CORRELATIONAL ANALYSIS OF DEPRESSION IN BREAST CANCER PATIENTS: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202411130746
João Victor Medeiros Rodrigues
Lívia Martins Sena
Maurílio Batista Lima
Kamila Bezerra Fernandes Diocesano
RESUMO
O câncer de mama é uma neoplasia, que acomete mais mulheres do que homens, e se desenvolve no tecido mamário. Já a Síndrome Depressiva é uma das condições que mais tem contribuído para o aumento da carga global de doenças relacionadas à saúde, sendo ela uma condição bastante relacionada a diagnóstico de câncer. O objetivo desse estudo foi analisar a correlação dos sintomas de transtorno depressivo nas pacientes com câncer de mama em tratamento. O presente estudo foi desenvolvido através de uma revisão integrativa de literatura (RIL) nas bases de dados on-line BVS e PubMed, realizada entre agosto e novembro de 2024. A busca pelas literaturas foi efetuada de acordo com a estratégia PICo. O estudo dos dados obtidos foi mediado de acordo com os temas abordados pelas obras adquiridas ao longo da busca bibliográfica. Ao fim da filtragem executada de acordo com os critérios estabelecidos de exclusão e inclusão, obteve-se 06 publicações, presentes em diferentes periódicos e que convergem com o objetivo de estudo. Foram formadas 05 categorias temáticas, as quais discorrem sobre prevalência; suporte familiar; mortalidade; análise genética e incidência durante a pandemia do COVID-19. Assim, pode-se afirmar que a depressão e o câncer de mama estão extremamente interligados, principalmente em pacientes em situações suscetíveis e com difícil suporte familiar e predisposição genética.
Palavras-chave: Câncer de Mama; Sintomas Depressivos; Epidemiologia.
ABSTRACT
Breast cancer is a neoplasm that affects more women than men and develops in the breast tissue. Depressive syndrome is one of the conditions that has contributed most to the increase in the global burden of health-related diseases, and is a condition closely related to cancer diagnosis. The aim of this study was to analyze the correlation of depressive disorder symptoms in breast cancer patients undergoing treatment. This study was developed through an integrative literature review (ILR) in the online databases VHL and PubMed, carried out between August and November 2024. The literature was searched according to the PICo strategy. The study of the data obtained was mediated according to the themes covered by the works acquired during the literature search. At the end of the filtering carried out according to the established exclusion and inclusion criteria, six publications were obtained, found in different journals and converging with the study objective. Five thematic categories were formed, which discuss prevalence; family support; mortality; genetic analysis and incidence during the COVID-19 pandemic. Thus, it can be said that depression and breast cancer are extremely interlinked, especially in patients in susceptible situations and with difficult family support and genetic predisposition.
Keywords: Breast Cancer; Depression symptoms; Epidemiology.
1 INTRODUÇÃO
O câncer de mama é uma neoplasia, que acomete mais mulheres do que homens, e se desenvolve no tecido mamário, tem um crescimento rápido e desordenado, com predisposição heterogênea associada a fatores genéticos e ambientais (Matos et al., 2021). Os principais fatores de risco apontados para desenvolvimento desse câncer são: idade avançada, história familiar positiva, aumento da gordura corporal, consumo de bebidas alcoólicas e mutações genéticas. Em contrapartida, a lactação e prática regular de exercícios físicos foram descritos como fatores protetores (Inumaru; Silveira; Alves, 2011).
Considerado como um problema de saúde pública, o câncer de mama é o que mais acomete mulheres em todo o mundo e principal causa de óbitos entre elas, apesar de existir estratégia para detecção precoce com o exame de rastreamento, mamografia, que deve ser realizado bienalmente por mulheres de 50 a 69 anos. Essa grande prevalência pode ser atribuída a baixa cobertura mamográfica nacional, visto que apenas há cobertura apenas de 60% das mulheres entre 50 e 69 anos, não atendendo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (Machabansky, et al., 2021).
Sendo o tipo de câncer mais temido pelas mulheres, manifesta-se como nódulo indolor na mama e/ou axila e alterações da pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações com aspecto semelhante à casca de laranja. Com os sintomas, surgem, frequentemente, efeitos psicológicos, como: alterações da sexualidade e da imagem corporal, medo de recidivas, ansiedade, dor e baixa autoestima, culminando no desenvolvimento de transtornos depressivos (Dourado, et al., 2022).
A prevalência estimada de transtorno depressivo nas mulheres em geral é de 3,5 a 7%, já em mulheres acometidas por cânceres, essa estimativa pode alcançar 25%, afetando, principalmente, mulheres mais jovens e aquelas submetidas a quimioterapia. Essa frequente associação está relacionada a uma pior evolução clínica e à má qualidade de vida dos pacientes (Demarque, et al., 2016).
A Síndrome Depressiva é uma das condições que mais tem contribuído para o aumento da carga global de doenças relacionadas à saúde psicológica (Brito, et al. 2022), já que no mundo, essa doença afeta mais de 300 milhões de pessoas, sendo que só no Brasil cerca de 6 milhões de indivíduos são acometidos (Mocelin; Filho, 2022). Alguns determinantes são fortemente relacionados ao aumento dos casos de pacientes com sintomas depressivos, como faixa etária, gênero, renda familiar e integração à sociedade (Goulart, et al. 2021).
Os sintomas depressivos são comuns em pacientes com condições clínicas graves, como o câncer de mama, podem aparecer devido as repercussões psíquicas de fatores inerentes a doença, como a agressividade do tratamento instituído, gravidade dos sintomas ou a adaptação a nova realidade, que inclui, muitas vezes, isolamento social. Estes sintomas são, frequentemente, subestimados e exacerbam os sintomas físicos, geram prejuízo funcional e menor adesão aos tratamentos propostos, além de diminuir os comportamentos de autocuidado (De Oliveira Cangassu, et al., 2010).
Segundo Burgess et al. (2005) o diagnóstico mais precoce do câncer de mama nas mulheres e a utilização de terapia adjuvante sistêmica aumentaram a sobrevivência das pacientes a longo prazo e com uma qualidade de vida muito próxima à de uma já vivenciada anteriormente à doença. Entretanto, embora o efeito psicológico do diagnóstico e do tratamento sejam muito bem elucidados, sabe-se menos sobre a prevalência e os fatores de risco da depressão dentro do tratamento oncológico dessa modalidade de neoplasia, sendo o objetivo dessa obra correlacionar essas duas condições.
2 METODOLOGIA
O presente estudo foi desenvolvido através de uma revisão integrativa de literatura (RIL) realizada entre agosto e novembro de 2024. A questão norteadora do processo revisional foi construída por meio da estratégia PICo (P= População, I=Interesse, Co= Contexto), estruturando, assim, a seguinte questão norteadora: Qual a correlação dos sintomas de transtorno depressivo nas pacientes com câncer de mama em tratamento? As seguintes bases de dados foram consultadas: PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Utilizaram-se os seguintes Descritores em Ciência da Saúde (Decs), provenientes do Medical Subject Headings(MeSH): “Câncer de mama”(Breast Cancer); “Sintomas depressivos”(Depression symptoms); “Epidemiologia” (Epidemiology). Ademais, se fez a utilização do Operador Booleano AND para a busca nos bancos de dados selecionados, proporcionando uma pesquisa crítica do tema.
Fizeram parte da amostra, artigos científicos disponibilizados na íntegra, selecionados através da internet (bancos de dados on-line), publicados entre os anos de 2019 e 2024, por meio de consultas em publicações científicas indexadas na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), e na PubMed, empregando as bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), e web artigos, segundo os critérios de inclusão. Como critério de inclusão para a seleção das amostras, foram selecionados os artigos disponibilizados na íntegra online em língua portuguesa e inglesa, que correspondam à temática e que seguem os descritores de estudo publicados nos últimos 5 anos. Foram excluídos os artigos fora do período da pesquisa, resumos, teses, dissertações e monografias, bem como as amostras fora do período de publicação indicado e aqueles que não possuírem correlação direta com a temática, o que resultou em um número final de 06 artigos que foram lidos e analisados na íntegra, como mostra a figura 1.
Figura 1: Fluxograma da seleção independente dos estudos da pesquisa de revisão integrativa da literatura. BVS/ PubMed 2019-2024.
Fonte: Dados da Pesquisa (2024).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No momento da elaboração da pesquisa nas bases de dados, fez-se um levantamento das publicações relevantes ao tema e foram encontrados 812 estudos. Após o levantamento, utilizou-se como critério de escolha os estudos publicados nos últimos 5 anos, optou-se em utilizar artigos em inglês e português, com textos completos e que fossem relevantes ao tema. Após a filtragem, ficaram 546 artigos disponíveis nas plataformas de dados da BVS e PubMed. Com isso, obteve-se 06 publicações refinadas de acordo com os objetivos do estudo e critérios de inclusão e exclusão, distribuídas em diferentes periódicos. Os dados são apresentados na tabela a seguir em ordem cronológica:
Tabela I – Distribuição das publicações conforme ano (ordem cronológica), título da pesquisa, periódico, base de dados e idioma. Teresina, 2024.
| Ano | Título da Pesquisa | Periódico | Base de Dados | Idioma |
| 2020 | Depression And Anxiety In Relation To Cancer Incidence And Mortality: A Systematic Review And Meta-Analysis Of Cohort Studies | Molecular Psychiatry | PubMed | Inglês |
| 2021 | Correlations Of Social Isolation And Anxiety And Depression Symptoms Among Patients With Breast Cancer Of Heilongjiang Province In China: The Mediating Role Of Social Support | Nursing Open | PubMed | Inglês |
| 2021 | (Ex-)Breast Cancer Patients With (Pre-existing) Symptoms Of Anxiety And/Or Depression Experience Higher Barriers To Contact Health Care Providers During The COVID-19 Pandemic | Breast Cancer Research and Treatment | BVS | Inglês |
| 2023 | Investigating The Releationship Between Depression And Breast Cancer: Observational And Genetic Analyses | BMC Medicine | PubMed | Inglês |
| 2024 | Breast Cancer and Depression: A Scoping Review of Idian Literature | Prim Care Companion CNS Disord | BVS | Inglês |
| 2024 | Variations in Depression and Anxiety among Jordanian Women Undergoing Mastectomy and Reconstruction Surgery: Impact of Familial Support | Asian Pac J Cancer Prev | BVS | Inglês |
Fonte: Dados de Pesquisa (2024).
Após a realização do cruzamento dos descritores e da filtragem, foram obtidos 06 periódicos, os quais foi-se evidenciado que a Base de Dados mais evidente, entre a BVS e PubMed, foi a PubMed, sendo 63,63% do total adquirido advindos dessa Base. Ademais, nota-se que o idioma predominante entre o Inglês e Português foi o Inglês, sendo todas as publicações apresentadas nesse idioma. Além disso, pode-se afirmar que o tipo de estudo mais prevalente é o do tipo quantitativo, visto que 66,66% do total pertence a ele, sendo os outros 33,33% do tipo qualitativo.
Com isso, este estudo permitiu fazer uma análise de cinco categorias temáticas que estão descritas abaixo.
Prevalência da depressão em pacientes com câncer de mama:
Nessa categoria foram incluídas 2 publicações científicas. Quando se é retratado a disposição da depressão em mulheres com câncer de mama, relata-se que esse é um dos problemas mais comuns enfrentado por essas pacientes, sendo que, em escala global, aproximadamente 32,2% dos indivíduos apresentam Transtorno Depressivo Maior durante o tratamento neoplásico e que 15,6% deles exibem sinais e sintomas depressivos associada a outra condição psicopatológica, sendo a ansiedade a mais comum delas. Analisando esses dados de forma mais afunda, notou-se que a região geográfica com maior prevalência de manifestações da depressão nessa modalidade de paciente foi a área do Mediterrâneo Oriental, sendo que os países em desenvolvimento, em comparativo a países já desenvolvidos da mesma região, mostraram uma proporção duas vezes maior, evidenciando que dentro de uma mesma macrorregião, há índices epidemiológicos diferentes, devido a fatores externos de cada comunidade (LIU; et al. 2021).
Ademais, no que se refere a esses fatores externos, o estudo produzido por Vassel e Uvais (2024) expõe que há uma correlação importante entre a gravidade dos sintomas psiquiátricos do Transtorno Depressivo Maior que a paciente pode exibir e o nível de escolaridade da mesma, dos quais quanto menor o nível educacional, maior a intensidade dos mesmos. Além disso, contatou-se que algumas condições como a posição social da paciente, assim como baixo faturamento monetário e residência em área rural ou “isolada” também impacta no tipo de condição psicopatológica que a paciente poderá desenvolver ao longo do curso do câncer e de que forma ela irá reagir a esse aparecimento.
Correlação entre o suporte familiar, a depressão e o câncer de mama:
Foi-se incluso 1 artigo nessa categoria. De acordo com a obra de Bani-Ahmed et al. (2024) foi-se encontrado uma correlação negativa significativa, indicando que níveis mais elevados de apoio social estão associados a uma menor incidência de depressão, ansiedade e stress. Quando confrontadas com um diagnóstico de câncer da mama, as mulheres jovens e as suas famílias têm de se adaptar às mudanças significativas nas suas vidas e desenvolver estratégias de sobrevivência para os seus novos papéis individuais e sociais, visto que há uma mudança de rotina de hábitos. Uma comunicação eficaz é crucial para prestar apoio às mulheres com câncer de mama, particularmente entre a paciente e o seu parceiro, uma vez que aumenta o seu bem-estar emocional. No entanto, os membros da família podem ter dificuldade em fornecer um apoio adequado se não compreendem totalmente as necessidades da doente. Por conseguinte, é essencial que as mulheres com neoplasia da mama discutam abertamente as suas necessidades e o seu bem-estar emocional com a família e seu ciclo social.
Correlação entre Transtorno Depressivo Maior, CA de mama e mortalidade:
Está incluso 1 artigo nessa categoria temática. A depressão é uma patologia neuroendócrina que influencia de forma negativa como se sucede o prognóstico de pacientes com câncer de mama, isso se deve tanto aos mecanismos fisiopatológicos da doença como mecanismos comportamentais da paciente. Isso inclui a modulação do sistema imunológico e endócrino da paciente, em que há uma desregulação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA) fazendo com que essa mudança seja um potencial mediador da progressão de nódulos mamários que possuem receptores hormonais presentes em sua constituição, fazendo com que o prognóstico seja pior e a evolução da doença seja mais rápida. Também se nota que em pacientes de CA de mama correlacionado à depressão há uma intensa supressão das células Natural Killers (NK) e de enzimas reparadoras de DNA que realizam um papel importante no processo de defesa contra o câncer. Esses fatores predizem com uma alta mortalidade de pacientes oncológicos em comparação a pacientes oncológicos portadores somente do CA (WANG; et al., 2019).
Análise genética entre sintomas depressivos e CA de mama:
Está incuso 1 obra científica nesse tópico. Tanto o Transtorno Depressivo Maior como o câncer de mama estão sob influência genética, com estimativas de hereditariedade de 37% e 31%, respectivamente. Mais recentemente, houve também uma análise de larga escala de genomas que encontrou correlações genéticas entre a depressão e vários fenótipos reprodutivos femininos, desde a idade da menarca, até a menopausa natural. Nessa análise, foram ainda identificados múltiplos loci que possuem traços genéticos semelhantes e comuns como os genes TENM2, BTN2A1, ESR1, ASTN2 e SLC6A15. Estes resultados sugerem que o transtorno depressivo e o CM podem estar ligados por uma biologia partilhada (WU; et al., 2023).
Aumento da incidência de depressão em pacientes com CA de mama durante a pandemia do vírus da COVID-19:
Dentro desse tópico, foi obtido 1 artigo científico para estudo. Durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19 registou-se um declínio de 46% nas consultas de clínica geral e uma diminuição acentuada dos diagnósticos de câncer de mama. O aumento das dificuldades para o acesso aos cuidados de saúde afetou negativamente o bem-estar psicossocial e físico das doentes, bem como o seu prognóstico nesse período. Foi relatado que os sintomas de ansiedade e depressão entre os doentes e sobreviventes de câncer afetaram o seu comportamento e consumo de cuidados de saúde durante uma ameaça à saúde da magnitude da COVID-19. Alguns aspectos contribuíram para o aumento dessas dificuldades como a ansiedade por uma infeção por COVID-1; um nível mais elevado de preocupações morais sobre o desperdício de tempo dos médicos com sintomas não relacionados com a COVID-19 e pressupostos sobre a possível escassez da capacidade dos serviços de saúde para cuidados não relacionados com a COVID-19 podem explicar a dificuldade da procura de cuidados de saúde entre as doentes com CA de mama com sintomas de depressão (MOLEN; et al., 2021).
4 CONCLUSÃO
De acordo com os estudos levantados, pode-se concluir que a correlação existente entre o tratamento do Câncer de Mama em pacientes portadores de Transtorno Depressivo Maior é de significativa importância, devido às dificuldades tanto de suporte familiar e social, quanto ao acesso aos serviços de saúde tanto oncológico, quanto psiquiátricos e que há fatores socioeconômicos e ambientais que contribuem para o aumento da sua incidência nessa modalidade de paciente.
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