INFECÇÃO URINÁRIA: UM ESTUDO BACTERIANO, DOS FATORES DE RISCO E DO USO IRRACIONAL DE ANTIMICROBIANOS

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411112157


Geisa dos Santos Iongo
Gláucia Silva de Sousa


Resumo

A infecção urinária é uma doença que é muito comum entre as mulheres, mas os homens também contrair este distúrbio. Diante disso, buscou-se compreender os fatores que contribuem para o desenvolvimento desta doença, determinando os fenômenos que são causados pelos agentes patogênicos, bem como, conhecer os métodos de prevenções e tratamentos que contribuem para a extinção dos parasitas infecciosos. Contextualizando dados obtidos através de um estudo bibliográfico da coleta de artigos científicos e livros, assim como, em sites que abordam este assunto, com os descritores de busca definido em: infecção urinária, trato urinário, resistência antimicrobiana, diagnóstico e tratamento da IU, entre 2014 a 2024 em língua portuguesa e inglesa, tornou-se possível compreender que infecções como a cistite, a uretrite e a pielonefrite, podem ser menos frequentes, quando as pessoas desenvolvem o hábito de higienização e hidratação adequada diariamente. O estudo ainda verificou que os sintomas desta doença, podem ser combatidos com tipos específicos de antibióticos, desde que estes medicamentos sejam devidamente receitados por um profissional de saúde. Avaliou-se ainda, a importância de seguir as recomendações médicas, evitando o uso desenfreado de remédios, na tentativa de curar infecções cujos sintomas podem ser semelhantes à de outras enfermidades.

Palavras-chave: Infecção urinária. Trato urinário. Bactérias. Diagnóstico. Tratamento.

Abstract

Urinary tract infection is a disease that is very common among women, but men also contract this disorder. Given this, we sought to understand the factors that contribute to the development of this disease, determining the phenomena that are caused by pathogenic agents, as well as knowing the prevention and treatment methods that contribute to the extinction of infectious parasites. Contextualizing data obtained through a bibliographic study of the collection of scientific articles and books, as well as on websites that address this subject, with the search descriptors defined as: urinary infection, urinary tract, antimicrobial resistance, diagnosis and treatment of UI, among 2014 to 2024 in Portuguese and English, it became possible to understand that infections such as cystitis, urethritis and pyelonephritis can be less frequent when people develop the habit of cleaning and adequately hydrating daily. The study also found that the symptoms of this disease can be combated with specific types of antibiotics, as long as these medications are properly prescribed by a healthcare professional. The importance of following medical recommendations was also assessed, avoiding the unrestrained use of medicines, in an attempt to cure infections whose symptoms may be similar to those of other illnesses.

Keywords: Urinary infection. Urinary tract. Bacteria. Diagnosis. Treatment.

INTRODUÇÃO

O adoecimento de uma pessoa por infecção urinária, é tão comum que alcança índices de contaminação em todas as idades. Porém, estudos comprovam que as mulheres são as mais atingidas por esta enfermidade. Estima-se que entre os jovens, este tipo de infecção alcance índices de contaminação, entre 20 a 30 vezes mais entre o sexo feminino, anualmente. Já na população de faixa etária mais elevada, a incidência desta patologia, pode chegar a 43% entre as senhoras e 21% entre os idosos. Já nas crianças, estas possuem grande risco de adquirirem problemas de saúde maiores nos casos graves ou reincidências desta contaminação. Outra nomenclatura dada a esta irrupção, refere-se à infecção do trato urinário (ITU), quando rins, ureteres, bexiga ou uretra, um desses órgãos é infectado por bactérias que influenciam na inflamação. Seus principais sintomas incluem, a ardência e dor ao urinar, idas frequentes ao banheiro e a sensação de não ter esvaziado a bexiga completamente. Uma vez que comprovado este distúrbio em um indivíduo, existem métodos de tratado com intervenções medicamentosas. Recomenda-se a ingestão de bastante água diariamente e higiene adequada, para reduzir os riscos que de contrair estes males. (Catunda, 2024; Riella, 2014).

O surgimento de uma IU em uma pessoa, depende da proliferação de bactérias em um dos órgãos do trato urinário. A Contaminação e proliferação desses microrganismos podem ocorrer de forma assintomática ou sintomática e atinge frequentemente gestantes, devido as alterações que seu corpo passa durante este período. (Nobre, 2020; Firmino, 2021).

A IU pode receber diferentes denominações, dependendo da região afetada do sistema urinário pelo contágio (Takano, 2023).

A ITU envolve uma grande quantidade de síndromes que podem ser confundidos com outros distúrbios de saúde, com manifestações que vão desde a bacteriúria assintomática até as complicações severas da urosepse. Trata-se de uma infecção bacteriana mais comum e recidiva (Riella; 2014).

Portanto, esta pesquisa verificou quais os fatores de risco que contribuem para a formação da ITU determinando os tipos de exame que possam detectar esta enfermidade, respondendo ao questionamento principal deste artigo: Quais as formas de prevenção e meios de intervenção medicamentosa para a recuperação da saúde do indivíduo contaminado por infecção urinária?

JUSTIFICATIVA

Por se tratar de uma infecção bacteriana mais comum entre os humanos, e que aflige mais da metade das mulheres ao longo da vida, sabe-se que esta doença pode ser bastante recorrente em gestantes e em crianças, sendo menos frequente entre os homens, contudo, em todos os casos, pode se converter em uma inflamação complicada quando não tratada corretamente (Nobre, 2020).

À vista disso, este estudo buscou compreender quais são os tipos de infecções urinárias mais comuns, identificar as causas que levam o desenvolvimento desta doença, bem como, os sintomas que esta enfermidade produz. Além de apresentar quais os meios de diagnósticos e tratamento são conhecidos e eficazes. E finalmente orientar sobre os riscos do uso irracional de medicamentos para a saúde das pessoas infectadas ou não, destacando a importância de seguir corretamente as posologias e recomendações médicas.

O assunto proposto por esta pesquisa, é de grande interessa para acadêmicos e profissionais de saúde, por ser uma doença que atinge mais de 50% das mulheres durante a vida (Sampaio et al., 2022).

OBJETIVO GERAL

Conhecer os fatores que contribuem para formação da infecção urinária. E determinar quais os fenômenos provocados no organismo por esta enfermidade e os meios de tratamentos eficazes para o combate deste problema.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
  • Determinar os fatores de risco da infecção do trato urinário;
  • Classificar os tipos comuns de infecção urinária e seus sintomas;
  • Identificar as principais bactérias que levam a formação de IU;
  • Demonstrar alguns métodos de prevenção e intervenção consideradas eficazes contra os microrganismos desta doença;
  • Apresentar os riscos desenvolvidos com o uso inadequado de medicamentos sem orientações médicas.
METODOLOGIA

Na busca de conhecimentos literários e científicos acerca do assunto desta pesquisa. Foram investigadas informações específicas e relacionadas a epidemiologia, os métodos de diagnósticos e prevenção, e das opções disponíveis para o tratamento da infecção.

Este estudo buscou contextualizar informações obtidas através de uma avaliação bibliográfica acerca do assunto proposto. O método bibliográfico, baseiase na coleta, análise e interpretação de informações presentes em diversas fontes documentadas, como artigos científicos, livros, teses, dissertações e outros documentos relevantes de um determinado tema (Lakatos; Marconi, 2021).

Foi utilizado neste trabalho, livros, artigos coletados nas bibliotecas virtuais da SciELO, Google Acadêmico, e no acervo virtual da UniProjeção – Pergamum, assim como definições técnicas em sites especializados no assunto. Com os descritores de busca utilizou-se: infecção urinária, trato urinário, resistência antimicrobiana, diagnóstico e tratamento da IU. Dados pesquisados e fontes publicadas entre 2014 a 2024 e em língua portuguesa e inglesa.

DESENVOLVIMENTO

Fatores de risco para infecção urinária

Os fatores que mais levam a ITU, são desencadeados pelo desequilíbrio das bactérias protetoras do trato urinário, o ‘urobioma’. Tal desequilíbrio, que varia entre homens e mulheres, cria as condições ideais para o surgimento da infecção. A anatomia das mulheres, é mais propícia a este desequilíbrio. Relações sexuais, uso de produtos de higiene íntima e alterações hormonais, também contribuem. Nos homens, em especial as crianças, irregularidades congênitas e o refluxo visecouteral (a urina recua da bexiga para a uretra e as vezes para os rins), também são fatores de risco. Destaca-se ainda, que as pessoas que possuem diabetes, peso excessivo e outros problemas de saúde, contribuem para a probabilidade de em algum determinado momento, desenvolver a ITU (Pongeluppi et al., 2024).

As alterações hormonais e físicas, durante o período gestacional das mulheres, podem contribuir para o surgimento de uma infecção urinária. O útero da gestante conforme vai expandindo, comprime as vias urinárias, dificultando a micção e favorecendo o refluxo urinário. Outro fator relacionado, se deve ao relaxamento do trato urinário provocando a incontinência urinária, devido as ações e efeitos do hormônio da gravidez, a progesterona, pode facilitar agravamento deste problema. Percebe-se então, que as mudanças no organismo feminino, combinadas com o aumento da produção e a redução da capacidade dos rins de armazenar a urina, cria condições ideais para a proliferação da ITU (Apolinário et al., 2014).

A infecção urinária, depende de muitos fatores, como os comportamentais, que envolve relações sexuais, o uso de espermicidas e higienização inadequada, contribuem para o aumento do risco de contaminação. Outro fator importante, se refere aos genéticos de um indivíduo, algumas proteínas e grupos sanguíneos podem facilitam a infecção. Por fim, ainda existe os fatores biológicos, como gravidez, menopausa, diabetes e disfunções miccionais, modificam o ambiente urinário, tornando-o mais suscetível à colonização bacteriana (Riella, 2014).

Principais tipos de infecção urinária e seus sintomas

A Infecção urinária atinge ambos os gêneros (masculino e feminino) e em todas as idades. Os homens na faixa etária de até 1 ano de vida, são mais acometidos por esta doença, fora desta faixa as mulheres são mais propicias a desenvolver esta inflamação (Canalini, 2017).

Os tipos de infecção urinária mais comuns, e que frequentemente atinge as mulheres em período gestacional, é a bacteriúria assintomática, a infecção urinária baixa (cistite), e a pielonefrite aguda ou crônica (Pagnonceli; Colacite, 2016).

A bacteriúria assintomática, ocorre quando a presença de bactérias no trato urinário não apresenta sintomas percebidos pelo o infectado, ou seja, a pessoa pode estar com quadro de IU, e não sentir dor durante a micção, ou sentir com frequência vontade de urinar. Por ser assintomática, só é possível detectar esta condição, através de exames de urina (Iman, 2024).

A infecção do trato urinário baixa (cistite), é formada pela invasão e aderência das bactérias na bexiga, ocasionando uma inflamação com disúria (dor, queimação ao urinar) e piúria (leucócitos) (Pagnonceli; Colacite, 2016).

A cistite atinge com mais frequência as mulheres e causa a constante necessidade de ir ao banheiro urinar, também ocorre a sensação de ardência ao urinar. A urina pode apresentar uma cor opaca desprovida de brilho ou com espuma e em alguns casos, sangue na urina. Febre baixa e dor na região da bexiga, também são sintomas da cistite. Os homens podem contrair esta enfermidade e o tratamento pode ser complicado, principalmente quando a infecção esteja associada a outra como exemplo da inflamação da próstata ou uretra (Iman, 2024; Riella, 2014).

Já a pielonefrite, ou infecção do trato urinário alta, ocorre pela invasão e aderência das bactérias nos rins, podendo se apresentar em forma aguda que é bastante frequente em mulheres e não causa lesões permanente nos túbulos renais, ao contrário da condição crônica, que pode provocar a nefrite (inflamação nos rins). Os sintomas que podem aparecer em uma pessoa infectada pela pielonefrite incluem, febre, podendo ocorrer calafrios, dores nas regiões abdominais e até mesmos náuseas e vômitos (Pagnonceli; Colacite, 2016).

Outro tipo de infecção desencadeada pela proliferação de bactérias no sistema urinário, é chamada de uretrite. Uma inflamação da uretra, tem como principais sintomas, a ardência ao urinar e secreção uretral, que ocorre mais entre os homens, principalmente quando associadas a outras doenças sexualmente transmissíveis. A constante necessidade de urinar e a presença de pus na urina, também são distúrbios desta infecção (Iman, 2024).

Existe ainda, um tipo de infecção denominada como tuberculose urinária, e pode apresentar sintomas semelhantes à de uma infecção urinária, mas as bactérias são disseminadas pelo organismo através do fluxo sanguíneo, atingindo o aparelho urinário, levando a formação de pus é dores na região da bexiga (Canalini, 2017).

Outro tipo de infecção conhecida, a prostatite, tem como sintomas, fortes dores na região da próstata. Um enfermo por esta doença, também apresentará sintomas de febres e calafrios, disúria, e vontade constante de ir ao banheiro. Urina turva, mal-estar e dores musculares e nas articulações, também pode ocorrer. A hospitalização se torna necessária em casos graves (Pinheiro, 2024).

Com uma abordagem mais coletiva, os sintomas comuns que envolve os tipos de infecções urinárias, atenta para a sensação de bexiga cheia que leva a necessidade de urinar várias vezes ao dia, com ardência ou dores neste processo. Em casos mais graves, apresenta-se sangue na urina, febre constante e calafrios, além de produzir náuseas, vômitos e dores abdominais e nas costas. Outra gravidade por esta doença é a constipação e um mal-estar contínuo (Ferro, 2024).

Principais bactérias que causam infecção urinária

Existem diversos tipos de micro-organismos que pode desencadear em um ser humano, doenças no sistema urinário. Por se tratar de uma disfunção que é mais causada por bactérias, a Escherichia coli, é uma bactéria comum do intestino humano. Possui uma alta capacidade causar doenças. Este microrganismo é responsável por 80% dos casos de infecções urinárias, como exemplos causados por este patógeno: a cistite, a pielonefrites e a uretrite. Mulheres jovens e idosas, são mais propicias a serem contaminadas pela E.coli (Firmino, 2021; Riella, 2014).

Outra bactéria responsável por contaminar um indivíduo e desencadear doenças, refere-se Klebsiella, este bacilo pode causar infecções como a cistite ou a pielonefrite. Estudos comprovam que está bactéria é resistente a diversos antibióticos e que durante o período maternal e neonatal o risco de transmissão ao recém-nascido se torna de grande preocupação clínica (Rezende; Nogueira, 2022).

Referente a bactéria Proteus, este microrganismo está presente em diversos ambientes. É responsável por causar a pielonefrite aguda. Habita o intestino de humanos e animais, assim como, no solo, na água e até plantas. Esta bactéria, consegue desenvolver um escudo protetor em si mesma, uma espécie de biofilme que a torna mais resistentes contra antibióticos, devido a isso, a reincidência pode ocorrer. Estima-se que até 40% de pacientes hospitalizados, contraem ITU pelas enterobactérias Proteu e Klebsiella, bactérias super-resistentes e de altíssimo contagio, assim como, a Enterobacter. Estas bactérias concentram-se principalmente em ambientes hospitalares ou em casas de repouso para idosos ou instituições de longa permanência de pessoas. Acometendo com maior frequência pacientes submetidos a procedimentos invasivos como cateterização e intubação (Brasil, 2020; Iman, 2024; Pongeluppi et al., 2024).

A Enterobacter, pertence à mesma família de bactérias de auto risco como a Proteus, e podem ser responsáveis pelo desenvolvimento da pielonefrite. Refere-se a uma Enterobacterales cujas enzimas AmpC (adenosina monofosfato cíclico), confere resistência às penicilinas. Bactérias com níveis elevados de AmpC, como a Enterobacter spp., são resistentes a diversos antibióticos (Brasil, 2020).

Outro agente infeccioso de grande importância clínica, e causador de diversas doenças, incluído a ITU, o Streptococcus agalactiae, coloniza o trato gastrointestinal e também o períneo. A uretrite e cistite são exemplos de infecção causada por esta bactéria. (Brasil, op. cit.; IMAN, 2024).

No respeitante ao micro-organismo Staphylococcus saprophyticus, estima-se que seja responsável entre 10% a 20% dos casos de ITU que atinge os humanos, principalmente em mulheres jovens e sexualmente ativas, a prática sexual é um dos fatores que predispõe à proliferação desse microrganismo, tornando-a a segunda causa de infecção mais comum para uma cistite, uretrite ou a bacteriúria assintomática (Rezende; Nogueira, 2022).

Na definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Staphylococcus, compõe os tipos de micro-organismos que habitam os homens e a fauna, vivendo principalmente na pele ou em mucosas. Os tipos de infeçcções causados por este patógenos, é comum que sejam de sintomas leves, mas em casos mais graves desencadeado por esta bactéria, a infecção pode levar a morte de um infectado, caso não tratado corretamente. Existem ainda, outras bactérias que podem ser responsáveis pela contaminação do trato urinário, como a Serratia spp., bactéria que afetam mais pessoas com a imunidade baixa ou que usam equipamentos médicos como cateteres, assim como, a Providencia spp. e a Morganella spp., consideradas multirresistentes a antimicrobianos, e que requer atenção por pertencer a um grupo de classificação de “prioridade crítica” pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme é demonstrado no quadro abaixo (Brasil, 2020).

Quadro 1: Patógenos prioritários resistentes aos antimicrobianos (OMS, 2017).

Fonte: Brasil, (2020, p. 33).

Métodos de prevenção e tratamento

Como forma de prevenção de infecção urinária, hábitos simples e diários de higienização, reduz as chances de bactérias proliferarem na região genital. Recomenda-se urinar após as relações sexuais, e que as mulheres não exagerem ao higienizar a genitália, pois a própria flora vaginal normal auxilia um pouco no combate de IU, por isso não se deve usar muita ducha e muito sabonete. A higienização adequada, desempenha um papel crucial na prevenção da contaminação do trato urinário. (Canalini, 2017; Pongeluppi et el., 2024).

Outra forma de prevenção e baseado em diversos estudos comprovam que o consumo do extrato de Cranberry, um composto natural, pode ser útil para diminuir as chances de obter uma infecção urinária (Gonçalves, 2021).

Se tratando de casos de infecções urinárias recorrentes, beber bastante água durante o dia, procurar evitar utilizar produtos ou cosméticos que irritem a região da genitália, podem ajudar a prevenir a reincidência da doença. Nestes casos, pacientes que sofrem infecções urinarias de repetição, o uso de antibióticos para a prevenção torna-se benéfico, com dosagens mais fraca geralmente em torno de 25% da dose terapêutica plena, ou seja, do recomendado nos casos de tratamento das ITUs manifestadas. A cefalexina é um antibiótico que serve para tratar diversas infecções bacterianas, a nitrofurantoina é um antibiótico usado apenas para prevenir ou tratar infecções da bexiga não complicadas, a fosfomicina já é usada para combate de infecções causadas pela Escherichia coli (E. coli) ou Enterococcus faecalis) e a sulfametoxazol-trimetoprima são antibióticos que atuam em conjunto para tratar infecções por bactérias, fungos e protozoários. Estes medicamentos só devem ser utilizados por recomendação médica, que por meio de exames, pode determinar as dosagens corretas ou combinações medicamentosas para a prevenção ou no combate da infecção (Canalini, 2017; Iman, 2024).

A manutenção de uma boa hidratação também é crucial na prevenção de ITUs, pois o aumento do consumo de água dilui a urina e reduz a concentração de microrganismos infecciosos. É fundamental evitar reter urina por longos períodos, pois favorece a proliferação bacteriana. Essa conduta visa garantir um diagnóstico preciso e tratamento adequado em cada caso (Pongeluppi et al., 2024).

O correto tratamento para uma infecção urinária pode variar de acordo com o tipo de exame. As orientações médicas são essenciais para evitar que tratamentos incorretos, possam contribuir para o aumento da resistência bacteriana. No caso de infecção urinária baixa não complicada, principalmente em gestantes, e de acordo com a Sociedade de Nefrologia, a IU pode ser tratada com ampicilina, cefalexina ou trimetroprim-sulfametoxazol, com dosagem única ou utilizado por três dias, sem ocasionar problemas e riscos à saúde do paciente. Não é recomendado utilizar sulfas, pois esta substância pode causar a Kernicterus (tipo de dano cerebral) em recém-nascidos. Fluoroquinolonas também devem ser evitadas, pois podem afetar o desenvolvimento das cartilagens do feto (Firmino, 2021).

Em uma abordagem sobre a IU na infância, o diagnóstico e o tratamento desta doença, depende do resultado da coleta de amostras de urina, intepretação adequada da contagem de bactérias encontradas e a devida identificação dos sintomas entre a e bacteriúria assintomática e as de febris sintomáticos. Contudo, o que se tem demonstrado entre nas áreas pediátricas, que estes tipos de exames e tratamentos são tidos como controversos. A dificuldade nos diagnósticos de ITU em lactente, pois ocorre subdiagnóstico (diagnóstico insuficiente ou incompleto) e superdiagnóstico (exames excessivos acima do necessário). Desde problemas com coleta de exames ao tratamento da infecção. Ressalta-se ainda, que qualquer administração de antibióticos na infância, só deve ser feita após a coleta de urina, para evitar resultados de falso-positivos (Silva; Oliveira, 2015).

Como meios de tratamento adequado para crianças com sinais de ITU, é indicado que a administração de antibiótico deve ser imediata quando exames aportarem para resultados positivos. Na cultura de urina, a indicação de >10 UFC/mL (unidades formadoras de colônias por mililitro), é usada para determinar a ITU em recém-nascidos, utilizando como base a existência de piúria e no mínimo 50.000 UFC/mL por amostras coletadas pelo método SPA (ver tabela 1). O índice de infecções por urosepse, pielonefrite severa em recém-nascidos é alto, neste caso, recomenda-se que a terapia seja feita com antibióticos por via parenteral (por meio de injeção). Contudo, pode ser adotado outros meios de administrar o tratamento, como por via oral quanto parenteral, as tabelas 2 e 3 apresentam quais medicamentos para o tratamento de ITU são aplicados de forma parenteral e oral em neonatos. A idade do paciente, a gravidade da doença, recursos de ingestão oral, incidência de vômitos, a não aceitação a medicação oral e possível ITU febril complicada, são verificadas pelo profissional de saúde para adequar o tratamento no alívio dos sintomas e na eliminação das bactérias (Silva; Oliveira, op. cit.).

Como forma de tratamento da cistite não complicada em gestantes, e de acordo com a Associação Europeia de Urologia (EAU), o uso dos antibióticos como a fosfomicina trometamol, deve ser administrado em dose única de 3g, já a nitrofurantoína 100mg, é orientado que seja tomado de 12/12h por 5 dias. Já nos casos de Pielonefrite não complicada em gestantes, e ainda de acordo com a EAU, o uso dos antibióticos administrados de forma oral ou parenteral como a ceftriaxone 1 a 2g 1x/dia, por 10 dias (via intravenosa), ou ciprofloxacino 500mg, de 12/12h, por 7 dias, (via oral) ou 400mg do ciprofloxacino de 12/12h (via intravenosa), e ainda temos o levofloxacino 750mg 1x/dia, durante 5 dias (via oral), ou sulfametoxazol + trimetroprim 160/800mg, de 12/12h, por 14 dias (via oral), são eficientes. E se tratando de Pielonefrite complicada, a substância recomendada é a Amoxicilina ou cefalosporina 2ª geração + aminoglicosídeo e a ceftriaxone (Sampaio et al., 2022).

Como meio de intervenção medicamentosa para a cistite complicada, as melhores opções de tratamento empírico, utilizam-se os antibióticos: levofloxacina 500 a 750 mg 1 vez por dia por 5 a 14 dias ou a ciprofloxacina 500 mg de 12/12 horas por 5 a 14 dias, em ambos medicamentos, o uso adequado depende da gravidade da doença. Já nos casos de tratamento da cistite em gestantes, o uso das substâncias como nitrofurantoína 100 mg de 12/12 horas por 5 a 7 dias, pode ser indicado, assim como, a amoxicilina-clavulanato 500 mg ou a cefalexina 500 mg, de 12/12 horas por 3 a 7 dias. Caso seja optado pelo uso da fosfomicina, este medicamento pode ser utilizado com 3g em dose única ou a cefpodoxima 100 mg de 12/12 horas por 3 a 7 dias. Quando este tipo de infecção atinge os homens, o uso do trimetoprim-sulfametoxazol (Bactrim) 160/800 mg de 12/12 horas por no mínimo 7 dias ou o uso do levofloxacino 500 mg 1 vez por dia por no mínimo 7 dias, pode ser eficaz, bem como, o uso do ciprofloxacino 500 mg de 12/12 horas por no mínimo 7 dias, também é recomendado (Pinheiro, 2024).

Sobre os riscos do uso irracional de medicamentos

As soluções antibióticas, são responsáveis pelo tratamento de infecções causadas por microrganismos, tanto em pessoas quanto em animais, por serem substâncias desenvolvidas para o combate dos causadores de doenças, são de extrema importância no uso terapêutico de enfermidades (como as exploradas nesta pesquisa). Porém o uso indiscriminado desses fármacos e devido a capacidade dos patógenos de desenvolverem resistências contra esses remédios, tem causado a ineficácia de tratamento em muitos casos, provocado grandes problemas em termo de saúde pública. A falta de conhecimento de muitas pessoas sobre o uso apropriado dos medicamentos e a confiança delas que estas soluções químicas são úteis contra todo tipo de infecção, tem cooperado de forma considerável para o aumento deste problema em pacientes paliativos. A resistência bacteriana pode ocorrer de forma natural, contudo, o uso inadequado de terapias medicamentosas, ou a automedicação, contribuem significativamente para o aumento da persistência dos microrganismos, bem como, receituários incorretos por subdiagnósticos ou devido ao uso prolongado dessas substâncias (Saldanha; Souza; Ribeiro, 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste estudo, foi possível identificar os principais tipos de ITU, como a uretrite, a cistite, a síndrome uretral aguda, a bacteriúria assintomática, e a pielonefrite aguda, cada uma com seus sintomas típicos e atípicos, e que podem prejudicar a saúde de uma pessoa ou uma população. Já que esta doença é muito frequente principalmente em mulheres ao longo da vida, compreendeu-se os riscos que este tipo de enfermidade trás em suas manifestações mais graves.

Das informações examinadas da infecção urinária, e com base nas intepretações de diversos autores explorados nesta pesquisa, tornou-se possível a integração de conhecimentos sobre os fatores de risco que contribuem para o surgimento da infecção em ambos os sexos, bem como, a identificação dos microrganismos responsáveis pela contaminação e proliferação no indivíduo. Esclarecendo que os fatores que mais contribuem para o desenvolvimento da IU, são os fatores comportamentais, fatores biológicos e fatores genéticos.

Esta pesquisa ainda apresentou quais formas de prevenção são eficazes e os principais meios de tratamento conhecido para os patógenos bacterianos. Ficando claro que hábitos simples de higienização e cuidados com o corpo e hidratação diária adequada, também são cruciais na prevenção da infecção.

Já no que diz respeito as formas de tratamento, é correto afirmar que terapias por meio de medicamentos, requer a orientação de um profissional de saúde, este que tem o devido conhecimento para receitar substâncias tantos orais quanto parenterais, sempre depois, de uma avaliação e interpretação de dados colhidos do infectado, como por exemplo, pelo exame de sangue ou urina. Foi também apresentado meios de tratamento e especificações do uso de substâncias como amoxacilina, fosfomicina e levofloxacina, geralmente utilizados para o trato da IU.

Por fim, esta pesquisa enfatizou sobre os riscos do uso irracional de medicamentos, pois a resistência dos microrganismos tem aumentado ao longo dos anos, prejudicando terapias por uso de antibióticos atuais farmacêuticos. Tornando necessário, às vezes, a prescrição de drogas mais potentes no combate de casos mais graves, mas que possuem algum tipo de efeito colateral ou que possa prejudicar de alguma forma a saúde do paciente. O uso indiscriminado de medicamentos, acaba obrigando o desenvolvimento de novas alternativas de tratamento e novas formulas antibióticas.

REFERÊNCIAS

APOLINÁRIO, Thays et al. Prevalência de infecção urinária e resistência a antimicrobianos em um grupo de gestantes. Jun, 2014.Disponível em:

<https://periodicos.faminas.edu.br/index.php/RCFaminas/article/view/344/319>. Acesso em: 21 de out. de 2024.

BRASIL, Ministério da Saúde. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA.

Portaria n° 85, de 31 de janeiro de 2013. Altera a Portaria nº 616, de 24 de abril de 2012, que dispõe sobre as normas complementares relativas ao funcionamento e à ordem dos trabalhos das reuniões da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA e dá outras providências. Diário Oficial da União, n. 23, Brasília-DF, 01 de fev. p. 66, 2013. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/ptbr/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/modulo10_manualdemicrobiologia.pdf>. Acesso em: 23 de out. de 2024.

CANALINI, Alfredo. Infecção Urinária. Entrevistadores: Marcela Morato. Repositório Institucional da Fiocruz. 2017.1 vídeo (26min). Disponível em:

<https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23686>. Acesso em: 17 de out. de 2024.

CATUNDA, Márcia. Infecção urinária: saiba como prevenir e quando procurar atendimento. Fortaleza, CE, 2024.Disponível em:

<https://www.saude.ce.gov.br/2024/04/05/infeccaourinariasaibacomoprevenirequandoprocuraratendimento/>. Acesso em: 1 nov. de 2024.

SALDANHA, Danielle Maria dos Santos; SOUZA, Marly Barbosa Maia de; RIBEIRO,

Joyce Fonteles. O Uso Indiscriminado dos Antibióticos: Uma Abordagem

Narrativa da Literatura. Revista Interfaces da Saúde · ISSN 2358-517X · ano 5· nº1

· Jun · p. 12-37 · 2018]. Disponível em: <https://www.fvj.br/revista/wpcontent/uploads/2019/11/2_IS_20181.pdf>. Acesso em: 29 de out. de 2024.

FERRO, Ricardo. Infecção urinária: causas, sintomas e tratamento. 2024. Disponível em: <https://www.hospitalbrasilia.com.br/blog/infeccaourinaria/>. Acesso em: 18 de out. de 2024.

FIRMINO, Anderson Pereira. Infecção Urinária Na Gravidez: Causas, Riscos e Tratamento. Juazeiro do Norte – CE, 2021.Disponível em:

<https://sis.unileao.edu.br/uploads/3/BIOMEDICINA2024/B766.pdf>. Acesso em: 30 de out. de 2024.

IMAN, Talha H. Infecções bacterianas do trato urinário. Jan, 2024.Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbiosgeniturin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5esdotratourin%C3%A1rio/infec%C3%A7%C3%B5esbacterianasdotratourin%C3%A1rio>. Acesso em 14 de out. de 2024.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico. 9 Ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2021.

NOBRE, Isabelle Rebelo Simões. PERFIL MICROBIANO EM GESTANTES COM INFECÇÃO URINÁRIA – UMA REVISÃO INTEGRATIVA.. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem). Centro Universitário Luterano de Palmas, Palmas, Tocantins, 2020. Disponível em: <http://ulbrato.br/bibliotecadigital/publico/home/documento/2040>. Acesso em: 18/10/2024.

PAGNONCELI, Juliana; COLACITE, Jean. INFECÇÃO URINÁRIA EM

GESTANTES: REVISÃO DE LITERATURA. Jun. 2016. Disponível em:

<https://revista.uninga.br/uningareviews/article/download/1797/1403>. Acesso em: 01 de nov. de 2024.

PINHEIRO, Pedro. Qual é o melhor antibiótico para infecção urinária? 2024.Disponível em: <https://www.mdsaude.com/nefrologia/infeccaourinaria/>. Acesso em: 28 de out. de 2024.

PONGELUPPI, A. C. A. et al. Brazilian Journal of Health Review. Infecção do trato urinário – uma revisão de literatura. p. 1–13, 2024. Disponível em:

<https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/download/68861/488 00/169066>. Acesso em: 21 de out. de 2024.

RIELLA, Miguel Carlos. Princípios de Nefrologia e Distúrbios Hidroeletrolíticos. 5 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

SAMPAIO, J. B. Francisco. et al. Infecções do trato urinário na mulher. 2022.

Disponível em:

<https://medicinacienciaearte.emnuvens.com.br/revista/article/view/9/7>. Acesso em: 21 de out. de 2024.

SILVA, Ana Cristina Simões e; OLIVEIRA, Eduardo Araújo. Update on the approach of urinary tract infection in childhood. Abr. 2015. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/jped/a/VdBfcwYLCXyWwPqJhTfmSyp/?format=pdf&lang=pt> . Acesso em: 25 de out. de 2024.

TAKANO, Luiz. Entenda sua Doença: Infecção Urinária. 2023.Disponível em:

<https://www.takanourologia.com.br/entendasuadoenca/infeccaourinaria/#:~:text=Como%20%C3%A9%20feito%20o%20tratamento%20de%20infec %C3%A7%C3%A3o,e%20antibiograma)%20e%20a%20gravidade%20do%20quadr o>. Acesso em: 17 de out. de 2024.

TOASSI, Ramona Fernanda Ceriotti; PETRY, Paulo Cauhy. Metodologia Científica aplicada à área da Saúde. 2021. Disponível em:

<https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/218553/001123326.pdf>. Acesso em: 14 de out. de 2024.

REZENDE, Rubens Barbosa; NOGUEIRA, Isadora M. C. do Nascimento.

Prevalência e perfil de sensibilidade dos gêneros Klebsiella spp. e Staphylococcus spp. isolados da urocultura de pacientes de um laboratório privado de análises clínicas no município de Conselheiro Lafaiete-MG/Brasil.

Publicado: 07/01/2022. Disponível em:

<https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/24855/21932/293941>. Acesso em: 31 de out. de 2024.