REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411072142
Ianne Mota Silva
Jadielma Maria Oliveira
Maria Izabel Sales Pereira
Orientador(a): Prof. (a) Cíntia Melo.
RESUMO
Introdução: A primeira infância é um período crucial para o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades motoras, cognitivas e sociais, que são fundamentais para a independência funcional e a evolução infantil adequada. No entanto, a exposição prolongada e excessiva a tecnologias digitais entre crianças nessa faixa etária tornou-se cada vez mais comum, levantando questionamentos importantes sobre os possíveis efeitos negativos que o aumento do tempo de exposição à tela pode gerar no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças. Objetivos: Investigar como o uso excessivo de dispositivos digitais pode impactar negativamente o desenvolvimento neuromotor na primeira infância. Metodologia: Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura, conduzida nas bases de dados PubMed, SciELO e BVS, incluindo artigos publicados nos últimos 5 anos. A seleção dos estudos foi realizada em três etapas: triagem dos títulos, leitura dos resumos e leitura completa dos artigos selecionados. Resultados e discussão: Os resultados indicam que exceder uma hora diária de tela pode causar prejuízos no desenvolvimento motor, cognitivo e social infantil, além de aumentar o risco para Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) e afetar negativamente a comunicação e habilidades da vida diária. Considerações finais: O uso prolongado de telas em crianças menores de 5 anos afeta o desenvolvimento motor, cognitivo e social, destacando-se a importância de orientar pais e cuidadores sobre o uso moderado de dispositivos eletrônicos e incentivar atividades que promovam o desenvolvimento infantil saudável.
Palavras-Chave: Tempo de Tela; Primeira Infância; Desenvolvimento Infantil; Habilidades Motoras.
ABSTRACT
Introduction: Early childhood is a crucial period for the development and improvement of motor, cognitive, and social skills, which are fundamental for functional independence and adequate child development. However, prolonged and excessive exposure to digital technologies among children in this age group has become increasingly common, raising important questions about the possible negative effects that increased screen time can have on children’s motor and cognitive development. Objectives: Investigate how excessive use of digital devices can negatively impact neuromotor development in early childhood. Methodology: This is an Integrative Literature Review, conducted in the PubMed, SciELO, and BVS databases, including articles published in the last 5 years. The selection of studies was carried out in three stages: screening of titles, reading of abstracts, and full reading of the selected articles. Results and discussion: The results indicate that exceeding one hour of screen time per day can cause impairments in children’s motor, cognitive, and social development, in addition to increasing the risk for Developmental Coordination Disorder (DCD) and affecting improvements in communication and daily life skills. Final considerations: Prolonged use of screens in children under 6 years of age is related to motor, cognitive and social development, highlighting the importance of guiding parents and caregivers on the moderate use of electronic devices and encouraging activities that promote healthy child development.
Keywords: Screen Time; Early Childhood; Child Development; Motor Skills.
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, a utilização da tecnologia tornou-se cada vez mais comum, especialmente entre as crianças na primeira infância. Embora a tecnologia ofereça benefícios, como atividades educacionais, lúdicas e na interação a longa distância, seu uso excessivo levanta preocupações, principalmente em relação ao desenvolvimento motor infantil (Vita et al., 2023). As atividades motoras básicas, como correr, pular e manipular objetos, dependem de estímulos motores essenciais para o crescimento saudável e para o aprimoramento das habilidades mais complexas ao longo da vida (Blanck et al., 2019).
O desenvolvimento neuromotor típico é o processo em que a criança desenvolve habilidades motoras de forma gradual, seguindo a maturação e desenvolvimento do sistema nervoso, que começa no nascimento e continua pelos primeiros anos de vida, com marcos importantes como rolar, sentar, engatinhar e caminhar. (Delgado et al., 2020). Esse processo, que ocorre de forma contínua e segue os padrões céfalo-caudal e proximal-distal, é influenciado pela mielinização e pela formação de circuitos neurais, permitindo a coordenação das habilidades motoras à medida que o sistema nervoso central amadurece (Cavalheiro, 2022).
De acordo com a American Academy of Pediatrics (AAP, 2020) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2019), crianças menores de dois anos não devem ser expostas a telas e, para crianças de 2 a 5 anos, o uso diário deve ser limitado a uma hora. No entanto, nos últimos anos, o uso de telas tem sido introduzido de forma precoce na rotina das crianças, impulsionado pela crescente acessibilidade a dispositivos como tablets e smartphones. Esse fácil acesso tem contribuído para um aumento preocupante na frequência de uso, representando um desafio para pais e cuidadores, que precisam lidar com os impactos negativos do uso excessivo de telas na saúde e no desenvolvimento infantil (Nobre et al., 2021).
Além disso, houve um aumento significativo do uso de telas durante o período de isolamento social causado pela pandemia da COVID-19. Com o fechamento de espaços de recreação, muitas crianças passaram menos tempo envolvidas em atividades físicas e interações presenciais (Aguilar-Farias et al, 2021). No entanto, as crianças que mantiveram o acesso a brincadeiras e brinquedos físicos apresentaram menos alterações comportamentais, enquanto aquelas expostas por mais tempo a dispositivos digitais enfrentaram maiores desafios nesse aspecto (Jaúregui et al., 2021).
Estudos sugerem uma associação entre tempo prolongado de telas a um desempenho motor negativamente afetado, abrangendo habilidades motoras grossas, motoras finas e de equilíbrio, devido à baixa estimulação motora e à redução na prática de atividades físicas (Geng et al., 2023). Outros autores também destacam que crianças expostas a dispositivos eletrônicos apresentam pior desempenho em relação à destreza manual, habilidade associada a padrões motores finos, utilizados em atividades como desenhar e escrever (Webster et al., 2019).
No âmbito cognitivo, a exposição precoce às telas está relacionada a menores habilidades cognitivas, de resolução de problemas e a um pior desempenho acadêmico nos anos subsequentes (Muppalla et al., 2023). O uso excessivo de telas na primeira infância também pode impactar o desenvolvimento socioemocional e comportamental das crianças, resultando em comportamentos de oposição, reatividade e violência com seus cuidadores (Rocha et al., 2021). Além disso, pode gerar um aumento de ansiedade, transtorno de déficit de atenção e distúrbios do sono associados ao tempo excessivo de telas (Priftis & Panagiotakis, 2023).
No que diz respeito à comunicação, um maior tempo de uso de telas está associado a menores habilidades de linguagem em crianças, pois limita as interações com outras crianças e cuidadores, fundamentais para o desenvolvimento da linguagem (Takahashi et al., 2023; Madigan et al., 2020). Esses achados apontam a necessidade de reavaliar e regular o tempo de exposição das crianças a telas, buscando promover um desenvolvimento motor, cognitivo e socioemocional mais saudável e pleno.
Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa é investigar como o uso excessivo de dispositivos digitais pode impactar negativamente o desenvolvimento neuromotor na primeira infância, período fundamental para a aquisição de habilidades essenciais ao desenvolvimento integral da criança. Visando conscientizar pais, educadores e profissionais de saúde sobre a importância do uso equilibrado de tecnologia para as crianças, destacando a necessidade de preservar e estimular habilidades motoras nessa fase crucial.
METODOLOGIA
O presente estudo é de uma Revisão Integrativa de Literatura, realizada durante os meses de agosto e setembro de 2024, com o objetivo de consolidar artigos que integram dados sobre o uso excessivo de telas e o atraso no desenvolvimento neuromotor em crianças na primeira infância. A pesquisa foi conduzida nas bases de dados eletrônicas PubMed (National Library of Medicine), SciELO (Scientific Electronic Library Online) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde).Foram incluídos nesta revisão artigos publicados nos últimos 5 anos, ou seja, entre 2019 e 2024.
Inicialmente, foram realizados levantamentos dos descritores a partir de consultas ao DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e ao MeSH (Medical Subject Headings), avaliando os descritores em português e inglês, respectivamente. Na busca por artigos, foram utilizados operadores booleanos “AND” e “OR” nas bases de dados. Os descritores utilizados na busca foram Screen Time, Tempo de Tela, Early Childhood, Child Development, Desenvolvimento Infantile Motor Skills.
A identificação e seleção dos estudos foi realizada em três etapas. A primeira etapa consistiu na triagem dos títulos; a segunda, na leitura dos resumos; e a terceira, na leitura completa dos artigos selecionados. Artigos repetidos nas bases de dados, revisões, resumos, resenhas, teses e artigos indisponíveis na íntegra foram descartados. Os dados dos estudos foram extraídos usando uma tabela que incluía as seguintes informações: título do estudo, autor e ano, tipo de estudo, objetivo, amostra e resultados.
Figura 1 – Fluxograma do processo de busca, triagem e inclusão de artigos para revisão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o processo de busca e triagem dos estudos, como mostra a Figura 1, 7 estudos foram incluídos para análise sobre a relação entre o excesso de telas com o atraso no desenvolvimento neuromotor na primeira infância. Os dados coletados foram organizados na Tabela 1 para facilitar a análise e comparação dos resultados de cada autor sobre o tema em questão.
Tabela 1 – Detalhamento dos estudos para análise.
Título | Autor\Ano | Tipo de Estudo | Objetivo | Amostra | Resultados |
Association between screen time and suspected developmental coordination disorder in preschoolers: A national population- based study in China. | Geng et al. (2023) | Estudo de Coorte Retrospectivo | Investigar a potencial associação entre a exposição excessiva à tela e suspeita de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação em pré-escolares chineses. | 126.443 crianças entre 3 a 5 anos de idade. | Um tempo de telas diário prolongado durante a semana e fins de semana foi associado a um aumento do risco de TDC e a um desempenho motor negativamente afetado. |
Association between screen-based media use and brain White matter integrity in preschool-aged children. | Hutton et al. (2019) | Estudo Transversal | Investigar as associações entre o uso de telas e a integridade dos tratos da substância branca do cérebro em crianças em idade pré-escolar. | 47 crianças de 3 a 5 anos. | O uso excessivo de telas, baseado nas diretrizes da AAP, foi associado a uma menor integridade microestrutural dos tratos da substância branca do cérebro. |
Screen Time at age 1 Year and Communication and Problem-Solving Developmental Delay at 2 and 4 Years. | Takashi et al. (2023) | Estudo de Coorte | Examinar a associação entre a exposição ao tempo de tela entre crianças de 1 ano e os 5 domínios de atraso no desenvolvimento (comunicação, motricidade grossa, motricidade fina, resolução de problemas e habilidades pessoais e sociais) aos 2 e 4 anos de idade. | 7.097 crianças entre 2 e 4 anos. | Neste estudo, o maior tempo de tela para crianças de 1 ano foi associado a atrasos no desenvolvimento da comunicação e resolução de problemas aos 2 e 4 anos. |
Screen Time and Developmental Performance Among Children at 1-3 Years of Age in the | Yamamoto et al. (2023) | Estudo de Coorte Longitudinal | Investigar a associação entre o tempo de tela de TV/DVD e o desempenho em testes de desenvolvimento | 57.980 crianças de 1 a 3 anos. | Um maior tempo de telas de TV e DVD foi associado a um menor |
Japan Environment and Children’s Study. | em crianças de 1 a 3 anos. | desempenho em crianças nos domínios motor grosso, motor fino, pessoalsocial e de comunicação. | |||
A Network Perspective on the Relationship between Screen Time, Executive Function, and Fundamental Motor Skills among Preschoolers. | Martins et al. (2020) | Estudo Transversal | Avaliar as associações entre a conformidade com a recomendação de tempo de tela, função executiva e habilidades motoras fundamentais em préescolares. | 42 crianças de 3 a 5 anos. | Os resultados demonstram que a baixa adesão às recomendações de tempo de tela afeta habilidades motoras e tarefas relacionadas as funções executivas. |
Outdoor Play as a Mitigating Factor in the Association Between Screen Time for Young Children and Neurodevelopmental Outcomes. | Sugiyama et al. (2023) | Estudo de coorte | Investigar se o maior tempo de tela aos 2 anos de idade está associado a prejuízos no neurodesenvolvimento aos 4 anos e se essa associação é mediada pela frequência de brincadeiras ao ar livre. | 885 crianças entre 2 e 4 anos. | Um maior tempo de tela aos 2 anos foi associado a menores habilidades de comunicação e habilidades de vida diária aos 4 anos. Contudo, a frequência de brincadeiras ao ar livre diminuiu o impacto negativo das telas. |
Fundamental motor skills, screen-time, and physical activity in preschoolers. | Webster et al. (2019) | Estudo Transversal | Examinar as associações entre tempo de tela e habilidades motoras fundamentais de crianças em idade préescolar. | 126 crianças de 3 e 4 anos. | O excesso de tempo de tela das crianças estava relacionado ao comprometimento das habilidades de destreza manual. |
Essa discussão foi construída com base na análise de estudos que consideram os seguintes critérios: publicações dos últimos cinco anos, estudos com crianças na primeira infância e pesquisas que abordam o impacto do uso de telas no desenvolvimento infantil. Entre os artigos analisados, a maioria empregou como metodologia estudos transversais e de coorte, com amostras compostas por crianças de até 5 anos. Os resultados convergem, indicando que o tempo excessivo de tela está associado a prejuízos nas habilidades motoras, cognitivas e sociais, demonstrando a necessidade de conscientizar pais e cuidadores sobre a importância de limitar o uso desses dispositivos e incentivar atividades motoras e sociais para um desenvolvimento saudável.
De acordo com Geng et al. (2023), exceder o limite de uma hora diária de exposição a telas, recomendado pela OMS, está associado a prejuízos no desenvolvimento motor, incluindo motricidade grossa, motricidade fina e equilíbrio, além de representar um fator de risco significativo para o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC). Hutton et al. (2019), complementam esses achados ao destacar que o uso excessivo de telas está relacionado a uma menor integridade microestrutural nos tratos da substância branca do cérebro e está ligada a níveis mais baixos de BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), uma proteína essencial para a plasticidade cerebral e o desenvolvimento saudável das funções motoras e cognitivas.
Da mesma forma, Yamamoto et al. (2023), em um estudo realizado com crianças de 1 a 3 anos, utilizando o ASQ (Ages and Stages Questionnaires), instrumento de triagem que avalia o desenvolvimento infantil nos domínios de comunicação, motricidade grossa, motricidade fina, resolução de problemas e habilidades pessoais e socias em crianças, observaram que o excesso de telas aos 2 anos está associado a um pior desenvolvimento motor e social aos 3 anos, pois reduz as oportunidades para atividades físicas e interações sociais, essenciais para o desenvolvimento nessas áreas.
Além disso, os autores identificaram uma associação bidirecional entre tempo de tela e comunicação, ou seja, mais tempo em telas pode ser prejudicial o desenvolvimento da comunicação, e dificuldades na comunicação podem levar ao aumento do uso de telas, possivelmente porque a criança evita interações sociais e busca atividades mais passivas e pouco desafiadoras. No entanto, práticas como ler frequentemente para a criança, frequentar a creche e conviver com irmãos mais velhos foram associadas a maiores pontuações de desenvolvimento e menor tempo de tela (Yamamoto et al., 2023).
De maneira semelhante, Takahashi et al. (2023), utilizando o ASQ (Ages and Stages Questionnaires) em uma amostra de 7.097 crianças de 1 ano, observaram atrasos no desenvolvimento da comunicação e resolução de problemas entre 2 e 4 anos. No entanto, os autores sugerem que o impacto do tempo de tela pode variar de acordo com o conteúdo dos programas assistidos, considerando que programas educacionais podem contribuir para o aprimoramento das capacidades linguísticas.
Destacando-se a importância de pesquisas futuras que comparem o impacto do tempo de tela com enfoque educacional e uso passivo de telas para identificar tanto os aspectos positivos quanto negativos para o desenvolvimento da linguagem e das habilidades de resolução de problemas na infância. Programas de caráter educacional, interativos e voltados ao desenvolvimento infantil podem oferecer estímulos linguísticos e cognitivos. Porém, o uso excessivo de tela com conteúdos passivos e sem interação pode limitar oportunidades de brincadeiras e interação sociais, fundamentais para o desenvolvimento da criança.
Ainda sobre a relação entre o tempo de tela e habilidades motoras, alguns estudos utilizando o TGMD (Test of Gross Motor Development), para investigar uma associação entre o tempo de tela e o desempenho em habilidades motoras fundamentais, mostraram resultados divergentes. Enquanto Martins et al. (2020) identificaram um efeito prejudicial significativo das telas no desempenho motor das crianças, os autores Webster et al. (2019) não encontraram uma relação entre o tempo de tela e um impacto negativo das habilidades motoras fundamentais, exceto em relação à destreza manual.
Essa contradição pode ser atribuída ao tamanho reduzido da amostra utilizada por Martins et al. (2020), que consistiu em um grupo específico de baixa renda, representando um fator limitante para o estudo. Além disso, diferenças como idade, nível econômico e nível de atividade física das crianças avaliadas pelo TGMD podem influenciar nos resultados. Portanto, pesquisas futuras são necessárias para investigar se o excesso de tempo em telas durante a primeira infância impacta as habilidades motoras fundamentais em crianças nessa faixa etária.
Por fim, o estudo realizado por Sugiyama et al. (2023) indicou que o tempo de tela excessivo aos 2 anos pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades de comunicação e habilidades de vida diária, como comer e vestir-se sozinho, aos 4 anos. No entanto, os resultados mostraram que brincadeiras ao ar livre ajudam a diminuir o impacto negativo sobre as habilidades de vida diária e mostrou-se associada a melhores habilidades sociais. Nesse contexto, é importante compreender o papel das brincadeiras ao ar livre para o desenvolvimento de estratégias de intervenção eficazes, pois podem ajudar a reduzir o impacto negativo do tempo de tela e promover um desenvolvimento infantil mais saudável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo investigar como o uso excessivo de dispositivos digitais pode impactar negativamente o desenvolvimento neuromotor na primeira infância. As evidências apontam que a exposição em excesso a dispositivos eletrônicos por crianças menores de seis anos pode estar associada a atrasos no desenvolvimento de habilidades motoras grossas e motoras finas, além de impactar negativamente o desenvolvimento cognitivo e social. Esses achados pertencem a literatura recente, que destaca os efeitos adversos do tempo de telas durante a fase mais crítica do desenvolvimento infantil.
Diante dos resultados, destaca-se a importância de orientar pais e cuidadores sobre o uso moderado de dispositivos eletrônicos, bem como incentivar brincadeiras ao ar livre, que favorecem o desenvolvimento motor, como também a prática de atividades físicas e o engajamento em jogos que estimulam o movimento. Além disso, interações sociais com outras crianças revelam-se essenciais para o desenvolvimento da comunicação e das habilidades socioemocionais.
Dessa forma, esse estudo contribui para a conscientização sobre os riscos do uso inadequado da tecnologia e seu impacto negativo no desenvolvimento saudável das crianças. Reforçando a necessidade de equilibrar o uso de telas com práticas que promovam o desenvolvimento neuromotor saudável. Espera-se que os resultados apresentados contribuam com a elaboração de estratégias preventivas mais eficazes, orientando novas pesquisas e intervenções voltadas à promoção de um desenvolvimento infantil pleno e equilibrado.
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