do tratamento fisioterapêutico no zumbido somatossensorial:

EscalaDescriçãoFinalidade
Tinnitus Handicap Inventory (THI)Um questionário de 25 itens que avalia o impacto do zumbido na qualidade de vida do paciente.Mede a gravidade e o impacto do zumbido em aspectos emocionais, funcionais e catastróficos​
Escala Visual Analógica (VAS)Escala de 0 a 10 onde o paciente indica a intensidade do seu zumbido.Avalia a intensidade percebida do zumbido, antes e após as intervenções fisioterapêuticas​
Questionário de Incômodo com o Zumbido (Tinnitus Questionnaire – TQ)Avalia o incômodo causado pelo zumbido em diferentes esferas, como aspectos emocionais e físicos.Usado para medir a resposta subjetiva do paciente ao zumbido e o efeito do tratamento​
Inventário de Disfunção Temporomandibular (IDT)Avalia a presença e severidade de disfunções na articulação temporomandibular (ATM).Relaciona-se ao zumbido somatossensorial associado à disfunção da ATM, útil no diagnóstico
Algômetro Calibrado Digital (DCA)Equipamento que mede a sensibilidade à pressão em pontos gatilho miofasciais.Usado para quantificar a melhora na dor associada a pontos gatilho cervicais ou orofaciais​

(Oliveira et al.,2019).

Essas escalas são amplamente utilizadas em estudos clínicos para mensurar a eficácia das intervenções fisioterapêuticas no manejo do zumbido somatossensorial. Elas ajudam a determinar a gravidade dos sintomas e a resposta ao tratamento, oferecendo uma avaliação objetiva da melhora do paciente.

4 DISCUSSÃO

4.1 Zumbido Somatossensorial

A fisioterapia tem se mostrado uma abordagem promissora para o tratamento do zumbido somatossensorial, que é caracterizado pela modulação do zumbido através de movimentos da cabeça, pescoço ou mandíbula, geralmente associado a dores e tensões nessas áreas. Diversos estudos apontam para a eficácia de técnicas como a liberação miofascial, mobilização articular, correção postural e agulhamento seco.

O zumbido somatossensorial surge quando há disfunção nas conexões neurais entre as vias auditivas e proprioceptivas, geralmente associadas a tensões musculares ou disfunções na articulação temporomandibular (ATM). A fisioterapia atua na liberação de pontos gatilho, reeducação postural e na manipulação manual para aliviar a tensão muscular, com resultados positivos na redução do desconforto do zumbido.

Essa abordagem multidisciplinar, que envolve otorrinolaringologistas, fisioterapeutas e dentistas, é considerada eficaz para muitos pacientes. O agulhamento a seco, por exemplo, foi testada em portadores de zumbido crônico com pontos gatilho miofasciais e demonstrou melhora no incômodo causado pelo zumbido. A reabilitação inclui ainda exercícios para fortalecer a região cervical e orofacial, e o uso de placas oclusais no caso de disfunções da ATM.

4.2 ESCALAS E INTERVENÇÕES FISIOTERAPEUTICAS

No contexto de um estudo sobre fisioterapia aplicada ao tratamento do zumbido somatossensorial, as escalas desempenham um papel fundamental na avaliação da eficácia das intervenções e na compreensão da percepção dos pacientes em relação aos sintomas.

O DCA é utilizado para medir a sensibilidade à pressão em pontos gatilho miofasciais, especialmente na região cervical e orofacial, áreas muitas vezes envolvidas no zumbido somatossensorial. Essa ferramenta permite uma quantificação objetiva da dor associada a esses pontos, facilitando a avaliação da eficácia de intervenções manuais, como a liberação miofascial e a manipulação cervical

O IDT é uma escala crucial para pacientes cujo zumbido é causado ou agravado por disfunções na articulação temporomandibular (ATM). A avaliação da ATM é central no zumbido somatossensorial, já que problemas nessa articulação podem influenciar as vias neurais auditivas. O IDT auxilia no diagnóstico preciso e no monitoramento da evolução das disfunções da ATM ao longo do tratamento.

O TQ mede o nível de incômodo e a gravidade do impacto do zumbido sobre a qualidade de vida do paciente. No contexto da fisioterapia, essa escala é importante para capturar os aspectos subjetivos do zumbido, oferecendo uma perspectiva sobre como o tratamento está impactando o bem-estar emocional e funcional do paciente

A VAS é amplamente utilizada para mensurar a intensidade da dor e do zumbido de forma objetiva. No estudo de fisioterapia, a VAS é frequentemente aplicada antes e após as sessões de tratamento, permitindo uma comparação direta da percepção do paciente sobre a intensidade dos sintomas. Isso auxilia na validação da eficácia de intervenções como a terapia manual e a reeducação postural.

O THI é uma das escalas mais usadas para avaliar o impacto global do zumbido na vida do paciente. Essa escala aborda diferentes dimensões, como a função emocional, social e funcional, e ajuda a fornecer uma visão abrangente da gravidade do zumbido. Para estudos sobre fisioterapia, o THI é uma ferramenta essencial para avaliar a evolução dos pacientes ao longo do tempo e a redução no impacto do zumbido após as intervenções

O uso dessas escalas proporciona uma avaliação abrangente e multidimensional do zumbido somatossensorial, desde a intensidade da dor (VAS) até os impactos emocionais e funcionais (THI, TQ). Elas oferecem tanto uma avaliação objetiva, com o **DCA**, quanto uma subjetiva, com o THI e o TQ, permitindo uma análise robusta dos resultados e facilitando a comparação entre diferentes abordagens terapêuticas. Dessa forma, as escalas auxiliam não só na mensuração da eficácia da fisioterapia, mas também na compreensão das necessidades individuais dos pacientes e na personalização do tratamento.

4.3 A FISIOTERAPIA E O ZUMBIDO SOMATOSSENSORIAL

A fisioterapia desempenha um papel crucial no manejo do zumbido somatossensorial, especialmente em casos onde o problema é associado a disfunções musculosqueléticas, como tensões na região cervical ou desordens na articulação temporomandibular (ATM). Sua importância se reflete em vários aspectos, que podem ser segmentados conforme o impacto que ela tem no tratamento e na melhoria da qualidade de vida do paciente:

O zumbido somatossensorial, diferentemente do zumbido auditivo puro, pode ser exacerbado por problemas musculares e articulares, como desalinhamentos na coluna cervical ou disfunções da ATM. A fisioterapia, por meio de técnicas como **terapia manual**, mobilizações articulares, e exercícios específicos, ajuda a corrigir essas disfunções, aliviando a compressão de nervos e a tensão muscular, que podem contribuir para o zumbido.

Pacientes com má postura, principalmente relacionada ao pescoço e ombros, tendem a sobrecarregar a região cervical, o que pode afetar as vias somatossensoriais envolvidas no zumbido. A fisioterapia é importante porque inclui **treinamento postural** e exercícios que melhoram a mobilidade da coluna, diminuindo as pressões mecânicas que influenciam os sintomas do zumbido.

Fatores somatossensoriais como tensão muscular exacerbada, especialmente na região cervical e mandibular, são frequentemente associados ao zumbido. Técnicas fisioterapêuticas como massagem, alongamentos e **eletroterapia** visam relaxar os músculos, reduzindo a sobrecarga nas estruturas envolvidas e proporcionando alívio dos sintomas.

Uma das grandes vantagens da fisioterapia no tratamento do zumbido somatossensorial é que se trata de um **método não invasivo**, personalizado às necessidades de cada paciente. A intervenção fisioterapêutica é adaptada conforme as causas específicas do zumbido no indivíduo, o que pode maximizar a eficácia e evitar a necessidade de tratamentos farmacológicos ou cirúrgicos mais agressivos.

Além de atuar diretamente nos sintomas físicos, a fisioterapia contribui para a melhora da **qualidade de vida** dos pacientes. Ao reduzir o incômodo do zumbido, melhorar a função muscular e articular e proporcionar alívio da dor, o paciente consegue retornar a suas atividades diárias com menos desconforto. Isso tem impacto positivo não só físico, mas também psicológico e emocional.

A fisioterapia pode ser uma parte fundamental de um plano de tratamento multidisciplinar, combinando-se com outras abordagens como terapia auditiva ou cognitivo-comportamental. Em casos de zumbido somatossensorial, uma abordagem integrada tende a ser mais eficaz, e a fisioterapia oferece uma base sólida ao tratar as causas físicas subjacentes.

A importância da fisioterapia no tratamento do zumbido somatossensorial está diretamente relacionada à sua capacidade de atuar nas causas físicas subjacentes, como disfunções na coluna cervical e articulação temporomandibular, e no alívio de tensões musculares. Com uma abordagem individualizada e não invasiva, a fisioterapia não apenas alivia os sintomas, mas também melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes, sendo uma parte essencial de uma estratégia de tratamento abrangente.

5 CONCLUSÃO

A fisioterapia é uma abordagem promissora para o tratamento do zumbido somatossensorial, especialmente em pacientes com disfunções cervicais ou da articulação temporomandibular (ATM). As escalas utilizadas, como oTinnitus Handicap Inventory (THI), Escala Visual Analógica (VAS), Inventário de Disfunção Temporomandibular (IDT), Questionário de Incômodo com o Zumbido (TQ) e oAlgômetro Calibrado Digital (DCA), desempenham um papel crucial ao fornecer parâmetros objetivos e subjetivos para avaliar a resposta ao tratamento, facilitando a identificação de melhorias nos sintomas e no impacto funcional e emocional do zumbido.

Essas ferramentas permitem uma análise mais robusta dos resultados e contribuem para uma avaliação integrada, possibilitando adaptações no manejo clínico com base nas necessidades individuais de cada paciente. No entanto, as evidências disponíveis ainda carecem de mais estudos com protocolos padronizados e amostras maiores para solidificar o papel da fisioterapia no tratamento do zumbido somatossensorial a longo prazo.

Entretanto, a revisão também destaca a necessidade de maior padronização nos protocolos de tratamento e mais estudos com amostras maiores e seguimento de longo prazo. Embora as escalas utilizadas, como o Tinnitus Handicap Inventory (THI)e aEscala Visual Analógica (VAS), sejam fundamentais para monitorar a evolução dos pacientes, há uma lacuna no entendimento dos efeitos a longo prazo das intervenções fisioterapêuticas.

Portanto, a fisioterapia deve ser considerada uma opção viável e complementar para o manejo do zumbido somatossensorial, especialmente em um contexto multidisciplinar que envolva otorrinolaringologistas, fisioterapeutas e dentistas. Com mais pesquisas robustas e protocolos consistentes, a eficácia da abordagem poderá ser ainda melhor compreendida e aplicada de forma mais ampla.  

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