DESENVOLVIMENTO DE APLICATIVO MÓVEL PARA AUXILIAR EDUCADORES NA IDENTIFICAÇÃO DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

DEVELOPMENT OF A MOBILE APPLICATION TO SUPPORT EDUCATORS IN IDENTIFYING STUDENTS WITH ATTENTION DEFICIT HYPERACTIVITY DISORDER

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411061327


Davi Antonio Pessoa Magalhães¹; Ana Flavia Machado de Carvalho²; Jandson Vieira Costa³; Suely Moura Melo⁴.


Resumo

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neuropsiquiátrico que compromete atenção, controle dos impulsos e hiperatividade, afetando desempenho escolar e relações sociais. No ambiente escolar, a identificação precoce dos sinais é fundamental para o manejo adequado desses alunos. O presente estudo desenvolveu o aplicativo TDAH Class, voltado para apoiar educadores na detecção precoce de sinais de TDAH em alunos. Foi realizado um estudo de revisão bibliográfica, tecnológica, de natureza descritiva e abordagem quantitativa., onde foi seguida a metodologia Design Thinking nas fases de descoberta, definição, desenvolvimento e validação por profissionais especialistas. O software foi construído através do React Native para dispositivos Android e utiliza a escala de Swanson, Nolan e Pelham, versão IV (SNAP-IV), além de uma interface simples e intuitiva. A validação doaplicativo foi realizada por cinco profissionais psiquiatras selecionados através do método Snowball e posterior aplicação da escala de Likert, com consenso total no tópico “concordo totalmente” para os aspectos de clareza, usabilidade e conteúdo, não havendo necessidade de adaptações. Dessa forma, o aplicativo pode apresentar potencial para apoiar a inclusão educacional e a identificação precoce do TDAH em crianças.

Palavras-chave: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. Deficiências da Aprendizagem. Estratégias de aprendizagem. Professores Escolares.

1 INTRODUÇÃO

O Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) é definido como uma síndrome neurobiológica que já recebeu diversos nomes ao longo da história, sendo chamado de inibição de volição, lesão cerebral mínima, difusão cerebral mínima e hábitos desadequados no curso do desenvolvimento humano (Donezetti, 2022). Os sintomas de desatenção, de hiperatividade e de impulsividade são comuns na infância e podem estar presentes mesmo no adulto que não apresenta prejuízo funcional. Estão continuamente distribuídos na população e só são considerados como suficientes para um diagnóstico psiquiátrico quando são anormais para o nível de desenvolvimento da criança e quando causam um prejuízo funcional evidente (Fiquene et al., 2024).

Em crianças e pré-adolescentes, o TDAH é notado nos seus comportamentos, por serem tão inquietos que não permanecem sentados por muito tempo na sala de aula, deixam o material escolar cair da carteira a todo instante, incomodam os vizinhos, são impulsivos e prejudicam bastante a harmonia do ambiente, tendo também dificuldades para seguir regras e normas. Em grande parte, apresentam problemas de conduta como agressividade, roubo e mentiras (Leite et al., 2024). Geralmente não sabem aguardar a vez de se manifestar, não toleram filas, não sabem perder, interrompem a todo instante os outros em conversas ou atividades, falam demais, apresentam baixíssima tolerância à frustração. Perdem ou esquecem constantemente, o material escolar, não dão recados, não cumprem compromissos, relutam em fazer as tarefas de casa, em seguir instruções e em planejar antecipadamente suas ações (Manara; Piccinini, 2024).

O comportamento decorrente da desatenção e da hiperatividade de crianças com essa neurodivergência, muitas vezes gera insegurança para os professores por apresentarem uma visão precária para a criação de novas metodologias que possam contribuir no processo de aprendizagem dos alunos que desafiam a rotina da escola (Pires et al., 2024).

Dessa forma, o TDAH, bem como seus principais sintomas e efeitos na aprendizagem e no desenvolvimento psicológico da criança, exige considerar melhoria nas práticas pedagógicas para esse público, tendo em vista as reais necessidades da criança (Silva; Morais, 2024).

Os aplicativos podem promover a facilitação do processo de aprendizagem, uma vez que os aparelhos apresentam potencial para armazenar e buscar informações que podem ser analisadas em qualquer lugar e momento em que a pessoa se encontra. (UNESCO, 2014).

Nesta perspectiva, diversos estudos destacam a carência de estratégias educativas adequadas para auxiliar no reconhecimento precoce de sinais de TDAH em ambientes escolares, evidenciando que a falta de formação específica entre educadores limita a identificação e intervenção precoces (Araújo; Soares, 2024).

Assim, torna-se fundamental a implementação de atividades educativas direcionadas aos professores, que não só promovam a conscientização sobre o TDAH, mas também forneçam ferramentas práticas de observação e registro de comportamentos indicativos do transtorno. Essas atividades educativas podem incluir o uso de recursos didáticos, como aplicativos interativos e guias de referência, que facilitam a compreensão e aplicação dos critérios diagnósticos de forma prática e acessível (Brito, 2024).

Portanto, considera-se que a adoção de tecnologias educacionais, como aplicativos móveis desenvolvidos para o auxílio na identificação do TDAH, pode servir como uma ponte entre o conhecimento teórico e a prática pedagógica, humanizando o processo educativo e promovendo um ambiente mais inclusivo e atento às necessidades dos alunos (Chultes et al., 2024).

O TDAH é uma condição neuropsiquiátrica comum em crianças e adolescentes, marcada por sintomas persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que afetam profundamente o desempenho escolar e as relações interpessoais dos indivíduos acometidos. A identificação precoce e precisa do TDAH é essencial para a implementação de intervenções que possam mitigar os efeitos negativos desta condição ao longo da vida. Contudo, a ausência de ferramentas acessíveis e práticas para auxiliar educadores na identificação dos sinais dessa neuro divergência representa uma lacuna significativa no contexto educacional e de saúde (Barkley, 2018).

Nesse sentido, as tecnologias educacionais surgem como instrumentos essenciais, oferecendo soluções inovadoras para o apoio no reconhecimento e manejo do TDAH. Essas tecnologias, além de facilitarem o processo de ensino-aprendizagem, possibilitam o desenvolvimento de novas abordagens de cuidado e suporte, tanto para educadores quanto para os próprios alunos. O uso de aplicativos móveis voltados para a educação, por exemplo, oferece uma plataforma interativa e acessível, capaz de apoiar os professores na identificação dos sinais de TDAH e na orientação de pais e alunos sobre os próximos passos a serem seguidos (Silva et al., 2024).

Diante desse contexto, o presente estudo justifica-se pela necessidade de contribuir para a identificação precoce e o manejo adequado do TDAH no ambiente escolar, por meio do desenvolvimento de um aplicativo móvel destinado a educadores. A proposta visou fornecer uma ferramenta prática e eficaz que, aliada ao conhecimento científico, possa auxiliar na detecção dos sintomas de TDAH, permitindo intervenções oportunas e adequadas, assim como orientar quanto a rede assistencial para este perfil de paciente. Espera-se que esta ferramenta digital tecnológica voltada para a educação infantil, seja um recurso viável para professores, favorecendo a promoção de um ambiente escolar mais inclusivo e preparado para identificar precocemente os alunos com TDAH.

Tem-se como objetivo geral, desenvolver um aplicativo móvel educativo para auxiliar professores na identificação precoce de sinais sugestivos de TDAH em alunos da educação infantil. Especificamente se pretende realizar revisão bibliográfica acerca dos recursos para desenvolvimento teórico e digital do aplicativo; produzir para professores um aplicativo visando a identificação de sinais e sintomas de TDAH em crianças; auxiliar no direcionamento da busca pela rede de apoio a este perfil de paciente de acordo com o nível de acometimento; validar o conteúdo e as imagens do aplicativo através da avaliação de juízes especialistas.

Esse trabalho tratou-se de uma pesquisa para desenvolvimento tecnológico de um aplicativo móvel que não envolveu pesquisa com humanos, animais, plantas ou envolveu constrangimento dos participantes para obtenção dos dados, não sendo necessário cadastro na plataforma Brasil, de acordo com as recomendações éticas do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 TDAH: conceito e fatores de risco

O TDAH é reconhecido como um distúrbio neurodesenvolvimental com forte componente genético, que impacta de maneira significativa a concentração e a memória, resultando em dificuldades de aprendizagem em crianças. Esse transtorno se manifesta desde os primeiros anos de vida e frequentemente persiste ao longo do desenvolvimento, trazendo desafios contínuos tanto no aspecto cognitivo quanto comportamental (Silva; Kristensen, 2024).

Sendo uma condição neuropsiquiátrica, o TDAH afeta significativamente a vida de muitas crianças e adolescentes em todo o mundo, com uma prevalência global estimada em aproximadamente 5% entre os jovens em idade escolar. A condição é diagnosticada mais frequentemente em meninos do que em meninas, com uma relação de cerca de 2 a 3 meninos para cada menina diagnosticada. Isso pode ocorrer porque os sintomas de hiperatividade, geralmente, são mais visíveis em meninos, portanto, mais facilmente reconhecidos (Junior; Santos, 2022). Na medida que as crianças crescem, a intensidade dos sintomas tende a diminuir, mas não desaparece totalmente; cerca de 60% daqueles diagnosticados na infância continuam a apresentar sintomas na vida adulta, onde a prevalência gira em torno de 2,5% (Siqueira; Lins; Fachin, 2024).

Uma pesquisa recente mostra que os filhos de pais diagnosticados com TDAH têm duas a oito vezes mais probabilidade de serem afetados do que os filhos de pais sem o diagnóstico. Outros estudiosos acreditam que a doença não é hereditária, mas sim o resultado de um desequilíbrio de certas substâncias químicas no cérebro (Massalai; Pereira; Coutinho, 2024).

Além disso, fatores como exposição a substâncias tóxicas durante a gravidez, como o tabaco e o álcool, baixo peso ao nascer e complicações no parto são reconhecidos como riscos importantes. Essas condições podem afetar o desenvolvimento cerebral, contribuindo para o surgimento do TDAH. É comum também que o TDAH esteja associado a outras condições, como ansiedade, o que pode complicar ainda mais o quadro clínico e exigir um acompanhamento multidisciplinar (Grigorio et al., 2024).

A compreensão da interação entre estímulos sensoriais e a dificuldade no processamento de informações é crucial para o entendimento do TDAH, que acontece por desequilíbrio nos neurotransmissores, especialmente a dopamina e a noradrenalina. Esses neurotransmissores são cruciais para a regulação da atenção e do comportamento (Fontes et al., 2024). Quando os estímulos sensoriais são excessivos ou não são filtrados adequadamente pelo tronco encefálico, o cérebro enfrenta dificuldades em manter níveis apropriados de dopamina e noradrenalina nas regiões pré-frontais. Isso compromete a capacidade de concentração, levando a uma resposta exagerada ou inadequada aos estímulos, característica central do TDAH. Além disso, as dificuldades de memória, que estão intimamente ligadas aos processos de aprendizagem, dificultam a retenção e a recuperação de informações, tornando o processo educacional ainda mais complexo (Azevedo; Vale, 2024).

Indivíduos com TDAH frequentemente manifestam um comportamento impulsivo, que pode ser interpretado como uma busca inconsciente por situações de conflito, o que estimula a atividade do córtex pré-frontal e liberação dos neurotransmissores, que estão em desequilíbrio (Santos et al., 2024). Esse comportamento pode ser percebido como uma tendência ao caos, que, embora não seja deliberado, contribui para a sensação de excitação e envolvimento em situações desafiadoras. Tal padrão é notável, onde a resposta automática a estímulos externos ocorre sem uma análise prévia adequada, levando também a dificuldades em interações sociais e no ambiente escolar ou profissional (Silva, 2020).

2.2 Correlação do TDAH com a aprendizagem

Existem vários fatores que contribuem para o mau desempenho dos alunos e acadêmicos no processo de aprendizagem. Este processo tem condições internas e condições externas (Silva, 2020). Podem ser citados fatores relacionados aos aspectos neurológicos ou orgânicos das condições internas, ou seja, aquelas que envolvem o sistema nervoso central (SNC) e, principalmente, o cérebro em relação ao que está sendo aprendido. Fatores psicológicos que muitas vezes aparecem como fatores que contribuem para o mau desempenho acadêmico também devem ser levados em consideração. Finalmente, ao discutir as condições externas, devem ser tidos em conta fatores sociais, como aprender e o ambiente de aprendizagem. É fundamental compreender como esses fatores interagem (Soares et al., 2024).

Na infância, os prejuízos mais significativos incluem desempenho acadêmico inferior ao de outras crianças, o que frequentemente está associado a dificuldades em manter a atenção e seguir as instruções, resultando em menor rendimento escolar. As crianças com TDAH tendem a ter poucas ou nenhuma amizade próxima, o que pode levar ao isolamento social e à falta de apoio emocional. A falta de atenção à segurança pessoal também é uma característica marcante, resultando em uma maior incidência de lesões acidentais (WHO, 2022). O desenvolvimento de habilidades de autocuidado e responsabilidade pessoal ocorre de forma mais lenta, e o comportamento disruptivo em locais públicos, como igrejas e lojas, pode levar à exclusão dessas crianças desses ambientes, contribuindo para uma educação inferior ao longo dos anos (Barkley, 2021).

2.3 Sinais Clínicos e Diagnóstico de TDAH

O TDAH é classificado em três subtipos principais: hiperativo/impulsivo, desatento e combinado. No subtipo hiperativo/impulsivo, observa-se um comportamento caracterizado por inquietação, dificuldade em permanecer sentado, falar excessivamente, e interrupção frequente das atividades de outros, sendo esses sintomas presentes em diversos contextos. No subtipo desatento, a criança demonstra dificuldade em manter a atenção, distração fácil, problemas em seguir instruções, e esquecimento frequente de objetos e tarefas. O subtipo combinado é identificado pela presença simultânea de sintomas dos dois primeiros subtipos, exigindo um início precoce e persistência por pelo menos seis meses, com impacto significativo nas atividades diárias e na vida acadêmica (APA, 2014).

Os principais sintomas do TDAH, como desatenção, hiperatividade e impulsividade, afetam não apenas o indivíduo diagnosticado, mas também tem um impacto considerável nas pessoas ao seu redor, especialmente em contextos sociais e familiares, além de prejudicar o desempenho acadêmico. Dessa forma, esse transtorno deve ser compreendido como uma condição de saúde mental com repercussões amplas, influenciando o ambiente e as relações de convivência da pessoa com o diagnóstico (Araújo, 2024).

A interpretação da escala SNAP-IV requer uma análise cuidadosa das respostas obtidas para os sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade, seguindo os critérios estabelecidos pelo DSM-5. Dentre os 18 itens, a escala é dividida em duas subescalas, sendo os nove primeiros itens os que avaliam a desatenção e nove últimos os que avaliam a hiperatividade/impulsividade (Batista; Barros; Rocha, 2023). Cada item é pontuado em uma escala de quatro níveis, “Nunca” (0), “Às vezes” (1 ponto), “Frequentemente” (2 pontos) e “Muito frequentemente” (3 pontos). A somatória dessas pontuações em cada subescala fornece uma medida quantitativa da gravidade dos sintomas observados. Na prática, é comum adotar um ponto de corte de 13 pontos ou mais em cada subescala, o que sugere uma manifestação significativa dos sintomas, sinalizando a necessidade de uma avaliação mais aprofundada por profissionais de saúde qualificados. Sendo assim, é crucial entender que a SNAP-IV serve como uma ferramenta de triagem e não substitui uma avaliação clínica completa (Swanson et al., 1983).

A interpretação das opções expostas na escala: “nunca,” “às vezes,” “frequentemente” e “muito frequentemente”, para descrever a frequência com que certos comportamentos ocorrem, pode variar, mas, de maneira geral, “nunca” indica que o comportamento não foi observado ou ocorre muito raramente, talvez apenas uma vez durante o período de observação. Por outro lado, “às vezes” se refere a comportamentos que aparecem de forma esporádica, mas não de maneira constante, podendo ocorrer duas ou três vezes por semana. Já os termos “frequentemente” e “muito frequentemente” são usados para descrever comportamentos que acontecem com maior regularidade. “Frequentemente” sugere que o comportamento é observado quase diariamente, mas pode não ocorrer em todas as situações. Por sua vez, “muito frequentemente” descreve comportamentos que ocorrem de forma persistente, várias vezes ao dia, refletindo uma presença quase constante no cotidiano da criança. Esses termos ajudam a diferenciar a gravidade dos sintomas e seu impacto nas atividades diárias, sendo essenciais para uma avaliação precisa (Zampoli; Santos, 2024).

Para garantir a consistência na interpretação dos resultados, é importante que a aplicação da escala seja feita de maneira uniforme ao longo do tempo. Isso significa que o avaliador deve observar e registrar os comportamentos com regularidade, garantindo que os resultados sejam comparáveis e reflitam fielmente o comportamento da criança. Dessa forma, a escala SNAP-IV se torna uma ferramenta poderosa na identificação de sintomas do TDAH, oferecendo um apoio valioso para educadores e profissionais de saúde (Parreira et al., 2023).

2.5 Estratégias pedagógicas nas escolas para crianças com TDAH

A cidadania se estabelece por meio da igualdade de direitos e deveres e da oportunidade de exercício pleno desses direitos e deveres, sendo a educação um requisito fundamental, destacando seu caráter de universalidade, onde toda pessoa tem direito à educação (ONU, 1948).

A abordagem educacional para alunos com TDAH requer estratégias pedagógicas diferenciadas, que considerem as características específicas desses estudantes, promovendo um ambiente de aprendizagem inclusivo e adaptado. Tais estratégias não apenas visam mitigar os desafios relacionados à desatenção e hiperatividade, mas também procuram potencializar as habilidades individuais dos alunos, favorecendo o desenvolvimento cognitivo e social. A utilização de métodos pedagógicos como o ensino estruturado, atividades interativas e a aplicação de tecnologia educacional tem se mostrado eficaz na promoção do engajamento e na melhoria do desempenho acadêmico desses alunos (Siqueira; Lins; Fachin, 2024). Além disso, a personalização do ensino, através de planos de aula flexíveis e feedbacks constantes, facilitam a inclusão desses estudantes no ambiente escolar, contribuindo para o seu sucesso acadêmico e social (Brito, 2024).

Lidar com uma criança com TDAH não é problema apenas dela ou de sua família. Os educadores desempenham um papel importante neste processo porque, em alguns casos, têm mais facilidade em detectar os sintomas mais cedo e prestar cuidados aos familiares, passando muito tempo com a criança, às vezes até mais do que os pais. No ambiente escolar, os professores que trabalham em sala de aula sentem-se despreparados, assustados e, por vezes, incapazes de lidar com alunos com TDAH (Massalai; Pereira; Coutinho, 2024).

2.6 Aplicativos móveis na educação e no desenvolvimento de novas estratégias pedagógicas

A tecnologia é cada vez mais utilizada no dia a dia das pessoas e não foge à regra na sala de aula. Sua utilização pode fortalecer a relação entre os alunos e os métodos utilizados pelos professores, estimular a comunicação e a interação e promover a aprendizagem e conhecimento ao lado do professor. A aprendizagem móvel é entendida como o uso de tecnologias móveis isoladamente ou em combinação com outras tecnologias, visando possibilitar a aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar (Oliveira; Freitas; Cardoso, 2023).

Houve um aumento significativo no uso de diferentes dispositivos móveis (laptops, tablets e smartphones) nas escolas. Um dos resultados desses avanços é a melhoria das relações entre alunos e professores, bem como a otimização do tempo para atividades escolares dentro e fora da instituição (Souza, 2023).

Portanto, com a expansão das tecnologias de informação e comunicação (TIC), diferentes recursos são criados como ferramentas para auxiliar os professores, incluindo aplicativos móveis que podem divulgar de forma mais ampla alternativas aos seus métodos e desenvolver novas estratégias de ensino, projetadas para melhor orientar os alunos em sala de aula. (Linhares et al., 2023).

Ademais, as escolas devem adotar diferentes formas de ensino e utilizar recursos educacionais disponíveis a todos para que os alunos possam utilizá-los para alcançar o aprendizado. A introdução de novas tecnologias na sala de aula proporciona “uma aprendizagem centrada nas diferenças individuais e na formação” e as escolas devem “capacitar os alunos para a busca correta de informações em diferentes tipos de fontes” (Sobrinho; Souza, 2023).

A aprendizagem colaborativa é outro aspecto fundamental promovido pelos aplicativos móveis. Eles permitem que os alunos trabalhem juntos em projetos e atividades, mesmo quando estão distantes fisicamente. Essa colaboração online melhora a interação entre alunos e professores, desenvolvendo habilidades sociais e de comunicação essenciais para o sucesso acadêmico e profissional (Hernandez; Souza, 2024).

3 METODOLOGIA

Foi uma pesquisa de revisão bibliográfica, tecnológica, de natureza descritiva e abordagem quantitativa que consistiu em criar um software para utilização em dispositivos móveis.

Duas etapas centrais foram definidas para orientar o processo de criação do aplicativo móvel: primeiramente, realizou-se um diagnóstico situacional abrangente da produção científica e tecnológica existente sobre a temática em escolas de nível infantil; em seguida, iniciou-se o desenvolvimento do protótipo do aplicativo móvel. Para a concretização dessas etapas, optou-se pela metodologia Design Thinking (DT) adaptado, uma abordagem que se destaca por sua capacidade de resolver problemas por meio de um processo estruturado e criativo. Essa metodologia é sustentada por três pilares fundamentais — imersão, ideação e prototipação — e a sua adaptação é organizada em quatro fases interconectadas: descobrir, definir, desenvolver e validação por especialistas (Plattner; Meinel, 2016)

Na primeira fase, foi realizada a busca por compreender os desafios que os professores enfrentam ao tentar identificar sinais de TDAH em seus alunos. Para isso, foi realizada uma revisão de literatura abrangendo estudos sobre o uso de tecnologias educacionais no contexto de diagnóstico comportamental infantil. Esta investigação incluiu a análise de artigos acadêmicos, obras especializadas em psicopedagogia e TDAH, além de uma observação detalhada dos aplicativos já existentes que se destinam ao monitoramento comportamental. Três questões essenciais nortearam essa etapa: 1. Quais dificuldades os professores encontram ao tentar identificar precocemente os sintomas de TDAH em sala de aula? 2. Como a tecnologia pode ser uma aliada eficaz na identificação de comportamentos típicos de TDAH no ambiente escolar? 3. Quais ferramentas e métodos os professores utilizam atualmente para lidar com alunos que apresentam sinais de TDAH?

Essas perguntas foram investigadas através de buscas em bases de dados como PubMed, SciELO e Google Scholar, utilizando os descritores “Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade”; “Inclusão Escolar”; “Estratégias de aprendizagem”; “Métodos de Ensino”; “Aplicativos Móveis”, assim como busca prévia por materiais para revisão bibliográfica acerca do tema. Além disso, explorou-se as lojas de aplicativos, App Store™ e Google Play™, para identificar as soluções tecnológicas disponíveis, utilizando termos como “TDAH”, “monitoramento de comportamento infantil” e “educação especial”. O levantamento incluiu tanto aplicativos gratuitos quanto pagos, buscando entender o que já está sendo oferecido e onde estão as lacunas.

Para garantir a originalidade do projeto, foi realizada uma busca de anterioridade de patentes no site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial- INPI (www.inpi.gov.br), utilizando palavras-chave como “aplicativo para TDAH para professores”, “aplicativo para TDAH para alunos” e “ferramentas educacionais para diagnóstico de TDAH”.

Após a análise das informações coletadas na fase inicial, foi possível identificar alguns dos principais problemas enfrentados pelos educadores nos ambientes de sala de aula. Dentre eles, o desafio relacionado à falta de conhecimento acerca das neurodivergências e como identificar sinais e sintomas sugestivos nos seus alunos. Além disso, foi visto a escassez de um método de preenchimento intuitivo e que favoreça a comunicação e compartilhamento dessas informações obtidas em sala de aula entre professores, pais e especialistas em saúde.

A investigação de anterioridade revelou a existência de diversos aplicativos destinados a outras condições de saúde, como monitoramento de sintomas de diferentes desordens comportamentais e emocionais em crianças e adolescentes, mas nenhuma diretamente voltada para uso específico dentro de sala de aula por professores a fim de identificar sinais e sintomas do TDAH. Isso evidencia uma lacuna de tecnologias educacionais voltadas para favorecer o diagnóstico precoce e acompanhamento de condições neurocomportamentais, como o TDAH.

O aplicativo foi desenvolvido juntamente a um profissional da área da Tecnologia de Informação e um Designer Gráfico, a fim de desenvolver os menus, imagens e estrutura do software, assim como a elaboração do protótipo através da ordem de comandos (Quadro 1), ficando para função do pesquisador a busca e organização dos conteúdos internos. Em seguida, o desenvolvimento do aplicativo seguiu os passos: Modelagem do banco de dados; Desenvolvimento da aplicação Back-End; Design e desenvolvimento do aplicativo; Disponibilização do Back-End na nuvem.

No processo de desenvolvimento do aplicativo, a escala de Swanson, Nolan e Pelham, versão IV (SNAP-IV), já validada e utilizada por muitos especialistas, foi utilizada a fim de facilitar e contribuir com o processo de identificação dos sinais e sintomas do TDAH em alunos através da resposta dos professores, proporcionando uma avaliação mais precisa e adequada. Foi ressaltado dentro da interface, antes e depois da utilização do aplicativo, que o intuito não é realizar diagnóstico, sendo necessário orientação da busca por atendimento com especialistas, independente do resultado, caso percebida a necessidade por parte dos pais ou do professor.

Durante o desenvolvimento do aplicativo, foi utilizado o Figma para design de interfaces, permitindo a criação de protótipos interativos e facilitando ajustes em tempo real. Essa ferramenta colaborativa otimizou a interação entre designers e desenvolvedores, assegurando uma interface que atende eficazmente às necessidades dos usuários.

Para o desenvolvimento do aplicativo, utilizou-se o framework React Native, para garantir a compatibilidade multiplataforma, permitindo que o aplicativo funcione em dispositivos celulares. Além disso, o Visual Studio Code foi selecionado como compilador de código, oferecendo um ambiente de desenvolvimento integrado, o que facilitou a organização, edição e execução do código durante todo o processo de criação.

Quadro 1 – Etapas do aplicativo em sequência de comandos

EtapaDescrição
1. Tela de InícioTela inicial com a logo do aplicativo
2. Termo de Uso e CondiçõesExibição dos termos e condições que o usuário deve aceitar para continuar
3. Instruções de UsoUm breve guia que explica como o aplicativo deve ser utilizado e como funciona a pontuação
4. Tela HomeTela onde o usuário pode dar início ao questionário com a opção “Iniciar”
5. QuestionárioPerguntas para os professores:
Desatenção1. O aluno frequentemente comete erros por descuido em atividades escolares ou outras atividades?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 2. O aluno tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades recreativas?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 3. O aluno parece não ouvir quando se fala diretamente com ele(a)?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 4. O aluno não segue instruções e não termina tarefas escolares?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 5. O aluno tem dificuldade em organizar tarefas e atividades?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 6. O aluno evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental constante?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 7. O aluno perde coisas necessárias para as tarefas ou atividades (por exemplo, brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou ferramentas)?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 8. O aluno se distrai facilmente com estímulos externos?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 9. O aluno é esquecido em atividades diárias?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
Hiperatividade10. O aluno agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 11. O aluno levanta-se na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 12. O aluno corre ou escala em demasia em situações em que isto é inapropriado?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 13. O aluno tem dificuldade em brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer?
 14. O aluno está frequentemente “a mil por hora” ou “a todo vapor”?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 15. O aluno fala em demasia?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 16. O aluno responde precipitadamente antes de as perguntas terem sido completadas?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 17. O aluno tem dificuldade em esperar a sua vez?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
 18. O aluno interrompe ou se intromete (por exemplo, intromete-se em conversas ou jogos)?
Opções de resposta: “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente”, “Muito Frequentemente”
7. ResultadoOpções de resultado: “Alta probabilidade”, “Moderada probabilidade” e “Baixa probabilidade” Alta probabilidade: somatória igual ou acima de 13 pontos nas duas etapas do questionário: desatenção e hiperatividade. O aplicativo indica que o aluno apresenta muitos sinais consistentes com o TDAH. Esse resultado sugere que uma avaliação mais aprofundada por um profissional de saúde especializado é altamente recomendada. Moderada probabilidade: somatória igual ou acima de 13 pontos apenas em uma das duas etapas do questionário e a outra menor que 13 pontos. O aplicativo sugere que o aluno apresenta alguns sinais de TDAH.  Este resultado pode indicar que é importante monitorar o comportamento do aluno e considerar uma avaliação adicional. Baixa probabilidade: abaixo de 13 pontos nas duas etapas do questionário. O aplicativo indica que o aluno não apresenta sinais significativos de TDAH com base nas respostas fornecidas, mas que o resultado não exclui o diagnóstico e que necessário uma consulta com profissionais capacitados ainda deve ser considerada.
Fonte: Elaborado pelo autor.


Após a finalização do aplicativo, foram acrescidos para participação do projeto 5 médicos, que atuaram como juízes. Para o critério de inclusão foi considerado que possuíssem o título de especialista em psiquiatria regulamentados e com cadastro no Registro de Qualificação de Especialista (RQE). Foi adotado como critério de exclusão o não aceite do convite enviado.

Para a realização do convite dos especialistas, a técnica de amostragem conhecida como Snowball ou “amostragem em bola de neve” foi escolhida, sendo essa amplamente empregada em pesquisas sociais e caracteriza-se como um método não probabilístico. Nesse processo, os primeiros participantes do estudo têm o papel de indicar novos participantes, que, por sua vez, também sugerem outros, criando uma cadeia contínua de indicações. Dessa forma, a amostragem em bola de neve cria uma rede de conexões que facilita a expansão da amostra, tornando-se uma ferramenta para alcançar públicos-alvo específicos ou difíceis de acessar diretamente (Vinuto, 2020). Assim, foi realizado o envio de uma carta convite (APÊNDICE A) para os médicos que atendessem aos critérios de inclusão e, após aceite, o link para download do aplicativo, um documento contendo as imagens das telas do aplicativo em ordem de interação e a escala para preencherem conforme julgamento.

Para julgarem as informações a respeito da clareza, usabilidade e relevância do conteúdo exposto no aplicativo, foi utilizada a escala Likert (APÊNCIDE B), que possui 5 opções de resposta para cada objeto analisado, sendo o 1: discordo totalmente, o 2: discordo parcialmente, 3: indiferente, 4: concordo parcialmente e 5: concordo totalmente. Essa escala é uma metodologia popular de estatística elaborada nos Estados Unidos na década de 30 e muito utilizada para avaliação de aplicativos até hoje (Weslei et al., 2024; Junior, 2014).

Esta pesquisa não envolveu risco biológico aos juízes, mas houve a possibilidade de quebra de confidencialidade das informações. Para evitar esse problema, os juízes foram identificados apenas pela sua profissão. Outro risco potencial foi o desconforto em expressar suas opiniões sobre o aplicativo. Para mitigar isso, foi explicado que suas contribuições eram essenciais para a melhoria do material, e que poderiam optar por não participar a qualquer momento.

Construído com o objetivo de ser uma ferramenta tecnológica útil para o ambiente educacional, o aplicativo móvel foi denominado de TDAH Class após uma sessão de brainstroming e utilizando como base conceitual a metodologia Design Thinking. Foi priorizado um termo simples e diretamente relacionado à finalidade do aplicativo, culminando na criação do seu logotipo, conforme ilustrado na Figura 1.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente, o software é compatível apenas com dispositivos Android e é adaptado a celulares de diferentes dimensões de tela, e operando exclusivamente com acesso à internet. O aplicativo é composto por um total de 28 telas, onde cada uma desempenha uma função específica.

Figura 1 – Logotipo do software aplicativo móvel

Fonte: Do autor.

A figura 2, corresponde a logo aplicada na tela de início do aplicativo, estabelecendo uma identidade visual e com função de tela de carregamento inicial. Em sequência, a Figura 3, mostra a tela dos termos e condições de uso, com o intuito de informar aos usuários sobre os direitos e responsabilidades relacionados ao uso do aplicativo e sobre o sigilo e a segurança de dados.

Figura 2 – Tela de carregamento inicial e Termos e condições de uso do aplicativo

Fonte: própria do autor.

A Figuras 4, contêm as 3 telas que correspondem às instruções de uso, a fim de oferecer ajuda aos professores para melhor utilização das funcionalidades do aplicativo. Essas instruções foram elaboradas para serem claras e diretas para facilitar a adoção da ferramenta por novos usuários e instruem o usuário sobre como navegar pelo aplicativo, como responder ao questionário de maneira adequada e como interpretar os resultados apresentados ao final da avaliação.

Figura 3 – Telas de instruções de uso

Fonte: própria do autor.

A Figura 5 corresponde a tela que inicia a seção do questionário com a pergunta: “Vamos iniciar o questionário?”. O professor é direcionado para o início das perguntas, caso pressione a opção “Iniciar”.

As Figuras 6 a 14. apresentam o questionário completo, composto por 18 perguntas. As perguntas são apresentadas de forma sequencial e individual para cada tela do aplicativo e cada uma delas oferece as opções de resposta “Nunca”, “Às vezes”, “Frequentemente” e “Muito frequentemente”. Essas opções permitem que o usuário selecione a frequência com que observa o comportamento descrito em cada item no aluno avaliado. O software só permite escolher uma resposta por pergunta, o que facilita o processo de preenchimento e evita ambiguidades nos resultados. À medida que ocorre o avanço nas telas, o aplicativo realiza automaticamente a soma das pontuações atribuídas a cada resposta. No final do preenchimento das 18 perguntas, a pontuação total é calculada e utilizada para determinar a probabilidade de presença de sinais de TDAH e indicando, em seguida, a necessidade de uma avaliação mais detalhada do aluno por profissionais de saúde especializados nas três possíveis respostas, caso haja prejuízo funcional.

Figura 4 – Tela de início do questionário com as perguntas 1 e 2 do questionário

Fonte: própria do autor.

Figura 5 – Telas com as perguntas 3 e 4 do questionário

Fonte: própria do autor.

Figura 6 – Telas com as perguntas 5 e 6 do questionário

Fonte: própria do autor.

Figura 7 – Telas com as perguntas 7 e 8 do questionário

Fonte: própria do autor

Figura 8 – Telas com as perguntas 9 e 10 do questionário

Fonte: própria do autor.

Figura 9 – Telas com as perguntas 11 e 12 do questionário

Fonte: própria do autor.

Figura 10 – Telas com as perguntas 13 e 14 do questionário

Fonte: própria do autor.

Figura 11 – Telas com as perguntas 15 e 16 do questionário

Fonte: própria do autor.

Figura 12 – Telas com as perguntas 17 e 18 do questionário

Fonte: própria do autor.

Após o preenchimento de todas as 18 perguntas do questionário, o aplicativo apresenta uma tela de carregamento, ilustrada na Figura 15. Durante essa etapa, o sistema realiza a soma das pontuações atribuídas às respostas de cada pergunta, processando os dados coletados para fornecer o resultado. Após a soma, o aplicativo gera automaticamente a tela que indica a probabilidade de TDAH, podendo variar entre alta probabilidade, moderada probabilidade, e baixa probabilidade.

Figura 13 – Tela de carregamento da resposta do questionário

Fonte: própria do autor.

A Figura 14 ilustra as três possíveis classificações do risco de TDAH conforme as pontuações obtidas no aplicativo: alta, moderada e baixa probabilidade. Quando a soma das pontuações nas seções de desatenção e hiperatividade é igual ou superior a 13 em ambas as áreas, a tela correspondente é destacada em vermelho, indicando um alerta crítico e a necessidade de uma avaliação urgente por um profissional especializado. Em situações em que a pontuação é igual ou superior a 13 em apenas uma das seções, a tela é amarela, sinalizando uma probabilidade moderada de TDAH. Nesse caso, o aplicativo sugere o monitoramento próximo do comportamento da criança e considera-se uma avaliação adicional, especialmente se houver impacto relevante no desempenho escolar ou nas interações sociais. Já a cor verde é apresentada quando a soma das pontuações é inferior a 13 em ambas as seções, sugerindo uma baixa probabilidade de TDAH. Mesmo nesta situação, o aplicativo recomenda que o professor fique atento a possíveis sinais de dificuldades funcionais no comportamento ou rendimento acadêmico do aluno e, se necessário, encaminhe para uma avaliação mais detalhada.

Figura 14 – Telas dos resultados de alta, moderada e baixa probabilidade, respectivamente

Fonte: própria do autor

A análise das respostas dos cinco psiquiatras, selecionados pelo método de amostragem Snowball, revelou uma concordância total em todos os tópicos avaliados na escala de Likert: Termos de Uso, Orientações de Uso, Embasamento do Conteúdo, Estrutura do Questionário, Figuras e Ilustrações, Objetivo Geral do Aplicativo, Orientações dos Resultados e Clareza. Com a concordância unânime dos especialistas, não foi necessário realizar novas adaptações ao aplicativo.

Em comparação com outros estudos sobre tecnologias assistivas ao TDAH, o consenso dos especialistas sugere que o aplicativo pode ser uma referência no uso de tecnologias digitais para promover a inclusão e o apoio no contexto escolar, podendo também ser um recurso valioso para educadores que lidam com a diversidade de perfis comportamentais em sala de aula.  Ainda, a criação de um aplicativo destinado aos profissionais educadores pode influenciar o desenvolvimento de futuros estudos que possam explorar de forma complementar o impacto direto de ferramentas no cotidiano escolar e na percepção dos educadores em relação ao manejo de alunos com suspeita de TDAH, ampliando o escopo da pesquisa e fortalecendo sua aplicabilidade prática.

5 CONCLUSÃO

O aplicativo TDAH Class pode auxiliar na identificação precoce dos sinais de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), facilitando o monitoramento dos sintomas em ambiente escolar. O TDAH é um transtorno que impacta o desempenho acadêmico e as interações sociais dos alunos. O aplicativo pode oferecer recursos como questionários estruturados de avaliação de comportamentos, orientações práticas e resultados claros, que podem ajudar os educadores a se tornarem mais atentos às manifestações do TDAH e a reconhecerem os primeiros sinais da condição. Ao incentivar a observação constante e ao fornecer orientações baseadas em evidências, o aplicativo pode reduzir potencialmente os efeitos da identificação tardia sobre a trajetória escolar dos alunos e contribuir para intervenções e encaminhamentos mais rápidos para profissionais especializados.

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¹Discente do Curso Superior de Mestrado Profissional em Biotecnologia e Atenção Básica de Saúde pelo Centro Univeritário UNIFACID WYDEN, Teresina, e-mail: davipessoam25@gmail.com
²Docente do Curso Superior Mestrado Profissional em Biotecnologia e Atenção Básica de Saúde pelo Centro Univeritário UNIFACID WYDEN, Teresina. Doutora em Engenharia Biomédica. e-mail: ana.carvalho@professores.facid.edu.br.
³Docente do Curso Superior Mestrado Profissional em Biotecnologia e Atenção Básica de Saúde pelo Centro Univeritário UNIFACID WYDEN, Teresina. Doutor em Ciência Animal. e-mail: jandson.costa@professores.facid.edu.br.
⁴Docente do Curso Superior Mestrado Profissional em Biotecnologia e Atenção Básica de Saúde pelo Centro Univeritário UNIFACID WYDEN, Teresina. Doutora em Biotecnologia. e-mail: suely.melo@professores.facid.edu.br.