BREASTFEEDING VERSUS ARTIFICIAL BREASTFEEDING AND THEIR INFLUENCE ON CHILDHOOD OBESITY: ANALYSIS OF RECORDS.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411071214
Manuela Alberguini Perina1
Maria Clara Barbosa Teixeira2
Munique Antonella Siani Cardoso3
Renata Isabel de Sousa Carmim Gonçalves4
Professor/Orientador: Mrs Elierson Rocha5
Resumo
A obesidade infantil tem se tornado uma preocupação crescente no mundo todo, impulsionada por práticas alimentares inadequadas desde os primeiros anos de vida, como pela utilização de fórmulas lácteas e por conta da baixa taxa de aleitamento materno exclusivo. Diversos estudos mostram que a amamentação pode reduzir significativamente o risco de obesidade, com seus benefícios aumentando quanto maior for a duração. Este estudo busca entender como a alimentação nos primeiros dois anos de vida impacta a prevalência de obesidade infantil, utilizando o Índice de Massa Corporal (IMC) e o escore z pediátrico, como parâmetros de avaliação nutricional. A pesquisa foi realizada na clínica de pediatria do Centro Universitário São Lucas, em Porto Velho/Rondônia, analisando prontuários de crianças de 2 a 6 anos entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023. Após a aprovação ética, foram coletados 1391 prontuários, dos quais 834 foram avaliados e esses dados foram organizados em planilhas e analisados estatisticamente, 557 prontuários foram excluídos por apresentar algum dos critérios de exclusão indicados na pesquisa. Entre as crianças participantes desse estudo e com risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade, o aleitamento materno exclusivo mostrou-se protetor ao comparar com outras formas de alimentação. Esses achados ressaltam a importância da amamentação na prevenção do excesso de peso na infância, corroborando a literatura existente.
Palavras-chave: Amamentação. Aleitamento materno exclusivo. Obesidade infantil.
1. INTRODUÇÃO
A obesidade infantil é um problema de saúde pública de proporções globais, que têm se intensificado de forma alarmante nas últimas décadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2022, 37 milhões de crianças menores de cinco anos estavam acima do peso, refletindo um aumento expressivo que afeta tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento (OMS, 2024). O cenário no Brasil não é diferente, onde o aumento das taxas de sobrepeso e obesidade entre crianças de 5 a 9 anos mais que triplicou nas últimas décadas, evidenciando um problema grave que demanda atenção imediata (Crescente et al., 2021).
Entre os principais fatores que contribuem para essa epidemia estão as práticas alimentares inadequadas nos primeiros anos de vida, especialmente a introdução precoce de alimentos ultraprocessados e a baixa prevalência de aleitamento materno exclusivo até os seis meses. O aleitamento materno é amplamente reconhecido como uma prática essencial para a promoção da saúde infantil e prevenção de doenças crônicas. Segundo a UNICEF, se todas as crianças fossem amamentadas exclusivamente até os seis meses de vida, mais de 820 mil vidas poderiam ser salvas anualmente (UNICEF,2018). O leite materno não só oferece os nutrientes necessários para o desenvolvimento infantil, mas também contém fatores imunológicos e bioativos que ajudam a regular o metabolismo e a formação de uma microbiota intestinal saudável, essenciais para a prevenção da obesidade infantil e de outras doenças metabólicas (Victora et al., 2016).
Estudos longitudinais e meta-análises reforçam que a amamentação exclusiva está associada a um menor risco de obesidade infantil (Yan et al.,2014), em uma meta-análise abrangente, identificaram que crianças que foram amamentadas exclusivamente por pelo menos seis meses apresentaram um risco significativamente menor de desenvolver obesidade em comparação com aquelas que receberam fórmulas ou alimentos sólidos precocemente. A análise destacou que o efeito protetor é dose-dependente, ou seja, quanto maior o tempo de aleitamento, maior a redução do risco de obesidade.
No Brasil, embora a duração mediana da amamentação tenha aumentado nas últimas décadas, passando de 2,5 para 11,3 meses, a taxa de aleitamento materno exclusivo ainda é insuficiente, especialmente em populações de baixa renda e em áreas urbanas onde há maior exposição a práticas alimentares inadequadas. As políticas públicas, como a iniciativa do hospital amigo da criança e programas de incentivo ao aleitamento, têm contribuído para melhorar essas taxas, mas ainda há desafios significativos na implementação e na adesão das famílias, que enfrentam barreiras culturais e econômicas para a prática adequada do aleitamento (Venancio & Monteiro, 2013).
Este estudo visa investigar a influência das práticas alimentares nos primeiros dois anos de vida sobre a prevalência de obesidade infantil. Especificamente, o objetivo é correlacionar dados de crianças de 2 a 6 anos para avaliar como o tipo de alimentação oferecida até os dois anos impacta a saúde infantil. A justificativa para essa investigação baseia-se na preocupação com os efeitos do excesso de peso na infância, pois tais condições podem se perpetuar na vida adulta, contribuindo para o surgimento de doenças ainda mais graves. Portanto, ao compreender como as práticas alimentares iniciais influenciam a obesidade infantil, espera-se fornecer bases para o aumento na repercussão de informações sobre a importância do aleitamento materno para a saúde da criança.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Aleitamento Materno e Obesidade Infantil
O aleitamento materno é essencial para a saúde infantil, sendo uma prática amplamente recomendada por organizações de saúde, como a OMS e o UNICEF. Essas instituições orientam que o aleitamento materno exclusivo seja mantido durante os primeiros seis meses de vida, seguido pela introdução gradual de alimentos complementares enquanto a amamentação é continuada até, pelo menos, os dois anos de idade (UNICEF, 2018; OMS, 2024). Essa prática é vital não apenas pela nutrição que oferece, mas também pelo impacto positivo que tem na regulação do peso e prevenção da obesidade, além de fortalecer o vínculo entre mãe e filho (Victora et al., 2016).
2.2 Benefícios e Fatores Associados ao Aleitamento Materno
Estudos têm mostrado que o aleitamento materno vai além de apenas nutrir o bebê: ele ajuda a prevenir a obesidade infantil e outras doenças ao longo da vida. As crianças amamentadas costumam ter menor risco de infecções e possuem melhor desenvolvimento cognitivo e dental (Victora et al., 2016). Além disso, fatores como a idade e escolaridade materna, o número de filhos e a renda familiar influenciam diretamente a manutenção do aleitamento por períodos mais longos (Santana et al., 2018; Pereira-Santos et al., 2017)
No Brasil, a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo (AME) está associada a diversos fatores, como a baixa escolaridade das mães, primiparidade, trabalho durante o puerpério e baixa renda familiar. Esses fatores são barreiras importantes que afetam a continuidade do AME e, consequentemente, a saúde infantil (Pereira-Santos et al., 2017). Políticas públicas e estratégias de suporte, como o acompanhamento pré-natal e orientações no puerpério, são fundamentais para garantir que mais crianças recebam os benefícios do aleitamento exclusivo (Monteiro et al., 2013; Ministério da Saúde, 2019).
2.3 Impacto das Fórmulas Lácteas
A introdução de fórmulas infantis e alimentos ultraprocessados de forma precoce pode ter efeitos adversos significativos na saúde infantil, especialmente no que se refere ao risco de obesidade (Monteiro et al., 2013). No Brasil, tem-se observado um aumento no consumo desses produtos, que são muitas vezes vistos como substitutos práticos e convenientes para o leite materno, mas que não possuem as mesmas propriedades benéficas. Essa prática prejudica a autorregulação do apetite das crianças, contribuindo para o ganho excessivo de peso e para o aumento das taxas de obesidade infantil (Henrich; Heine; Norien, 2018). Portanto, incentivar práticas alimentares adequadas desde cedo é fundamental para prevenir doenças crônicas e garantir um desenvolvimento saudável (Ministério da Saúde, 2019; UNICEF, 2018).
2.4 Benefícios a Longo Prazo
Os benefícios do aleitamento materno vão além dos primeiros anos de vida. Estudos indicam que a amamentação prolongada está associada a um menor risco de desenvolver doenças como diabetes tipo 2 e obesidade na vida adulta, destacando a importância de se incentivar a prática (Victora et al., 2016; Yan et al., 2014). Ademais, pesquisas apontam que, quanto maior o tempo de amamentação, menores são as chances de a criança desenvolver sobrepeso ao longo da vida (Yan et al., 2014).
Para as mães, os benefícios também são significativos: mulheres que amamentam por mais tempo têm menor risco de desenvolver câncer de mama e ovário, e, ao mesmo tempo, conseguem planejar melhor as gestações subsequentes devido ao espaçamento natural proporcionado pela amamentação (Victora et al., 2016).
3. METODOLOGIA
A amostra da pesquisa foi composta por prontuários da clínica de pediatria do Centro Universitário São Lucas, localizado em Porto Velho/Rondônia, o estudo consistiu na coleta e análise retrospectiva de dados antropométricos e alimentares dos seis primeiros meses de vida das crianças consultadas. Os documentos deveriam obrigatoriamente pertencer ao período entre janeiro de 2022 a dezembro de 2023, nessa busca foram selecionados prontuários de crianças entre 2 anos de idade e 6 anos 11 meses e 29 dias. É importante mencionar que os dados de identificação não foram coletados em nenhum momento a fim de proteger a identidade dos participantes.
A coleta de dados foi realizada após aprovação no Comitê de ética e pesquisa. O período de julho a setembro do ano de 2024 foi utilizado para a coleta de informações nos prontuários, realizada em horário diferente da rotina de atendimento pediátrico. No período selecionado para análise foram obtidos o total de 1391 prontuários. Como critério de inclusão adotados para avaliação foram: idades das crianças e o período do atendimento no consultório médico pediátrico da clínica do Centro Universitário São Lucas. Como critérios de exclusão foram adotados os seguintes parâmetros: prontuários incompletos, crianças nascidas prematuras, portadores de condições genéticas, crianças que fazem uso de sonda ou via secundária de alimentação, tais critérios foram adotados a fim de minimizar as possíveis variabilidades que gerem influência no ganho de peso e/ou absorção de nutrientes, resultando na alteração do peso e consequentemente do IMC. Após a aplicação dos critérios de exclusão somente 834 prontuários foram considerados aptos para a análise deste trabalho, totalizando 557 prontuários excluídos.
A ficha de coleta de dados foi assinalada conforme a informação obtida, nessa ficha continha os seguintes parâmetros: idade, sexo, realização de aleitamento materno exclusivo até o 6 mês, uso de fórmula láctea até o sexto mês, uso de fórmula láctea associado ao leite materno ou ingestão de leite materno associado a leite de vaca, ambos nos primeiros seis meses de vida. Dados de IMC e Score Z também foram coletados e confirmados através do uso de gráficos idênticos aos disponibilizados atualmente nos cartões de vacina distribuídos pelo ministério da saúde.
3.1 Análise de Dados
As análises preliminares de dados demonstraram a necessidade de incluir não somente os obesos, mas os demais grupos como risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade pois assim o n amostral teria um quantitativo maior para avaliação final, demonstrando de uma forma mais ampla as possibilidades de interferência na ausência do aleitamento materno exclusivo. É importante citar que as informações referentes a alimentação entre 6 meses e 2 anos ficou prejudicada pois os prontuários dificilmente continham essas informações de forma detalhada, levando a pesquisa somente adotar o período de amamentação exclusiva que consiste nos 6 primeiros meses como objeto de análise.
Os dados obtidos foram convertidos em planilhas com informações de idade, sexo, fonte alimentar dos 6 primeiros meses, perfil do IMC atual, considerando para o estudo crianças em risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade. Após todos os participantes incluídos na pesquisa serem catalogados mediantes esses parâmetros foram realizados as análises estatísticas contidas nos resultados.
4. DISCUSSÃO
A obesidade é uma doença grave e um importante problema de saúde pública, que se caracteriza por um aumento da massa gorda corporal. Os dados epidemiológicos brasileiros indicam um aumento da prevalência do excesso de peso e da obesidade em crianças e adolescentes. Quadros de obesidade corresponderam a cerca de um quarto do total de casos de excesso de peso. O excesso progressivo da massa corporal, curiosamente apresenta-se oposto ao eixo histórico da preocupação dos erros relacionados à falta de acesso a nutrientes básicos, configurando uma nova preocupação pediátrica e social com bases epigenéticas, abordando, inclusive, contextos de memória dos adipócitos. A obesidade é uma doença crônica não transmissível e prevenível; A literatura científica atual associa sua gênese com o período dos primeiros mil dias, sendo essa fase suscetível a fatores de risco que influenciarão a composição corporal (adipogênese) e a regulação neuroendócrina (Sociedade de pediatria de São Paulo, 2019).
A obesidade infantil é um problema mundial de saúde pública a ser superado. Dados nacionais mostram que 3 a cada 10 crianças de 5 a 9 anos estão acima do peso no país. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil estará na 5º posição no ranking de países com o maior número de crianças e adolescentes com obesidade em 2030, com apenas 2% de chance de reverter essa situação nutricional (Ministério da saúde, 2019).
O presente estudo buscou dados em prontuários de modo a avaliar a influência do aleitamento materno na composição corporal de crianças entre 2 e 6 anos, a fim de correlacionar a presença ou ausência do aleitamento exclusivo e a prevalência de obesidade, sobrepeso e risco de obesidade. É possível despertar esse questionamento quando nos deparamos com publicações da organização mundial de saúde (OMS) que revisa estudos e descreve sobre as evidências dos efeitos de longo prazo da amamentação, encontrando pequeno efeito protetor para o desenvolvimento de obesidade (Corona; Conde, 2013).
No presente estudo foram avaliados 1391 prontuários de crianças entre 2 e 6 anos de idade, porém somente 834 deles entraram para análise segundo os critérios de inclusão presentes no estudo.
Em relação ao quantitativo de crianças participantes do estudo é possível avaliar um número decrescente correlacionado ao aumento da idade das crianças, assim ficou evidente que o acompanhamento pediátrico dessas crianças ocorreu de forma mais frequente em faixas de idade menores, esse comportamento parece comum, segundo Vitolo 2010, a elevada frequência de crianças que não são levadas para acompanhamento no serviço de puericultura está associada à baixa escolaridade materna e à estrutura familiar, além da percepção de que é desnecessário na ausência de doença da criança. É possível confirmar tal afirmação através da frequência encontrada nesta pesquisa que demonstra que aos 2 anos o quantitativo total de prontuários disponíveis representa 26% dos participantes enquanto a idade de 6 anos representa apenas 13% dos avaliados, demonstrando que a frequência de consultas médicas varia com o passar dos anos.
A referência utilizada para classificação nutricional foi o score Z do IMC, presentes nas tabelas do cartão de vacinação brasileiro de uso comum na puericultura disponibilizada pelo Ministério da saúde e descrita aqui subsequentemente: (Sociedade de pediatria de São Paulo,2019).
Foram observados o total de taxas crescentes entre a não realização de aleitamento materno exclusivo (AME) por 6 meses e a influência na composição corporal dessas crianças da seguinte maneira: 34,02% das crianças em risco de sobrepeso não fizeram o AME, o total de 48,64% das avaliados em sobrepeso não realizaram o AME e 40% das crianças obesas não foram amamentadas exclusivamente por leite materno nos 6 primeiros meses. Nascimento 2021, descreve que o aleitamento materno traz vários benefícios para o recém-nascido, além de ser um alimento prático, econômico e sem custos. É um alimento completo com todas as propriedades nutricionais, vem pronto na temperatura correta. A amamentação pode futuramente proteger contra o excesso de peso e obesidade (Nascimento et al., 2021).
Composição alimentar das crianças avaliadas de 0 a 6 meses de idade:
Em relação à composição alimentar dessas crianças é possível observar que o aleitamento é prevalente em IMC mais próximos de padrões eutróficos, assim como fica menos observado quando avaliados em indivíduos com sobrepeso e obesos. Podemos correlacionar esses achados com Nascimento 2021, que relata que a composição do leite materno é completamente diferente dos outros leites contendo todas as propriedades nutricionais que uma criança necessita, os demais leites contêm uma quantidade maior de calorias fazendo com que as crianças se tornem mais propensas a obesidade infantil. Atualmente investiga-se sobre a proteção da amamentação contra várias doenças como diarreia, otite média aguda, doenças infecciosas, reduz a morbidade e a mortalidade neonatal, e tem um efeito protetor contra o sobrepeso e obesidade infantil (Nascimento et al., 2021).
Alguns pontos importantes a serem avaliados nesta pesquisa não foram abrangidos devido a falta de informações em prontuários, reduzindo sobremaneira o número de participantes e a qualidade dos dados obtidos. Detalhes alimentares específicos dos primeiros 1000 dias eram um ponto importante do questionamento inicial, porém avaliações pediátricas incompletas e com ausência de detalhes de anamnese e exame físico, tornaram-se um desafio para a coleta de dados, associamos tal ocorrência com a descrição de Lourenço 2008, relatando que 94% dos documentos médicos avaliados em sua pesquisa foram preenchidos de forma incompleta ou com letras ilegíveis, o que interrompe o acompanhamento do paciente e impede um planejamento mais adequado na saúde pública (Lourenço, 2008).
5. CONCLUSÃO
Dos 1391 prontuários avaliados para pesquisa, 834 preencheram os requisitos necessários, sendo descartada uma amostra de 557 prontuários. Das crianças incluídas na pesquisa com risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade, 67 (28.15%) eram do sexo feminino e 112 (47.06%) eram do sexo masculino, com idade entre dois e seis anos. Observa-se que os meninos com risco de sobrepeso que tiveram aleitamento materno exclusivo apresentaram um percentual de 35%, em comparação aos meninos que utilizaram somente fórmula, cujo percentual foi de 4.01%. Aqueles que fizeram uso de leite materno + fórmula tiveram um percentual de 11.3%, enquanto outros utilizaram leite materno + leite de vaca ficando com um percentual de 4,1%. Os que tomaram leite materno + fórmula representaram percentual de 1,030%, totalizando uma amostra de 54 meninos com risco de sobrepeso. Os classificados como sobrepeso obtiveram uma amostra de 37 crianças, com os seguintes tipos de aleitamento: aleitamento materno exclusivo (51%), somente fórmula (4.25%), leite materno + fórmula (10.63%), leite materno + leite de vaca (12.76%) e leite de vaca + leite materno (0%). Aqueles classificados como obesos, totalizando 21 meninos, tiveram os seguintes tipos de aleitamento: aleitamento materno exclusivo (37%), somente fórmula (11,42%), leite materno + fórmula (8.57%), leite materno + leite de vaca (2.85%) e leite de vaca + fórmula (2.85%).
Em relação às meninas, nota -se que a amostra de risco de sobrepeso, ficou em 43 crianças, tendo os seguintes tipos de aleitamento: aleitamento materno exclusivo (30%), somente fórmula (3.092%), leite materno + fórmula (5.15%), leite materno + leite de vaca (3.09%), leite de vaca + fórmula (2.061%). Já a amostra de sobrepeso ficou em 10 meninas, tendo os seguintes resultados: aleitamento materno exclusivo (51%), somente fórmula (4.25%), leite materno + fórmula (10.63%), leite + leite de vaca (12.76%) e leite de vaca + fórmula (0%). Já a amostra classificada em obesos, tendo um total de quatorze meninas, tiveram os seguintes tipos de aleitamento: amamentação exclusiva (22.85%), somente formula (2.85%), leite materno + fórmula (8.57%), leite materno + leite de vaca (0%) e leite de vaca + fórmula (5.71%). Essas informações podem ser observadas na tabela.
Tabela 1 – características da amostra correta das crianças avaliadas.
Fonte: próprio autor.
Os dados fornecidos revelam que dos 834 participantes avaliados, 97 crianças estavam em risco de sobrepeso, representando 11,63% do total. Dentre essas crianças, 34,02% não receberam aleitamento materno exclusivo no período de seis meses. Além disso, das 834 crianças, 47 são classificadas como sobrepeso, correspondendo a 5,63% do total, contabilizando assim 48,64% que não receberam aleitamento materno exclusivo. Em relação à obesidade, tivemos o número de 35 crianças obesas, equivalente a 4,19% do total. Entre as crianças obesas, 40% não tiveram aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. A soma dos grupos de risco de sobrepeso e obesidade totalizou 179 crianças, correspondendo a 21,46% de todas as crianças do estudo.
É importante ressaltar que há limitações no presente estudo, no que se refere ao controle de outras variáveis que podem interferir na pesquisa, como ingesta energética atual, tempo de atividade física, escolaridade, entre outros.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a pesquisa, foi observado que as crianças que não receberam amamentação ou foram amamentadas por um curto período são mais propensas a ganhar peso excessivo na infância. Esses resultados estão alinhados com a literatura existente que destaca o papel protetor da amamentação contra a obesidade infantil.
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1Manuela Alberguini Perina, Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas Campus I e-mail: manuelaaperina@outlook.com.
2Maria Clara Barbosa Teixeira, Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas Campus I e-mail: mariaclarateiixeiira@gmail.com.
3Munique Antonella Siani Cardoso, Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas Campus I e-mail: muniqueantonella@gmail.com.
4Renata Isabel de Sousa Carmim Gonçalves, Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas Campus I e-mail: drrenatacarmim@hotmail.com.
5Mestre Elierson Rocha, Graduado no Curso Superior de Medicina da Faculdade de Medicina de Campos -RJ, Docente do Instituto São Lucas Campus I e-mail: ejgrocha@gmail.com.