Signs of depression in pregnant women: A literature review
Signos de depresión en mujeres embarazadas: una revisión de la literatura
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411011735
Camila Monteiro Ferreira
Hemmily Oliveira Fernandes
Daniela Cristina Gonçalves Aidar
RESUMO: A importância de manter o bem estar e a saúde mental tem sua preocupação aumentada quando se trata do período gestacional, pois nessa fase as mulheres passam por diversas mudanças psicológicas e fisiológicas. Torna-se de importância multiprofissional manter a qualidade de vida durante e após esse processo biologicamente significativo. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é demonstrar a partir de uma revisão de literatura, a importância de identificar os sinais de depressão durante o período gestacional, evitando que o transtorno afete a saúde mental da mulher e do bebe, buscando evidenciar o assunto a fim de corroborar para a competência do enfermeiro e identificação dos sinais durante a assistência de enfermagem. Para a realização deste trabalho, produziram-se seguimentos, sendo eles: identificação do tema, busca de artigos e definição de critérios de inclusão e exclusão. A análise de pesquisa foi realizada nas seguintes bases de dados: Scielo, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Medline. Com base na inquirição realizada, observa-se que o profissional de enfermagem é de suma importância durante o acompanhamento das mudanças nessa fase, mantendo contato direto e dinâmico com a gestante durante o pré-natal e puerpério, podendo assim, analisar as mudanças fisiológicas e comportamentais da gestante. Conclui-se que o papel do enfermeiro na didática da prevenção e identificação de sinais de depressão é crucial. Contudo, torna-se necessário maior observação e olhar clínico para as mudanças psicossociais na assistência de enfermagem à gestante.
Palavras-chave: Enfermeiro, Depressão, Gestação, Saúde mental.
ABSTRACT: The importance of maintaining well-being and mental health is of greater concern when it comes to the gestational period, as at this stage women go through several psychological and physiological changes. It becomes of multidisciplinary importance to maintain quality of life during and after this biologically significant process. Therefore, the objective of this work is to demonstrate, from a literature review, the importance of identifying the signs of depression during the gestational period, preventing the disorder from affecting the mental health of women and babies, seeking to highlight the issue in order to to corroborate the nurse’s competence and identification of signs during nursing care. To carry out this work, follow-ups were produced, namely: identification of the topic, search for articles and definition of inclusion and exclusion criteria. The research analysis was carried out in the following databases: Scielo, Virtual Health Library (VHL) and Medline. Based on the inquiry carried out, it is observed that the nursing professional is of paramount importance when monitoring changes in this phase, maintaining direct and dynamic contact with the pregnant woman during prenatal and postpartum periods, thus being able to analyze physiological and behavior of the pregnant woman. It is concluded that the role of nurses in teaching prevention and identifying signs of depression is crucial. However, greater observation and clinical consideration of psychosocial changes in nursing care for pregnant women is necessary.
Keywords: Nurse, Depression, Pregnancy, Mental health.
RESUMEN: La importancia de mantener el bienestar y la salud mental es de mayor preocupación cuando se trata del período gestacional, ya que en esta etapa las mujeres pasan por varios cambios psicológicos y fisiológicos. Se vuelve de importancia multidisciplinaria mantener la calidad de vida durante y después de este proceso biológicamente significativo. Por lo tanto, el objetivo de este trabajo es demostrar, a partir de una revisión de la literatura, la importancia de identificar los signos de depresión durante el período gestacional, evitando que el trastorno afecte la salud mental de la mujer y del bebé, buscando visibilizar el tema con el fin de corroborar la competencia del enfermero e identificación de signos durante el cuidado de enfermería. Para la realización de este trabajo se realizaron seguimientos, a saber: identificación del tema, búsqueda de artículos y definición de criterios de inclusión y exclusión. El análisis de la investigación se realizó en las siguientes bases de datos: Scielo, Biblioteca Virtual en Salud (BVS) y Medline. Con base en la indagación realizada, se observa que el profesional de enfermería es de suma importancia a la hora de monitorear los cambios en esta fase, manteniendo contacto directo y dinámico con la gestante durante los períodos prenatal y posparto, pudiendo así analizar aspectos fisiológicos y comportamentales de la mujer. mujer embarazada. Se concluye que el papel del enfermero en la enseñanza de la prevención y la identificación de signos de depresión es crucial. Sin embargo, es necesaria una mayor observación y consideración clínica de los cambios psicosociales en la atención de enfermería a las mujeres embarazadas..
Palabras clave: Enfermera, Depresión, Embarazo, Salud mental.
INTRODUÇÃO
O termo depressão, coloquialmente, se caracteriza por ser um estado de tristeza e angústia profunda acompanhada de sinais de pessimismo e baixa autoestima. O transtorno depressivo pode vir acompanhado de uma diversidade de casos clínicos, dentre eles a exposição a eventos traumáticos, presença de doenças clínicas, sentimento de culpa e o luto.
(DSM-5).
O ser humano pode apresentar várias reações a diferentes situações adversas que podem surgir em seu cotidiano. De acordo com a OPAS/OMS, os sintomas de depressão podem ser desencadeados por fatores psicossociais, econômicos, biológicos e genéticos, nos quais incluem mudança de humor, falta de interesse pelo ambiente que está inserido e nas atividades que anteriormente sentia prazer, alterações no sono e apetite e alterações no sistema imunológico, podendo apresentar problemas inflamatórios e infecciosos. (DSM-5, 2014; Krob, 2017).
Uma a cada cinco pessoas desenvolvem e apresentam sinais e sintomas de depressão durante a vida, sendo evidente a partir da 3º década de vida. Segundo a APAS/OMS o transtorno depressivo afeta cerca de 300 milhões de indivíduos de todas as idades, sendo o Brasil o país com maior incidência dentre os países da América Latina, com maior incidência entre as mulheres (OMS, 2005).
O período gestacional desenvolve inúmeras mudanças fisiológicas, sociais e psicológicas na gestante, com a necessidade de adaptações hormonais, metabólicas e hemodinâmicas, mudanças importantes e necessárias para o processo da gestação. Muitas das vezes a gravidez faz parte de um sonho da mulher, em que ela idealiza momentos mãe-bebê criando expectativas após seu nascimento e até mesmo a atenção das pessoas ao seu redor, o que muitas das vezes não condiz com a realidade, o que pode colaborar para o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos (Oliveira; Santos, 2022).
Quando ocorre durante a gravidez, a depressão acarreta consequências alarmantes com repercussões negativas não apenas na saúde materna, mas também fetal, por esse motivo é de suma importância que a mulher, principalmente nesse período, tenha apoio familiar e profissional para sentir-se preparada para o nascimento e seus cuidados posteriores resultando em bom vínculo com o filho (Silva et al, 2023).
Uma equipe de profissionais especializada na atenção pré-natal é capaz de lidar com eventos não só biológicos, mas todas as questões subjetivas que envolvem o processo gravídico-puerperal. Entre os diversos profissionais que colaboram no cuidado psicossocial, o enfermeiro se destaca por atuar na promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de indivíduos com questões de saúde mental. A enfermagem é crucial na oferta de cuidados abrangentes e empáticos a essas pessoas, trabalhando em parceria com outros profissionais de saúde para assegurar os melhores resultados para os pacientes (Carrara et al, 2015).
O enfermeiro é um dos principais responsáveis pelo acompanhamento do pré-natal na atenção básica e, para lidar com situações de alterações psíquicas, identificando os sinais e sintomas, é preciso ter conhecimento prévio e basear-se em evidências científicas para intervir adequadamente (Oliveira; Santos, 2022).
É essencial o profissional se atentar aos sinais durante o período gestacional, pois, são a partir desses que deverá iniciar a promoção da melhoria da saúde mental já prevenindo a depressão na gestação e no pós-parto, assim como, disforia puerperal e psicose puerperal, que são os transtornos com maior ocorrência nesse período, orientando a gestante de maneira educativa e clara (Silva et al, 2023).
Diante disso, justifica-se a escolha desse tema tendo em vista os desafios enfrentados pela categoria, a crescente incidência de problemas de depressão em gestantes, o que vem gerando crescente preocupação às autoridades ao nível global e a importância da enfermagem nesse campo crucial da saúde.
Nessa perspectiva, esse estudo possui relevância, pois, ao identificar os sinais de depressão ainda na gestação reduz o agravo da doença mental e suas consequências no puerpério e no desenvolvimento do recém-nascido, além de contribuir para possíveis melhorias nos serviços de saúde e dos profissionais envolvidos por meio de evidências e perspectivas que já foram pautadas para a área. O objetivo geral deste artigo foi realizar uma revisão de literatura sobre os sinais de depressão em gestantes e as condutas do enfermeiro.
METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, cuja função é apresentar resultados de estudos anteriores sobre o assunto proposto. Segundo Botelho et al. (2011) os artigos de revisão são caracterizados como publicações que visam a descrever, de maneira ampla, o desenvolvimento de um assunto específico e os tipos de metodologias que estão sendo empregadas por acadêmicos e pesquisadores no estudo do tema. Foram utilizados como critérios de inclusão artigos publicados nos últimos doze anos (2012 a 2024), artigos científicos na língua portuguesa e nos endereços eletrônicos Scielo, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Medline. Para realização da busca de literaturas, foram utilizadas as seguintes palavras-chaves: enfermagem, depressão, gestação e saúde mental. Selecionaram-se os estudos que apresentavam ligação ao tema no título e no corpo do texto de forma abrangente, de modo a contribuir com sua caracterização.
Foram excluídos artigos científicos que não atenderam aos objetivos do estudo, não correspondendo aos anos de inclusão, revisões de literatura e artigos em outras línguas. Foram identificados e incluídos 11 (onze) estudos. Por se tratar de uma revisão bibliográfica, não foi necessário solicitar aprovação do Comitê de Ética para realização do estudo.
Os artigos utilizados para a elaboração deste trabalho estão representados na tabela 1, para facilitar a visualização e a compreensão dos temas de cada periódico consultado. O quadro apresenta a base dos artigos (título, ano de publicação, revista, cidade de publicação e especialização dos autores) organizados conforme o ano de publicação.
TABELA 1: Síntese dos artigos selecionados para esta pesquisa após os critérios de inclusão e exclusão.
TÍTULO DO ARTIGO | ANO DE PUBLICAÇÃO | REVISTA E QUALIS | CIDADE DE PUBLICAÇÃO | ESPECIALIZAÇÃO DOS AUTORES |
Sintomas depressivos e fatores associados em gestantes assistidas na atenção primária à saúde. | 2024 | Texto & Contexto Enfermagem – Qualis A2 | Montes Claros, MG, Brasil. | Enfermeiros. |
Identificação de sinais precoces de alteração transtornos mentais em puérperas para promoção do autocuidado. | 2024 | Revista de pesquisa: cuidado é fundamental – Qualis B2 | Maceió, AL, Brasil. | Enfermeiras. |
Risco de depressão na gravidez na assistência pré-natal de risco habitual. | 2023 | Revista LatinoAmericana de Enfermagem – | Ribeirão Preto, SP, Brasil. | Enfermeiros. |
Elaboração e validação de construto da Escala de Risco de Depressão na Gravidez | 2022 | Revista Brasileira de Enfermagem REBEn – Qualis A4 | Ribeirão Preto, SP, Brasil. | Enfermeiros. |
Sofrimento mental puerperal: conhecimento da equipe de enfermagem. | 2022 | Revista Cogitare enfermagem – Qualis B1 | São Paulo, SP, Brasil. | Enfermeiros. |
Características sociodemográficas e psicológicas associadas ao tabagismo na gravidez. | 2021 | Jornal Brasileiro de pneumologia – Qualis B1 | Ribeirão Preto, SP, Brasil. | Médicos e Farmacêutica. |
Percepção das gestantes acerca dos fatores de risco para depressão na gravidez. | 2020 | Revista Mineira de Enfermagem – Qualis B1 | Ribeirão Preto, SP, Brasil. | Enfermeiras. |
Risco de depressão e ansiedade em gestantes na atenção primária. | 2020 | Revista Nursing Brasil – Qualis B2 | Olinda, PE, Brasil. | Enfermeiros. |
Depressão em gestantes atendidas na atenção primária à saúde. | 2020 | Revista Cogitare enfermagem – Qualis B1 | São Sebastião do Paraíso, MG, Brasil. | Enfermeiras. |
Sintomas depressivos na gestação e fatores associados: estudo longitudinal. | 2017 | Acta paulista de enfermagem – Qualis A4 | São Paulo, SP, Brasil. | Enfermeiras. |
Depressão durante a gestação: um estudo sobre a associação entre fatores de risco e de apoio social entre gestantes. | 2012 | Cadernos de saúde coletiva – Qualis B1 | Rio de Janeiro, RJ, Brasil . | Médicos. |
FONTE: Elaborado pelos autores, em 2024.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os achados da revisão, foi possível observar que há uma grande variedade de fatores de risco que podem estar associados ao desenvolvimento da depressão na gravidez. Com isso elencamos os principais tópicos encontrados.
1. Saude mental
O termo saúde mental diz respeito ao estado de equilíbrio emocional, psicológico e social de um indivíduo. Não se resume apenas à ausência de doenças mentais, mas abrange também o bem-estar emocional e social. A saúde mental é uma parte fundamental da saúde geral de uma pessoa e representa uma área especializada que se dedica ao cuidado de quem enfrenta transtornos mentais ou psicológicos. Refere-se à forma como as pessoas pensam, sentem e se comportam diante das situações da vida, além de como lidam com o estresse, se relacionam com os outros e tomam decisões. (OPAS/OMS, 2022)
2. Depressão no aspecto geral
Analisando os estudos de SILVA et al (2020) em especial Risco de depressão na gravidez na assistência pré-natal de risco habitual, destaca-se a depressão como problema global que afeta diretamente a saúde pública e a sociedade, caracterizado pelo baixo humor duradouro, cerca de 300 milhões de pessoas são afetadas pelo transtorno em níveis mundiais. A depressão é um processo patológico que afeta a tranquilidade, alimentação, sono, causa lentidão, desânimo, dificuldade de concentração, muitas vezes observa-se a presença de sentimento de culpa e desenvolvimento de atitudes suicidas. Sendo um período de fragilidade do indivíduo, onde a sensação de tristeza profunda torna-se inexplicável, e a vulnerabilidade da patologia pode ser aumentada em períodos como o gestacional (Silva et al. 2020).
Segundo SILVA et al (2024) a mulher se encontra em um estado mais sensível devido às mudanças físicas e psicológicas que a gravidez e a maternidade acarreta, isto é, as alterações relacionadas à maternidade evidenciam a possibilidade do surgimento da depressão. Ademais, FARIAS, et al (2020) destaca a importância da avaliação da saúde mental, em especial das mulheres no período gravídico, para que os possíveis sinais de transtornos sejam identificados com antecedência, fazendo com que os profissionais possam encaminhar a gestante ao atendimento psicológico especializado resultando em diagnóstico e tratamento, pois durante a gestação deve-se manter o máximo possível da saúde mãe filho.
3. Gestação no aspecto geral
Pesquisas recentes mostraram que certos acontecimentos estão conectados ao surgimento de sintomas depressivos durante a gestação. O estresse parece influenciar o aparecimento de humor deprimido e ansiedade nessa fase. A gestação é um período crucial na vida de uma mulher, envolvendo uma série de experiências desde a concepção até o nascimento do bebê. As mudanças físicas, hormonais, emocionais e sociais que ocorrem podem afetar a saúde mental da gestante. Algumas mulheres vivenciam a gestação com sentimentos de nostalgia e satisfação, tanto pessoal quanto familiar. No entanto, de acordo com artigo de Silva, et al. (2020) esse período também é um momento de maior vulnerabilidade, propenso ao surgimento ou à recaída de problemas psicológicos, como a depressão. Caldeira, et al. (2024) define que a depressão gestacional é caracterizada por sinais como humor deprimido, falta de interesse em atividades cotidianas, alterações no peso e no sono, fadiga e sentimentos de culpa ou inutilidade. Essa condição apresenta uma prevalência alta e variável em diferentes regiões do mundo. Portanto, a mulher grávida deve ser avaliada para garantir um encaminhamento especializado dos casos suspeitos de depressão para diagnóstico e conduta (Caldeira, et al. 2024; Silva, et al 2020).
A maioria dos estudos apresentou que durante a gestação, muitas mulheres podem sentir tristeza ou ansiedade em vez de alegria, já que esse período pode ser marcado por diversos transtornos de humor, especialmente a depressão. Segundo Caldeira, et al. (2020), essa condição patológica impacta a tranquilidade, a alimentação e o sono, além de provocar lentidão, desânimo e dificuldades de concentração. Já Silva et al, (2020), relata que muitas das gestantes também podem experimentar sentimentos de culpa e, em casos mais graves, desenvolver ideias suicidas, o que tornaria o caso ainda mais grave.
4. Fatores de risco e fatores associados à gestação
Ter um histórico de depressão em qualquer fase da vida é um fator de risco significativo para a reincidência desse transtorno durante a gravidez. Outro fator desencadeante segundo Silva são o medo e as preocupações que, apesar de serem comuns na vida de todos, durante a gestação, com tantas mudanças ocorrendo, elas se tornam ainda mais intensas. As preocupações ligadas à gravidez devem ser vistas como possíveis indicadores de problemas na saúde mental das mães, além disso, a ansiedade, que é um transtorno mental frequente, pode afetar a saúde da mulher de maneira sutil, sendo um fator importante relacionado ao desenvolvimento de depressão durante a gravidez. (Silva, et al. 2020).
Na pesquisa de Thiengo et al. (2012) foi possível identificar a associação entre ser solteira e depressão durante a gestação, sendo a mesma relação encontrada em outros estudos, o que leva a acreditar que as pessoas que vivem sozinhas parecem ter maior risco de depressão, ou vice-versa.
Caldeira et al (2024) destaca que em relação às condições analisadas, destacam-se como fatores de risco para o aparecimento de sinais de depressão nas gestantes: o fraco suporte social, o primeiro trimestre de gravidez, o baixo desempenho sexual e o alto nível de estresse percebido.
5. Rede de apoio e o resultado na saúde mental da gestante
Quando mencionamos apoio social, torna-se insofismável a necessidade de múltiplas sensações como receber carinho e conforto, ter uma rede de apoio, entre outras, Thiengo et al (2012) evidencia em seu estudo, que o papel do apoio social nas diversas fases da vida é fundamental para o amortecimento de eventos estressantes que ocorrem no cotidiano, principalmente em momentos em que se observam diversas modificações psicossociais e fisiológicas, como é o caso da gestação. Isto é, o apoio social é uma ferramenta inexequível para o bem estar e saúde mental mãe e bebe , agindo como ferramenta para suavizar possíveis surgimentos de transtornos durante e após o período gestacional. Ademais, corroborando as informações citadas o mesmo estudo demonstra que Ser solteira, estar desempregada, possuir história anterior de depressão, tabagismo e ter história de separação/divórcio nos últimos 12 meses foram itens associados ao aumento de risco para depressão durante a gestação. (Thiengo et al 2012).
De acordo com o estudo Caldeira et al (2024), o suporte social cria uma rede de apoio para a gestante, oferecendo-lhe suporte emocional, financeiro e social, devendo ser fornecido pelo parceiro, familiares, amigos e pelo serviço de saúde, atuando como um fator de proteção para a saúde mental, auxiliando na prevenção e diminuição do risco de resultados negativos durante a gravidez e parto. Vivenciar a gravidez sob estes fatores pode exacerbar ou desencadear a depressão, influenciando negativamente a gestação, já que os sintomas da doença interferem no desempenho das gestantes quanto ao autocuidado e adesão ao acompanhamento pré-natal. (Thiengo et al 2012).
6. Impacto socioeconômico na saúde mental das gestantes
Com base nos artigos avaliados, foi encontrado como comum sinal estressor e impactante para a saúde mental das gestantes o padrão sócio econômico e a vulnerabilidade em relação ao desemprego, provocando sensação de instabilidade e medo do futuro. Os transtornos de humor maternos, como a depressão, têm sido associados de forma bem fundamentada a fatores de risco sociodemográficos, como o baixo nível de escolaridade e a renda econômica. Especificamente no Brasil, a depressão se relaciona com estressores estruturais e comunitários associados a marcadores de pobreza, incluindo baixa escolaridade, renda insuficiente, vulnerabilidade social, condição habitacional desfavorável e desemprego (Silva et al 2023).
Ademais, segundo os estudos de Fujita et al (2021), é importante reconhecer que baixo nível econômico, baixa escolaridade e desemprego tendem a andar juntos, provocando situações de risco à saúde do bebe e da mãe como o uso de cigarros, que interferem diretamente no bem estar fetal. Fujita et al (2021) também afirma que e possível que mulheres grávidas com baixos níveis de escolaridade carecem de repertório de estratégias eficazes para lidar com o estresse diário e usam o cigarro como forma de regular seus efeitos.A baixa condição econômica é um fator de risco reconhecido para o tabagismo em geral e durante a gravidez.
Seguindo a mesma ideologia, a perspectiva do estudo de Lima et al (2017), observa-se como fator de prevenção e proteção, a escolaridade mais elevada, o planejamento da gravidez e o decorrer da gestação. E como fator propulsor aos surgimentos da depressão Lima et al (2017) afirma que história anterior de depressão ou doença mental, gravidez não planejada ou não aceita, ausência de parceiro ou de suporte social, alto nível de estresse percebido e ter sofrido eventos adversos na vida, história de abuso ou violência doméstica, história passada ou presente de complicações gestacionais e perda fetal. Além desses fatores, também foram apontados dificuldade financeira, baixa escolaridade, desemprego e dependência de substâncias psicoativas.
7. Conduta de enfermagem em casos de depressão gestacional
Nos estudos de pesquisa revisados pouco se viu sobre a atuação do enfermeiro frente a gestante que apresenta sinais depressivos, seria importante por mais que não fosse o caso específico do estudo, se realizados por enfermeiros, discorrer sobre a importância do conhecimento técnico do profissional de enfermagem para maior qualificação da assistência prestada. A relação terapêutica é fundamental para a atuação do enfermeiro na área de saúde mental, para isso o enfermeiro deve ter um entendimento teórico sobre o processo, incluindo técnicas de abordagem, coleta de dados e organização das informações coletadas, a fim de criar um plano de cuidados e sugerir intervenções para melhorias.
Brito et al, (2022) informa em sua pesquisa sobre o conhecimento da equipe de enfermagem que apenas metade das participantes considerou importante a avaliação clínica e psíquica da mulher em sofrimento mental puerperal pela enfermagem. Esse resultado revela falhas na formação e indica a necessidade urgente de integrar a questão do sofrimento mental no pré-natal e no pós-parto nos currículos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na análise feita neste estudo, observa-se que a gestação pode ser uma experiência estressante e geradora de ansiedade, contudo, quando essas preocupações se tornam excessivas a ponto de afetar a rotina da gestante, podem prejudicar seu bem-estar mental, estando ligadas ao desenvolvimento da depressão durante a gravidez. A saúde mental deve ser uma prioridade durante as consultas de pré-natal, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS) e o enfermeiro é o profissional que mais recebe essa responsabilidade, por conta da maior parte das consultas de pré-natal ser feias por enfermeiros. As gestantes atendidas em serviços de APS podem estar expostas a condições sociais e questões relacionadas à saúde mental que aumentam o risco de desenvolver sintomas depressivos, os estudos revisados comprovam a prevalência dos sintomas entre o primeiro e segundo trimestre da gestação.
Conclui-se, portanto, que é fundamental identificar os sintomas durante as consultas iniciais, sem esperar até o período pós-parto para avaliar o bem-estar da mãe, pois as gestantes necessitam de apoio constante por meio de informações e acompanhamento que ajudem a guiá-las e a tomar decisões que favoreçam sua saúde e a do bebê. Com isso, cabe ao profissional de enfermagem que for acompanhar a gestante nesse periodo, realizar a identificação dos sinais e encaminhar a mesma ao profissional especializado, dessa forma, recomenda-se que o atendimento a essas mulheres seja realizado por uma equipe multidisciplinar, visando tornar essa fase o mais tranquila possível, evitando que a paciente lide sozinha com os possíveis transtornos durante esse período. Também se ressalta a importância de novos estudos com foco sobre os sinais de depressão em gestantes, bem como panoramas da realidade para que os cuidados prestados no âmbito dessa área sejam eficientes.
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Graduanda em Enfermagem
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