EPIDEMIOLOGICAL AND CLINICAL PROFILE OF COVID-19 AND ACTIONS TO COPING WITH THE PANDEMIC IN UBERLÂNDIA – MG
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411130951
Bruna Kelly Neto Santos1,
Dra. Maria Cristina de Moura Ferreirae2,
Dra. Déborah Raquel Carvalho de Oliveira3
RESUMO
Em dezembro de 2019, após o surgimento de um surto de pneumonia de etiologia desconhecida na China, foi identificado um novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2. Devido à natureza pouco conhecida da doença, é essencial compreender as características epidemiológicas e clínicas dos indivíduos que faleceram. A relevância deste estudo está na escassez de materiais acadêmicos que abordam o enfrentamento da pandemia na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, fornecendo dados importantes sobre as medidas adotadas durante esse período. O objetivo principal deste trabalho foi caracterizar o perfil epidemiológico e clínico da COVID-19, além das ações realizadas no enfrentamento da pandemia em Uberlândia-MG. Para a realização da pesquisa, foram utilizados dados secundários de casos confirmados e óbitos entre abril de 2020 e abril de 2022, obtidos a partir de fontes como o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e a Prefeitura Municipal de Uberlândia. Durante o período analisado, a cidade registrou 200.485 casos confirmados e 3.334 óbitos. A implementação da vacina evidenciou sua eficácia, refletida na significativa redução de casos graves e de óbitos. Conclui-se que as ações de enfrentamento da pandemia em Uberlândia-MG foram eficazes, resultando na diminuição dos casos graves e da mortalidade pela COVID-19.
Palavras-chave: COVID-19. Pandemia. Perfil Epidemiológico. SARS-CoV-2. Saúde Pública.
1 INTRODUÇÃO
Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, China, começaram a surgir os primeiros relatos de casos de pneumonia de causa desconhecida em unidades de saúde locais. Esses casos estavam epidemiologicamente ligados a um mercado de frutos do mar, o que levou à identificação rápida do agente etiológico: o novo coronavírus SARS-CoV-2 (ZHU et al., 2020).
A partir desse momento, o mundo se viu diante de um dos maiores desafios sanitários do século XXI: a pandemia de COVID-19. Em fevereiro de 2020, como consequência da situação pandêmica, o Ministro da Saúde do Brasil decretou estado de emergência em saúde pública de importância nacional, o qual foi acentuado em 20 de março de 2020, com o Congresso Nacional decretando o estado de calamidade pública (HARZHEIM et al., 2020).
Na cidade de Uberlândia, no estado de Minas Gerais, o primeiro caso de COVID-19 foi registrado em 17 de março de 2020, levando à adoção de medidas de isolamento social e restrições no funcionamento do comércio e das atividades escolares, com exceção das atividades relacionadas à área de saúde, que seguiram em funcionamento (UBERLÂNDIA, 2020).
Esse contexto pandêmico evidenciou, de forma dramática, as fragilidades dos sistemas de saúde em diversos países, incluindo o Brasil, e colocou em risco grupos vulneráveis, como idosos, negros e indígenas. Além disso, destacou a insuficiência de infraestrutura e a sobrecarga dos serviços de saúde em muitas regiões, como apontado pela Fundação Oswaldo Cruz (2020). A pandemia gerou um aumento considerável nas internações hospitalares, especialmente em unidades de terapia intensiva, e impôs uma grande pressão sobre os sistemas de saúde, que precisaram se reorganizar rapidamente para atender à demanda crescente (AUERBACH et al., 2020).
No Brasil, como em outras partes do mundo, o sistema de saúde teve que não apenas expandir a capacidade de leitos hospitalares e UTIs, mas também reformular os fluxos de atendimento, redefinir papéis das diversas unidades de saúde e criar novos pontos de acesso para atender à alta demanda (DAUMAS et al., 2020).
Em Uberlândia, diante desse cenário, o município adotou diversas medidas de enfrentamento da COVID-19. Assim, o objetivo deste estudo é caracterizar e analisar as medidas implementadas pela cidade de Uberlândia-MG para o enfrentamento da pandemia, com ênfase nas mudanças realizadas ao longo da crise e nas estratégias que se mostraram eficazes para atender a crescente demanda por serviços de saúde.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
Ao longo da história, a humanidade enfrentou diversas epidemias e pandemias que provocaram mudanças sociais, econômicas e sanitárias. Epidemias afetam regiões específicas, enquanto pandemias têm alcance global, atingindo populações sem imunidade prévia. A gripe espanhola (1918-1920) foi uma das mais devastadoras, infectando 500 milhões de pessoas e causando 50 milhões de mortes. A Peste Bubônica, no período medieval, matou um terço da população europeia (SCHUELER, 2021). Mais recentemente, a pandemia de H1N1, em 2009, marcou o início do século XXI, afetando milhões e resultando em 2.060 óbitos no Brasil (SCHUELER, 2021).
Os vírus, com sua alta mutabilidade, contribuem para a emergência de novas variantes, o que facilita sua adaptação e resistência a tratamentos (BARIFOUSE, 2020). A família dos coronavírus, que causa infecções respiratórias em animais, provocou epidemias graves como SARS e MERS, com letalidades de 10% e 30%, respectivamente (FEHR; PERLMAN, 2015). Em 2019, o novo coronavírus SARS-CoV-2 originou a pandemia de COVID-19, com alta transmissibilidade e propagação rápida globalmente (LANA et al., 2020; DAUMAS et al., 2020). A doença é caracterizada por sintomas que variam de leves a graves, afetando especialmente pessoas com comorbidades (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DA SAÚDE, 2020; BARRETO et al., 2020).
A pandemia colocou os sistemas de saúde sob grande pressão, agravada pelas desigualdades socioeconômicas e sanitárias no Brasil (BRASIL, 2020a). O diagnóstico é feito por RT-PCR, e o tratamento é principalmente sintomático, com suporte respiratório para casos graves (BRASIL, 2020b). Complicações como insuficiência respiratória, choque séptico e comprometimento de múltiplos órgãos são comuns, e muitos pacientes enfrentam sequelas físicas e psíquicas, como depressão e estresse pós-traumático (SILVA; PINA; JACÓ, 2021; MOREIRA et al., 2021; ANDRADE et al., 2021).
3 METODOLOGIA
Este estudo, de natureza descritiva e quantitativa, teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico e clínico da COVID-19 em Uberlândia (MG) e as medidas adotadas para enfrentar a pandemia. A pesquisa abrangeu dados dos anos de 2020 a 2022, com foco nas ações emergenciais implementadas pelo município, como a utilização de unidades de saúde específicas e a publicação de medidas no Diário Oficial.
O primeiro caso de COVID-19 em Uberlândia foi registrado em 17 de março de 2020, 20 dias após o primeiro caso confirmado no Brasil. A cidade, com uma população de aproximadamente 706.597 habitantes (IBGE, 2021), enfrentou uma rápida disseminação do vírus, exigindo a adoção de medidas emergenciais, como a ativação do Hospital Santa Catarina e outras unidades de saúde. A coleta de dados foi realizada entre maio e junho de 2022, com informações obtidas de fontes oficiais, como o Boletim Epidemiológico da Prefeitura Municipal de Uberlândia, o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a OPAS, o DATASUS, o Diário Oficial da União (DOU) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), além de painéis informativos sobre monitoramento e vacinação.
Foram analisados os períodos de abril de 2020, março de 2021 (pico de internações e óbitos) e abril de 2022. A tabulação mensal dos casos confirmados e óbitos permitiu a construção de gráficos e curvas epidemiológicas para compreender a evolução da pandemia na cidade. Os resultados destacam transformações significativas no ambiente urbano e nas práticas de saúde pública, essenciais para a preservação da saúde da população durante a calamidade pública.
4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo evidenciou que, em Uberlândia – MG, o elevado número de casos confirmados e óbitos pela COVID-19 foi influenciado, em parte, por subnotificações, devido à alta proporção de casos assintomáticos ou com sintomas leves. Apesar da ausência de uma política pública nacional única para a contenção do vírus, as medidas estaduais e municipais, como o “Minas Consciente” e as ações locais de enfrentamento (ampliação de leitos, conscientização, restrição de atividades econômicas e higienização de espaços públicos), foram eficazes na mitigação da disseminação do vírus. No entanto, a redução significativa de casos graves e óbitos só foi observada após o avanço da vacinação, destacando a necessidade de maior produção e distribuição de vacinas. A análise foi limitada pela dependência de dados secundários, que podem conter falhas de notificação. Em síntese, as medidas de saúde pública adotadas em Uberlândia, em conjunto com a imunização, foram essenciais para reduzir os impactos da pandemia.
REFERÊNCIAS
AUERBACH, A. et al. Hospital ward adaptation during the COVID-19 pandemic: A national survey of academic medical centers. Journal of Hospital Medicine, [s.l] v. 15, n. 8, p. 483–488, 2020. Disponível em: https://shmpublications.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.12788/jhm.3476. Acesso em: 03 mai de 2022.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Tratamento do Novo Coronavírus (2019-nCoV). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2020b. 31 p. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/40195. Acesso em: 29 mai de 2022.
BARIFOUSE, R. Como o Brasil foi afetado pela pandemia de H1N1, a 1ª do século 21. BBC News Brasil, São Paulo, v. 25, n. 03, 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52042879. Acesso em: 13 jul 2022.
DAUMAS, R. P. et al. O papel da atenção primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e possibilidades no enfrentamento da COVID-19. Cadernos de Saúde Pública, [s.l], 2020, v. 36, n. 6, e00104120. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102- 311X00104120. Acesso em: 19 jun de 2022.
FEHR, A.R.; PERLMAN, S. Coronaviruses: an overview of their replication and pathogenesis. Coronaviruses, [s.l] p. 1-23, 2015. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25720466/ . Acesso em: 25 jun 2022.
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LANA, R. M. et al. Emergência do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e o papel de uma vigilância nacional em saúde oportuna e efetiva. Cadernos de Saúde Pública, [s.l], 2020, v. 36, n. 3, e00019620. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00019620. Acesso em: 16 jun 2022.
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SILVA, L. C. O; PINA, T. A; JACÓ, L. S. O. Fisioterapia e funcionalidade em pacientes pós COVID-19: Revisão de literatura. Hígia-revista de Ciências da Saúde e Sociais Aplicadas do Oeste Baiano, Barreiras, BA, v. 6, n. 1, 2021. Disponível em: http://fasb.edu.br/revista/index.php/higia/article/view/637. Acesso em: 16 jul 2022.
UBERLÂNDIA. Prefeitura. Comunicado COVID-19, Comunicado Nº 02/2020, 2020. Uberlândia, 2020. Disponível em: http: //docs.uberlandia.mg.gov.br/wpcontent/uploads/2020/03/Comunicado-Comitê- COVID-19- 17.03.2020.pdf. Acesso em: 26 jun de 2022.
ZHU, Na et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. New England journal of medicine, China, Massachusetts, v. 382, p. 727-733, 2020. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/metrics/10.1056/NEJMoa2001017. Acesso em: 16 jun de 2022.
1Discente do Curso Superior de e Bacharel e Licenciado em Enfermagem do Instituto Universidade Federal de Uberlândia Campus Umuarama e-mail: brunakelly_santos@hotmail.com
2Docente associado 4 do Curso Superior de Graduação em Enfermagem Bacharelado/Licenciatura da Unidade Acadêmica da Faculdade de Medicina -FAMED, da Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Campus Umuarama Doutorado em Enfermagem Fundamental (EERP/USP) e Pós-doutoranda em Atenção à Saúde pelo PPGAS – UFTM- Uberaba- MG, e-mail: mcmferreira@yahoo.com.br
3Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Biotecnologia (IBIOTec)- Universidade Federal de Catalão- Goiás Doutora em Enfermagem (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), e-mail: deborah.oliveira@ufcat.edu.br