EFICÁCIA DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS) E DA MASSAGEM NA PROMOÇÃO DO ALÍVIO DA DOR DURANTE O TRABALHO DE PARTO NATURAL

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102410041650


Amanda Jayane Tavares Correia
Yasmim Maria Ferreira Lins
Orientadora: Profa. Me Nayara Bezerra Cavalcanti De Siqueira
Coorientadora: Roberta Emanuela Da Silva Carvalho


Resumo

Introdução: O período parturitivo representa uma fase singular na experiência feminina, a qual vem acompanhada de diversos receios, sendo um deles a dor associada ao parto natural. Entretanto, existem vários métodos não farmacológicos que promovem o alívio da dor durante o trabalho de parto, dentre eles estão a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e a massagem. Objetivo: Analisar a eficácia da estimulação elétrica nervosa transcutânea e da massagem na promoção do alívio da dor durante o trabalho de parto natural. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa baseada em evidências dos últimos 7 anos. A busca foi realizada dentre as bases de dados da PubMed, Cochrane Library e BVS, utilizando os descritores do DeCs/MeSH, em inglês. A seleção seguiu cinco etapas: busca inicial, inclusão de artigos pertinentes ao tema, exclusão de duplicados, alinhamento aos objetivos e aplicação dos critérios de elegibilidade. Resultados e discussão: Sete artigos foram incluídos na amostragem final, os quais comprovaram a eficácia da estimulação elétrica nervosa transcutânea e de massagens na redução da dor. Além disso, a massagem também mostrou ser eficaz na diminuição dos níveis de ansiedade. Ainda quando ambas foram adicionadas a um protocolo de fisioterapia, proporcionaram o atraso da solicitação de intervenção farmacológica. Considerações finais: O TENS e a massagem apresentam um impacto positivo quanto ao alívio da dor durante o trabalho de parto natural. No entanto, a eficácia dessas intervenções varia entre as mulheres. Destaca-se a necessidade de mais pesquisas conduzidas por fisioterapeutas especializados para o aprimoramento das condutas obstétricas baseadas em evidências.

Palavras-chave: parturiente; trabalho de parto; dor do parto; métodos não farmacológicos; fisioterapia obstétrica.

1 INTRODUÇÃO

A experiência de conceber uma criança é um momento único na vida de uma mulher e reflete alegria ou medo, associados a vários fatores. Um deles é o temor à dor do parto (RügerNavarrete et al., 2023). O parto natural (PN) é um processo fisiológico dividido em três estágios distintos. O primeiro estágio é caracterizado por contrações fortes e intensas, com intervalos de 3 a 5 minutos entre elas, e pela dilatação cervical (DLC), que vai de 0 a 10 cm. Já o segundo estágio começa quando a dilatação cervical está completa e termina com o nascimento do bebê. Enquanto o terceiro e último estágio ocorre logo após o nascimento, com a expulsão da placenta (Hutchison; Mahdy; Hutchison, 2023).

Em 2020, o jornal Medicine publicou uma pesquisa sobre as taxas de parto cesáreo no Brasil, revelando que, entre 2014 e 2017, foram registrados um total de 11.774.665 nascidos vivos, dos quais 58% ocorreram por meio de cesárea, mesmo quando as gestantes apresentavam condições favoráveis para um parto natural (Rudey; Leal; Rego, 2020). Entretanto, a “Declaração da OMS sobre as taxas de cesárea: Programa de Reprodução Humana da Organização Mundial da Saúde, 10 de abril de 2015”, recomenda que as taxas de cesárea não ultrapassem 15% de todos os nascimentos na população. Durante o período gestacional, as mulheres vivenciam experiências sensoriais e emocionais que influenciam a escolha do tipo de parto a ser adotado (Cardozo; Cunha, 2019).

Diante disso, a dor é definida cientificamente por Niven (1984) como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a danos reais ou potenciais nos tecidos” (apud Czech et al., 2018). No entanto, a experiência da dor durante o parto natural varia para cada parturiente, e métodos farmacológicos, como a anestesia epidural, são oferecidos com o intuito de proporcionar o alívio da dor. Contudo, esses métodos podem prolongar o trabalho de parto (TP) e reduzir a cooperação e o autocontrole da mulher (Zuarez-Easton et al., 2023). É importante destacar que é necessário considerar outros meios que facilitem sua participação ativa (Guzewicz; Sierakowska, 2022).

Durante o TP, o acompanhamento fisioterapêutico inclui condutas e orientações baseadas em evidências (COBE) cuja finalidade é viabilizar um parto mais tranquilo (Kuguelle et al., 2020). Nesse contexto, o programa brasileiro de humanização no pré-natal e nascimento (PHPN), além de ressaltar a importância da COBE, dá crédito à relação de humanidade entre o profissional de saúde e a parturiente, tornando o TP uma vivência positiva (Possati et al., 2017). Contudo, a OMS reconhece a influência do fisioterapeuta no TP, mas, na prática, ele ainda não está amplamente inserido no sistema de saúde (Bavaresco et al., 2011).

O fisioterapeuta considera importante que a parturiente tenha domínio sobre seu próprio corpo, utilizando métodos não farmacológicos (MNF) que tendem a oferecer vários benefícios (Borba; Amarante; Lisboa, 2021). Entre esses métodos, aplicam-se técnicas para o alívio da dor, como a estimulação elétrica transcutânea (TENS), massagem, pressão em pontos anatômicos, imersão em água, técnicas de respiração, posicionamento e movimento (Nori et al., 2023). É fundamental que as gestantes estejam cientes das vantagens e desvantagens dos métodos oferecidos durante o TP (Thomson et al., 2019).

As fases do PN podem ser longas e exaustivas, especialmente em mulheres nulíparas, que podem levar de 10 a 12 horas no primeiro estágio do TP e até 3 horas no segundo estágio na fase ativa, o que torna indispensável o acompanhamento de um fisioterapeuta obstetra, utilizando medidas não farmacológicas para tornar esse processo menos desgastante (Gregolis et al., 2024). Através do uso de MNF, o organismo libera endorfinas endógenas, promovendo uma analgesia natural e, à medida que são absorvidas, proporcionam uma sensação de conforto, beneficiando a mulher durante o período parturitivo (Cavalcanti et al., 2019).

Dentre os métodos utilizados no PN pelo fisioterapeuta obstetra, o TENS tem como função conduzir estímulos elétricos por meio de eletrodos aplicados à pele da parturiente, promovendo analgesia (Reis et al., 2022). A massagem também é proposta com o mesmo intuito, além de reduzir o estresse e diminuir os níveis de ansiedade, ao dispensar hormônios neurotransmissores analgésicos no corpo e proporcionar o aumento da oxigenação dos tecidos (Gallo et al., 2013).

Diante dos achados literários, a presente revisão integrativa visa analisar a eficácia do TENS e da massagem na promoção do alívio da dor durante o trabalho de parto natural, descrever a importância do fisioterapeuta obstetra na utilização de métodos não farmacológicos na resposta aos desfechos do PN, relatar as vantagens e desvantagens da implementação desses métodos e validar a autonomia e o controle da mulher sobre seu próprio corpo durante o PN.

2 METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como uma revisão bibliográfica do tipo integrativa, desenvolvida a partir da questão norteadora: dentre os métodos não farmacológicos, qual a eficácia do TENS e da massagem na promoção do alívio da dor durante o trabalho de parto natural? Em seguida, foi realizado um processo de busca e seleção nas seguintes bases de dados: Publisher Medline (PubMed), Cochrane Library, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com o intuito de sintetizar informações de evidências aplicadas à prática (Souza et al., 2010).

A priori, foram selecionados descritores por meio de consulta ao DeCs/MeSH (descritores em ciência da saúde), em inglês, que possuíssem concordância com o tema do estudo, sendo eles: Physical Therapy Modalities, Natural Childbirth, Transcutaneous Electric Nerve Stimulation, Massage, Labor Pain, Labor Obstetric. Para substanciar a busca, foram utilizados os operadores booleanos AND e OR com a seguinte distribuição: (Physical Therapy Modalities) AND (Labor, Obstetric) OR (Natural Childbirth) AND (Labor Pain); (Physical Therapy Modalities) AND (Labor, Obstetric); (Transcutaneous Electric Nerve Stimulation) AND (Labor Pain); (Massage) AND (Labor Pain).

O presente estudo utilizou a estratégia PICO: P: paciente, I: intervenção, C: controle, O: outcome (resultado). Referindo-se à P: gestantes que não apresentaram risco habitual; I: TENS e massagem como intervenção não farmacológica no PN; C: não utilizado; O: alívio da dor  durante TP. Isso gerou as seguintes perguntas clínicas: existem evidências que confirmem a aplicação do TENS e da massagem no alívio da dor durante o TP? Se existem, em qual fase do TP deve ser indicado o seu uso? Como se adequariam quando adicionadas a um protocolo de atendimento fisioterapêutico?

A pesquisa foi elaborada entre os meses de junho e outubro de 2024. Foram estabelecidos como critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos 7 anos nas bases de dados supracitadas, restringindo os idiomas para português, inglês e espanhol; artigos que aplicaram TENS ou massagem para alívio da dor; parturientes que não apresentassem risco habitual para a via de parto natural; estudos das categorias: ensaios clínicos, ensaios clínicos randomizados e controlados, que apresentaram os métodos já descritos de forma isolada ou somados a um protocolo de atendimento.

A estratégia de busca foi elaborada por duas pesquisadoras que sintetizaram a coleta de artigos científicos em 5 etapas: na primeira etapa, foram identificados os artigos que consistiam nos descritores de busca selecionados; segunda etapa, foram excluídos os artigos por apresentarem fuga ao tema proposto; terceira etapa, foram excluídos os artigos duplicados; quarta etapa, foram excluídos por não atenderem aos objetivos; quinta etapa, foram expluídos por não se tratar de estudos científicos com a categoria proposta aos critérios de elegibilidade. O seguinte fluxograma detalha a busca e seleção dos artigos que foram condutores do estudo, descritos na figura 1.

Figura 1: Seleção da amostra final da revisão integrativa, conforme o cruzamento de termos empregados nas buscas à base de dados

Fonte: Elaborado pelos autores (2024)

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir da busca realizada nas bases de dados e da aplicação dos critérios de elegibilidade, sete estudos foram selecionados e organizados em duas tabelas para facilitar a compreensão e a análise dos resultados. A tabela 1 apresenta os autores, o ano de publicação, o título e um resumo dos principais achados de cada estudo.

Tabela 1: Resumo dos Estudos Selecionados

Na tabela 2, são detalhadas a metodologia, as intervenções aplicadas e as conclusões de cada estudo, fornecendo uma visão abrangente para a discussão dos resultados desta revisão integrativa.

Tabela 2: Detalhamento Metodológico e Resultados dos Estudos Selecionados

Fonte: Elaborado pelos autores (2024)

A dor visceral e somática são constituídas por estímulos nociceptivos que compõem a dor do parto, que no primeiro estágio é medida pelo segmento espinal T10 a L1 e no segundo estágio, seguido por T12-L1 e S2-S4 (Labor & Maguire, 2008). Dentre os meios utilizados para analgesia de parto, os MNF destacam-se por oferecer mínimos ou nenhum efeito colateral (Barut et al., 2024). Desse modo, o TENS demonstra eficácia contendo o estímulo doloroso, além de delongar o uso de intervenção farmacológica (IF), sem apresentar danos maternos ou neonatais (Santana et al., 2016).

Segundo Shahoei et al. (2017), a fim de investigar o efeito do TENS na gravidade da dor do parto em mulheres nulíparas, dividiram grupos de parturientes em apresentação cefálica: GE, onde os eletrodos do TENS foram posicionados entre T10-L1 e L2-L4, e a voltagem foi fixada quando a gestante apresentou formigamento na área aplicada; para o GPL, mantiveram o aparelho desligado; e o GC, recebeu cuidados de rotina habitual. As pacientes não poderiam solicitar IF para não interferir nos resultados. A EVA foi utilizada para pontuar a dor antes da intervenção e durante o primeiro estágio do TP, dentro de cada hora e no início do segundo estágio.

Ainda no estudo mencionado, foi constatado que, em todas as horas avaliadas no primeiro estágio e no início do segundo, após a aplicação do TENS, a intensidade da dor no GE foi menor quando comparada ao GPL e GC. Entretanto, a abordagem apresentou viés por não informar os parâmetros do TENS na implementação do método. Em contrapartida, Báez-Suárez et al. (2018) avaliaram as diferentes doses do TENS para alívio da dor durante o TP, em mulheres com dilatação cervical de 4 cm, no entanto, não especificaram se eram nulíparas ou multíparas. Elas foram divididas em três grupos: TA1, com frequência constante de 100 Hz, 100 μs; TA2, com frequência variável 80-100 Hz, 350 μs; e GPL, manteve o aparelho desligado.

Diferente de Shahoei et al. (2017), Báez-Suárez et al. (2018) aplicaram o TENS nos níveis de T10-L1 e S2-S4, durante 30 min, começando no início da fase ativa do TP. A amplitude também foi titulada a partir da sensibilidade da parturiente, e as mesmas não poderiam solicitar IF. Ademais, os pesquisadores empregaram a EVA para analisar os resultados, mas de uma forma diferente: antes de o TENS ser aplicado, após 10 min e ao final dos 30 min. Constatou-se que, dentre os grupos, o TA2 foi o que alcançou um maior avanço nos resultados clinicamente relevantes. Entende-se que não se deve presumir que o alívio da dor dependa apenas do TENS.

Nesse contexto, Santana et al. (2022) avaliam a aplicação de um protocolo fisioterapêutico em mulheres na fase ativa do trabalho de parto. Os grupos avaliados incluíram primigestas com DLC em 4 cm, que se dividiram em GE, onde foi realizada a deambulação em 4-6 cm de dilatação durante 30 min; a partir dos 6 cm, alternaram posturas eretas enquanto foi aplicado o TENS com uma frequência de 80 Hz e largura de pulso de 75 μs a cada 15 min. Os eletrodos foram colocados nos mesmos pontos, e a titulação da intensidade corroborou com Báez-Suárez et al. (2018). Assim que a dilatação excedeu 7 cm, o banho morno foi aplicado por 40 min com água a 37 °C, enquanto o GC recebeu apenas cuidados de rotina.

Ao contrário do estudo de Shahoei et al. (2017) e Báez-Suárez et al. (2018), Santana et al. (2022) realizaram uma análise diferente em seu estudo, ao avaliar o tempo de duração do TP, considerando que um período mais breve pode levar a uma redução da dor. Além disso, as parturientes poderiam solicitar IF a qualquer momento do estudo. Para análise dos resultados, foi empregado o partograma da OMS. A partir disso, obteve-se que o GE solicitou analgesia farmacológica mais tardiamente e teve uma fase ativa de parto significativamente mais rápida, com uma média de 71 minutos a menos que o GC. Destaca-se que os MNF mostraram ser eficazes em manejar a dor durante o TP e a importância da COBE.

Dentre os MNF, o toque terapêutico também demonstra seus benefícios, reduzindo dor e ansiedade e diminuindo, assim, a dependência de analgésicos, promovendo uma experiência mais positiva para a parturiente em relação ao TP (Pinar & Demirel, 2021). Apesar disso, a ansiedade demonstra ser um fator determinante para que a percepção de dor durante o parto aumente (Curzik & Jokic-Begic, 2011). Nesse cenário, especialistas recomendam a massagem, pois, além dos benefícios já mencionados, ela pode estar associada há um tempo mais curto de duração do TP, proporcionando melhores resultados (Pawale & Salunkhe, 2020).

 Dessa forma, o estudo Akköz Çevik e Karaduman (2019) buscou analisar o efeito da massagem sacral na dor e ansiedade do parto em primíparas em apresentação cefálica, dividindo-as em GE, onde foi aplicada a técnica de effleurage e vibração em decúbito lateral esquerdo durante 15 min para cada intervenção, no início das três fases do TP, enquanto o GC recebeu apenas cuidados de rotina. Contudo, não houve clareza se as participantes poderiam utilizar algum tipo de IF ao longo do TP. Logo após a aplicação da massagem, foi utilizada EVA e mensurado o nível de ansiedade pelo formulário traço-estado (STAI) apenas na fase ativa, concluindo-se a respectiva diminuição nas pontuações de ambas no GE em comparação com o GC, resultando em satisfação pelo processo parturitivo. Porém, para uma avaliação mais robusta dos resultados, seria recomendada a análise das duas pontuações, antes e após a aplicação das intervenções em todas as fases.

Do mesmo modo, o estudo de Unalmis Erdogan, Yanikkerem e Goker (2017) utilizou a EVA com o intuido de analisar o efeito da massagem lombar na dor percebida no parto em mulheres primíparas em 4 cm de DLC. No entanto, diferente de Akköz Çevik e Karaduman (2019), para o GE aplicou-se o protocolo de massagem de Linda Kimber durante 30 min, no final da fase latente e durante a fase ativa e transição; e para o GC, apenas cuidados de rotina. O estudo não detalhou se as mulheres poderiam solicitar IF. Os resultados mostraram que a massagem teve um efeito significativo na pontuação da EVA, sendo ainda menor na terceira fase do trabalho de parto. Além disso, houve um impacto positivo na satisfação e na autoconfiança das mulheres, evidenciando benefícios adicionais além do alívio da dor.

 No estudo de Shahbazzadegan e Nikjou (2022), diferentemente dos demais estudos, teve como objetivo avaliar a dilatação cervical mais adequada para a massagem visando a redução da dor e da ansiedade durante o parto em mulheres nulíparas no começo do TP, introduzindo a EVA no início e ao final dos 5-7-9 cm de dilatação, após a intervenção, e o STAI no início e ao final do estudo. Assim como o segundo autor mencionado, foram divididos dois grupos aplicando a mesma técnica, entretanto durante 20 min. Foi observado que, aos 7 cm de DLC, obteve-se melhor resultado na pontuação da EVA; além disso, o STAI diminuiu consideravelmente o nível de grave para moderada em comparação com o GC, que aumentou ligeiramente.

Os resultados obtidos destacam a relevância da massagem como um recurso eficaz para controlar tanto a dor quanto a ansiedade. Nesse contexto, com uma perspectiva diferente, Gallo et al. (2018) buscaram analisar a aplicação de MNF no alívio da dor durante o TP, assim como Santana et al. (2022). No entanto, para o GE, foram empregados exercícios em uma bola suíça aos 4-5 cm de DLC; massagem lombossacral com movimentos rítmicos entre T10-S4 e pressão sacral na posição desejada pela paciente aos 5-6 cm; e, aos 7 cm, aplicaram a mesma técnica descrita por Santana et al. (2022), mas cada método foi realizado durante 40 minutos. As parturientes do GE poderiam solicitar IF, porém deveriam evitá-la, se possível; enquanto o GC recebeu os mesmos cuidados de rotina.

Embora a análise de Santana et al. (2022) ao avaliar um protocolo fisioterapêutico tenha abordado métodos diferentes de Gallo et al. (2018), observa-se o mesmo propósito ao trazer um protocolo de intervenção não farmacológica, no qual, de forma conjunta a outros recursos, introduziram TENS e massagem para avaliar o tempo de duração do TP. O estudo de Gallo et al. (2018) também analisou a dor, introduzindo a EVA, e obteve que, no GE, houve diminuição acumulativa da pontuação, e a duração do trabalho de parto, avaliada em tempo, sem incluir a liberação da placenta, durou aproximadamente 72 min a menos, além de um quantitativo menor de parturiente na solicitação IF quando comparado ao GC.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos analisados demonstram que as intervenções não farmacológicas como o TENS e a massagem exerceram um papel significativo no alívio da dor durante o trabalho de parto, ademais a massagem também desempenhou fundamental importância na promoção da diminuição dos níveis de ansiedade, destaca-se ainda que quando aplicadas a um protocolo fisioterapêutico ambas as abordagens demonstraram complementar-se, além de serem facilmente integradas nas práticas obstétricas oferecendo alternativas valiosas para minimizar a dependência de analgesia farmacológica, resultando em um menor tempo total de trabalho de parto, promovendo melhor desempenho e participação da parturiente.

No entanto, estes métodos também apresentam desvantagens porque sua eficácia pode variar entre as mulheres, e nem todas conseguem experimentar um alívio considerável da dor. Além disso, ambos os meios de intervenção não apresentaram um padrão, embora tenham se destacado durante a fase ativa do trabalho de parto. Dessa forma, predomina-se a importância de mais pesquisas nesse campo para otimizar as estratégias de alívio da dor durante o trabalho de parto, aprimorando a conduta de fisioterapia obstétrica baseada em evidências.

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