DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE DO ENFERMEIRO: OS PRINCIPAIS FATORES QUE PREJUDICAM A SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE DE TRABALHO 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411112302


Deusuíta Da Silva Sousa1
Diana Lopes Nascimento2
Karine Vitória Da Silva Ferreira3
Lindalva Da Silva Moraes4
Vitória Araújo Diniz5
Rebeca Cardoso Teixeira De Moraes6
Pedro Henrique Rodrigues Alencar7


Resumo: Este estudo investigou os principais fatores que afetam a saúde mental dos  profissionais de enfermagem no ambiente de trabalho, com o objetivo de identificar e discutir  estratégias eficazes para a promoção do bem-estar desses profissionais. A enfermagem é uma  profissão desafiadora, caracterizada por uma alta carga emocional e física, o que  frequentemente resulta em problemas como estresse, ansiedade e depressão. Diante da  importância dessa questão, este estudo justifica-se pela necessidade de promover a saúde mental  desses trabalhadores, garantindo, assim, a manutenção da qualidade no atendimento prestado  aos pacientes. A escolha do tema surgiu da crescente preocupação com o bem-estar desses  profissionais, que desempenham um papel crucial no sistema de saúde. A relevância desta  pesquisa é evidenciada pela elevada carga de trabalho e o estresse contínuo a que os enfermeiros  estão submetidos, fatores que têm resultado em uma degradação significativa de sua saúde  mental. Para esta pesquisa foi adotada uma pesquisa de revisão bibliográfica, na qual foram  analisadas diversas fontes acadêmicas relacionados ao tema.  

Palavras-chave: Saúde mental. Enfermagem. Estresse. Qualidade de vida. Prevenção. 

Abstract: This study investigated the main factors affecting the mental health of nursing  professionals in the workplace, aiming to identify and discuss effective strategies for promoting  the well-being of these professionals. Nursing is a challenging profession characterized by a  high emotional and physical load, often resulting in issues such as stress, anxiety, and  depression. Given the importance of this issue, this study is justified by the need to promote the  mental health of these workers, thus ensuring the maintenance of quality care provided to  patients. The choice of this topic arose from the growing concern for the well-being of these  professionals, who play a crucial role in the healthcare system. The relevance of this research  is evidenced by the high workload and continuous stress that nurses are subjected to, factors  that have led to a significant deterioration in their mental health. A bibliographic review  research method was adopted for this study, analyzing various academic sources related to the  topic. 

Keywords: Mental health. Nursing. Stress. Quality of life. Prevention. 

1. INTRODUÇÃO  

A saúde mental dos profissionais de enfermagem tem se tornado uma preocupação  crescente no ambiente de trabalho, principalmente devido à complexidade e exigências  inerentes à profissão. O enfermeiro, como um dos pilares do sistema de saúde, lida diariamente  com situações que envolvem alta carga emocional, estresse contínuo e, muitas vezes, condições  de trabalho desafiadoras que podem afetar sua saúde mental. Essas pressões podem resultar em  uma série de transtornos emocionais e psíquicos que comprometem tanto o bem-estar do  profissional quanto a qualidade do atendimento prestado aos pacientes (STAMM, 2012). 

O cuidado com a saúde mental dos enfermeiros é um tema de extrema relevância, uma  vez que esse grupo profissional exerce um papel fundamental na assistência direta ao paciente.  Os enfermeiros atuam em ambientes intensos, onde estão constantemente expostos a demandas  que requerem respostas rápidas e eficazes, ao mesmo tempo em que gerenciam o sofrimento e  a angústia de seus pacientes. Nesse sentido, a promoção da saúde mental dos enfermeiros torna se uma estratégia essencial para garantir a sustentabilidade e a qualidade do cuidado prestado (SILVA; MACHADO, 2015). 

A pesquisa sobre os fatores que afetam a saúde mental desses profissionais visa  compreender os elementos que desencadeiam o surgimento de transtornos emocionais, como o estresse, a ansiedade e a depressão e, a partir disso, propor soluções para minimizar esses  impactos. É importante destacar, nesta perspectiva, que a degradação da saúde mental dos  enfermeiros pode levar a um aumento significativo na queda da qualidade dos serviços de  saúde. Portanto, estudar as causas e os efeitos desse fenômeno é um passo crucial para a  melhoria das condições de trabalho destes agentes (CANDIDO; FUREGATO, 2015). 

Desta forma, a escolha do tema que aborda a saúde mental dos profissionais de  enfermagem no ambiente de trabalho surgiu da crescente preocupação com o bem-estar desses  profissionais, que desempenham um papel crucial no sistema de saúde. A relevância desta  pesquisa foi, sobretudo, evidenciada pela elevada carga de trabalho e o estresse contínuo a que  os enfermeiros estão submetidos, fatores que têm resultado em uma degradação significativa  de sua saúde mental. Esse quadro reflete-se não apenas nas condições de trabalho, mas também  na qualidade dos cuidados oferecidos aos pacientes, afetando diretamente o funcionamento das  instituições de saúde (DAUBERMANN; TONETE, 2014). 

A decisão de desenvolver este estudo foi motivada pela observação de que, apesar da  evidente necessidade de suporte psicológico para esses profissionais, as políticas voltadas à  promoção de sua saúde mental ainda são insuficientes ou ineficazes. O aumento nos casos de  transtornos emocionais, como ansiedade e depressão, destaca a urgência de uma abordagem  mais sólida e estruturada para prevenir e tratar esses problemas. Além disso, a pandemia da  COVID-19 intensificou os desafios enfrentados pela classe, expondo de forma ainda mais clara  a vulnerabilidade dos enfermeiros diante de ambientes de trabalho altamente demandantes (SOUSA, 2023). 

A importância de se abordar essa temática reside no fato de que a saúde mental dos  profissionais de enfermagem está diretamente relacionada à qualidade dos serviços prestados.  Profissionais saudáveis são capazes de desempenhar suas funções com maior eficiência,  empatia e atenção, refletindo-se em um atendimento mais humanizado. Nesse sentido, esta  pesquisa não apenas buscou compreender os fatores que prejudicam a saúde mental dos  enfermeiros, mas também fornece subsídios para a implementação de estratégias que  promovam seu bem-estar no ambiente de trabalho (HAIJAR, 2017). 

Este estudo também se justifica pela escassez de pesquisas que tratam de forma  abrangente a saúde mental dos enfermeiros no contexto brasileiro. Ao identificar os fatores  causadores de transtornos emocionais e propor soluções, a pesquisa pode contribuir para o  desenvolvimento de políticas públicas e práticas institucionais voltadas ao suporte psicológico  dos enfermeiros. A promoção da saúde mental no ambiente de trabalho é um tema que não pode ser negligenciado, sobretudo em uma profissão que lida diretamente com a vida humana e que  exige um nível elevado de responsabilidade e preparo emocional. 

Diante destes fatos, esta pesquisa explora os fatores que prejudicam a saúde mental dos  enfermeiros e as possíveis soluções para promover um ambiente de trabalho mais saudável,  identificando os principais transtornos emocionais que afetam essa classe trabalhadora,  compreendendo suas causas e estratégias de intervenção que possam auxiliar na preservação da  sua saúde mental, demonstrando a importância de implementar medidas preventivas e  interventivas que os protejam. A promoção de um ambiente de trabalho saudável e o cuidado  com quem cuida são fundamentais para a manutenção de um sistema de saúde eficiente e humanizado. 

2. REFERENCIAL TEÓRICO  

2.1 Saúde Mental no Ambiente de Trabalho  

Apesar de ser um tema que vem ganhando crescente importância nas discussões sobre  qualidade de vida e bem-estar, principalmente em contextos profissionais de alta demanda,  como o da enfermagem, a saúde mental no ambiente de trabalho, de modo geral, refere-se ao  equilíbrio emocional e psicológico do indivíduo, permitindo que este seja capaz de lidar com  as adversidades cotidianas, trabalhar de forma produtiva e contribuir com a comunidade. No  entanto, o ambiente de trabalho pode impactar diretamente esse equilíbrio, especialmente em  profissões que envolvem alto grau de responsabilidade, contato constante com o sofrimento  humano e pressão por resultados, como é o caso dos enfermeiros (ABRANTES; PEREIRA; RIBEIRO, 2010) 

O conceito de saúde mental no trabalho vai além da ausência de doenças psíquicas. Ele  envolve a promoção de um ambiente que seja seguro e acolhedor para os profissionais, no qual  eles possam desenvolver suas atividades sem serem expostos a fatores de risco constantes, como  o estresse crônico e a sobrecarga de tarefas. Para os enfermeiros, essa questão é ainda mais  relevante, pois a prática do cuidado exige envolvimento emocional, físico e mental intenso, o  que muitas vezes resulta em um desgaste significativo ao longo do tempo. A literatura aponta  que os profissionais de enfermagem estão entre os mais afetados por problemas de saúde mental  no trabalho, enfrentando transtornos como estresse, ansiedade e depressão (DAUBERMANN;  TONETE, 2014).

Dentro do contexto da enfermagem, a saúde mental está intrinsecamente ligada ao conceito  de cuidado, tanto no sentido de cuidar dos outros quanto no autocuidado. A falta de políticas  institucionais voltadas para o suporte psicológico dos enfermeiros agrava os problemas de saúde  mental, uma vez que eles frequentemente se veem em situações de alta pressão sem contar com  mecanismos eficazes de apoio. Isso não apenas compromete a saúde do profissional, mas  também impacta diretamente a qualidade do cuidado prestado ao paciente, criando um ciclo de  desgaste que afeta toda a estrutura dos serviços de saúde PETERSEN et al, 2016). 

A promoção da saúde mental no ambiente de trabalho envolve, portanto, uma série de  ações que devem ser implementadas tanto pelas instituições quanto pelos próprios profissionais.  Medidas como a redução da carga de trabalho, a criação de espaços de diálogo e a oferta de  apoio psicológico regular são fundamentais para a manutenção do equilíbrio mental dos  enfermeiros. Além disso, é importante que esses profissionais sejam capacitados para  reconhecer os sinais de desgaste emocional e tenham acesso a recursos que os ajudem a lidar  com as adversidades sem comprometer sua saúde (SILVA; MACHADO, 2015). 

A construção de um ambiente de trabalho saudável, onde os profissionais de  enfermagem se sintam valorizados e apoiados, é essencial para que eles possam desempenhar  suas funções de maneira plena. A saúde mental, nesse contexto, deve ser entendida como uma  prioridade, uma vez que o bem-estar dos enfermeiros está diretamente relacionado à qualidade  do atendimento oferecido aos pacientes e ao funcionamento eficiente das instituições de saúde (ABRANTES; PEREIRA; RIBEIRO, 2010). 

2.2 Fatores Estressores e Suas Consequências na Saúde dos Enfermeiros 

Os profissionais de enfermagem frequentemente enfrentam uma série de fatores  estressores no ambiente de trabalho, que têm um impacto profundo e multifacetado sobre sua  saúde mental e bem-estar. Esses fatores são variados e incluem desde a sobrecarga de trabalho  até a exposição constante ao sofrimento e à dor dos pacientes. Um dos principais fatores é a  sobrecarga de trabalho. A exigência por longas jornadas, a alta demanda por atendimento e a  escassez de recursos e pessoal são desafios constantes enfrentados pelos profissionais de  enfermagem (BACKES, 2014).  

A sobrecarga não só contribui para o estresse físico, mas também tem um impacto  psicológico significativo. A pressão constante e a quantidade excessiva de tarefas podem levar  ao desenvolvimento de transtornos emocionais, como a síndrome de burnout. Esta condição é  caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e uma sensação de baixa realização pessoal, que afeta negativamente a qualidade do cuidado prestado e o bem-estar dos enfermeiros (CASTANHA; ZAGONEL, 2014). 

Outro fator estressor é a exposição constante ao sofrimento e à morte. Trabalhar em  ambientes onde a dor e a perda são frequentes pode levar a um desgaste emocional significativo.  De acordo com o DSM-5 (2014), a exposição prolongada a situações traumáticas pode resultar  em transtornos de estresse pós-traumático, ansiedade e depressão. Os enfermeiros, ao lidarem  diariamente com situações de alta gravidade, estão particularmente vulneráveis a esses efeitos,  que podem comprometer sua saúde mental e a qualidade do atendimento oferecido. 

A falta de suporte institucional e reconhecimento também é um fator estressor relevante.  Muitas vezes, os enfermeiros não recebem o apoio psicológico necessário ou o reconhecimento  pelo trabalho desempenhado. A ausência de um ambiente de trabalho que valorize o  autocuidado e a saúde mental dos profissionais pode intensificar o estresse e contribuir para o  desenvolvimento de transtornos emocionais. As condições inadequadas de trabalho, como a  falta de equipamentos apropriados e a infraestrutura deficiente, também contribuem para o  estresse (BUENO; QUEIROZ, 2015). 

A ausência de condições adequadas pode aumentar o risco de erros e acidentes, o que,  por sua vez, pode elevar o nível de estresse e ansiedade dos enfermeiros (PETERSEN et al.,  2016). As consequências desses fatores estressores são abrangentes e incluem não apenas o  desenvolvimento de transtornos mentais, mas também a redução da eficácia no trabalho,  aumento do absenteísmo e maior rotatividade de pessoal. A qualidade do atendimento aos  pacientes pode ser comprometida, refletindo a necessidade urgente de implementar estratégias  eficazes para reduzir o estresse e promover um ambiente de trabalho mais saudável para os  profissionais de enfermagem. 

Desta forma, entender e abordar os fatores estressores que afetam os enfermeiros é  crucial para a promoção de sua saúde mental e a melhoria geral dos serviços de saúde. A  implementação de políticas que visem reduzir esses estressores e fornecer suporte adequado  pode fazer uma diferença significativa no bem-estar dos profissionais e na qualidade dos  cuidados oferecidos aos pacientes (SILVA; MACHADO, 2015). 

2.3 Transtornos Psíquicos Comuns entre os Profissionais de Enfermagem 

Por enfrentarem, constantemente, uma carga emocional intensa e constante em seu  ambiente de trabalho, o que os torna particularmente vulneráveis, os profissionais de  enfermagem estão sujeitos ao desenvolvimento de transtornos psíquicos muito comuns encontrados nessa profissão, tais como o estresse, a ansiedade e a depressão, que podem ter  impactos profundos na saúde mental e na qualidade do cuidado prestado aos pacientes. O estresse é um dos problemas mais prevalentes entre os enfermeiros. Ele resulta da  combinação de fatores como alta carga de trabalho, pressão para realizar múltiplas tarefas  simultaneamente e a necessidade de lidar com situações críticas e de alta complexidade  (PETERSEN et al., 2016). A exposição prolongada a situações estressantes pode levar ao  desenvolvimento da síndrome de burnout, que se manifesta através de exaustão emocional,  despersonalização e redução da realização pessoal (DSM-5, 2014). Esse estado de desgaste  pode afetar negativamente a eficiência do trabalho e a interação com os pacientes, resultando  em uma diminuição da qualidade do cuidado prestado. 

A ansiedade é outro transtorno significativo entre os profissionais de enfermagem. A  ansiedade pode surgir em resposta a situações de alta pressão, incerteza quanto ao tratamento e  a necessidade constante de tomar decisões rápidas e eficazes. Estudos mostram que a ansiedade  entre enfermeiros está frequentemente associada a uma sensação de insegurança e medo de  cometer erros que possam comprometer a saúde dos pacientes. A ansiedade não tratada pode  levar a um ciclo de preocupações constantes e tensão, que afeta a saúde mental e o bem-estar  dos profissionais (VALE; PAGLIUCA, 2010). 

A depressão é um transtorno psíquico grave que também afeta um número significativo  de enfermeiros. A depressão pode ser desencadeada por uma combinação de fatores  estressantes, como a sobrecarga de trabalho, a falta de apoio emocional e as longas jornadas  (CLARO, 2014). Os sintomas da depressão, que incluem tristeza persistente, falta de energia e  perda de interesse nas atividades diárias, podem prejudicar a capacidade do enfermeiro de  desempenhar suas funções de forma eficaz (CANDIDO & FUREGATO, 2015).  

A depressão não apenas compromete a saúde mental dos enfermeiros, mas também afeta a qualidade dos cuidados oferecidos aos pacientes, uma vez que a diminuição da motivação e da capacidade de concentração pode levar a erros e à desumanização do atendimento. Esses transtornos psíquicos podem ter um impacto negativo significativo tanto na vida profissional quanto pessoal dos enfermeiros (CLARO, 2014).  

As instituições de saúde devem, sob este olhar, implementar estratégias de suporte  psicológico e promover um ambiente de trabalho saudável para mitigar esses efeitos. A criação  de políticas que abordem o estresse, a ansiedade e a depressão pode contribuir para a melhora  da saúde mental dos enfermeiros e, consequentemente, para a qualidade do cuidado prestado  aos pacientes.

2.3.1 Perigos da depressão na saúde do enfermeiro 

A depressão, como uma condição mental debilitante, representa um perigo significativo  para a saúde e o bem-estar dos enfermeiros, especialmente aqueles que enfrentam altas cargas  de trabalho e ambientes de alta pressão. A relação entre o excesso de carga horária e a  prevalência de depressão entre os profissionais de enfermagem é bem documentada, com  estudos evidenciando um aumento notável nos casos de depressão entre aqueles que trabalham  mais de 44 horas semanais (BLAZER, 2018).  

Esse fenômeno é frequentemente exacerbado por fatores estressantes adicionais, como  o acompanhamento de processos de luto e questões familiares, que podem contribuir para um  quadro clínico mais severo (HAIJAR et al., 2017). Esta enfermidade não apenas afeta a saúde  mental dos enfermeiros, mas também tem implicações sérias para a qualidade do atendimento  prestado. Enfermeiros que sofrem de depressão podem apresentar uma redução significativa na  capacidade de concentração, na empatia e na eficiência no trabalho, o que pode comprometer a  segurança e a satisfação dos pacientes (ABRANTES et al., 2019).  

Além disso, a dificuldade em distinguir a depressão de outras questões relacionadas à  rotina profissional, como o estresse crônico, torna ainda mais desafiador o manejo adequado  dessa condição (DSM-5, 2014). É importante, nesta ótica, reconhecer a gravidade da depressão  entre os enfermeiros, adotando-se medidas proativas para abordar essa questão, com a  finalidade de garantir que os haja acesso a recursos de saúde mental adequados, contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável equânime na profissão. 

2.4 O Impacto da Saúde dos Enfermeiros nos Cuidados ao Paciente 

A saúde mental dos enfermeiros desempenha um papel crucial na qualidade dos  cuidados prestados aos pacientes. A relação entre o bem-estar psicológico dos profissionais de  enfermagem e a eficiência do atendimento médico é complexa e significativa, refletindo como  o estado emocional dos enfermeiros pode impactar diretamente a segurança e a satisfação dos  pacientes. Quando os enfermeiros enfrentam problemas de saúde mental, como estresse,  ansiedade e depressão, isso pode comprometer sua capacidade de realizar suas funções de forma  eficaz (PETERSEN et al., 2016).  

O estresse crônico, por exemplo, pode levar a uma série de consequências negativas,  incluindo a redução da concentração e o aumento do erro humano. Geralmente, enfermeiros  estressados são mais propensos a cometer erros na administração de medicamentos, na execução de procedimentos e na tomada de decisões críticas, o que pode afetar diretamente a  segurança dos pacientes. A ansiedade também afeta a qualidade dos cuidados prestados.  Enfermeiros que sofrem de ansiedade podem ter dificuldade em manter a calma em situações  de emergência, o que pode comprometer a eficácia das intervenções e a comunicação com os  pacientes e suas famílias (CANDIDO; FUREGATO, 2015).  

A ansiedade pode levar a uma abordagem menos assertiva e menos eficaz na resolução  de problemas, resultando em uma menor capacidade de fornecer cuidados de alta qualidade. Da  mesma forma, enfermeiros depressivos podem experimentar uma diminuição significativa na  motivação e na capacidade de se engajar nas atividades diárias. Isso pode resultar em um  atendimento menos atencioso e menos empático, prejudicando a relação com os pacientes e a  satisfação geral com os cuidados recebidos. A falta de energia e o sentimento de desamparo  podem reduzir a eficácia do enfermeiro na gestão de cuidados complexos e na resposta a  necessidades emocionais dos pacientes (CLARO, 2014). 

Além dos impactos diretos sobre a qualidade dos cuidados, a saúde mental dos  enfermeiros também influencia o ambiente de trabalho como um todo. Problemas de saúde  mental não tratados podem levar ao aumento do absenteísmo e à alta rotatividade de pessoal, o  que pode gerar uma carga de trabalho ainda maior para os colegas e exacerbar a pressão sobre  a equipe. Esse ciclo de estresse e sobrecarga pode reduzir ainda mais a qualidade do  atendimento, criando um ambiente de trabalho menos favorável para todos os envolvidos (BUENO; QUEIROZ, 2015). 

2.5 Intervenções Estratégicas na Promoção da Saúde do Enfermeiro 

A promoção da saúde dos enfermeiros é uma questão fundamental para a melhoria da  qualidade dos cuidados prestados e para a sustentabilidade do sistema de saúde. As intervenções  estratégicas voltadas para o bem-estar dos profissionais de enfermagem devem abranger  aspectos físicos, emocionais e organizacionais, criando um ambiente de trabalho que favoreça  a saúde mental e física dos trabalhadores (VALE; PAGLIUCA, 2010). 

Uma das principais estratégias é a implementação de programas de suporte psicológico  e emocional. Estes programas podem incluir sessões de terapia individual ou em grupo,  workshops sobre gerenciamento de estresse e técnicas de relaxamento, e treinamentos sobre  habilidades de enfrentamento. Ao oferecer suporte psicológico, os profissionais de enfermagem  têm a oportunidade de abordar e manejar o estresse, a ansiedade e a depressão, fatores que  frequentemente afetam a saúde mental dos trabalhadores CANALE; FURLAN, 2013).

É essencial que esses serviços sejam facilmente acessíveis e que os profissionais se  sintam seguros e encorajados a utilizá-los. Além disso, a promoção de um ambiente de trabalho  saudável é crucial. A criação de um ambiente onde haja uma comunicação aberta e suporte  entre colegas pode reduzir a sensação de isolamento e aumentar o sentimento de pertencimento.  As instituições devem fomentar uma cultura de apoio mútuo, onde as preocupações dos  enfermeiros sejam ouvidas e abordadas de maneira construtiva. Políticas que incentivem a  colaboração e a solidariedade entre a equipe podem contribuir para a redução do estresse e  melhorar o clima organizacional (TANAKA; LEITE, 2016). 

O gerenciamento da carga de trabalho também desempenha um papel vital na promoção  da saúde dos enfermeiros. A sobrecarga de trabalho é uma das principais fontes de estresse e  pode levar ao esgotamento. Portanto, é importante que as instituições de saúde busquem estratégias para equilibrar a carga de trabalho e garantir que os enfermeiros tenham tempo  adequado para descanso e recuperação. Isso pode incluir a implementação de turnos mais  flexíveis, a revisão dos padrões de pessoal e a garantia de que as demandas de trabalho sejam  realistas e gerenciáveis (FERRAZ et al, 2015). 

Outra intervenção eficaz é a promoção de programas de bem-estar físico. Isso pode  incluir a oferta de atividades físicas no local de trabalho, como ginástica laboral, e incentivos  para que os enfermeiros se engajem em práticas de saúde, como alimentação saudável e  exercícios regulares. A saúde física está intimamente ligada à saúde mental, e promover o bem estar físico pode ajudar a reduzir o estresse e aumentar a energia e a vitalidade dos profissionais. Investir na formação e no desenvolvimento profissional dos enfermeiros também é fundamental (PETERSEN et al., 2016).  

Proporcionar oportunidades para o aprimoramento de habilidades e o crescimento na  carreira pode aumentar a satisfação no trabalho e ajudar a prevenir a sensação de estagnação.  Programas de desenvolvimento profissional não apenas aprimoram as habilidades dos  enfermeiros, mas também os preparam para enfrentar novos desafios e responsabilidades, o que  pode aumentar a sua confiança e reduzir o estresse associado a novas funções. A criação de  políticas institucionais que abordem e previnam o esgotamento profissional é essencial. Estas  políticas devem incluir diretrizes claras sobre como lidar com situações de estresse extremo e  estratégias para a redução da carga de trabalho excessiva (STAMM, 2012).  

As intervenções estratégicas para a promoção da saúde dos enfermeiros devem abordar  aspectos psicológicos, emocionais e físicos. A implementação de programas de suporte  psicológico, a criação de um ambiente de trabalho saudável, o gerenciamento adequado da  carga de trabalho, a promoção do bem-estar físico, o desenvolvimento profissional e a adoção de políticas institucionais são todas ações que podem contribuir significativamente para a  melhoria da saúde e do bem-estar dos enfermeiros. Essas estratégias não apenas beneficiam os  profissionais, mas também têm um impacto positivo na qualidade dos cuidados prestados aos  pacientes e na eficiência do sistema de saúde como um todo (TANAKA; LEITE, 2016). 

3. METODOLOGIA  

3.1 Tipo de Pesquisa 

A pesquisa adotou uma metodologia bibliográfica, caracterizada pela revisão e análise  da literatura relevante. A revisão bibliográfica é uma abordagem exploratória e descritiva que  visou compilar e sintetizar informações de fontes já publicadas (TURATO, 2013). Este método  foi adequado para construir uma base teórica sólida e compreender as questões já discutidas  sobre os fatores que impactam a saúde mental dos enfermeiros. Foram analisados artigos  acadêmicos, livros, dissertações e teses, bem como relatórios técnicos que abordam temas  relacionados ao estresse ocupacional, transtornos psíquicos e qualidade dos cuidados em  enfermagem. 

3.2 Delimitação do Tempo e Espaço 

O projeto foi realizado durante os meses de janeiro a agosto de 2024. Esse período foi  escolhido para garantir tempo suficiente para uma revisão extensa e minuciosa da literatura  disponível. A pesquisa foi conduzida a partir da análise de publicações nacionais e  internacionais acessíveis em bases de dados acadêmicas e bibliotecas digitais. A seleção dos  materiais foi feita com base na relevância e atualidade das informações sobre a saúde mental  dos profissionais de enfermagem, considerando publicações dos últimos anos sempre que  possível, para garantir a contemporaneidade dos dados. 

3.3 Fonte dos Dados e Instrumentos de Coleta 

Os dados foram coletados a partir de uma ampla revisão de literatura. As fontes  principais incluíram:

Artigos acadêmicos: Disponíveis em bases de dados como PubMed, Scopus, Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); 

Livros e capítulos de livros: Publicações especializadas sobre saúde mental, enfermagem e estresse ocupacional; 

Dissertações e teses: Trabalhos acadêmicos que abordam temas semelhantes e oferecem  perspectivas detalhadas sobre o impacto da saúde mental na enfermagem;

Relatórios técnicos e estudos de caso: Documentos que apresentaram dados e análises  relevantes para a compreensão dos fatores estressores e suas consequências. 

A coleta de dados foi realizada através da pesquisa em bases de dados e catálogos de  bibliotecas, utilizando descritores e palavras-chave relacionadas aos temas de interesse, como  “estresse ocupacional”, “ansiedade em enfermagem”, “depressão entre enfermeiros” e  “qualidade dos cuidados de saúde”. 

3.4 Análise da Literatura 

A análise da literatura foi conduzida em duas etapas principais. Inicialmente, realizou-se a seleção e leitura criteriosa dos textos mais relevantes para o tema da pesquisa, focando  especificamente nos fatores que afetam a saúde mental dos enfermeiros. Nesse processo, foram  priorizados estudos que discutem o impacto do estresse ocupacional, ansiedade, depressão e  outras condições psíquicas associadas à prática da enfermagem. Trabalhos que abordam  estratégias de promoção da saúde mental entre esses profissionais também foram incluídos,  com a intenção de mapear soluções propostas e aplicadas em diferentes contextos. 

Na segunda etapa, a síntese das informações coletadas foi organizada em categorias  temáticas, como estressores no ambiente de trabalho, impacto psicológico e estratégias de  intervenção. Isso permitiu identificar padrões recorrentes na literatura, como a forte correlação  entre a sobrecarga de trabalho e o aumento de transtornos emocionais, além de destacar as  lacunas nas pesquisas existentes. Apesar de haver muitos estudos sobre os efeitos do estresse  em enfermeiros, ainda é escassa a literatura que explora de forma prática as intervenções de  suporte psicológico efetivo no contexto brasileiro. 

A análise crítica dos dados permitiu compreender tanto as contribuições já consolidadas  quanto às limitações dos estudos revisados. Muitos autores apontam para a urgência de  implementar políticas de saúde mental voltadas aos profissionais de enfermagem, mas poucos trazem evidências concretas sobre a eficácia dessas políticas. Dessa forma, a pesquisa buscou  não apenas compilar as evidências existentes, mas também identificar áreas que demandam  mais atenção acadêmica e prática, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de  estratégias que melhorem a saúde mental desses profissionais e a qualidade dos cuidados  prestados. 

4. RESULTADOS  

A pesquisa revelou a complexidade e amplitude dos fatores que afetam a saúde mental  dos profissionais de enfermagem. O levantamento indicou que os principais fatores  contribuintes para o estresse, ansiedade e depressão são a sobrecarga de trabalho, longas  jornadas, falta de reconhecimento profissional, contato constante com o sofrimento dos  pacientes e a pressão por resultados em um sistema de saúde muitas vezes precário. Além disso,  destaca-se que a falta de apoio institucional e a carência de recursos para promoção da saúde  mental no ambiente de trabalho agravam esses problemas, levando a um aumento da  rotatividade e absenteísmo entre os enfermeiros. 

Ficou nítida, ainda, a importância das estratégias de prevenção e intervenção, como  programas de bem-estar psicológico, suporte emocional e treinamento para o manejo do  estresse. Essas medidas, no entanto, ainda são insuficientes e fragmentadas na maioria das  instituições de saúde. Em termos de recomendações, os resultados sugerem a necessidade  urgente de criar políticas de saúde ocupacional voltadas para a promoção do bem-estar dos  enfermeiros, além de mais estudos empíricos que avaliem a eficácia dessas intervenções. O  fortalecimento da cultura organizacional de cuidado com os profissionais é fundamental para  garantir não apenas a saúde dos enfermeiros, mas também a qualidade dos cuidados prestados. 

O fluxograma de captação de dados para pesquisa (Imagem 1) demonstra o processo de  seleção de artigos em diferentes bases de dados. As bases utilizadas foram: PubMed, com um  total de 225 artigos; Lilacs, com 118; Scopus, com 94; Scielo, com 343; e a Biblioteca Virtual  em Saúde (BVS), com 235. No total, 1015 artigos foram identificados para análise inicial.

Imagem 1 – Fluxograma de captação de dados para a pesquisa 

Fonte: Próprio autor 

O Quadro 1 evidencia a distribuição dos temas, objetivos e níveis de evidência  encontrados na literatura acerca do tema central abordado na pesquisa. São sintetizadas, no  quadro, as principais referências utilizadas no desenvolvimento da pesquisa, evidenciando sua  relevância e contribuição para a análise dos fatores que afetam a saúde mental dos profissionais  de enfermagem. A categorização das obras por nível de evidência, população ou amostra,  objetivo e principais achados permite uma visão mais clara dos estudos selecionados,  facilitando a compreensão da fundamentação teórica. 

Quadro I – Distribuição relação temática entre objetivos e referências pesquisadas

Autor(es)/Ano/País Nível de evidênciaPopulação e/ou AmostraObjetivo Principais achados
ABRANTES, G. G.  et al., 2019IV Profissionais da saúdeAnalisar  sintomas  depressivos na  atenção básica à  saúdePrevalência de  sintomas depressivos entre  os profissionais.
ABRANTES, I.;  PEREIRA, L. S.,  2010III Graduandos  de enfermagemContribuir para  o ensino de 
graduação em  enfermagem
Definição e compreensão de  cuidados no ensino  de enfermagem.
BACKES, D. S. et  al., 2014II Profissionais  de enfermagemExplorar o papel  do enfermeiro  no Sistema Único de SaúdeEnvolvimento do  enfermeiro nas estratégias de saúde comunitária.
BLAZER, Dan., 2018 IV Geral Estudar a depressão e suas  consequênciasImpactos da depressão no  contexto  profissional e pessoal.
BUENO, F. M. G.;  QUEIROZ, M. S.,  2015III Enfermeiros Estudar a 
construção da 
autonomia profissional no processo de 
cuidar
Identificação de  práticas de autonomia no cuidado dos enfermeiros.
CANALE, A.;  FURLAN, M. M. D.,  2013IV População  geralAnalisar causas e tratamentos da  depressãoDiscussão de métodos e abordagens  terapêuticas para a  depressão.
CANDIDO, M. C. F.  S.; FUREGATO, A.  R. F., 2015IV Estudantes de  enfermagemDesenvolver material didático para transtornos  depressivosImplementação de  material de ensino  a distância sobre  depressão.
CASTANHA, M. L.;  ZAGONEL, I. P. S.,  2014III Equipe de saúdeExplorar a prática de cuidar do enfermeiroPerspectivas sobre  o cuidado do  enfermeiro na  equipe de saúde.
CLARO, Izaias.,  2014IV População geralAbordar causas,  consequências e  tratamentos da  depressãoDiscussão das  principais causas e  abordagens de  tratamento.
DAUBERMANN, D.  C.; TONETE, V. L.  P., 2014III Enfermeiros Analisar a qualidade de vida no trabalho  dos enfermeirosIdentificação de  fatores que influenciam a qualidade de vida.
DSM-5. AMERICAN  PSYCHIATRIC  ASSOCIATION,  2014Internacional Classificar e 
diagnosticar transtornos  mentais
Ferramenta  essencial no diagnóstico de transtornos  mentais.
FERRAZ, F. et al.,  2015II Enfermeiros Estudar o processo de cuidar e educar  em saúdeAnálise do impacto  da educação no cuidado de enfermagem.
HAIJAR, Rosmarie.  et al., 2017IV Atenção PrimáriaEstudar sintomas 
depressivos na  atenção primária
Fatores associados  a sintomas 
depressivos na atenção básica.
PETERSEN, C. B. et  al., 2016III Pacientes Analisar necessidades de saúde e o 
cuidado de 
enfermagem
Discussão sobre as  necessidades de  saúde no cuidado  de enfermagem.
VALE, E. G.;  PAGLIUCA, L. M.  F., 2010III Graduandos  de enfermagemExplorar o  conceito de cuidado no 
ensino de 
enfermagem
Contribuição para  o ensino de 
graduação em enfermagem.
SILVA, M. C. N.;  MACHADO, M. H.,  2015IV Sistema de SaúdeAbordar desafios para a enfermagem no BrasilDiscussão de desafios e oportunidades para a enfermagem no SUS.
STAMM, M., 2012 II Geral Revisar a evolução do cuidado em 
enfermagem
Abordagem sobre  o cuidado transdimensional na enfermagem.
TANAKA, L. H.;  LEITE, M. M. J.,  2017III Enfermeiros Estudar o cuidado no processo de 
trabalho do 
enfermeiro
Visão dos 
professores sobre o cuidar no contexto do trabalho.
TURATO, E. R.,  2013Diversos camposDesenvolver metodologia clínico qualitativa para a pesquisaMetodologia aplicada na saúde e  humanas, abordagem clínico qualitativa.

Fonte: Próprio autor 

5. DISCUSSÃO  

A análise das obras revelou uma ampla visão sobre os fatores que impactam a saúde  mental dos profissionais de enfermagem, corroborando com os achados de outros estudos da  área. A partir das obras de Abrantes et al. (2019) e Haijar et al. (2017), constatou-se a  prevalência de sintomas depressivos entre os profissionais da saúde na atenção básica, o que é  preocupante, visto que esses transtornos afetam diretamente a qualidade dos cuidados  prestados. Esses estudos mostraram que a exposição constante a situações de estresse, carga  horária excessiva e a falta de suporte emocional podem agravar quadros depressivos, destacando a necessidade de intervenções voltadas para a promoção da saúde mental no  ambiente de trabalho. 

Em consonância, Backes et al. (2014) complementa essa discussão ao explorar o papel  do enfermeiro no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em comunidades vulneráveis,  onde a sobrecarga emocional e física é exacerbada. A atuação em áreas de saúde comunitária  requer não apenas habilidades técnicas, mas também uma robusta resiliência emocional, algo  que, muitas vezes, é negligenciado no contexto atual. Castanha e Zagonel (2014) também  reforçam essa perspectiva ao destacar a importância do olhar da equipe de saúde para o bem estar do enfermeiro, o que nem sempre é considerado nas práticas de gestão hospitalar. Além disso, a autonomia profissional no processo de cuidar, abordada por Bueno e  Queiroz (2015), demonstra-se como um fator que pode impactar positivamente a saúde mental  dos enfermeiros. A capacidade de tomada de decisão no cuidado dos pacientes pode fornecer  uma maior sensação de controle e satisfação no trabalho, porém, quando essa autonomia é  limitada por fatores externos, como gestão inadequada ou políticas de saúde, pode resultar em  frustração e esgotamento profissional. A obra de Silva e Machado (2015) também contribui  com essa discussão ao tratar dos desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem no  Brasil, enfatizando as dificuldades do sistema de saúde, que acabam influenciando a saúde  mental dos trabalhadores. 

Embora as condições de trabalho e o ambiente hospitalar sejam fatores cruciais para a  promoção da saúde mental dos enfermeiros, a literatura também aponta para a necessidade de  estratégias voltadas à construção de uma prática mais autônoma e colaborativa no processo de  cuidar, além da criação de mecanismos de suporte emocional, conforme destacado por Canale  e Furlan (2013). Esses pontos se alinham diretamente aos objetivos do presente estudo, que visa  identificar e propor soluções para melhorar o bem-estar dos profissionais de enfermagem,  mitigando os fatores que contribuem para o surgimento de transtornos emocionais no ambiente  de trabalho. 

Tanaka e Leite (2017), na mesma esteira, analisam o processo de trabalho do enfermeiro  do ponto de vista dos professores, destacando como o ato de cuidar é central no exercício da  enfermagem. Esta perspectiva é complementada por Petersen, Lima, Boemer e Rocha (2016),  que abordam as necessidades de saúde e o cuidado na prática de enfermagem, sugerindo que  um olhar integral para o cuidado pode melhorar a qualidade dos serviços prestados. Turato  (2013) contribui com a metodologia da pesquisa clínico-qualitativa, que é amplamente aplicada  em estudos de saúde, como este, que visa explorar profundamente as questões emocionais dos  enfermeiros.

O estudo de Sousa (2023), por outro lado, traz à tona uma análise crítica sobre os  impactos da pandemia de COVID-19 no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em  relação à saúde mental dos profissionais de saúde. A carga emocional enfrentada por esses  trabalhadores aumentou significativamente durante o período crítico da pandemia, refletindo  uma combinação de fatores, como longas jornadas de trabalho, falta de recursos e o constante  enfrentamento de situações de vida ou morte. Essa sobrecarga emocional não apenas afeta o  bem-estar individual dos enfermeiros e outros profissionais, mas também compromete a  qualidade do atendimento prestado à população, uma vez que a saúde mental dos cuidadores é  diretamente proporcional à eficácia de seus cuidados. 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Tendo como principal objetivo identificar os fatores que influenciam no surgimento de  transtornos emocionais e psíquicos entre os profissionais de enfermagem no ambiente de  trabalho, este estudo permitiu possibilitou, além de mapear estes fatores, descrevê-los e propor soluções para a promoção da saúde mental desses profissionais. A literatura corroborou a  prevalência desses problemas entre os enfermeiros, evidenciando uma realidade alarmante e  amplamente negligenciada nas práticas de gestão de saúde. 

Também se apontou a existência de lacunas no suporte emocional e organizacional  disponível para esses profissionais. Evidenciou-se, portanto, que o ambiente hospitalar,  associado à sobrecarga de trabalho, está entre os principais fatores que agravam o sofrimento  psíquico dos enfermeiros, corroborando as hipóteses levantadas inicialmente por este estudo. 

Além disso, ao examinar estratégias para mitigar esses impactos, destaca-se, nesta perspectiva,  a importância da autonomia profissional e do reconhecimento do trabalho do enfermeiro como  fundamentais para promover o bem-estar no ambiente de trabalho.  

Portanto, este estudo confirma que a realidade da saúde mental dos profissionais de  enfermagem está em conformidade com o que a literatura sugere. Os transtornos emocionais  são uma consequência direta das condições adversas no ambiente de trabalho, e é imperativo  que sejam implementadas estratégias que promovam o bem-estar desses profissionais,  ampliando a compreensão sobre a saúde mental no contexto da enfermagem, reforçando a  necessidade de medidas urgentes para melhorar a qualidade de vida desses trabalhadores.

REFERÊNCIAS  

ABRANTES, Gesualdo Gonçalves de. et al. Sintomas depressivos na atenção básica à saúde.  Rev. Brasileira Geriatria Gerontal. v. 4, n. 22, p. 1-7, 2019. 

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BACKES, D. S.; BACKES, M. S.; ERDMANN, A. L.; BÜSCHER, A. O papel profissional  do enfermeiro no Sistema Único de Saúde: da saúde comunitária à estratégia de saúde da  família. Curitiba: Real Editorial, 2014. 

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BUENO, F. M. G.; QUEIROZ, M. S. O enfermeiro e a construção da autonomia  profissional no processo de cuidar. Belo Horizonte: Editora Master, 2015. 

CANALE, Alaíse; FURLAN, Maria Montserrat Diaz Pedrosa. Depressão. Arquivos do  Museu Dinâmico Interdisciplinar, v. 11, n. 1, p. 23-31, 2013. 

CANDIDO, M. C. F. S; FUREGATO, A. R. F; Transtornos depressivos: um material didático  para a educação a distância, Escola Anna Nery, 2015. 

CASTANHA, M. L.; ZAGONEL, I. P. S. A prática de cuidar do ser enfermeiro sob o  olhar da equipe de saúde. Brasília: Editorial Universitário, 2014. 

CLARO, Izaias. Depressão, Causas, Conseqüências e Tratamento. 13 ed. Matão, Casa  Editora O Clarim, setembro 2014. 

DAUBERMANN, D. C.; TONETE, V. L. P. Qualidade de vida no trabalho do enfermeiro  da Atenção Básica à Saúde. São Luís: Saberes, 2014. 

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FERRAZ F, SILVA L.W.S., SILVA L.A.A., REIBNITZ, K. S., BACKES, V. M. S., Cuidar  educando em enfermagem: passaporte para o aprender/educar/cuidar em saúde. v. 58, n. 5.  Rev Bras Enferm, 2015. 

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PETERSEN, C. B.; LIMA, R. A. G.; BOEMER, M. R.; ROCHA, S. M. M. Necessidades de  saúde e o cuidado de enfermagem. Porto Alegre: Qualis Editora, 2016. 

VALE, E. G., PAGLIUCA, L. M. F. Construção de um conceito de cuidado de  enfermagem: contribuição para o ensino de graduação. São Paulo: Nova, 2010.

SILVA, M. C. N.; MACHADO, M. H. Sistema de Saúde e Trabalho: desafios para a  Enfermagem no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 2015. 

SOUSA, Marcelo Almeida. Uma breve análise sobre as consequências da COVID-19 no  Sistema Único de Saúde do Brasil. Revista Brasileira de Saúde Pública, v. 12, n. 3, p. 45- 60, 2023. 

STAMM, M. Evolução do cuidado na enfermagem até o cuidado transdimensional: uma  revisão de literatura. Ciênc Cuidado Saúde. v. 1, n. 2, 2012. 

TANAKA L. H., LEITE M. M. J., O cuidar no processo de trabalho do enfermeiro: visão dos  professores. v.6, n. 60. Rev Bras Enferm, 2017. 

TURATO. E. R., Tratamento da metodologia da pesquisa em clínica-qualitativa: uma  reconstrução teórico-epistemológica comparada à aplicação nas áreas da saúde humana. 2ed. Petrópolis: Vozes; 2013.


1Acadêmica de Enfermagem da Universidade Paulista. E-mail: deusuita2025@gmail.com. 
2Acadêmica de Enfermagem da Universidade Paulista. E-mail: dl2798726@gmail.com. 
3Acadêmica de Enfermagem da Universidade Paulista. E-mail karinevitoria439@gmail.com. 
4Acadêmica de Enfermagem da Universidade Paulista. E-mail: lindazona60@gmail.com. 
5Acadêmica de Enfermagem da Universidade Paulista. E-mail: dinizvitoria910@gmail.com. 
6Acadêmica de Enfermagem da Universidade Paulista. E-mail: rebecamoraes238@gmail.com. 
7Professor Especialista da Universidade Paulista. E-mail: enfpedro.alencar@gmail.com br.