IMPACT OF EXCESSIVE CONSUMPTION OF RED MEAT ON THE DEVELOPMENT AND PROGRESSION OF CARDIOVASCULAR DISEASES IN ADULTS: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411092010
Alexandra Ferreira Silvestre1
Cynthia Emanuelle Lima Farias Lemos1
Emily Victória Sousa Botelho1
Kássia Verônica Barbosa Lima,1
Livino Monteiro Silvestre Neto1
Maria Clara Soares de Moura1
Maria da Conceição de Albuquerque Cordeiro Serra1
Marina Gabriela dos Santos Carvalho1
Pedro Lucas Alves Albuquerque1
Rafaela Cris na Tavares da Silva1
Renata Fernandes Fialho Cantarelli1
Michelline Lins Silvério2
RESUMO
As doenças cardiovasculares representam uma das principais causas de morte no mundo, contribuindo significa vamente para a morbimortalidade global. Entre os fatores de risco associados a essas condições, o consumo de carne vermelha tem se destacado pela correlação com o aumento de biomarcadores de risco cardiovascular, como colesterol LDL elevado, inflamação crônica e resistência à insulina. O obje vo deste estudo é analisar os efeitos do consumo de carne vermelha no desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares. Para isso, foi realizada uma revisão integra va da literatura, seguindo a metodologia de Mendes, Silveira & Galvão. A busca foi conduzida nas bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) entre setembro e outubro de 2024, u lizando descritores como “Dieta”, “Carne Vermelha” e “Doenças cardiovasculares”. A pesquisa resultou em 376 documentos, dos quais, após aplicação de critérios de inclusão e exclusão, 11 ar gos foram selecionados para a análise final. Os estudos revisados indicam que o consumo elevado de carne vermelha, especialmente a processada, está relacionado ao aumento do risco de aterosclerose e infarto, além de contribuir para a disfunção endotelial e aumento da pressão arterial devido à presença de conservantes como nitritos e nitratos. A subs tuição parcial da carne vermelha por fontes de proteínas vegetais mostrou-se uma abordagem eficaz na redução dos riscos cardiovasculares, promovendo melhorias nos perfis lipídico e inflamatório. A promoção de uma alimentação equilibrada, com menor consumo de carne vermelha e maior ênfase em alimentos vegetais, associada à prá ca regular de a vidade sica, é fundamental para a prevenção das DCV. A implementação de estratégias dieté cas adequadas pode, portanto, representar uma intervenção valiosa para a saúde pública, contribuindo para a redução da morbimortalidade cardiovascular.
Palavras chave: Dieta. Doenças cardiovasculares. Consumo de carne vermelha.
ABSTRACT
Cardiovascular diseases represent one of the leading causes of death worldwide, contribu ng significantly to global morbidity and mortality. Among the associated risk factors, red meat consump on stands out due to its correla on with elevated cardiovascular risk biomarkers, such as high LDL cholesterol, chronic inflamma on, and insulin resistance. This study aims to analyze the effects of red meat consump on on the development and progression of cardiovascular diseases. An integra ve literature review was conducted, following the methodology of Mendes, Silveira & Galvão. The search was performed in the PubMed and Virtual Health Library (VHL) databases between September and October 2024, using descriptors such as “Diet,” “Red Meat,” and “Cardiovascular Diseases.” The search yielded 376 documents, of which 11 ar cles were selected for final analysis a er applying inclusion and exclusion criteria. The reviewed studies indicate that high red meat consump on, especially processed meat, is linked to an increased risk of atherosclerosis and heart a ack, as well as endothelial dysfunc on and elevated blood pressure due to preserva ves like nitrites and nitrates. Par al subs tu on of red meat with plant-based protein sources has proven an effec ve approach in reducing cardiovascular risks, promo ng improvements in lipid and inflammatory profiles. Promo ng a balanced diet, with lower red meat intake and greater emphasis on plant-based foods, along with regular physical ac vity, is essen al for cardiovascular disease preven on. Implemen ng appropriate dietary strategies may thus represent a valuable public health interven on, contribu ng to a reduc on in cardiovascular morbidity and mortality.
Keyword: Diet. Cardiovascular diseases. Red meat consump on.
1. INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são comorbidades que afetam os vasos sanguíneos e o coração, sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo. Elas fazem parte das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que incluem seis principais en dades clínicas: doença coronariana, doença cerebrovascular, doença arterial periférica, doença cardíaca reumá ca, cardiopa a congênita e embolia pulmonar (Ramos, 2014; WHO, 2021).
As DCNT são caracterizadas por múl plas causas e fatores de risco, com uma origem não infecciosa, desenvolvimento ao longo de um período prolongado, e que podem levar a incapacidades sicas (Rouquayrol, 2018). Entre as DCNT, destacam-se a hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM) e obesidade, que são importantes contribuintes para a morbimortalidade associada às doenças cardiovasculares (OPAS, 2023).
Diante desse cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu, em 2005, a Comissão sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS), que classificou esses determinantes em duas categorias: determinantes estruturais, relacionados à posição socioeconômica, como renda, educação, ocupação, classe social, gênero e raça; e determinantes intermediários, que abrangem condições de vida, fatores psicossociais, nutrição, a vidade sica, uso de tabaco e álcool, e acesso aos serviços de saúde (Is lli, 2020). Esses determinantes sociais da saúde estão diretamente ligados ao surgimento e agravamento das DCNT, incluindo as doenças cardiovasculares.
Nesse contexto, o consumo elevado de carne vermelha, carne processada e até mesmo aves tem sido associado a um risco significa vamente maior de doenças cardiovasculares e mortalidade por todas as causas. Essas evidências sugerem que o padrão alimentar, marcado por alto teor de proteínas de origem animal, desempenha um papel fundamental na elevação do risco cardiovascular (Zhong et al. , 2020). Essas conclusões reforçam a importância de promover intervenções preven vas, sobretudo por meio de estratégias nutricionais, visando mi gar a morbimortalidade relacionada às DCV.
A adoção de hábitos alimentares saudáveis e a prá ca regular de a vidades sicas são medidas fundamentais para a prevenção de doenças crônicas, como recomendado por diversos estudos (Rossi, 2019; Cuppari, 2019). Sendo assim, promover mudanças no es lo de vida da população, com ênfase na redução do consumo de carnes processadas e na inclusão de dietas equilibradas, é essencial para melhorar a saúde cardiovascular e reduzir os impactos das DCNT.
Dessa forma, o obje vo desta pesquisa é abordar as consequências do consumo de carne vermelha no desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integra va da literatura, de natureza descri va e abordagem qualita va. O estudo foi construído com base na sequência metodológica proposta por Mendes, Silveira e Galvão (2019), seguindo as seguintes etapas: 1) elaboração da pergunta de pesquisa; 2) busca e seleção de estudos primários; 3) extração de dados; 4) avaliação crí ca dos estudos primários incluídos; 5) síntese dos resultados e 6) apresentação do método. Inicialmente, foi definida a pergunta norteadora: Quais são os efeitos do consumo de carne vermelha no desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares?”.
Na segunda etapa, a busca por ar gos primários foi realizada nas bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), entre os meses de setembro e outubro de 2024. U lizaram-se os descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e os Medical Subject Headings (MeSH): “Dieta”, “Carne Vermelha”, “Doenças cardiovasculares”, “diet”, “diet therapy”, “Red Meat”, “cardiovascular”, “circulatory system” e “cardiovascular diseases”, combinados com os operadores booleanos AND e OR. A estratégia de busca no PubMed foi ” (((diet) or (diet therapy)) AND (Red Meat) AND ((cardiovascular) or (circulatory system)) AND (cardiovascular diseases))”, enquanto no BVS u lizou-se “(Dieta) AND (Carne Vermelha) AND ( Doenças cardiovasculares)”.
A busca inicial resultou em 376 documentos. Aplicaram-se filtros para selecionar apenas ar gos completos, disponíveis na íntegra, nos idiomas português e inglês, com publicações entre 2021 e 2024. Foram encontrados 127 ar gos no PubMed e 24 na BVS, totalizando 151 ar gos. Os critérios de exclusão incluíram publicações com mais de 3 anos, revisões de literatura, ar gos pagos, duplicados, teses, dissertações e trabalhos de conclusão de curso (TCCs).
Seguindo a leitura de tulos e resumos, 31 ar gos foram selecionados para leitura na íntegra. Após uma análise criteriosa, verificando a relevância para a pergunta norteadora, foram man dos 11 ar gos para compor a revisão final, focados em responder à inves gação proposta.
3 . RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os 11 ar gos selecionados para esta revisão estão apresentados na Tabela 1. As publicações distribuem-se entre os anos de 2021 (9%), 2022 (9%), 2023 (55%) e 2024 (27%).
Em relação à origem, os ar gos são provenientes dos seguintes países: Estados Unidos (64%), Reino Unido (18%), Irã (9%) e China (9%). A Tabela 1 fornece os detalhes de cada estudo.
Tabela 1 – Dados referentes ao ano, autores e país do estudo, tulo e obje vos dos ar gos selecionados
Ano | Autores e país do estudo | Título | Obje vo do trabalho |
2021 | Bha acharya R. et al ., Estados Unidos. | Associa on of Diet Quality With Prevalence of Clonal Hematopoiesis and Adverse Cardiovascular Events | Inves gar a associação entre a qualidade da dieta e a prevalência de hematopoiese clonal de potencial indetermina do (CHIP), e analisar a relação entre a CHIP e eventos cardiovasculares adversos |
2022 | Buffa J.A. et al ., Estados Unidos. | The microbial gbu gene cluster links cardiovascular disease risk associated with red meat consump on to microbiota L-carni ne catabolism | Explorar a relação entre o consumo de carne vermelha e o risco cardiovascular mediado pelo metabolismo microbiano de L-carni na, iden ficando o papel do cluster de genes gbu nas bactérias intes nais e sua contribuição à formação de TMAO. |
2023 | Dong X. et al ., Reino Unido. | Unprocessed Red Meat and Processed Meat Consump on, Plasma Metabolome, and Risk of Ischemic Heart Disease | Examinar a relação entre o consumo de carne vermelha processada e não processada com o perfil metabolômico plasmá co e o risco de doença cardíaca isquêmica e iden ficar metabólitos associados ao risco de IHD. |
2023 | Fan B. et al ., Reino Unido. | Explora on of Metabolic Biomarkers Linking Red Meat Consump on to Ischemic Heart Disease Mortality in the UK Biobank | Iden ficar biomarcadores metabólicos relacionados ao consumo de carne vermelha e à mortalidade por doença cardíaca isquêmica. |
2023 | Farsi D.N. et al ., Reino Unido. | Effects of subs tu ng red and processed meat for mycoprotein on biomarkers of cardiovascular risk | Avaliar o impacto da subs tuição de carne vermelha e processada por micoproteína em biomarcadores de risco cardiovascular em indivíduos saudáveis. |
2023 | Shoaibinobarian N. et al ., Irã. | The Associa on between DASH Diet Adherence and Cardiovascular Risk Factors | Avaliar a associação entre a adesão à dieta DASH e fatores de risco cardiovascular em adultos iranianos, e determinar o impacto da adesão a essa dieta na redução do risco cardiovascular. |
2023 | Sun X. et al ., China. | Red Meat Consump on and Risk of Cardio-Cerebrovascu lar Disease in Chinese Older Adults | Analisar a associação entre o consumo de carne vermelha e o risco de doenças cardiocerebrovasculares em adultos mais velhos chineses, avaliando o impacto do consumo de carne na incidência de doenças cardíacas, derrames e outras condições vasculares. |
2023 | Shah R.V. et al ., Estados Unidos. | Dietary metabolic signatures and cardiometabolic risk | Iden ficar assinaturas metabólicas associadas a padrões alimentares específicos e seu impacto no risco cardiometabólico. |
2024 | Kennedy J. et al ., Estados Unidos. | Es mated effects of reduc ons in processed meat consump on and unprocessed red meat on health outcomes | Es mar os impactos da redução no consumo de carnes processadas e não processadas sobre a incidência de diabetes po 2, doenças cardiovasculares, câncer colorretal e mortalidade nos Estados Unidos, u lizando um modelo de microssimulação baseado em dados populacionais. |
2024 | Piacquadio K.A. et al ., Estados Unidos. | Higher Expression of miR-15b-5p with Inclusion of Fresh, Lean Beef as Part of a Healthy Dietary Pa ern | Examinar o impacto do consumo de carne bovina dentro de uma dieta saudável na expressão do microRNA miR-15b-5p |
2024 | Hill E.R. et al ., Estados Unidos. | Healthy Dietary Pa erns with and without Meat Improved Cardiometabolic Disease Risk Factors in Adults: A Randomized Crossover Controlled Feeding Trial | Avaliar os efeitos de padrões alimentares saudáveis dos Estados Unidos, com e sem carne, na melhora de fatores de risco cardiometabólicos |
Fonte: produção autoral, 2024.
Os ar gos selecionados para o desenvolvimento deste estudo foram organizados em tópicos de acordo com a discussão de temas semelhantes
3.1. Impactos metabólicos do consumo de carne vermelha
3.1.1 Aumento dos Níveis de Lipídios no Sangue
O consumo regular de carne vermelha está associado a um aumento substancial dos níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), comumente conhecido como colesterol “ruim”. O acúmulo excessivo de LDL no sangue leva ao estreitamento das artérias e ao desenvolvimento de aterosclerose, uma das principais causas de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (Dong et al., 2024). Conforme Bha acharya et al. (2024) demonstraram, o consumo elevado de ácidos graxos saturados, que são abundantes na carne vermelha, resulta em um aumento direto dos níveis de LDL, o que acelera o processo de endurecimento arterial e contribui para o risco cardiovascular.
Adicionalmente, Buffa et al. (2024) ressaltam que o consumo de carne vermelha não apenas eleva os níveis de colesterol LDL, mas também promove um ambiente inflamatório no corpo, exacerbando o estresse oxida vo e danificando o endotélio, a camada interna das artérias. Esse processo inflamatório crônico intensifica o acúmulo de placas nas artérias, tornando o sistema cardiovascular mais vulnerável a eventos como infarto e AVC. Esse impacto é par cularmente acentuado no caso de carne processada, que contém adi vos químicos e altos níveis de sódio.
3.1.2. Risco de Diabetes Tipo 2 e Resistência à Insulina
Outro aspecto crucial relacionado ao consumo excessivo de carne vermelha é seu impacto nega vo sobre o metabolismo da glicose e o aumento da resistência à insulina. Pesquisas sugerem que o consumo regular de carne vermelha processada está fortemente associado ao aumento do risco de diabetes po 2, um dos principais fatores de risco independentes para DCV (Buffa et al., 2024). Dong et al. (2024) indicam que dietas ricas em carne vermelha, especialmente processada, afetam nega vamente a capacidade do corpo de regular os níveis de glicose, aumentando a resistência à insulina.
Fan et al. (2024) complementam que essa resistência à insulina está diretamente relacionada ao aumento do risco cardiovascular, uma vez que a incapacidade do corpo de processar adequadamente a glicose leva ao aumento de níveis de açúcar no sangue, o que, por sua vez, agrava os danos às artérias e aumenta a probabilidade de eventos cardiovasculares adversos. O consumo elevado de carne vermelha, portanto, cria um ciclo metabólico prejudicial, onde a resistência à insulina e o aumento do colesterol LDL se combinam para aumentar os riscos cardiovasculares.
3.1.3 . Inflamação Crônica e Doenças Cardiovasculares
A inflamação crônica é outro fator essencial na ligação entre o consumo de carne vermelha e as doenças cardiovasculares. A ingestão frequente de carnes processadas, que contêm conservantes como nitritos e nitratos, induz uma resposta inflamatória constante no organismo. Esse processo inflamatório acelera o desenvolvimento da aterosclerose, pois facilita o acúmulo de colesterol nas paredes arteriais e promove a rigidez dos vasos sanguíneos (Farsi et al., 2024) .
Essa inflamação crônica também pode afetar nega vamente o metabolismo de glicose, agravando a resistência à insulina e aumentando os níveis de glicose no sangue, o que eleva o risco de diabetes po 2 e, consequentemente, de doenças cardiovasculares. Dessa forma, o consumo excessivo de carne vermelha cria um ambiente propício para o desenvolvimento de doenças metabólicas e inflamatórias, todas ligadas ao aumento do risco de DCV (Shoaibinobarian et al., 2 024).
3.1.4. Diferenças entre Carne Processada e Não Processada
Os efeitos adversos do consumo de carne vermelha podem variar dependendo de como essa carne é processada. Sun et al. (2024) destacam que o consumo de carne vermelha processada, que é mais rica em sódio e adi vos prejudiciais, está fortemente ligado a um aumento nos níveis de pressão arterial, outro fator de risco significa vo para doenças cardiovasculares. Estudos mostram que o alto consumo de carne processada eleva significa vamente os níveis de sódio no corpo, o que resulta em uma maior retenção de líquidos e aumento da pressão sanguínea, sobrecarregando o coração (Buffa et al., 2024; Farsi et al., 2024).
Por outro lado, embora a carne vermelha não processada seja geralmente considerada menos prejudicial, quando consumida em grandes quan dades, ainda representa um risco significa vo para a saúde cardiovascular. O alto teor de ácidos graxos saturados encontrado nas carnes vermelhas não processadas pode levar ao aumento dos níveis de LDL e ao agravamento do perfil lipídico geral, elevando o risco de DCV (Shah et al., 2024).
3.1.5. Padrões Alimentares Saudáveis e Redução do Risco de DCV
A adoção de padrões alimentares mais saudáveis, com menor consumo de carne vermelha, pode oferecer bene cios consideráveis para a saúde cardiovascular. Dietas baseadas em vegetais, com baixo teor de carne vermelha, são eficazes na redução dos níveis de colesterol LDL e na melhora da pressão arterial, ambos fatores cruciais na prevenção de doenças cardíacas (Kennedy et al., 2024) .
A subs tuição de carne vermelha por fontes de proteína vegetal ou peixe, como na dieta mediterrânea, resulta em uma diminuição significa va do risco de eventos cardiovasculares. Esse padrão alimentar, que enfa za o consumo de frutas, vegetais, nozes, e azeite, tem sido amplamente recomendado como uma abordagem eficaz para a proteção cardiovascular a longo prazo (Piacquadio et al., 2024).
Hill et al. (2024) conduziram um estudo que envolveu adultos com sobrepeso ou obesidade, demonstrando que a adoção de uma dieta com menor consumo de carne vermelha resultou em melhorias nos níveis de colesterol, glicose e pressão arterial. Esses resultados reforçam a importância de uma abordagem dieté ca que minimize o consumo de carne vermelha em prol de uma dieta rica em vegetais e alimentos integrais para a redução do risco cardiovascular.
3.2. Biomarcadores como indicadores de risco cardiovascular
3.2.1 Biomarcadores Lipídicos
Os biomarcadores lipídicos são amplamente usados para monitorar a saúde cardiovascular e incluem medidas como colesterol LDL, colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade) e triglicerídeos (Sun et al. , 2024). O LDL é um dos principais biomarcadores de risco para aterosclerose, pois facilita o acúmulo de placas nas paredes arteriais. Conforme, o consumo excessivo de carne vermelha, rica em ácidos graxos saturados, aumenta os níveis de LDL, o que intensifica o risco de obstrução arterial e, consequentemente, de DCV (Bha acharya et al., 2024).
Além disso, níveis elevados de triglicerídeos são outro fator de risco que está diretamente ligado ao consumo de carnes processadas. Dietas ricas em carne vermelha elevam os triglicerídeos, que em conjunto com o colesterol LDL, aumentam significa vamente o risco de disfunção endotelial, contribuindo para o enrijecimento das artérias (Buffa et al., 2024) .
Por outro lado, o colesterol HDL é considerado cardioprotetor, pois ajuda a remover o excesso de colesterol das artérias. O consumo excessivo de carne vermelha, no entanto, tem sido relacionado a uma diminuição nos níveis de HDL (Kennedy et al., 2024). A combinação de níveis elevados de LDL e triglicerídeos, junto com níveis baixos de HDL, cria um perfil lipídico altamente aterogênico, aumentando as chances de eventos cardiovasculares adversos (Farsi et al., 2024) .
3.2.2. Biomarcadores Inflamatórios
Os mediadores inflamatórios, como a proteína C-rea va (PCR), são biomarcadores importantes que indicam a presença de inflamação no corpo, um fator chave na progressão das doenças cardiovasculares (Hill et al., 2024). Farsi et al. (2024) sugerem que o consumo excessivo de carne vermelha, par cularmente processada, eleva significa vamente os níveis de PCR, sinalizando inflamação sistêmica. Essa inflamação crônica contribui diretamente para a progressão da aterosclerose, pois facilita o acúmulo de lipídios nas paredes arteriais.
Além da PCR, outros biomarcadores inflamatórios, como interleucinas e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), também aumentam em resposta ao consumo elevado de carne vermelha (Piacquadio et al., 2024). Essa inflamação prolongada danifica as paredes arteriais e agrava as condições metabólicas, criando um ciclo de inflamação e disfunção cardiovascular. Essa inflamação crônica acelera o processo de calcificação arterial, levando ao aumento da pressão arterial e rigidez dos vasos, fatores de risco importantes para doenças cardíacas (Shoaibinobarian et al., 2024).
4. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise do impacto do consumo excessivo de carne vermelha na saúde cardiovascular revela uma correlação significa va entre a ingestão elevada deste alimento e o aumento do risco de desenvolvimento DCVs em adultos. Estudos epidemiológicos demonstram que dietas ricas em carne vermelha, especialmente em suas formas processadas, estão associadas a níveis elevados de lipídios plasmá cos, hipertensão, inflamação sistêmica e resistência à insulina, fatores que contribuem para o aparecimento de condições como aterosclerose e infarto do miocárdio.
Além disso, a presença de compostos como nitratos e nitritos em carnes processadas tem sido implicada na geração de subprodutos tóxicos que podem danificar os vasos sanguíneos e promover processos inflamatórios. Por outro lado, o aumento da ingestão de proteínas vegetais e alimentos ricos em fibras, como frutas, vegetais e grãos integrais, foi associado à redução do risco cardiovascular, sugerindo que a subs tuição parcial da carne vermelha por fontes de proteína de origem vegetal pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a saúde cardiovascular.
Portanto, recomenda-se que adultos adotem uma abordagem dieté ca equilibrada, limitando o consumo de carne vermelha e priorizando alimentos ricos em nutrientes e an oxidantes. Essa mudança pode não apenas auxiliar na redução do risco de DCVs, mas também promover uma saúde geral mais robusta. As diretrizes dieté cas devem enfa zar a importância de uma alimentação diversificada, levando em conta as evidências cien ficas que destacam os potenciais riscos do consumo excessivo de carne vermelha.
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1. Discente, Faculdade de Ciências Médicas AFYA, Jaboatão dos Guararapes-PE, Brasil.
2. Doutora, Docente da Faculdade de Ciências Médicas AFYA, Jaboatão dos Guararapes-PE, Brasil.