SELETIVIDADE ALIMENTAR EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISMO

FOOD SELECTIVITY IN CHILDREN WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411052117


Laís Da Silva Tananta1; Micaelly Jade Ribeiro Filgueiras1; Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas2; Ana Rita Gaia Machado3


RESUMO

A alimentação é fundamental para o bom desenvolvimento físico e psicológico do paciente com TEA. Entretanto, compreende-se que cada criança diagnosticada com TEA possui diferentes necessidades, por isso a importância da dieta individualizada em função da necessidade distinta de cada um. O estudo abordado tem como objetivo compreender as dificuldades de inserir novos hábitos alimentares saudáveis em crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pesquisando possíveis estratégias para implementar ao cotidiano desses indivíduos e incentivá-los a ter uma boa alimentação. Para lograr êxito nesse estudo, foram realizadas revisões bibliográficas utilizando fontes acadêmicas, cientificas de coletadas em bases como SciELO, google acadêmico, revistas integrativas de nutrição entre outros, com uma abordagem qualitativa. Sabendo-se crianças com TEA tem seletividade alimentar e em alguns casos podem ser prejudicais a saúde devido a restrição alimentar que a própria criança se sujeita, por isso é importante ter um profissional de nutrição para ajudá-la a em uma adequada dieta alimentar e de forma educativa para que não cresça desnutrido ou obeso. As estratégias nutricionais são usadas para diminuir a seletividade alimentar, nesse processo requer tempo e dedicação de profissionais e de familiares para influenciá-los a ter uma alimentação saudável e nutritiva.

Palavras-chave: Alimentação, Nutrição, Autismo, Seletividade alimentar.

ABSTRACT

Food is essential for the good physical and psychological development of patients with ASD. However, it is understood that each child diagnosed with ASD has different needs, hence the importance of an individualized diet due to the distinct needs of each one. The study aims to understand the difficulties of inserting new healthy eating habits in children and adolescents with Autism Spectrum Disorder (ASD), researching possible strategies to implement in the daily lives of these individuals and encourage them to have a good diet. To achieve success in this study, bibliographic reviews were carried out using academic and scientific sources collected in databases such as SciELO, google scholar, integrative nutrition journals, among others, with a qualitative approach. Knowing that children with ASD have food selectivity and in some cases can be harmful to health due to the food restriction that the child himself is subject to, so it is important to have a nutrition professional to help him in an adequate diet and in an educational way so that he does not grow malnourished or obese. Nutritional strategies are used to reduce food selectivity, in this process it requires time and dedication from professionals and family members to influence them to have a healthy and nutritious diet.

Keywords: Food, Nutrition, Autism, Food Selectivity.

1. INTRODUÇÃO 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é classificado como um transtorno do desenvolvimento neurológico. Ele se caracteriza por dificuldades na comunicação e na interação social, além da presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos (Araújo, 2019).

Segundo Posar e Visconti (2018), um das  características  do autismo , é ter costume de organizar os brinquedos e até comida  por cor, alinhamento, tamanho, cheiro, categorias, etc.

A alimentação saudável é essencial para o desenvolvimento integral do ser humano, contribuindo para o crescimento corporal, o desenvolvimento cerebral e as interações sociais. Ela é fundamental para promover a saúde, garantir um crescimento físico e intelectual adequado e prevenir diversas doenças e disfunções, sendo uma base para uma boa qualidade de vida (Alves et al. 2020).         

A seletividade alimentar, presente como uma das alterações comportamentais no TEA, está associada a desordens sensoriais e à defensividade tátil, o que pode impactar diretamente a aceitação de diferentes alimentos e texturas (Carvalho et al., 2012); (Bernardes, 2018).

A Terapia de Integração Sensorial é uma das abordagens utilizadas no tratamento da seletividade alimentar em crianças com TEA, uma abordagem exclusiva da terapia ocupacional, que tem mostrado resultados positivos na prática clínica (Serrano, 2016).

Os hábitos alimentares são moldados por uma complexa rede de fatores genéticos e ambientais. Existe uma predisposição genética que pode influenciar a preferência ou aversão a certos alimentos, bem como a sensibilidade a determinados gostos e sabores herdados dos pais. Dessa forma, essa influência genética se desenvolve ao longo da vida, consoante as experiências vivenciadas (Vitolo, 2015).

No ambiente familiar, atitudes e comportamentos alimentares começam a se manifestar como parte do processo de socialização e desenvolvimento. Os hábitos alimentares têm sido analisados detalhadamente, constatando-se que a participação dos pais influencia diretamente na seletividade dos filhos. É no seio familiar que a criança encontra modelos a seguir, aprende a reconhecer seus desejos e começa a construir suas preferências alimentares, que se consolidam até o final da idade préescolar. Além disso, o comportamento alimentar também sofre influências das interações sociais, da publicidade e do nível de escolaridade dos pais (Pinto, 2017). Leiras (2015), cita que os primeiros seis anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento de bons hábitos alimentares, que, adquiridos especialmente entre o segundo e o terceiro ano, tendem a se consolidar e a se manter ao longo dos anos seguintes.

O objetivo desta pesquisa e compreender as dificuldades de inserir novos    hábitos alimentares saudáveis em crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pesquisando possíveis estratégias para implementar ao cotidiano desses indivíduos.

2. METODOLOGIA 

2.1 Tipo de estudo

Este estudo é de natureza qualitativa por meio de análise de conteúdos abordados em matérias que foram publicados, para uma melhor compreensão da seletividade alimentar em crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

2.2 Coletas de dados 

Para coleta de dados utilizamos artigos obtidos no Google Académico, ScIELO e revistas integrativas de nutrição, em livros, dentre outros. Os descritores utilizados para a busca de artigos incluíram: terapia nutricional, nutrição no espectro autista, seletividade alimentar em crianças, seletividade alimentar de autistas e transtornos alimentares. 

Os critérios de elegibilidade: foram artigos e revisões bibliográficas que abordassem o tema da seletividade alimentar em crianças com TEA, no período de publicação de até 15 anos.

Os critérios de inelegibilidade: incluíram obras sem relevância para o contexto da pesquisa. Os títulos e resumos dos artigos foram analisados para determinar essa relevância, e excluímos aqueles que não se alinhavam com o estudo ou tinham mais de 15 anos de publicação.

2.3 Análise de dados 

Podemos observar na figura 1 o fluxograma elaborado para demostrar os registros obtidos, excluídos, incluídos e o quantitativo que mantivemos para utilizar no levantamento de dados qualitativos necessários para confecção do estudo.

Figura 1 – Fluxograma da metodologia da etapa de seleção dos estudos

Fonte: Autoras, 2024.

Após a seleção do material bibliográfico relevante, procedeu-se a uma leitura e análise detalhadas dos dados obtidos, visando a elaboração de um texto coeso, preciso e de fácil compreensão.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

3.1 Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

O autismo é uma parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que é uma condição com início precoce. As características do TEA podem impactar o desenvolvimento do indivíduo ao longo da vida, apresentando uma ampla variação na intensidade e na forma de expressão dos sintomas, nos diferentes aspectos que compõem seu diagnóstico. Esse transtorno é caracterizado por condições que podem variar em termos de intensidade dos sintomas e nos efeitos que causam na vida cotidiana do indivíduo (Zanon et al., 2014)

Segundo Silva (2012), “Abraçar” o autismo é abrir-se para conhecer o universo único da pessoa com autismo, que é diferente do convencional. Trata-se de algo que vai além da inclusão; é acolher para colher os frutos no futuro. É como estar em uma poesia que reúne todos os sentimentos, mesmo aqueles que não conseguimos identificar. Assim como um diamante precisa ser lapidado para brilhar, uma pessoa com autismo merece ser acolhida, cuidada e estimulada em seu desenvolvimento. É um aprendizado contínuo quando nos permitimos explorar o mundo singular do autismo.

Embora a etiologia exata do TEA ainda não esteja completamente esclarecida, evidências sugerem uma contribuição complexa de fatores genéticos e ambientais. Estudos epidemiológicos têm consistentemente demonstrado uma contribuição significativa dos fatores genéticos para o risco de TEA, com hereditariedade estimada em cerca de 50-90%. Além disso, fatores ambientais, como complicações durante a gravidez, exposição a toxinas e agentes teratogênicos, também têm sido associados a um maior risco de TEA (Sandini et al., 2014). 

Como destacado por Lord (et al., 2018), o diagnóstico precoce e o início de intervenções precoces são essenciais para maximizar os resultados a longo prazo para crianças com TEA. No que diz respeito ao tratamento e manejo do TEA, uma abordagem multidisciplinar é geralmente recomendada, envolvendo intervenções comportamentais, terapias ocupacionais e de fala, educação especializada e apoio psicossocial. De acordo com (Dawson et al., 2010), intervenções intensivas e individualizadas que abordam as áreas de déficit do TEA podem melhorar significativamente os resultados de desenvolvimento e adaptativos.

Segundo Chaste e Leboyer (2012), o TEA é altamente hereditário, com estudos de famílias e gêmeos sugerindo uma contribuição genética significativa para a sua etiologia. Essas evidências apontam para a influência de fatores genéticos na predisposição ao TEA, embora os mecanismos exatos pelos quais esses genes contribuem para a condição ainda não estejam totalmente elucidados.

Embora a origem exata do TEA ainda seja objeto de investigação, uma compreensão mais profunda desses fatores genéticos, ambientais e neurobiológicos pode ajudar a informar estratégias de prevenção, diagnóstico e intervenção mais eficazes. Como salientado por (Baio et al., 2018), a compreensão dos fatores de risco e causas subjacentes do TEA é fundamental para desenvolver estratégias de saúde pública que visem reduzir a carga do TEA na sociedade. 

Como enfatiza (Lord et al. 2018), o diagnóstico precoce e o início de intervenções precoces são essenciais para maximizar os resultados a longo prazo para crianças com TEA. Portanto, é crucial que o diagnóstico do TEA seja realizado o mais cedo possível, para que intervenções adequadas possam ser implementadas para ajudar a criança a alcançar seu pleno potencial de desenvolvimento. 

3.2 Seletividade alimentar em crianças com TEA

A seletividade e a recusa alimentar são características comuns no desenvolvimento de todas as crianças, sejam elas típicas ou atípicas, e são mais frequentes na primeira infância. Esse é o período da introdução alimentar, quando são oferecidos novos alimentos com diferentes texturas e sabores (Bottan et al., 2020; Campello et al., 2021). De acordo com Schreck et al. (2004) e Rocha et al. (2019), crianças com autismo apresentam maior seletividade alimentar em comparação às crianças típicas.

A literatura científica aponta que a seletividade alimentar inclui três domínios: recusa alimentar, repertório limitado de alimentos e alta frequência de ingestão em nutrientes e afetando a absorção adequada, resultando em uma limitação nas variações alimentares. Muitas crianças autistas tendem a se restringir a apenas um ou até a cinco tipos de alimentos, o que leva a um repertório alimentar empobrecido. Essa restrição não contribui para a melhora no desenvolvimento e nos sintomas relacionados à patologia, podendo resultar em sobrepeso, obesidade, desnutrição e alterações cognitivas e comportamentais (Rocha,et al., 2019).

No entanto, dentro das especificidades da seletividade alimentar a criança pode apresentar preferências em alimentos com as texturas mais rígidas, além de ser influenciada por fatores como cor, temperatura e cheiro, enquanto rejeita outros tipos de alimentos, especialmente vegetais e diferentes texturas. É durante as refeições que esses comportamentos inadequados se tornam mais evidentes. (Serrano, 2016; Aragão, 2017).  

A seletividade alimentar é uma característica comum e desafiadora observada em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este comportamento alimentar é definido pela recusa persistente em comer certos alimentos ou pela ingestão limitada de uma variedade de alimentos, a seletividade alimentar é frequentemente observada em crianças com TEA e pode resultar em dietas altamente restritas e desequilibradas (Sharp et al., 2013)

A recusa alimentar com base na textura, a neofobia alimentar (medo de experimentar novos alimentos) e rigidez em torno das refeições oram os comportamentos problemáticos mais frequentemente relatados na literatura revisada. Essas dificuldades, junto com a resistência a mudanças na rotina, provavelmente representam barreiras para a melhoria dos comportamentos alimentares e do consumo em crianças com TEA, sendo significativamente mais comuns em comparação com crianças sem essa condição. A insistência em seguir rotinas rígidas durante as refeições, como a utilização dos mesmos pratos ou talheres, foi observada em várias crianças com desenvolvimento típico. Nos estudos que investigaram as razões para a rejeição a textura dos alimentos foi a mais frequentemente mencionada. E ainda recusa alimentar com base na cor, marcas e embalagens, odor, os grupos alimentares e temperatura (Marshall et al., 2014).

No Brasil, foi possível destacar um percentual de estudos de 57,1%, os quais tiveram como objetivo analisar a relação entre seletividade alimentar e a disfunção do processamento sensorial. Além de compreender os hábitos, dificuldades alimentares dessas crianças, esses estudos trabalharam com intervenções terapêuticas sensoriais e oficinas nas cozinhas para obter mais melhora na seletividade alimentar e facilitar os momentos das refeições desses pacientes (Magagnin et al., 2021; Oliveira; Frutuoso, 2020; Oliveira; Frutuoso, 2021; Oliveira; Souza 2022).

3.3 Fatores que influenciam o comportamento alimentar negativo em crianças com (TEA)

É evidente que a influência genética desempenha um papel significativo nas escolhas alimentares das crianças. Mesmo antes do nascimento, a exposição do bebê a determinados alimentos pode gerar preferências por esses itens. O que a mãe consome nos últimos meses de gestação pode impactar os gostos e preferências do bebê. Através do líquido amniótico, a criança recebe, ainda no útero, a alimentação, o que resulta em uma tendência a preferir os alimentos que a mãe ingeriu (Andrade, 2014).

Um estudo feito em 2010, afirma que pelo menos 15% de crianças portadores do Espectro autista sofrem com dificuldade motoras na mastigação; na movimentação da língua, o que impede o alimento de se movimentar na cavidade oral; dificuldade em engolir; apresentam engasgo, vomito e tosse no período da alimentação; além de excesso de salivação e baba, piorando o quadro alimentares e deficiência (Almeida, 2020).

A alimentação é fundamental para o bom desenvolvimento físico e psicológico do paciente com TEA (Faria et al., 2021). No entanto, é importante reconhecer que cada criança diagnosticada com TEA possui necessidades únicas, o que torna essencial a adoção de uma dieta individualizada, adaptada às particularidades de cada uma (Moura et al., 2021).

Além das recusas alimentares relacionadas à textura, consistência, sabor, cor e cheiro, comportamentos como não cheirar ou brincar com os alimentos, recusar-se a tocar, lamber ou comer, refletem as questões sensoriais que estão presentes em crianças com TEA (Silva et al., 2021).

3.4 Estratégias nutricionais para crianças com Transtornos de Espectro Autismo

Para que uma criança aceite consumir um novo alimento, é necessário um processo que envolve várias etapas, como interagir com o alimento, olhar, cheirar, tocar, provar e finalmente comer. A criança deve ressignificar o momento da alimentação para se sentir segura, o que permite uma evolução sensorial e produz efeitos significativos no processo alimentar (Oliveira, 2022).

As estratégias destinadas a reduzir a seletividade alimentar em crianças dentro do espectro autista devem ser fundamentadas na promoção de intervenções que abordem o processamento sensorial oral. Isso visa minimizar os problemas que podem ocorrer durante as refeições (Chistol, 2018).

Convidar a criança com autismo a observar e participar do preparo das refeições pode ser uma ferramenta eficaz na introdução de novos alimentos. Essa abordagem deve incluir a oferta repetida do mesmo alimento várias vezes, permitindo que novas rotinas sejam gradualmente estabelecidas e que a criança se acostume a aceitar novas cores, sabores e texturas (Hyman, 2020).

Segundo Junqueira (2017), evitar batalhas e despertar a curiosidade da criança pelo alimento, contribuindo para o seu aprendizado em comer. Não desrespeitar os sinais de fome e saciedade. Afastar pressões é motivações externas (TV, vídeos, brinquedos ou punições). Entender que a Criança é responsável pela quantidade de alimento que ela come. 

A preparação das frutas e dos vegetais minimamente processados é capaz de envolver atividades agradáveis que incentivam a imaginação, por causa dos formatos lúdicos, a coordenação motora deve ser desenvolvida por meio de movimentos requeridos nos processos de corte e modelagem; a percepção sensorial instigada pelas cores, aromas, sabores e texturas de diferentes vegetais (Gianonni, 2018).

A avaliação do consumo de água e líquidos é fundamental, pois eles são essenciais para a manutenção da vida, desempenhando papéis cruciais nos processos de digestão, absorção e excreção de nutrientes. Além disso, o equilíbrio hídrico é importante para a regulação de órgãos como o cérebro, os rins e o trato gastrointestinal. Vale ressaltar que as recomendações de ingestão hídrica variam conforme a idade, o sexo e o nível de atividade física da pessoa no dia a dia. (Charney, 2014).  

4 CONCLUSÃO  

O Tea é classificado como um transtorno do desenvolvimento neurológico os sinais são notados desde os primeiros meses do bebe, os pacientes podem apresentar deficiência nutricional, intolerância e alergias a alguns alimentos e também ter alteração na permeabilidade intestinal; disbiose intestinal, inflamação intestinal.

A seletividade e a recusa alimentar são comuns entre crianças, especialmente durante a primeira infância, quando alimentos novos são introduzidos. Em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essas características são ainda mais evidentes, manifestando-se como restrição alimentar severa e preferência por texturas, cores e temperaturas específicas. A seletividade alimentar nos casos de TEA inclui a recusa frequente de certos alimentos e a ingestão limitada, o que pode resultar em dietas desequilibradas, comprometendo o desenvolvimento e até levando a problemas como desnutrição e obesidade. Além disso, observa-se uma forte resistência a mudanças durante as refeições, como o uso repetitivo dos mesmos utensílios.

Um outro fator é a influência genética desempenha um papel significativo nas preferências alimentares das crianças, sendo que a exposição a determinados alimentos ainda no útero, com base na dieta materna nos últimos meses de gestação, pode moldar os gostos e preferências do bebê após o nascimento.

Estudos no Brasil indicam que 57,1% das pesquisas sobre o tema exploram a relação entre seletividade alimentar e dificuldades no processamento sensorial, abordando intervenções terapêuticas e oficinas de culinária para melhorar esses padrões alimentares e tornar as refeições mais agradáveis para crianças com TEA e suas famílias.

Buscar incluir a criança no preparo da refeição é uma forma de incentivar a curiosidade dela para experimentar o alimento, claro que dificilmente ela ira consumir no primeiro dia, mas no decorrer dos dias ela vai sentir desejo de experimentar, possibilitando a inclusão de novos alimentos na dieta da criança, que por muitas vezes é podre em nutrientes devido a seletividade alimentar.

É importante destacar que a criança deve ser tratada com amor e carinho, e deve-se evitar ao máximo fato de obrigar a criança comer forçadamente algo, ao invés disso, pode-se utilizar de estratégias para oferecer alimentos como frutas e verduras de forma criativa, criando desenhos com alimentos, como por exemplo o coelho.

A inclusão da criança com TEA no preparo do alimento, além de incentivar a alimentação, traz vários benéficos pois incentiva a coordenação motora, higiene pessoal e alimentar, a fala, a curiosidade e a ingestão de água.

As estratégias nutricionais são usadas para diminuir a seletividade alimentar, nesse processo é importante frisar que a família e seus  responsáveis tem que ter bastante paciência, pois requer tempo e dedicação para influenciá-los a ter uma alimentação saudável e nutritiva, evitar de passar do horário das refeições, montar pratos lúdicos que atraem a atenção deles, os nutricionistas ajudam aos pais a estabelecerem uma rotina que os pacientes se sinta mais interessado no alimento, descartar objetos, tv e/ ou eletrônicos ou qualquer distração.

Conclui-se que é muito importante ter um profissional de nutrição para ajudar a criança aceitar a alimentação de forma educativa sem que esse paciente não cresça desnutrido ou obeso pelo fato de que eles comem mais industrializados e de maior valor calórico, a dieta mais indicada é a cetogênicas, sem caseína e sem glúten que é especifica para esse público alvo. Os macronutrientes e micronutrientes dos alimentos precisam serem consumidos na quantidade e qualidade adequados para o desenvolvimento saudável do cliente.

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1Graduanda do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. Email: tanantalais@gmail.com

1Graduanda do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. Email: micaellyfilgueiras@gmail.com

2Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: francisca.freitas@fametro.edu.br 

3CO orientador(a) do TCC, Títulação pela instituição. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E: -mail ana.machado@fametro.edu.br