A IMPORTÂNCIA DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA A SAÚDE MENTAL DOS IDOSOS

THE IMPORTANCE OF NURSING CARE FOR THE MENTAL HEALTH OF THE ELDERLY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411101556


Larissa Cleuricilda Santos Jeronimo*
Caroliny Medeiros de Souza*


RESUMO

O envelhecimento populacional apresenta desafios significativos para os sistemas de saúde, especialmente no que se refere à saúde mental dos idosos. Este estudo tem como objetivo analisar a importância dos cuidados de enfermagem na promoção e manutenção da saúde mental dessa população, enfatizando a atuação dos enfermeiros na identificação precoce de transtornos mentais, no monitoramento contínuo e na criação de ambientes acolhedores. A pesquisa adota uma metodologia de revisão de literatura, abrangendo artigos publicados nos últimos dez anos em bases como PubMed, Scielo e LILACS, priorizando práticas não farmacológicas e holísticas de cuidado. Os resultados indicam que intervenções de enfermagem, quando realizadas de forma contínua e humanizada, são fundamentais para prevenir o agravamento de transtornos psicológicos e melhorar a qualidade de vida dos idosos. Este estudo também destaca a necessidade de capacitação dos profissionais de saúde para lidar com as demandas psicológicas dessa população, bem como a importância de políticas públicas que apoiem ações voltadas à saúde mental dos idosos. Conclui-se que uma abordagem integral e multidisciplinar é essencial para enfrentar os desafios impostos pelo envelhecimento, garantindo que os idosos envelheçam de maneira saudável e ativa.

Palavras-chave: Saúde mental; enfermagem; idosos; cuidados não farmacológicos; políticas públicas.

ABSTRACT

Population aging presents significant challenges for healthcare systems, especially with regard to the mental health of older people. This study aims to analyze the importance of nursing care in promoting and maintaining the mental health of this population, emphasizing the role of nurses in the early identification of mental disorders, continuous monitoring and the creation of welcoming environments. The research adopts a literature review methodology, covering articles published in the last ten years in databases such as PubMed, Scielo and LILACS, prioritizing nonpharmacological and holistic care practices. The results indicate that nursing interventions, when carried out in a continuous and humanized manner, are essential to prevent the worsening of psychological disorders and improve the quality of life of the elderly. This study also highlights the need for training health professionals to deal with the psychological demands of this population, as well as the importance of public policies that support actions aimed at the mental health of the elderly. It is concluded that a comprehensive and multidisciplinary approach is essential to face the challenges posed by aging, ensuring that the elderly age in a healthy and active way.

Keywords: Mental health, nursing; elderly; non-pharmacological care; public policies.

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno global que tem desafiado os sistemas de saúde em diversos países. Com o aumento da expectativa de vida, cresce também a demanda por cuidados especializados, principalmente no que tange à saúde mental dos idosos. Este grupo populacional, embora se beneficie dos avanços na medicina e nos cuidados preventivos, enfrenta uma série de desafios psicológicos e emocionais que podem comprometer sua qualidade de vida. Nesse contexto, os cuidados de enfermagem desempenham um papel crucial, pois os enfermeiros estão na linha de frente dos serviços de saúde, sendo responsáveis por intervenções que visam tanto à promoção quanto à recuperação da saúde mental dos pacientes idosos. O presente estudo tem como objetivo explorar a importância dos cuidados de enfermagem para a saúde mental dos idosos, considerando as características específicas dessa população e as particularidades do processo de envelhecimento. Além disso, busca-se delimitar a área de estudo para melhor compreender como a enfermagem pode atuar na prevenção, detecção e tratamento de transtornos mentais em idosos, assim como no apoio à manutenção do bem-estar emocional. Esta pesquisa aborda o tema sob a perspectiva da enfermagem geriátrica e psiquiátrica, destacando as principais práticas e estratégias utilizadas pelos profissionais de enfermagem nesse campo.

O conteúdo a ser explorado neste artigo abrange diversas vertentes dos cuidados de enfermagem relacionados à saúde mental dos idosos. Inicialmente, serão abordadas as transformações fisiológicas, sociais e psicológicas associadas ao envelhecimento, pois são esses fatores que influenciam diretamente a saúde mental dessa população. Entre os problemas mais comuns, destacam-se a depressão, a ansiedade, o isolamento social, o luto, além de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e outras formas de demência.

Além disso, o artigo discute o papel do enfermeiro na promoção de ambientes que favoreçam a saúde mental dos idosos, incluindo a criação de vínculos afetivos, o estímulo à socialização e à participação em atividades cognitivas, além de intervenções farmacológicas e não farmacológicas. Outro ponto relevante é a necessidade de preparar os profissionais de enfermagem para reconhecer sinais precoces de sofrimento mental, considerando que, muitas vezes, esses sinais são subdiagnosticados ou atribuídos erroneamente ao processo natural de envelhecimento.

O objeto deste trabalho é a atuação dos profissionais de enfermagem no cuidado à saúde mental dos idosos. A pesquisa se concentra nos cuidados realizados em contextos de saúde comunitária, clínicas de geriatria e unidades de longa permanência, limitando-se ao cenário brasileiro. Além disso, a delimitação envolve o estudo de intervenções específicas da enfermagem para a promoção da saúde mental e a prevenção de transtornos psicológicos, com foco em práticas não farmacológicas e holísticas.

Embora muitos estudos abordem o tratamento de transtornos mentais em idosos, este trabalho visa destacar o papel preventivo e de suporte que a enfermagem pode oferecer, promovendo uma abordagem integral e humanizada. Não serão explorados aspectos ligados à farmacoterapia de maneira aprofundada, pois o foco do estudo é o cuidado não medicamentoso, mas será discutida a colaboração da enfermagem com outros profissionais de saúde em tratamentos multidisciplinares.

A saúde mental dos idosos tem sido um tema amplamente discutido na literatura acadêmica e nas políticas públicas de saúde. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030, espera-se que o número de idosos com algum transtorno mental ultrapasse os 20% da população global idosa, com a depressão e as demências liderando essa estatística (OMS, 2020). No Brasil, o Ministério da Saúde reconhece a importância de cuidar da saúde mental dos idosos, incentivando práticas preventivas em Atenção Básica, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos de capacitação e reconhecimento da importância do tema nas políticas públicas.

A enfermagem tem um papel consolidado nos cuidados geriátricos, com vários estudos apontando sua relevância para a promoção da saúde mental em idosos. As intervenções de enfermagem voltadas para a estimulação cognitiva, a socialização e o apoio emocional são amplamente descritas na literatura, especialmente em contextos de cuidados continuados. Entretanto, ainda existem lacunas no que diz respeito à formação e capacitação dos enfermeiros para lidar com transtornos mentais complexos, como demências avançadas e depressões profundas. Autores como Silva et al. (2021), destacam a necessidade de uma formação mais específica em saúde mental dentro da enfermagem geriátrica, visando aprimorar as práticas de cuidado e reduzir a subnotificação de casos de transtornos mentais em idosos.

O problema central que este estudo busca abordar é a insuficiência de estratégias eficazes e contínuas de cuidados de enfermagem voltadas para a saúde mental dos idosos. Apesar de ser uma população crescente e vulnerável, os idosos muitas vezes enfrentam dificuldades no acesso a cuidados especializados de saúde mental. Além disso, muitos profissionais de saúde ainda não estão plenamente capacitados para reconhecer e tratar questões relacionadas à saúde mental de forma integral. A ausência de cuidados preventivos e de suporte psicossocial adequado pode contribuir para o agravamento de condições como a depressão, o isolamento social e a demência, impactando negativamente a qualidade de vida desses indivíduos.

O objetivo geral deste trabalho foi analisar a importância dos cuidados de enfermagem na promoção e manutenção da saúde mental dos idosos, evidenciando as práticas mais eficazes para prevenir e tratar transtornos mentais nessa população. Os objetivos específicos incluíram, a investigação das principais intervenções de enfermagem que promovem a saúde mental dos idosos em ambientes comunitários e institucionais; avaliação da eficácia de programas de suporte psicológico implementados por enfermeiros em unidades de saúde; identificação dos desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem na abordagem de transtornos mentais em idosos; sugestão de estratégias para aprimorar a formação dos enfermeiros em saúde mental geriátrica; análise de articulação entre os cuidados de enfermagem e outras áreas da saúde na abordagem multidisciplinar do idoso com transtornos mentais.

A hipótese central deste estudo sugeriu que os cuidados de enfermagem, quando realizados de forma contínua e humanizada, podem contribuir significativamente para a promoção da saúde mental dos idosos, prevenindo o agravamento de transtornos psicológicos e melhorando sua qualidade de vida. As variáveis a serem analisadas incluem: tipo de intervenção de enfermagem (não farmacológica e farmacológica), frequência e duração dos cuidados, grau de capacitação dos profissionais de enfermagem, e o nível de envolvimento dos idosos nas atividades de promoção da saúde mental.

A justificativa para a realização deste estudo reside na crescente necessidade de cuidados especializados para a saúde mental da população idosa. Com o aumento da expectativa de vida, é imperativo que os profissionais de saúde, particularmente os enfermeiros, estejam preparados para lidar com as demandas psicológicas dessa população. A saúde mental dos idosos não deve ser negligenciada, e este trabalho visa contribuir para uma maior compreensão sobre como a enfermagem pode desempenhar um papel crucial na promoção do bemestar emocional e na prevenção de transtornos mentais.

A enfermagem tem uma responsabilidade ética e social no cuidado integral do idoso, e o reconhecimento das questões mentais é essencial para garantir uma assistência completa e humanizada. Este estudo também se justifica pela escassez de pesquisas que enfoquem a saúde mental dos idosos em contextos de cuidados primários e comunitários, onde muitos dos problemas psicológicos poderiam ser prevenidos ou mitigados.

Este trabalho adota uma metodologia de revisão de literatura, com caráter exploratório e descritivo, visando mapear as principais práticas de enfermagem voltadas para a saúde mental dos idosos. A revisão incluirá artigos publicados nos últimos dez anos, disponíveis em bases de dados como PubMed, Scielo e LILACS, priorizando estudos empíricos e revisões sistemáticas. A seleção dos artigos será baseada em critérios como relevância para o tema, qualidade metodológica e contribuição para a prática de enfermagem.

Adicionalmente, o estudo utilizará a análise de estudos de caso para exemplificar intervenções práticas realizadas por enfermeiros em diferentes contextos de cuidado ao idoso. Serão analisados protocolos de cuidados não farmacológicos, bem como programas de suporte psicológico, com o objetivo de identificar boas práticas e desafios enfrentados na implementação dessas estratégias.

Este trabalho está dividido em três partes principais. A primeira parte aborda o envelhecimento populacional e suas implicações para a saúde mental, contextualizando o tema. A segunda parte discute o papel da enfermagem na promoção da saúde mental, destacando intervenções específicas e a importância de uma abordagem multidisciplinar. A terceira parte apresenta os resultados de estudos de caso e revisões de literatura, oferecendo uma análise crítica sobre a eficácia das práticas de enfermagem na saúde mental dos idosos.

A pesquisa pretende contribuir para a melhoria dos cuidados de enfermagem voltados para a saúde mental dos idosos, oferecendo uma base teórica e prática que possa ser utilizada na formação de enfermeiros e no desenvolvimento de políticas públicas de saúde. Espera-se que os resultados deste estudo incentivem a criação de programas de capacitação em saúde mental geriátrica e inspirem novas pesquisas sobre o tema, buscando aprimorar as estratégias de cuidado e melhorar a qualidade de vida dos idosos

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Saúde mental em idosos

Entende-se que o envelhecimento é um processo natural da vida, independente de raça, etnia ou gênero. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o principal provedor de dados e informações do País, houve um aumento percentual da população com 60 anos ou mais: de 11,3% em 2012 para 14,7% em 2021, como resultado desse acréscimo, notou-se a diferença de quase 9 milhões de idosos. Na mesma proporção, houve um aumento considerável de doenças envolvendo as emoções e cognição desse grupo, muitas vezes sendo um dos fatores que os conduzem ao suicídio na terceira idade.

O envelhecimento populacional é um fenômeno global, e, com o aumento da expectativa de vida, tem-se observado um crescimento significativo da população idosa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, até 2050, o número de pessoas com 60 anos ou mais triplicará em países em desenvolvimento (OMS, 2021). Nesse contexto, a saúde mental dos idosos torna-se um tema de extrema relevância, uma vez que o envelhecimento está associado a mudanças biopsicossociais que podem impactar significativamente o bem-estar psíquico.

De acordo com Cavalcante e Xavier (2020), os idosos são particularmente vulneráveis a transtornos mentais e emocionais devido a fatores como isolamento social, perda de funções cognitivas e físicas, além de vivências relacionadas ao luto e à perda de papéis sociais. Para Silva et al. (2019), é fundamental que os profissionais de enfermagem estejam capacitados para identificar e intervir de forma precoce em sintomas de sofrimento mental nessa população, a fim de promover uma melhor qualidade de vida e prevenir o agravamento de patologias psicossociais.

França (2014), buscou descrever a concepção de envelhecimento, considerando aspectos históricos e conceituais sobre prevenção e promoção à saúde mental da pessoa idosa e focos de intervenção, concluindo que estudos sobre intervenções preventivas e de promoção à saúde mental da pessoa idosa são escassos na literatura especializada quando comparados aos estudos sobre intervenções na área infantojuvenil.

Fatores coexistentes tornam esse trajeto da vida complexa, como por exemplo a predominância de hipertensão, diabetes e redução da força, corroborando mais ainda à dependência de um familiar, cuidador ou equipe multiprofissional, o que nem sempre é agradável para aqueles que antes eram habituados a um padrão de vida definido a longo prazo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2021), saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. A saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças mentais. Como citado anteriormente, há uma alteração fisiológica conforme o ser humano envelhece.

O funcionamento cerebral diminui, chegando até mesmo reduzir de tamanho em algumas pessoas e casos específicos, resultando nessa perda da função cerebral. Entretanto para que isso ocorra, alguns fatores colaboram para essa consequência, como por exemplo o etilismo durante a fase adulta, tabagismo e doenças hereditárias, e abandono. Idosos com patologias que reduzem a capacidade funcional, são os principais alvos para o desenvolvimento de transtornos mentais.

2.2 Principais patologias psicossociais

Através da Pesquisa Nacional de Saúde (2019) é possível observar a alta prevalência de doenças crônicas entre a população idosa brasileira, onde 58,3% possui mais de uma doença crônica. Na mesma pesquisa, foi constatado que as doenças crônicas mais prevalentes nessa faixa etária são: hipertensão arterial, problema crônico de coluna, diabetes, artrite ou reumatismo, alguma doença do coração, como por exemplo, infarto, insuficiência cardíaca, depressão, câncer, acidente vascular cerebral (AVC), asma e/ou alguma doença crônica no pulmão e doenças neurodegenerativas. Sabe-se que essas patologias citadas, podem fazer com que o paciente tenha sua funcionalidade corporal reduzida, de maneira não optativa, e sim por absoluta necessidade.

Mendes (2021), afirmou que essas doenças são incuráveis, debilitantes, de início insidioso e progressão crônica. Logo, é uma das doenças que são diagnosticadas de forma tardia, pelo fato de seus sintomas já serem associados a idade, como retrair-se, a irritabilidade e tristeza profunda, a negação quando alguém oferece auxílio, isolamento e apatia.

A depressão geriátrica está associada principalmente a pacientes que possuem polipatologia, polifarmácia e mobilidade parcial. Muitas vezes o idoso é mal interpretado pelo simples fato de ser idoso. O diagnóstico tardio acontece em decorrência de situações de urgência anteriores. É necessária uma eventualidade para que os familiares e até mesmo o próprio idoso perceba que precisa de acompanhamento especializado.

Os transtornos mentais mais comuns entre idosos incluem a depressão, ansiedade, demência e o delirium, que apresentam alta prevalência e são responsáveis por um grande impacto na funcionalidade e independência dessa população (Gonçalves; Almeida, 2020). Além disso, questões como o isolamento social e a solidão agravam as condições de saúde mental, aumentando a probabilidade de surgimento dessas patologias.

A depressão é uma das condições mais frequentes em idosos, com prevalência estimada em cerca de 7% a 30% dessa população, dependendo do contexto e da metodologia de estudo (Carvalho et al., 2018). A condição é subdiagnosticada, uma vez que, muitas vezes, os sintomas são confundidos com as mudanças naturais do envelhecimento, como o cansaço, a apatia e a redução da energia física. Estudos apontam que a enfermagem desempenha um papel essencial na identificação precoce e no manejo da depressão, utilizando ferramentas de triagem e monitoramento de sintomas ao longo do cuidado (Gonçalves; Almeida, 2020).

A ansiedade é outro transtorno que afeta consideravelmente os idosos. Estudos indicam que, com o aumento da idade, as preocupações com a saúde, a morte e o futuro podem gerar quadros de ansiedade generalizada (Santos et al., 2017). Para Ferraz et al. (2020), a atuação dos profissionais de enfermagem é essencial, tanto na prevenção quanto no manejo da ansiedade, por meio de intervenções terapêuticas voltadas para a escuta ativa, o acolhimento e o suporte emocional.

As demências, em especial a doença de Alzheimer, são caracterizadas pela perda progressiva das funções cognitivas e estão entre as principais causas de incapacidade em idosos (Souza et al., 2021). De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG, 2022), a demência afeta cerca de 5% dos idosos acima de 65 anos e 20% daqueles acima de 80 anos, representando um desafio crescente para os sistemas de saúde. O cuidado de enfermagem em casos de demência envolve o suporte tanto ao paciente quanto à sua família, uma vez que o curso da doença impõe a necessidade de cuidados contínuos e de adaptação do ambiente (Nunes; Lima, 2019).

O delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica aguda, caracterizada por alteração da consciência e cognição, sendo comum em idosos hospitalizados ou institucionalizados (Moura et al., 2020). Sua ocorrência está frequentemente associada a internações prolongadas, infecções, desequilíbrios metabólicos e uso de medicamentos. Nesse sentido, a enfermagem exerce um papel crucial na identificação precoce do delirium, bem como na implementação de intervenções preventivas, como a promoção da mobilidade, a hidratação adequada e a otimização do ambiente hospitalar (Silva et al., 2021).

2.3 Principais problemas decorrentes de transtornos mentais nos idosos

As consequências negativas da ausência de um acompanhamento profissional em pacientes que possuem fatores que acarretam uma síndrome ou transtorno, são altas. Na polifarmácia por exemplo, passa a ser um risco, por que quando o uso destes ocorre em dosagens erradas, causam danos graves, ainda que não seja intencional.

Souza (2023), propôs em seu estudo, apresentar os principais transtornos psiquiátricos em idosos, e obteve em seus resultados de acordo com os dados levantados, que as causas desses problemas estão associadas a fatores relacionados ao ambiente de vivencia, isolamento social, comorbidades, doenças e idade avançadas contribuem de forma direta ao estado de saúde mental.

Almeida (2018) teve como objetivo investigar as circunstâncias psicossociais do óbito por suicídio na velhice, e chegou à conclusão que em relação aos fatores psicossociais, pode-se elencar as doenças, a presença de transtornos mentais, a existência de relações conflituosas familiares e as histórias de perdas como fatores encontrados nessa população correlacionados com o suicídio.

De acordo com Borim (2013), a prevalência de transtorno mental comum foi 29,7% e significativamente mais elevada no sexo feminino, nos idosos com 80 anos ou mais, menor renda, que não trabalhavam, sedentários, que avaliaram sua saúde como ruim/muito ruim e com maior número de doenças crônicas. Maiores razões de prevalências foram detectadas na subescala de pensamentos depressivos.

No cotidiano, ambientes da casa dos pacientes tornam-se perigosos se não adaptados, podendo ocasionar quedas que consequentemente causam uma fratura, um fator que limita mais ainda sua independência. Válido considerar também o abandono familiar por não conseguir lidar com as modificações que são necessárias para mantê-los com uma qualidade de vida digna, e quando não abandonam, negligenciam e abusam dos mesmos.

2.4 Estratégias governamentais para um envelhecimento saudável

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) estabelece diretrizes que visam garantir a promoção da saúde integral do idoso, com especial atenção à saúde mental (Brasil, 2019). No contexto dessas políticas, a enfermagem é chamada a atuar como facilitadora no acesso aos serviços de saúde e na articulação de redes de apoio, tanto formais quanto informais, que possam atender às demandas de saúde mental dos idosos. Conforme destaca a OMS (2021), o investimento em políticas públicas voltadas para a capacitação de profissionais de saúde, incluindo enfermeiros, é fundamental para garantir um cuidado de qualidade e minimizar os impactos das patologias psicossociais em idosos.

Através do decreto nº 10.133, de 26 de novembro de 2019, foi instituído o Programa Viver- Envelhecimento Ativo que proporciona a este grupo, a inclusão e participação dos idosos nos meios tecnológicos para que os aproximem dos meios de comunicação, o que é eficaz para mantê-los atualizados mesmo que não tenha acesso direto com frequência às UBS. A OMS, desenvolveu a estratégia Atenção Integrada para os Idosos (ICOPE), para melhor atender as demandas direcionadas a população. Esse programa visa em manter o idoso ativo, por meio de atividades socioculturais, trazendo à tona o desejo do saber com cursos de capacitação, e palestras voltadas ao autocuidado e autopercepção. O primeiro contato com o paciente é essencial justamente para compreender qual é a carência de cada um de forma individual, para posteriormente destiná-los a atividades em grupos. A enfermagem tem feito um papel de grande valia ao observar pequenos detalhes na história prévia, que fazem diferença para a evolução dos pacientes posteriormente Além disso, foi criado também em 2021, através do Ministério da Saúde e

Governo Federal, a Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa, direcionada ao alcance de melhorias para a sociedade, pressupondo avaliações com suas respectivas correções de rumo e ajustes em projetos, ações, programas e iniciativas realizadas e em andamento à época da avaliação.

A equipe de saúde é orientada a estimular hábitos que proporcionem uma vida ativa e saudável para pessoa idosa, em especial nas situações de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade e problemas associados a colesterol. Essas orientações podem ser repassadas na unidade de saúde, durante visitas no domicilio, e quando necessário, é possivel o acesso ao nutricionista responsável da área.

São abordadas várias temáticas para orientação a esse público, como o diálogo sobre a importância da redução do consumo de álcool, ou até mesmo uso de outras drogas e tabaco. Estimular o convívio social e familiar, mediar conflitos, facilitar o acesso as Unidades e identificar riscos de violência doméstica.

2.5 Intervenção da enfermagem na saúde do idoso

A enfermagem tem um papel central no cuidado integral à saúde mental dos idosos, tanto em ambientes domiciliares quanto em instituições de longa permanência e hospitais. Segundo Nascimento et al. (2019), o enfermeiro é o profissional que mais tem contato direto com o idoso, sendo capaz de desenvolver ações de promoção à saúde, prevenção de transtornos mentais e acompanhamento contínuo de patologias já estabelecidas. Para Leite e Oliveira (2018), o cuidado de enfermagem deve ser pautado em uma abordagem holística, que considere o idoso em sua totalidade, incluindo aspectos físicos, emocionais e sociais.

A intervenção de enfermagem deve focar, primeiramente, na promoção de um ambiente seguro e acolhedor, com estratégias que busquem reduzir o isolamento social e fomentar a participação ativa do idoso na sociedade (Gonçalves; Almeida, 2020). Além disso, é importante que a equipe de enfermagem promova a educação em saúde, orientando tanto o idoso quanto sua família sobre os sinais e sintomas de transtornos mentais, a fim de facilitar a busca por tratamento especializado quando necessário. (Souza et al., 2021)

Marin (2018) menciona que idosos com transtornos mentais, no processo de constante interação com a equipe de saúde, familiares e sociedade de maneira geral, criam, recriam e transformam seu cotidiano, enquanto ser dinâmico e ativo estabelecendo estratégias para uso correto dos medicamentos, com vistas a evitar o sofrimento. Eles prestam atenção, criam rotinas, associam o seu uso a alguma atividade diária, como horário das refeições ou horário de dormir e, quando não é possível realizar suas atividades de forma autônoma, eles recorrem à ajuda de outras pessoas.

É aplicado o Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional (IVCF), que avalia oito esferas que podem apontar declínio funcional e/óbito em idosos, sendo um dos principais aliados para um tratamento eficaz, tendo como método de avaliação, 0-6 pontos (Idosos com baixo risco de vulnerabilidade clínico-funcional e ausência de declínio funcional), 7-14 pontos (Idosos com moderado risco de vulnerabilidade clínico-funcional, possível declínio funcional), ≥15 pontos (Idosos com alto risco de vulnerabilidade clínico-funcional, presença de declínio funcional).

O ideal seria que os enfermeiros responsáveis por essas ações, tenham formação em saúde do idoso ou que sejam especialista com experiência em saúde pública/coletiva/saúde da família. Para que tenha domínio com o que está lidando, sabendo como coordenar as diversas situações, tendo em vista que são os profissionais de cuidado integrado.

Fontele (2021), conseguiu evidencias que a Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE), possui uma estrutura ampla para elaborar estratégias norteadoras para atender as necessidades dos pacientes de forma conjunta ou individual. A utilização da linguagem diagnóstica NANDA/NOC/NIC obteve resultados positivos em seu estudo, as intervenções e atividades propostas pautaram-se na promoção de conforto, por meio de atividades de alívio e tranquilidade, no contexto social, ambiental e físico, garantindo o atendimento das demandas da idosa citada em seu artigo. A utilização de Teoria do Conforto contribuiu para ampliação de um plano de cuidados individualizado à idosa, e o incentivo de ações do enfermeiro planejadas e fundamentadas no conhecimento científicos.

A equipe multiprofissional é direcionada a partir do primeiro contato, geralmente realizado pela equipe de enfermagem, nisso é importante salientar sobre a importância de uma boa escuta. O processo de acolhimento, inclui um dos pilares do Envelhecimento Ativo, a segurança. Sentir-se seguro para o paciente, é muito mais importante do que ser bem recepcionado fisicamente. Afinal, existem inseguranças, dúvidas e tristezas que após compartilhadas acabam sendo a base do vínculo do profissional com o paciente.

3 METODOLOGIA

Este estudo utiliza uma revisão de literatura com caráter exploratório e descritivo, com o intuito de mapear as principais práticas de enfermagem voltadas à saúde mental dos idosos. A decisão por essa abordagem visa consolidar o conhecimento científico existente sobre o tema, a fim de identificar as melhores estratégias de intervenção e promover o bem-estar mental dessa população, que cresce à medida que o envelhecimento populacional avança globalmente.

O método escolhido foi a revisão integrativa da literatura, considerada adequada para sintetizar o conhecimento disponível e possibilitar uma visão ampla das práticas de enfermagem relacionadas à saúde mental de idosos. A revisão integrativa abrange diversos tipos de estudos, como ensaios clínicos, estudos observacionais e revisões sistemáticas. Isso amplia a capacidade de análise sobre a eficácia e aplicabilidade das intervenções de enfermagem em diferentes contextos. De acordo com Mendes et al. (2008), esse tipo de revisão é uma ferramenta eficaz para construir um entendimento consolidado e abrangente da prática clínica, reunindo múltiplas evidências em saúde.

A pesquisa dos artigos foi realizada nas bases de dados PubMed, Scielo e LILACS, selecionadas pela sua relevância na área da saúde e pela abrangência de estudos sobre envelhecimento e enfermagem. Essas bases são amplamente reconhecidas por fornecerem acesso a artigos de alta qualidade metodológica, sendo recursos essenciais para pesquisas acadêmicas. Pereira et al (2014) destacam que essas plataformas são amplamente utilizadas para obter informações consistentes e relevantes para o avanço das práticas de enfermagem.

Foram incluídos artigos publicados entre 2013 e 2023, um intervalo temporal que visa garantir a análise de práticas recentes e atualizadas no cuidado de idosos. Estudos mais recentes refletem as mudanças no cuidado em saúde mental e as inovações nas intervenções de enfermagem. Santos e Pimenta (2020) afirmam que delimitar o período de análise em dez anos permite captar evoluções significativas no campo e assegurar uma base de dados relevante e representativa. Os estudos selecionados foram publicados em português, inglês e espanhol, abrangendo uma diversidade geográfica e cultural na produção científica sobre o tema.

A busca pelos estudos foi realizada utilizando descritores controlados como “saúde mental”, “enfermagem”, “idosos” e “cuidados de saúde mental”, conforme os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e os Medical Subject Headings (MeSH).

A combinação de descritores foi estruturada com o auxílio de operadores booleanos (AND e OR), maximizando a precisão na busca de artigos pertinentes. Souza et al. (2018) apontam que o uso eficiente de operadores booleanos contribui para garantir que as pesquisas alcancem os resultados mais relevantes e abrangentes, aumentando a qualidade da revisão.

Após a realização das buscas iniciais, os resultados foram refinados conforme critérios de inclusão e exclusão preestabelecidos, garantindo que apenas os estudos mais relevantes fossem incluídos. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: Estudos empíricos e revisões sistemáticas publicados entre 2013 e 2023; artigos disponíveis integralmente nas bases de dados PubMed, Scielo e LILACS; estudos que abordem intervenções de enfermagem aplicadas à saúde mental de idosos; artigos que apresentem metodologia clara e descrições detalhadas das práticas de enfermagem.

Foram excluídos: Artigos duplicados entre as bases de dados; estudos que não focassem diretamente nos cuidados de enfermagem para a saúde mental de idosos; trabalhos sem rigor metodológico adequado, como aqueles com amostras pequenas ou sem análise estatística significativa.

A seleção dos artigos ocorreu em duas etapas. Na primeira, os títulos e resumos foram avaliados, selecionando-se os que atendiam aos critérios de inclusão para leitura completa. Na segunda, os artigos foram analisados criticamente quanto à relevância e qualidade metodológica, seguindo as recomendações do Critical Appraisal Skills Programme (CASP, 2018), que oferece ferramentas para avaliar a qualidade de estudos qualitativos e quantitativos.

Os dados foram extraídos e organizados em uma planilha, contendo informações como autores, ano de publicação, objetivo, tipo de estudo, intervenções de enfermagem e resultados principais. A análise foi descritiva, buscando identificar padrões, lacunas e tendências nas intervenções de enfermagem. Whittemore e Knafl (2005) afirmam que a análise em revisões integrativas deve categorizar e sintetizar as evidências, permitindo uma compreensão sistemática e clara do tema abordado.

Os resultados foram categorizados em temas de acordo com as intervenções de enfermagem e os desfechos observados. Essa categorização possibilitou uma análise comparativa dos estudos, destacando as intervenções mais eficazes e as áreas que necessitam de mais pesquisas.

Algumas limitações foram identificadas na metodologia. A revisão de literatura está limitada pela qualidade e disponibilidade dos estudos publicados, o que pode restringir a generalização dos resultados. Além disso, a exclusão de estudos em outros idiomas além do português, inglês e espanhol pode limitar o acesso a evidências importantes publicadas em outras línguas. Outro ponto é o recorte temporal de dez anos, que pode desconsiderar contribuições anteriores, embora o foco em evidências recentes garanta a contemporaneidade dos dados. Por se tratar de uma revisão de literatura, não foi necessário submeter o estudo a um comitê de ética, uma vez que não envolve diretamente seres humanos.

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

A análise dos dados disponíveis revela que a prevalência de transtornos mentais entre a população idosa é alarmante. O envelhecimento é acompanhado por diversas mudanças biopsicossociais, que influenciam diretamente a saúde mental. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2019), cerca de 29,7% dos idosos apresentam algum tipo de transtorno mental comum, como depressão, ansiedade, demências e delirium. Entre as doenças crônicas mais prevalentes, estão a hipertensão arterial, diabetes, e doenças do coração, fatores que podem agravar a saúde mental. (Silva et al., 2021)

A depressão geriátrica, por exemplo, é uma das condições mais prevalentes, afetando entre 7% e 30% dos idosos, dependendo do estudo e da metodologia utilizada (Carvalho et al., 2018). A enfermagem tem um papel vital na triagem e diagnóstico precoce dessa condição. A falta de identificação adequada pode agravar o quadro, especialmente devido ao estigma que envolve os sintomas de depressão em idosos, como cansaço e apatia, muitas vezes interpretados como naturais ao processo de envelhecimento (Gonçalves; Almeida, 2020). Isso indica a necessidade de uma educação continuada e abordagens proativas por parte dos profissionais de enfermagem.

Os transtornos de ansiedade também são comuns entre os idosos. Segundo Santos et al. (2017), as preocupações sobre a saúde, a morte e o futuro tornam essa população particularmente vulnerável. A atuação da enfermagem é crucial para gerenciar esses sintomas, utilizando ferramentas como escuta ativa e suporte emocional para mitigar o impacto da ansiedade na vida dos idosos.

Os transtornos mentais têm um impacto significativo na funcionalidade e na independência dos idosos. No caso da demência, especialmente a Doença de Alzheimer, o comprometimento cognitivo é progressivo, o que leva à perda da capacidade funcional e maior dependência de cuidadores (Souza et al., 2021). Esses fatores tornam os idosos mais suscetíveis ao isolamento social e à deterioração de sua qualidade de vida.

O delirium, uma síndrome neuropsiquiátrica comum em idosos hospitalizados, é uma condição que pode agravar-se devido à hospitalização prolongada e ao uso inadequado de medicamentos. Moura et al. (2020) destacam a importância de estratégias preventivas, como a promoção da mobilidade e o cuidado adequado com o ambiente hospitalar, para evitar a progressão dessa condição.

O papel da enfermagem na promoção da saúde mental dos idosos é multifacetado. A intervenção precoce, a escuta ativa e a construção de um ambiente seguro são fundamentais para garantir o bem-estar psíquico dos idosos. Estudos indicam que a capacitação adequada dos enfermeiros na identificação de sinais precoces de transtornos mentais pode evitar o agravamento das condições. (Souza et al., 2021)

Conforme Leite e Oliveira (2018), o cuidado de enfermagem deve ser pautado em uma abordagem holística, que considere os aspectos físicos, emocionais e sociais dos idosos. A promoção da educação em saúde, tanto para os pacientes quanto para seus familiares, é uma estratégia crucial para melhorar a identificação de sinais de transtornos mentais e facilitar o acesso a tratamentos adequados.

Apesar das políticas públicas voltadas para o cuidado da saúde mental dos idosos, ainda existem barreiras significativas no acesso ao tratamento. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) estabelece diretrizes para a promoção de um envelhecimento saudável, mas muitos idosos ainda enfrentam dificuldades para acessar serviços de saúde mental, especialmente em áreas rurais e comunidades de baixa renda. (Brasil, 2019)

O Programa Viver – Envelhecimento Ativo, instituído pelo governo federal, visa promover a inclusão digital e a participação dos idosos em atividades socioculturais, o que pode contribuir para a melhoria da saúde mental ao reduzir o isolamento social. Contudo, a implementação dessas iniciativas ainda enfrenta desafios relacionados à infraestrutura e à falta de recursos em algumas regiões do país. (Brasil, 2019)

A enfermagem desempenha um papel central nas intervenções voltadas para a saúde mental dos idosos. Nascimento et al. (2019) afirmam que os enfermeiros, devido ao contato direto e contínuo com os idosos, têm a capacidade de identificar sinais precoces de transtornos mentais e implementar intervenções preventivas.

Uma das ferramentas mais utilizadas pela enfermagem é o Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional (IVCF), que avalia o risco de declínio funcional nos idosos. Esse índice permite uma avaliação abrangente da saúde física e mental do paciente, o que facilita a elaboração de um plano de cuidado individualizado e adequado às necessidades do idoso. (Souza et al., 2021)

O acolhimento e a escuta ativa são pilares fundamentais do cuidado de enfermagem para a saúde mental dos idosos. Marin (2018) destaca que a relação de confiança estabelecida entre o enfermeiro e o paciente pode ser decisiva no sucesso do tratamento. Os idosos com transtornos mentais, ao sentirem-se acolhidos e ouvidos, demonstram maior adesão ao tratamento, especialmente no uso correto de medicamentos e na implementação de mudanças no estilo de vida.

A atuação da enfermagem também é influenciada pelas políticas públicas de saúde. A Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa, criada em 2021, tem como objetivo promover a inclusão social e o envelhecimento ativo, garantindo que os idosos tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade (Brasil, 2021). A enfermagem, nesse contexto, atua como facilitadora no acesso a esses serviços, oferecendo suporte emocional e orientações sobre cuidados preventivos.

A implementação de políticas como o Programa Viver – Envelhecimento Ativo é essencial para reduzir o impacto das doenças psicossociais na população idosa. Ao incentivar a participação dos idosos em atividades culturais e educacionais, essas políticas promovem um envelhecimento saudável e contribuem para a melhoria da saúde mental. (Brasil, 2019)

A análise dos resultados demonstra que, embora a enfermagem tenha um papel fundamental na promoção da saúde mental dos idosos, ainda há lacunas a serem preenchidas. A capacitação contínua dos profissionais de enfermagem, especialmente no uso de ferramentas de triagem e avaliação, é essencial para melhorar a qualidade do cuidado.

Além disso, é necessário que as políticas públicas voltadas para a saúde mental dos idosos sejam amplamente implementadas em todo o país, com foco especial em áreas de difícil acesso. Isso pode ser alcançado por meio de parcerias entre o governo, instituições de saúde e a sociedade civil, garantindo que todos os idosos tenham acesso ao cuidado de saúde mental de que necessitam. (Brasil, 2019)

5 CONCLUSÃO

Os resultados apresentados neste estudo indicam que o cuidado de enfermagem desempenha um papel fundamental na promoção da saúde mental dos idosos. A identificação precoce de transtornos mentais, o monitoramento contínuo e a criação de um ambiente acolhedor são estratégias essenciais para garantir a qualidade de vida dessa população.

As políticas públicas implementadas pelo Brasil, como o PNSPI e o Programa Viver, oferecem uma base sólida para o desenvolvimento de ações de enfermagem voltadas à saúde mental dos idosos. No entanto, é necessário um esforço contínuo para capacitar os profissionais de saúde e melhorar a articulação entre os serviços de saúde, a fim de garantir que todos os idosos tenham acesso ao cuidado adequado.

Em resumo, a enfermagem tem uma função vital na promoção do bem-estar psicossocial dos idosos. Estratégias de cuidado individualizado, somadas à atuação em políticas públicas, são essenciais para enfrentar os desafios impostos pelo envelhecimento populacional e garantir que os idosos possam envelhecer de forma ativa e saudável.

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*Acadêmica do curso bacharelado em enfermagem. E-mail: ls0845570@gmail.com.

* Enfermeira, Especialista em Atenção Primária com Ênfase na Estratégia de Saúde da Família, Docente da Unama.E-mail:caroliny.0011@gmail.com.