RECORTES MIDIÁTICOS EM DOURADOS/MS: IDEÁRIOS DISCURSIVOS SOBRE REFUGIADOS VENEZUELANOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411011554


Rubens Luis Urue Filho 1


Resumo Este artigo explora as representações sociais dos migrantes venezuelanos em condição de refúgio no município de Dourados/MS a partir da análise de discursos midiáticos locais. Diante da crise econômica e política na Venezuela, o fluxo migratório para nosso país aumentou exponencialmente a partir do biênio 2018-2019. Dourados/MS é a quinta cidade a mais receber esses migrantes no Brasil (ACNUR, 2024). O objetivo do estudo é compreender como a mídia molda, discursivamente, as percepções públicas sobre esses migrantes/refugiados, representando-os junto aos imaginários coletivos regionalizados. Utilizou-se uma abordagem qualitativo-interpretativista no âmbito da Linguística Aplicada, doravante LA, a partir de matérias do jornal online Dourados News no triênio 2019-2021 na perspectiva de um ambiente online mercadológico. Narrativas de venezuelanos refugiados num ambiente online alternativo do grupo público Venezuelanos en Dourados, na plataforma Facebook, também foram considerados. A pesquisa identificou que estes recortes midiáticos frequentemente apresentam os refugiados como uma ameaça ou problema social. Vulnerabilidades e estigmas da população migrante/refugiada reforçam a percepção de que eles representam uma sobrecarga aos serviços públicos e à segurança. Por outro lado, narrativas dos próprios refugiados materializam resistência e (re)territorialidade. Conclui-se que a desconstrução dessas representações negativas e a promoção de narrativas mais inclusivas e humanizadoras são essenciais para favorecer uma integração mais justa e eficaz dos refugiados venezuelanos no Brasil.

Palavras-chave: Refugiados venezuelanos, Representações sociais, Linguística plicada, Análise crítica do discurso, Inclusão social.

Introdução

A migração de venezuelanos para o Brasil é um fenômeno de crescente relevância, impulsionado pela crise econômica, política e social vivida no país vizinho. Trata-se do maior deslocamento humano forçado no continente sul-americano no último octênio, adquirindo relevância como uma questão de Estado em diferentes países do subcontinente a partir de 2018. De acordo com o Relatório Mundial sobre Migração 2024, da Organização Internacional para Migrações (OIM) vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 7 milhões de venezuelanos se encontravam deslocados ao redor do mundo em março de 2023. O Brasil acolheu até março/2023 cerca de 400 mil migrantes venezuelanos (MCAULIFFE; OUCHO, 2024, p. 89), sendo que, deste volume, 138.299 foram interiorizados por meio da Operação Acolhida, gerida pelo Governo Federal e Exército.

Dourados, no Estado de Mato Grosso do Sul, recebeu 4.489 pessoas interiorizadas por meio da Operação Acolhida, ocupando o quinto lugar entre 5.760 municípios no ranking nacional de acolhimento desta população conforme o Alto Comissariado das Nações Unidas par Refugiados – ACNUR (2024). Em busca de refúgio e melhores condições de vida por meio de proteção internacional, esses indivíduos adentram no Brasil por Pacaraima, no Estado de Rondônia e são redistribuídos para outras regiões, especialmente para cidades do Centro-Sul brasileiro, que concentra 83% de venezuelanos. Milhares permanecem como indocumentados e, em decorrência disso, a restrição a trabalho e benefícios sociais torna-se realidade a estes indivíduos, conforme Junger et al. (2024).

Numa abordagem macro, o contexto da inserção destes migrantes/refugiados em um novo contexto social e linguístico desperta questões complexas ligadas à identidade, integração e percepção social dos refugiados nas cidades de acolhimento. O estudo da dinâmica migratória, portanto, ganha relevância como problemática na perspectiva da Linguística Aplicada (LA) pois permite explorar como a linguagem constrói estigmas ou promove inclusão social, evidenciando as interações entre migrantes e as sociedades que os recebem. Desse modo, o conhecimento torna-se responsivo à dinâmica social (Moita Lopes, 2006).

Nesse contexto, o presente artigo busca investigar as representações sociais dos refugiados venezuelanos no município de Dourados/MS, sob o foco em como os discursos midiáticos e sociais moldam a percepção desses indivíduos em ambientes online. A análise parte de uma perspectiva crítica da Linguística Aplicada, visando compreender como a linguagem influencia interações sociais a rediscutir o papel da mídia na “construção de quem somos” (Moita Lopes, 2006, p. 94). A partir disso, pretende-se também contribuir para o debate sobre os desafios enfrentados pelas cidades de acolhimento, oferecendo subsídios que orientem práticas sociais voltadas aos refugiados visando maior efetividade a partir da conscientização da população local sobre a realidade enfrentada por eles.

Dentro desse escopo, esta investigação soma esforços na compreensão dos fenômenos linguísticos e sociais que envolvem essa população em condição de refúgio, destacando a importância da Linguística Aplicada como campo transdisciplinar nesse processo. Busca-se criar inteligibilidades sobre a vida contemporânea ao produzir conhecimento de modo a colaborar para que se abram alternativas sociais com base nas e com as vozes dos que estão à margem, conforme Moita Lopes (2006). A análise da linguagem nos permite acessar as formas de representação social, influenciando diretamente as práticas de acolhimento e inclusão, ao mesmo tempo em que revela as tensões e resistências presentes nas narrativas midiáticas.

Com isso, este estudo pretende contribuir não apenas para o avanço acadêmico na área, mas também para influenciar, em algum nível, práticas sociais mais éticas, inclusivas e justas, particularmente àquelas relacionadas ao jornalismo, uma das formas de linguística aplicada devidamente legitimadas em nossa sociedade midiática.

Revisão de Literatura

A Linguística Aplicada e a abordagem crítica

Em análise crítica, Rajagopalan (2006) assevera que é preciso ao linguista abandonar a torre de marfim e direcionar o olhar para questões práticas e, ao explorar a realidade, aplicar teorias globais a problemas locais. A questão da “indisciplinaridade”, ou seja, a recusa em seguir estritamente os limites tradicionais de disciplinas isoladas da linguística, tem inspirado muitos trabalhos dentro da LA, com forte orientação para temáticas humanísticas e se valendo de conhecimentos de áreas distintas. Essa abordagem propõe a análise de fenômenos de linguagem de maneira integrada, o que permite uma visão mais abrangente dos contextos sociais e políticos nos quais esses fenômenos se manifestam.

Cavalcanti (2006) complementa essa perspectiva ao discutir as implicações éticas e políticas na pesquisa em LA, destacando a importância de se considerar as relações de poder e exclusão social que permeiam o uso da linguagem em contextos de minorias. Assim, esta área adquire um papel crítico ao tratar da linguagem como prática social profundamente ligada a questões de justiça e transformação em sociedade. Essa postura crítica se reflete nas pesquisas que investigam as narrativas de grupos minoritarizados. No trabalho de Cavalcanti e Bizon (2023) explora-se as reações e resistências nas narrativas de migrantes haitianos em espaços midiáticos, veículos mercadológicos de imprensa e uma radioweb criada por haitianos. Aqui, os fenômenos de linguagem não são apenas um reflexo de uma realidade externa, mas também, ferramentas ativas na construção e contestação de identidades sociais. Da mesma forma, Fabrício (2006) aponta que a Linguística Aplicada oferece um espaço para a “desaprendizagem”, permitindo redescrições críticas que rompem com discursos hegemônicos sobre a linguagem e suas funções de construir realidades. Essa ideia é crucial ao considerar a representação de refugiados venezuelanos em narrativas midiáticas.

Outro ponto importante discutido por Moita Lopes (2006) é o papel ideológico da LA, que questiona não apenas os usos da linguagem, mas também as próprias estruturas sociais que determinam esses usos. Esse questionamento se torna ainda mais relevante quando se examinam os discursos sobre refugiados, que muitas vezes os colocam em posições de vulnerabilidade simbólica. Ao discutir as implicações políticas da pesquisa em LA, Cavalcanti (2006) enfatiza que a linguagem é um campo de luta no qual as representações sociais de grupos marginalizados podem ser tanto reforçadas quanto desconstruídas.

As abordagens de Cavalcanti (2006) e Fabrício (2006) também sugerem abordagens para que a LA lide com a complexidade dos fenômenos linguísticos em contextos globalizados e migratórios. No caso dos refugiados venezuelanos, por exemplo, a linguagem não apenas serve como meio de comunicação, mas também como instrumento valioso na construção de novas identidades em contextos de acolhimento. Essa perspectiva é reforçada por Cavalcanti e Bizon (2023), que analisam como migrantes haitianos constroem suas narrativas de resistência em meio a pressões sociais e políticas2. A linguagem, assim, torna-se um espaço de disputa simbólica, onde migrantes e refugiados podem reivindicar novos lugares na sociedade, com grande protagonismo das narrativas midiáticas nesses processos.

A noção de que a linguagem opera em contextos complexos deve ser observada conforme Fabrício (2006) a partir de prática problematizadora. Nesse sentido, a Linguística Aplicada pode oferecer insights para a compreensão de nossos os questionamentos contínuos e de nosso modo de vida. É aqui que a questão de como os refugiados são posicionados nas sociedades de acolhimento uma vez que estamos numa “trama movente” com a profusão de fenômenos sociais no cotidiano ganha relevância. O estudo das representações sociais desses grupos, portanto, vai além da análise puramente linguística, gerando interconexões, preconceitos, resistências, influenciando as forças sociopolíticas em jogo3. Moita Lopes (2006) reforça essa visão ao apontar que a LA deve interrogar criticamente as práticas discursivas que moldam contextos de exclusão social.

Por fim, é importante destacar que a abordagem indisciplinar defendida por esses autores abre espaço para a interação entre diferentes campos do conhecimento, permitindo uma análise mais rica e multifacetada dos fenômenos de linguagem. Ao conectar a linguagem com questões de identidade, poder e exclusão social, a Linguística Aplicada se posiciona como um campo essencial para a compreensão de fenômenos migratórios contemporâneos, como o dos refugiados venezuelanos. Da perspectiva interdisciplinar ou transgressiva (PENNYCOOK, 2006), da desaprendizagem (FABRÍCIO, 2006), mestiça e indisciplinar (MOITA LOPES, 2006) permite que estudiosos examinem não apenas o papel da linguagem na construção social, mas também suas funções simbólica, de modo a questionar e revisitar conceitos estabelecidos.


2 As autoras analisaram narrativas sobre espaços mercadológicos forneceram ao estudo: alguns excertos de notícias e dois excertos de matérias com potencial de narrativas construídas sobre haitianos/as – estas últimas com espaço para comentários de internautas. Também examinaram dois excertos de duas webproduções de haitianos/as disseminadas em espaços não mercadológicos.

3 Citando Giddens (1990, p. 6) à medida que áreas diferentes do globo são postas em interconexão umas com as outras, ondas de transformação social atingem virtualmente toda a superfície da Terra.

Teorias sobre Representação Social e a questão dos fluxos migrantes

Ao argumentar que a identidade cultural é um processo dinâmico e fluido em constante reconstrução, Hall (2015) propõe que a identidade seja entendida como uma representação social, moldada pelos discursos e práticas culturais em que os indivíduos estão inseridos. Assim, a mídia desempenha um papel fundamental na construção dessas representações, ao reforçar ou desconstruir estereótipos sociais. Alves-Mazzotti (2008) complementa essa visão ao afirmar que as representações sociais ajudam a estruturar a forma como os indivíduos percebem e interagem com o mundo, especialmente em contextos de mudança social ou migração, como o dos refugiados venezuelanos.

Ainda de acordo com Hall (2016), a cultura e a identidade não são entidades fixas, mas sim processos que envolvem negociação contínua. Em seu conceito de “cultura como narrativa”, ele destaca que a mídia e outros dispositivos culturais são os principais produtores de representações sociais, influenciando como as pessoas são vistas e compreendidas na sociedade. Cabecinhas (2004) corrobora essa ideia ao analisar como os estereótipos sociais são formados e mantidos por meio de processos cognitivos que simplificam a diversidade cultural, o que pode ser especialmente problemático no caso de populações marginalizadas, como refugiados e migrantes.

A representação social dos refugiados venezuelanos também pode ser entendida dentro da dinâmica de inclusão e exclusão, conforme discutido por Boneti (2006), que explora como a sociedade constrói fronteiras simbólicas que determinam quem pertence ou não a determinados grupos. Essas fronteiras são frequentemente reforçadas pela mídia, que pode apresentar refugiados como “o outro”, um grupo alheio à identidade nacional. Hall (2015) explora essa ideia ao discutir a “diferença” como um mecanismo que tanto constrói a identidade quanto exclui aqueles que não se encaixam nas normas sociais dominantes. A mídia, portanto, tem um papel ambivalente, inclusive em nível cultural: pode tanto promover a inclusão quanto reforçar a marginalização.

Nessa perspectiva, Hall (2016) sugere que as representações de grupos minoritários, como os refugiados, são frequentemente baseadas em estereótipos, o que limita a compreensão complexa de suas identidades e experiências. Esses estereótipos são construídos a partir de relações de poder que favorecem os grupos dominantes. Hall (2015) amplia essa perspectiva e enfatiza que as representações sociais dos refugiados estão vinculadas a narrativas de ameaça/desordem social, especialmente em contextos de crise econômica ou política.

Esses discursos criam um “pânico moral”, no qual os refugiados são vistos como uma ameaça à estabilidade social. Fassin (2014) aborda essa questão ao discutir como a mídia pode tanto humanizar quanto desumanizar os migrantes, dependendo do enquadramento adotado nas reportagens. Esse fenômeno é recorrente no caso dos venezuelanos, cuja presença no Brasil costuma ser discutida em termos de sobrecarga aos serviços sociais ou segurança pública.

Mesmo na educação, representações negativas podem gerar posturas xenofóbicas, materializadas no ambiente educacional de crianças refugiadas junto à comunidade de acolhimento. No município de Dourados/MS, Guimarães; Buin; García (2023) abordam as práticas de translinguagem junto à alunos migrantes de uma escola pública local com o objetivo de criar espaços seguros nos quais os alunos imigrantes pudessem, pela prática de translinguagem, fazer uso de seu repertório multilíngue completo para fins de aprendizado escolar. A metodologia das pesquisadoras resultou em processo educacional mais inclusivo com destaque na mídia local4. Nesse sentido, narrativas midiáticas humanizadas e propositivas podem movimentar a opinião pública local positivamente sobre essa questão.

Hall (2015) afirma que as representações sociais têm um impacto profundo nas políticas públicas, já que as percepções sobre grupos marginalizados influenciam as decisões políticas. Isso é especialmente relevante no caso das políticas de imigração e refúgio, onde as representações de perigo ou desordem podem levar à adoção de políticas repressivas ou restritivas. Esses processos reforçam a importância de uma análise crítica das representações sociais, como propõem Alves-Mazzotti (2008) e Kalampalikis (2012), ao explorar como essas representações são construídas e suas implicações para os direitos e a dignidade dos refugiados.

A influência da mídia na percepção social sobre os refugiados:

Focando nas teorias de Santaella (1996) sobre a comunicação, entende-se que a mídia não apenas transmite informações, mas também constrói significados que afetam diretamente as representações sociais dos grupos marginalizados, como os refugiados venezuelanos.


4 A pesquisa virou pauta jornalística na TV RIT, e pode ser acessada https://fb.watch/n7Wcy2Qi0H/ . A pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Linguagem (GELT) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFGD)                  também             foi            veiculada      no             jornal                     online         Dourados                 News. Disponível              em: https://www.douradosnews.com.br/especiais/educacao/projeto-culturaltranslingue-acolhe-criancas-imigrantes-  em-escola-de/1217678/ . Acesso em: 25 set 2024.

Sant’Ana (2022) ressalta que essas representações são moldadas por narrativas midiáticas que apresentam os refugiados como ameaças ao bem-estar social ou, alternativamente, como vítimas indefesas. Essas representações são reproduzidas e absorvidas pela população das cidades de acolhimento dos migrantes/refugiados, criando percepções que afetam diretamente a integração desses indivíduos. Mota (2019) complementa essa visão ao analisar como os veículos de comunicação estruturam a migração venezuelana com ênfase em crises humanitárias, frequentemente vinculando o aumento da criminalidade à presença dos refugiados, principalmente sob o viés da ideologia do medo5.

A mídia tradicional, como argumentado por Santaella (2001), é responsável por criar uma espécie de filtro cultural, através do qual as informações são processadas e distribuídas ao público. Esse filtro muitas vezes reflete e reforça estereótipos existentes, como demonstrado no estudo de Cavalcanti e Bizon (2023), que discute como a representação de migrantes em espaços eletrônicos pode tanto reforçar narrativas hegemônicas quanto oferecer novas perspectivas de resistência. No caso dos refugiados venezuelanos, os veículos midiáticos tendem a concentrar suas narrativas em torno de noções de crise e sobrecarga dos serviços públicos, contribuindo para a formação de uma opinião pública desfavorável. Desgualdo (2014) reforça que essa seleção da mídia muitas vezes privilegia tópicos sensacionalistas, deixando de lado discussões mais profundas sobre direitos humanos e políticas de acolhimento.

O estudo de Sant’Ana (2022) revela como a mídia exerce um papel central na construção de estereótipos de refugiados, especialmente quando se trata das cidades de acolhimento no Centro-Sul do Brasil. A cobertura da Operação Acolhida, por exemplo, é frequentemente retratada sob uma ótica de desordem e caos, em vez de se concentrar nos aspectos humanitários e nos esforços para integrar essas populações. Mota (2019) observa que, ao enfatizar as dificuldades enfrentadas pelas cidades de acolhimento, a mídia contribui para a criação de uma imagem de “invasão” ou “ameaça”, que robustece discursos xenofóbicos e de exclusão. Esses estereótipos midiáticos, conforme apontado por Cavalcanti e Bizon (2023), têm um impacto direto na percepção pública, dificultando a inclusão social e a integração dos refugiados.

Além disso, as narrativas midiáticas em torno dos refugiados venezuelanos frequentemente perpetuam a ideia de que esses indivíduos representam uma carga para os sistemas locais de saúde, educação e segurança. Conforme Santaella (1996) descreve, a mídia tende a simplificar questões complexas, oferecendo explicações redutivas que frequentemente reforçam preconceitos. Cavalcanti e Bizon (2023) destacam que, embora a mídia possa também ser um espaço de resistência, o domínio das grandes corporações de comunicação muitas vezes limita as vozes alternativas, fazendo com que as representações negativas prevaleçam. Dessa forma, a percepção pública sobre os refugiados é construída com base em narrativas que ignoram a individualidade e a complexidade de suas experiências.


5 Em análise comparativa de matérias publicadas nos jornais Folha da Boa Vista, de Roraima/RR e Folha de S. Paulo, publicação de âmbito nacional, de São Paulo/SP, atesta a influência da ideologia do medo nestes conteúdos Mota (2019, p. 104).

O estudo de Mota (2019) sobre as representações sociais da migração venezuelana também destaca como a cobertura midiática, tanto em Roraima/RR, localizada no Norte do Brasil, quanto em São Paulo/SP, localizada no Centro-Sul, enfatiza as tensões entre migrantes e populações locais. Esse enfoque contribui para a construção de uma imagem estereotipada e negativa dos refugiados, vistos como uma ameaça ao status quo local. Desgualdo (2014) aponta que o poder da mídia em moldar essas percepções é imenso, uma vez que a cobertura midiática tem o poder de influenciar decisões políticas e públicas, criando um ciclo onde a imagem negativa dos refugiados reforça políticas restritivas de acolhimento e integração.

Ao mesmo tempo, Santaella (2001) destaca que, em uma sociedade mediada pela comunicação digital, a mídia também pode ser usada para promover contranarrativas que desafiem as representações negativas predominantes. No entanto, como mostram Cavalcanti e Bizon (2023), essas iniciativas ainda enfrentam barreiras significativas, uma vez que os grandes meios de comunicação tendem a dominar o espaço público e a priorizar narrativas que perpetuem o status quo.

Esta narrativas podem ser compreendidas com um fazer performativo da linguagem que indexicaliza lugares sociais, (re)posicionamentos e lutas ideológicas vinculadas a discursos, acordam Cavalcanti; Bizon (2023, p. 272). Nessa perspectiva, a desumanização dos refugiados, conforme demonstrado nos estudos de Sant’Ana (2022) e Mota (2019), é reforçada pela maioria das representações midiáticas, criando obstáculos adicionais para a aceitação social e o reconhecimento dos direitos desses indivíduos no Brasil, particularmente, no Centro-Sul, que concentra mais de 83% da população venezuelana aqui refugiada.

É importante notar que, conforme argumentam Desgualdo (2014) e Santaella (1996), a mídia é um espaço de disputa simbólica onde diferentes representações competem pela hegemonia. A dinâmica da mídia hegemônica é categorizada por Bonini (2017) como um dispositivo padronizado, socialmente convencional e dominante tanto em poder econômico e político quanto em termos da dispersão social e geográfica de suas práticas. No contexto dos refugiados venezuelanos, a construção midiática de suas identidades como “o outro” é uma

expressão clara dessa disputa. Mota (2019) e Cavalcanti; Bizon (2023) sugerem que, enquanto as grandes narrativas midiáticas tendem a reforçar estereótipos negativos, há também espaços emergentes onde os refugiados podem reivindicar suas próprias vozes e histórias6.

Metodologia

A presente pesquisa segue uma abordagem interpretativista e qualitativa com foco nos fenômenos sociais e de linguagem pertinentes às representações sociais de refugiados venezuelanos no município de Dourados/MS, inserido dentro da região geoeconômica do Centro-Sul no Brasil. A escolha metodológica se justifica pela natureza discursiva e social do objeto de estudo, onde a linguagem desempenha um papel crucial na construção de identidades e na percepção pública dos refugiados.

O corpus foi extraído do ambiente online a partir das plataformas mencionadas: (1) o jornal online Dourados News; e 2) a página Venezoelanos em Dourados que forneceram à esta investigação, respectivamente, recortes jornalísticos (notícias e reportagens) e postagens temáticas (relatos, posts culturais, instruções) publicados em períodos temporais distintos.

Os textos do site jornalístico online compreendem o triênio 2019-2021 num recorte temporal que integra o período da primeira onda migratória no país, quando este evento se foi percebido no município de Dourados/MS, tornando-se pauta em diferentes veículos de imprensa locais. Quanto ao perfil de rede social “Venezoelanos em Dourados”, na função de um veículo inserido em ambiente online alternativo, o período temporal é distinto do portal jornalístico supramencionado, uma vez que a mobilização dos migrantes adquiriu relevância a partir do triênio 2021-2023.

Os dados analisados compreendem um levantamento inicial de 27 matérias jornalísticas, do ambiente online mercadológico e 30 posts de rede social, do ambiente online alternativo. Nesta publicação serão analisadas brevemente as indexicalidades de 4 excertos extraídos do jornal Dourados News, junto a uma breve consideração do grupo Venezuelanos en Dourados. Os dados quantitativos da ACNUR e da OIM sobre a situação dos refugiados no país, com índices de volume migratório, estimativa populacional e legislação voltada aos migrantes/refugiados venezuelanos auxiliam na contextualização temática.

6 Em Dourados/MS estão interiorizadas 4.449 pessoas refugiadas de origem venezuelana. O município ocupa o 5º lugar em acolhimento desta população, dentre os outros 5.670 municípios no país. O perfil “Venezoelanos en Dourados” é uma iniciativa configurada como um ambiente online alternativo no qual são veiculados posicionamentos textuais e discursivos de resistência, demarcando iniciativas de (re)territorialidades a partir das vozes destes indivíduos – os próprios migrantes venezuelanos.

Esses dados supramencionados foram triangulados e investigados a partir de expressões referenciais para elementos indexicalizadores, usos de tempos verbais e quaisquer outros recursos linguísticos funcionais em nível linguístico na construção de sentidos e/ou de representações sociais significativas. O enfoque foi dado à forma como os refugiados venezuelanos são retratados midiaticamente em termos de vulnerabilidade/ameaça ou oportunidade/resistência, e como essas representações influenciam opinião pública junto à comunidade de acolhimento.

Recortes de narrativas midiáticas sobre os refugiados venezuelanos em Dourados

Evidencia-se que os discursos midiáticos, em sua maioria, apresentam os refugiados como um “problema social”, destacando suas vulnerabilidades e associando-os negativamente à criminalidade, sobrecarga dos serviços públicos e precarização do mercado de trabalho (Mota, 2019; Sant’Ana, 2022). Conforme os estudos de Santaella (1996) e Mota (2019) essas construções linguísticas reforçam a percepção de que os refugiados representam um desvio da normalidade social, o que dificulta sua integração. Guimarães; Lopes (2019, p. 17) destacam que os efeitos de sentidos solidificados dos recursos linguísticos podem ganhar destaque através do construto teórico da indexicalidade.

A linguagem utilizada nesses contextos atua não apenas como meio de comunicação, mas “demarca” quem pertence à sociedade e quem está à margem dela, no sistema das normatividades, sistemas de estratificação e hierarquizações, reiteram Guimarães; Lopes (2019). Há de falar então de uma narrativa da vulnerabilidade que, embora sublinhe a necessidade de proteção aos refugiados, também contribui para a formação de uma percepção de dependência, retirando a agência dos indivíduos refugiados. Isso contrasta com os relatos e conteúdos expressos por venezuelanos, que muitas vezes expressam “resistência”, “protagonismo” e “desejo de contribuir positivamente” numa postura de (re)territorialidade nos locais de acolhimento. As narrativas positivas geralmente marginalizadas por veículos mercadológicos, conforme destacado por Cavalcanti e Bizon (2023), permanecem restritas a nichos específicos. Essa imensa disparidade na audiência entre os espaços mercadológicos e aqueles caracterizados como alternativos.

Um ambiente mercadológico possui musculatura midiática que amplifica sua capacidade de propagar discursos. Em outubro/2024, o grupo público Venezuelanos en Dourados agregava cerca de 13 mil membros, sob o mote de “ventas y oportunidad”, com o compartilhamento de posts temáticos como regularização de documentos, vagas de trabalho e educação. O Dourados News, por sua vez, tinha 228 mil seguidores e mais de 75 mil curtidas no mesmo recorte temporal. O portal ainda registra 2 milhões de click views mensais7.

Das seis notícias extraídas do jornal online Dourados News8, sendo duas por cada ano dentro do triênio delimitado. Em 2019, as manchetes selecionadas: i) “Manifestantes protestam na Venezuela após fechamento de fronteira com a Colômbia”; “Chegada de venezuelanos independentes traz alerta para ‘caos social’ em Dourados”. Transmitem um discurso negativo, ao retratar uma situação de protestos e ameaças, no caso da primeira. Em relação à segunda, confere-se a mobilidade da crise venezuelana para Dourados. A narrativa fomenta insegurança e incerteza sobre a situação no país de origem na primeira notícia, escalando a situação para um “alerta” e um irremediável “caos social” na segunda manchete.

No ano de 2020, as duas manchetes selecionadas: i) “Minicurso gratuito capacita voluntários para ensinar português a refugiados em Dourados”; e ii) “Fronteira do Brasil com a Venezuela é fechada por precaução” evidenciam uma variabilidade nas abordagens. A primeira pode ser classificada como positiva, pois demonstra a mobilização da comunidade de acolhimento indicando “envolvimento” e “cooperação”. A segunda notícia foca mais na “restrição” do que nas dificuldades enfrentadas por eles, o que pode levar a uma visão distorcida da realidade migratória – evidentemente, o clima de insegurança na pandemia de Covid-19 foi determinante.

Por fim, em 2021 constata-se a predominância de pautas negativas na quase totalidade de publicações. Nota-se, ainda, a mobilização de comentários de webleitores, com forte predominância de agressividade, xenofobia e reacionarismo. i) “Homem é preso duas vezes no final de semana após perseguir colega de trabalho”; ii) “Adolescente morta na Vila Rosa foi atingida com ao menos 50 facadas”. Estas são as matérias que mais vinculam comentários.

Embora as manchetes omitam o adjetivo “venezuelano”, o texto é explícito ao vincular nos primeiros parágrafos este descritor, inclusive por meio de foto do migrante/refugiado. Os comentários apresentam adjetivos depreciativos como “praga”, “verme”, “inferno”, “bicho do satanás” são citados na segunda matéria. Na primeira, os termos “porcaria”, bosta”, “desgraçado”, “vermes” são evidências indexicais altamente xenofóbicos.


7 DOURADOS NEWS. O site jornalístico Dourados News tem mais de 23 anos de atuação sendo o pioneiro do jornalismo online no Estado de MS. Disponível em: https://www.douradosnews.com.br/dourados/dourados-news- investe-em-acessibilidade-e-implementa-versao-em-audio/1220245/ . Acesso em: 10 out. 2023.

8 As matérias analisadas estão listadas nas Referências, na ordem sequencial de menção neste estudo.

As narrativas negativa e de ódio evidenciadas acima contrastam com os esforços humanitários que visam à integração dos refugiados, e os discursos midiáticos acabam minando a percepção pública sobre a importância desses programas. Importante registrar que o Dourados News teve uma iniciativa construtiva e propositiva relacionada à pauta dos migrantes/refugiados venezuelanos. Denominada “Dourados Venezuelana”, com quatro reportagens, a editoria evidenciou esforço para compreensão da temática, no ano de 2019, com autoria do jornalista Vinicios Araujo. O ciclo de matérias editoria foi descontinuado.

Quanto ao levantamento de posts veiculados no grupo público Venezoelanos en Dourados, o estudo indica que os principais eixos estão relacionados a i) conteúdos veiculados sobre documentação; ingresso no Brasil, regularização. Os descritores da pesquisa: “documentación”; “permisso”; “certificado”. Por extensão, os descritores “trabajo”; “emprego”; “vagas de trabajo” também foram considerados. E ii) as práticas culturais venezuelanas que reforçam (re)territorialidades e resistência: conteúdos relacionados a festas, rumberas, bailes, datas comemorativas; A culinária também foi considerada com destaque por descritores como “comida venezuelana”; “empanadas”; “pollos asados”, etc.

Sobre o eixo ii,) a cultura venezuelana é frequentemente mantida por meio de tradições, culinária, música e religião, que desempenham um papel fundamental na vida comunitária dos migrantes. De acordo com Paéz (2019), a diáspora venezuelana tem um papel substancial na transmissão de elementos que conectam os migrantes ao seu país de origem, mesmo estando em outro território. Os dados comunicados neste estudo serão aprofundadas junto à pesquisa desenvolvida pelo autor, pós-graduando da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD.

Considerações Finais

Este trabalho demonstrou que as representações sociais dos refugiados venezuelanos no município de Dourados/MS são profundamente influenciadas pelos discursos midiáticos. A análise das discursividades presentes nas narrativas midiáticas revela uma tendência em destacar vulnerabilidades e associar os refugiados a problemas sociais, como aumento da criminalidade, sobrecarga dos serviços públicos e ameaças territoriais. Tais construções reforçam estereótipos que acentuam a marginalização deste grupo humano em nível social, cultural e linguístico. Essas barreiras dificultam a integração social desses indivíduos, ainda que as legislações governamentais preconizem “um mundo ideal” para os refugiados no Brasil As implicações dos resultados são significativas para a uma análise crítica das políticas de acolhimento e integração social e de parte significativa da imprensa. Ao compreender que a linguagem midiática molda impressões junto à comunidade de acolhimento destes migrantes/refugiados, é essencial que as narrativas sobre eles sejam construídas de maneira mais inclusiva e propositiva. Isso implica a necessidade de adotar práticas com maior responsabilidade e ética nas cobertura midiáticas sobre essa temática. Destacar as contranarrativas que confrontem representações estereotipadas e que humanizem a experiência dos refugiados, destacando (re)territorialidades é importante – ainda que os ambientes de mídia alternativos tenham menor amplitude de público quanto os ambientes mercadológicos.

Para pesquisas futuras, sugere-se uma investigação mais aprofundada sobre as contranarrativas emergentes nas mídias digitais alternativas e como elas podem influenciar positivamente a percepção pública desta população. Além disso, é importante considerar o papel de outros agentes sociais, como organizações da sociedade civil, no combate às representações xenofóbicas. Promover uma integração mais justa e eficaz dos refugiados venezuelanos em Dourados/MS fortalece a interculturalidade e oportuniza rica e diversa interação junto aos indivíduos que compõem a comunidade de acolhimento local.

Referências

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1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Profissional Técnico de Nível Superior da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).