THE EFFECTS OF TRANSCRANIAL ELECTROSTIMULATION IN PATIENTS WITH FIBROMYALGIA: INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202410311646
Scarlety Rodrigues dos Santos2;
Jordy Christian Alves Martins3;
Waueverton Bruno Wyllian Nascimento Silva4
RESUMO: Introdução: A fibromialgia é uma doença reumática e se trata de uma síndrome crônica dolorosa ocasionando uma série de outros sinais e sintomas, como incapacidade física, redução da participação social, ansiedade e depressão, alterações no sono, dentre outros. É uma doença que não tem cura, mas, possui tratamentos para amenizar os sintomas. Há uma investigação a respeito de novos tratamentos que buscam reduzir a dor nestes pacientes e que proporcionem menos efeitos adversos, um deles é a eletroestimulação transcraniana. Objetivo: conhecer os efeitos da eletroestimulação transcraniana na dor de pacientes acometidos por fibromialgia. Metodologia: Trata-se de revisão integrativa de literatura realizada nas bases de dados PEDro, SciELO, LILACS e MEDLINE. Resultados: Foram encontrados 19 artigos e destes utilizados 06 nesta revisão, os estudos demonstraram efeitos positivos a partir da aplicação da eletroestimulação transcraniana em pacientes com fibromialgia, sendo realizadas sessões com 20 minutos de duração e aplicação em ponto motor de córtex pré-frontal. Conclusão: Foi possível observar redução significativa de dor nestes pacientes, mas, também melhora em escalas de sono, fadiga, catastrofização da dor e sintomas ansiosos e depressivos.
Palavras-chave: Dor Crônica. Eletroestimulação Transcraniana. Fibromialgia.
ABSTRACT: Introduction: Fibromyalgia is a rheumatic disease and is a chronic painful syndrome causing a series of other signs and symptoms, such as physical disability, reduced social participation, anxiety and depression, changes in sleep, among others. It is a disease that has no cure, but there are treatments to alleviate the symptoms. There is research into new treatments that seek to reduce pain in these patients and that provide fewer adverse effects, one of which is transcranial electrical stimulation. Objective: to understand the effects of transcranial electrical stimulation on pain in patients suffering from fibromyalgia. Methodology: This is an integrative literature review carried out in the PEDro, SciELO, LILACS and MEDLINE databases. Results: 19 articles were found and 06 of these were used in this review. The studies demonstrated positive effects from the application of transcranial electrical stimulation in patients with fibromyalgia, with sessions lasting 2 minutes and applied to a motor point in the prefrontal cortex. Conclusion: It was possible to observe a significant reduction in pain in these patients, but also improvement in sleep scales, fatigue, pain catastrophizing and anxious and depressive symptoms.
Keywords: Chronic pain. Transcranial Electrical Stimulation. Fibromyalgia
1 INTRODUÇÃO
A fibromialgia (FM) é uma síndrome que não possui cura, caracterizada por dor generalizada, fadiga, alterações no sono, distúrbios cognitivos, além de outros sintomas associados, que afetam diretamente a qualidade de vida do afetado. Nesse contexto, surgiram diversas alternativas de tratamento, entre elas a que são provenientes da fisioterapia (SILVA; KAKUTA; LORETI, 2022).
Pesquisas realizadas na Europa e Estados Unidos da América (EUA) identificam prevalência entre 4,7 e 5% de doenças crônicas como a FM, enquanto no Brasil observa-se que cerca de 3% da população sofre com esta doença; é pertinente ainda apontar que a maior incidência é nas mulheres com idade superior a 45 anos, com proporção de 8 a 20 vezes mais que nos homens (ALVES et al., 2022; TIRELLI et al., 2019).
Estes sinais e sintomas impactam de forma negativa a capacidade funcional dos acometidos por FM e consequentemente, na qualidade de vida, podendo implicar nas atividades rotineiras, levando até mesmo ao afastamento dessas atividades e no comprometimento das relações interpessoais (MATIAS et al., 2022).
Os mecanismos fisiopatológicos, sendo os responsáveis pelos sintomas da FM, ainda não foram compreendidos. No entanto, o que se acredita é que os acometidos por essa patologia apresentam níveis de dor fora acima do que se entende como normal, o que pode ser facilmente explicado ao nível celular por alterações nos neurotransmissores que estão envolvidos no processo da dor, como ácido gama-aminobutírico (SILVA; KAKUTA; LORETI, 2022).
Apesar de ser uma síndrome que não possui cura, há diversos tratamentos disponíveis. O tratamento convencional para FM é realizado por uso de medicamentos analgésicos, antiepiléticos, antidepressivos com o intuito de aliviar a dor e reduzir os sintomas psicológicos. Porém, na maioria das vezes, o tratamento medicamentoso não proporciona alívio aos sintomas e ainda resulta no surgimento de reações adversas diferentemente dos tratamentos fisioterapêuticos, que não possuem efeitos colaterais (PONTES, 2020).
Uma das alternativas de intervenções fisioterapêuticas frente à FM é a eletroestimulação transcraniana (ETCC ou tDCS). A eletroestimulação direta consiste em uma técnica não invasiva, cuja finalidade inicial era o tratamento de lesões cerebrais e reabilitação da função cognitiva, mas tem atualmente sido aplicada como uma técnica capaz de reabilitar pacientes que se apresentam com dor crônica, como em casos de FM (ORENDÁČOVÁ; KVAŠŇÁK, 2021).
Em casos de pacientes que se submetem a uma ETCC com associação de outras técnicas, pode elevar a capacidade compensatória. Há diversos estudos que indicam à eletroestimulação promissora o controle da dor de paciente com fibromialgia (MATIAS et al., 2022).
Tendo em vista a prevalência crescente de FM na população, sendo considerada um problema de saúde pública, além das diversas implicações causadas por ela na vida dos acometidos, justifica-se pesquisar acerca dos efeitos de intervenções não medicamentosas para alívio dos sintomas, a fim de proporcionar melhora na qualidade de vida destas pessoas. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi conhecer os efeitos da eletroestimulação transcraniana na dor de pacientes acometidos por fibromialgia.
2 METODOLOGIA
Este trabalho trata-se de revisão integrativa de literatura, sendo esta considerada como um método que sintetiza um tema relevante em uma incorporação de estudos mais recentes quanto aos seus resultados significativos em evidências científicas a fim de direcionar a prática baseada em evidências (SOUSA, 2017).
A busca foi realizada através da estratégia PICo, um acrômio que significa População, Interesse e Contexto. Assim, a população a ser estudada incluiu pacientes com fibromialgia, a intervenção estudada foi a eletroestimulação transcraniana no contexto de melhora da dor. De tal maneira, a pergunta norteadora estruturada a partir da estratégia supracitada foi: “ Quais os efeitos da eletroestimulação transcraniana frente à dor em pacientes acometidos por fibromialgia?”.
Para tal, foi conduzida uma busca eletrônica através do emprego dos termos: “Dor Crônica”, “Eletroestimulação Transcraniana” e “Fibromialgia” e suas respectivas traduções para a língua inglesa: “Chronic pain”, “Transcranial Electrical Stimulation” e “Fibromyalgia”; ambos cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS). A pesquisa foi realizada nas bases de dados Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE).
Estabelecidos os critérios de elegibilidade, foram incluídos ensaios clínicos randomizados, estudos com texto completo, disponíveis integral e gratuitamente, estudos nas línguas portuguesa e inglesa e os publicados entre março de 2014 a março de 2024. Os critérios de exclusão foram: trabalhos em formatos de teses, dissertações e revisões de quaisquer tipos, com temas que não o de objeto desta pesquisa, além dos trabalhos duplicados nas bases de dados.
Em relação à estratificação de dados foi realizada através da leitura de títulos, seguida de leitura de resumos e posterior leitura de trabalho completo, os resultados foram apresentados em quadro, contendo informações de autor, ano e país de publicação, metodologia, amostra, instrumentos de avaliação, intervenção, resultados e conclusão retirados dos artigos.
3 RESULTADOS
Na pesquisa realizada, foram encontrados inicialmente 19 artigos. Após a aplicação dos critérios de elegibilidade restaram 6 artigos que obedeciam a todos os critérios que foram previamente pré-estabelecidos. A figura 1 retrata como foi realizada essa seleção dos artigos.
Figura 1– Fluxograma do processo de seleção dos artigos.
Fonte: Autoria Própria, 2024.
Os resultados desta pesquisa mostraram que a eletroestimulação transcraniana é eficaz em redução de dor em pacientes com fibromialgia. Os estudos confirmaram ainda o que se havia encontrado nas pesquisas anteriores, o fato de que a prevalência é maior em mulheres, já que todos os estudos aqui incluídos realizaram suas intervenções em pacientes do sexo feminino, além disto, foi possível perceber melhora considerável em outros aspectos, como: escores de incapacidade física, depressão, qualidade de vida e catastrofização da dor. Os resultados foram organizados em quadro para melhor compreensão por parte do leitor (Quadro 01).
Quadro 1: Dados estratificados dos estudos incluídos nesta revisão.
Autor, Ano/ País de Publicação | Metodologia Amostra | Instrumentos de Avaliação | Intervenção | Resultados e Conclusão | |
CAUMO et al., 2022 / Brasil. | ECR – Duplo Cego | – 48 mulheres com FM, com idade de 30 a 65 anos; – Alocadas em G1 e G2. – | – Foram avaliadas antes e após o final das intervenções pelos questionários PCS e PDQ; – Sintomas depressivos, qualidade de sono, limiar de dor ao calor, tolerância à calor e ao frio e BNDF sérico. | – G1: foram realizadas 20 sessões (5 dias consecutivos por 4 semanas) de ETCC com corrente contínua, com 2mA por 20min, em região de córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo; – G2: onde foram realizadas sessões de ETCC simuladas em mesmo lugar. | – O estudo demonstrou que o grupo que realizou a intervenção real obteve redução considerável de catastrofização da dor e da incapacidade em decorrência da dor. Concluindo que a ETCC pode ser uma alternativa eficaz para melhora da dor em pacientes com FM e sugerindo ainda que a autoaplicação da terapia por ETCC deve ser considerado como um tratamento coadjuvante considerado para estas mulheres. |
ALTAS et al., 2019 / Turquia. | ECR | – 30 mulheres com FM com idade entre 37 e 55 anos; – Randomizadas igualmente em G1, G2 e G3. | – Avaliadas antes e após o final das intervenções pelos questionários FIQ, FSS, SF 36 e BDI. e quanto à dor pela EVA. | – G1: realizadas sessões de ETCC por 60 séries de 10Hz, totalizando 1200 pulsos. No CMPE; – – G2: sessões de ETCC por 60 séries de 10Hz, totalizando 1200 pulsos no CPFDLE; – G3: placebo com a bobina posicionada inversamente sobre o vértice; – Todas as intervenções foram realizadas por 3 semanas, com 5 sessões/sem, totalizando 15 sessões. | – Os 3 grupos apresentaram melhores em escores de dor, QV e depressão, embora as melhorias em depressão, funcionamento físico, percepções gerais de saúde foram maiores em G2, enquanto o funcionamento de papel emocional e redução de dor em EVA foram mais expressivas em G1. O estudo conclui que a aplicação real de ETCC pode reduzir dor, melhores escores de depressão, QV e de incapacidade em mulheres com FM, porém sugere que sejam realizados novos ECR com mais tempo de intervenção para obter resultados mais conclusivos. |
FAGERLUND; HANSEN; ASLAKSEN, 2015 /Noruega | ECR | – 48 mulheres com FM alocadas em: – G1 (n=24) e G2 (n=24). | – Avaliadas antes e após o final das intervenções pelos questionários FIQ, HADS, sintomas físicos e psiquiátricos da SCR90-L, SF-36 e quanto à dor pela EVA; – Dor e Estresse foram avaliados 30 dias antes o início das intervenções, ao final de cada intervenção e após as 5 através de um aplicativo de mensagens curtas. | – G1: Aplicação de ETCC anódica de 2mA direcionada ao CMPE; – G2: apenas colocação dos eletrodos sem ligar a corrente; – 5 sessões consecutivas de 20min. | – Foi observada uma pequena melhora em dor nos pacientes de G1, que de fato receberam a intervenção. O estudo demonstrou ainda que a terapia foi bem tolerada pelos pacientes, com baixos efeitos adversos. Concluiu que a ETCC tem potencial de reduzir dor em mulheres com FM. |
KHEDR et al., 2017/ Egito | ECR | – 40 pacientes com FM (38 mulheres e 2 homens) alocados em: – G1: (n=20) e G2: (n=20). | – Avaliados antes e após o final das intervenções pelos questionários: WPI, SS, HAMD, nível sérico de beta endorfina e dor pela EVA; – O nível de dor foi avaliado diariamente, após a aplicação. | – G1: Aplicação de ETCC anódica de 2mA direcionada ao CMPE; – G2: apenas colocação dos eletrodos sem ligar a corrente; – 10 sessões consecutivas de 20min. | – Observou-se redução de 2 pontos em EVA e melhora de escores de depressão e ansiedade em G1. Não houveram diferenças significativas em nível sérico de beta endorfina nos dois grupos. O estudo concluiu que a terapia por ETCC é eficaz para redução de dor em pacientes com fibromialgia, principalmente a longo prazo, uma vez que os melhores resultados foram encontrados nas últimas 2 sessões. |
PAULA et al., 2020 / Brasil | ECR – duplo cego, paralelo, controlado com placebo sham | – 86 mulheres com FM alocadas em: – G1 (n=22), G2 (n=22), G3 (n=21) e G4 (n-21). | – Avaliados antes e após o final das intervenções pelos questionários: BDI, PCS, FIQ e dor pela EVA. | – G1: ETCC placebo + LDN; – G2: ETCC ativa + medicamento placebo; – G3: ETCC ativa + LDN; – G4: As duas terapias em placebo; – Aplicação de ETCC de 2mA por 20min. – A intervenção medicamentosa durou 26 dias. | – Os resultados demonstraram redução de dor em frequência e intensidade em todos os grupos, com exceção de G4. Observaram também melhora expressiva em escores de ansiedade e depressão nos grupos que realizaram ETCC ativa. O estudo conclui que devem ser realizados novos ECR a fim de identificar melhores resultados sobre dor em intervenções reais. |
KANG et al., 2022 / Coreia do Sul | ECR | – 46 pacientes com FM. | – Avaliados antes e após o final das intervenções pelos questionários: BDI, FIQ, BFI, STAI, MOS-SS e dor pela EVA; – A dor foi avaliada no dia 0, 6, 13 e 36. | – Aplicação de ETCC anódica de 2mA direcionada ao CMPE; – 5 sessões diárias por 5 dias consecutivos, totalizando 25 sessões. | – Após a estimulação transcraniana por corrente contínua, 46 pacientes apresentaram melhoras clínicas nos escores de dor em toda as avaliações. O estudo mostrou ainda melhora em impacto da FM, fadiga e depressão. Concluindo que a ETCC é uma terapia eficaz para melhora de dor e que novos estudos com mais tempo de intervenção devem ser realizados. |
Legenda: BDI: Beck Depression Inventory (Inventário de Depressão de Beck). BNDF: Serum Brain-Derivaded-Neurotrophic Factor (Fator neurotrófico derivado do cérebro). CMPE: Córtex Motor Primário Esquerdo. CPFDSE: Córtex Pré Frontal Dorsolateral Esquerdo. ECR: Ensaio Clínico Randomizado. ETCC: Estimulação Elétrica Transcraniana. EVA: Escala Visual Analógica da Dor. FIQ: Fibromyalgia Impact Questionnaire (Questionário de Impacto da Fibromialgia).FM: Fibromialgia.FSS: Fatigue Severity Scale (Escala de Gravidade de Fadiga). HADS: Hospital Anxiety and Depression Scale (Escala de Depressão e Ansiedade).HAMD: Hamilton Depression and Anxiety Scales (Escalas de Depressão e Ansiedade de Hamilton). NDE: Naltrexona. PCS: Pains Catastrophizing Scale (Escala de Catastrofização da Dor). PDQ: Pain Disability Questionnaire (Questionária de Incapacidade por Dor). SCR90-L: Symptom Checklist 90 (Lista de Verificação de Sintomas 90). SF-36: Short-Form 36. SS: Symptom Severity of Fibromyalgia (Severidade de Sintomas de Fibromialgia).WPI: Widespread Pain Index (Índice de Dor Generalizada).
Fonte: Autoria Própria, 2024.
4 DISCUSSÃO
O objetivo deste trabalho foi conhecer os efeitos da eletroestimulação transcraniana na dor de pacientes acometidos por fibromialgia. A FM é uma síndrome que ocasiona dor e hipersensibilidade crônica, conforme dito anteriormente, sendo considerada um problema de saúde pública por conta de todos os transtornos decorrentes dela, inclusive o sofrimento psicológico, com destaque para quadros ansiosos e depressivos. É válido ressaltar que o estresse gera respostas inflamatórias, gerando uma reação em cadeia no organismo. O tratamento da FM requer uma abordagem integral e multidimensional (MATIAS et al., 2022; MONTEIRO; OLIVEIRA, 2021).
Em complemento, a FM pode afetar pessoas de qualquer idade e sexo, porém a maior incidência é em pessoas do sexo feminino, com idade de 30 a 50 anos. Esta patologia é comumente observada em prática clínica diária e um dos principais motivos das consultas sob sistema musculoesquelético, também é considerada um dos distúrbios reumatológicos mais diagnosticados (CAUMO et al., 2022).
Ainda em concordância, Conde-Anton et al (2020) relatam que para essa síndrome não existe cura, assim o seu tratamento objetiva reduzir os sintomas e elevar a qualidade de vida dos acometidos, por meio de tratamentos farmacológicos e por tratamentos alternativos como a fisioterapia.
A eletroestimulação transcraniana tem sido muito utilizada atualmente. A utilização da neuromodulação não invasiva no tratamento fisioterapêutico é regulamentada sob Resolução n.º 434 de 27 de setembro de 2013 pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), cujo intuito é de modificar e modular os trabalhos nevosos centrais e também dos periféricos, objetivando a melhoria do cognitivo e na interpretação de estímulos de áreas corticiais do encéfalo.
A ETCC por corrente contínua consiste quando uma corrente elétrica é ministrada de forma constante e unidirecional fluido do ânodo até o cátodo, composta por uma corrente elétrica contínua e aplicada através de eletrodos que são colocados sob o couro cabeludo. É caracterizado por apresentar fluxo contínuo, mas com uma baixa intensidade, de 1 a 2 mA, e não tem pulsos (MOSHFEGHINIA et al., 2023).
Em relação ao tempo de aplicação, é geralmente administrado em intervalos que podem variar de 8 a 30 minutos. A estimulação transcraniana por corrente contínua tem sido utilizada como tratamento a diversas patologias, como fibromialgia, doença de Parkinson, lesões
traumáticas da medula espinhal, epilepsia e condições de dor crônica (PAULA et al., 2022). É válido, porém, ressaltar que os estudos desta revisão optaram por um protocolo de 20 minutos de aplicação na técnica, estando de acordo com os estudos realizados anteriormente.
Os efeitos fisiológicos estão relacionados com a direção da estimulação, que vai depender da posição e área que os eletrodos estão aplicados. Já em relação à escolha dos eletrodos, o ânodo é o polo capaz de elevar a atividade de pico e reduzindo o grau potencial de membrana, a taxa de disparo espontâneo, aumenta a atividade elétrica espontânea e a capacidade de resposta dos neurônios corticais ao despolarizar a membrana, enquanto o cátodo diminui a atividade máxima ao aumentar o potencial da membrana, causando redução na atividade elétrica e na capacidade de resposta dos neurônios (KANG et al., 2020).
Existe uma diversidade de eletroestimulação transcraniana magnética, a mais utilizada é a eletroestimulação transcraniana magnética é a com pulso único, a corrente elétrica que flui pela bobina é repetida da mesma maneira após intervalos variáveis de alguns segundos, gerando um efeito específico dependendo da área que está sendo tratada (LLOYD et al., 2020).
Caumo et al. (2022), fala a respeito do impacto da estimulação transcraniana por corrente contínua bifrontal frente a dor e incapacidade na fibromialgia. Um estudo duplo-cego randomizado que testou a hipótese de que 20 sessões de estimulação anódica(a)-transcraniana por corrente contínua (ETCC) domiciliar (2mA por 20 minutos) bifrontal, com anódica no córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (l-DLPFC), para reduzir as pontuações na Escala de Catastrofização da Dor e incapacidade relacionada à dor avaliada pelo Perfil de Dor Crônica.
Ainda sobre o estudo de Caumo et al. (2022), os resultados indicaram que o tratamento com estimulação transcraniana por corrente contínua ativa (a-tDCS) foi significativa em relação a do tratamento simulado (s- tDCS), devido a inúmeros aspectos como: redução da catastrofização da dor, reduzindo a pontuação a 51,38% na escala da dor; redução da incapacidade devido à dor crônica. Melhoria dos sintomas depressivos; aumento da qualidade do sono; aumento da tolerância à dor pelo calor; e melhoria na incapacidade para realizar atividades diárias.
Conde-Anton et al. (2020), investigou os efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua e da estimulação magnética transcraniana em pacientes com fibromialgia. Com esse estudo concluíram que a estimulação transcraniana por corrente contínua no córtex motor foi a intervenção que mais demonstrou resultados positivos, visto que identificou melhorias no limiar de dor sob pressão, catastrofização e na qualidade de vida.
Lloyd et al. (2020), através de seu estudo, constatou que a eletroestimulação transcraniana por corrente contínua é uma intervenção segura com capacidade de reduzir a
intensidade da dor na fibromialgia. Mas, destacou a necessidade de mais estudos para investigar os locais-alvo neurais e os parâmetros de estimulação ideais, de modo a alcançar os maiores efeitos antes de conduzir estudos clínicos.
Já Moshfeghinia et al. (2023) identificaram o efeito potencial da ETCC na redução da intensidade da dor em pacientes com fibromialgia. Além disso, evidenciaram que a eletroestimulação transcraniana por corrente contínua, uma vez que aplicada a uma intensidade de 2mA no M1 esquerdo, pode ser considerada ainda mais eficaz. Isso porque, especialmente no córtex motor primário à esquerda (M1 esquerdo), pode haver influência nos componentes afetivos-emocionais que estão relacionados ao sentir dor.
Paula et al. (2020), avaliaram os efeitos analgésicos e neuromodulatórios de uma combinação naltrexona em baixas doses (LDN) associada com Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) é eficiente no tratamento da dor de pacientes com fibromialgia, benefícios na redução da frequência e intensidade da dor. O estudo demonstrou ainda melhora nos escores de depressão e ansiedade, corroborando com todos os demais autores incluídos nesta revisão.
Kang et al. (2020) observaram que os pacientes analisados no estudo apresentaram melhoras significativas quanto ao escore de dor, impacto da fibromialgia, fadiga e depressão após o tratamento Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC).
Além disso, a segurança do tratamento também foi confirmada, já que não foi constatado nenhum evento adverso grave, somente efeitos colaterais como cefaleia leve e transitória (dor de cabeça leve, que passa após um tempo) e purido transitório (leve coceira na região onde foram alocados os eletrodos). Em relação a melhorias para qualidade do sono, diferentemente de Caumo et al. (2022), Kang et al. (2020) não encontraram melhorias para qualidade do sono.
Pelos resultados dos estudos de Caumo et al. (2022), Conde-Anton et al. (2020), Lloyd et al. (2020), Moshfeghinia et al. (2023), De Paula et al. (2022), e Kang et al. (2020), fica claro que através dos efeitos da eletroestimulação transcraniana é possível proporcionar aos acometidos por fibromialgia melhora na qualidade de vida e bem-estar. No entanto, esses efeitos e os benefícios podem variar de acordo com cada paciente, visto que cada paciente tem seus particulares.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos analisados destacaram que os principais efeitos da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua frente a dor por fibromialgia são redução da dor e incapacidade relacionadas à fibromialgia, melhoras quanto a fadiga e depressão após o tratamento, melhoria na qualidade do sono e consequentemente melhorias no bem-estar e qualidade de vida. Com isso, mostrando-se como um tratamento eficiente para o alívio da dor em paciente desta patologia em questão.
Em relação aos efeitos colaterais e contraindicações da eletroestimulação transcraniana em pacientes com fibromialgia, não foi constatado nenhuma contraindicação nos estudos analisados, também não foi constatado nenhum evento adverso grave, mas destacaram a presença de cefaleia leve e transitória (dor de cabeça leve, que passa após um tempo) e prurido transitório (leve coceira na região que foi alocado os eletrodos).
De modo geral, eletroestimulação transcraniana em pacientes com fibromialgia se mostra eficiente e promissora frente à dor. Apesar dos resultados, tal método fisioterapêutico deve ser ainda mais estudado e explorado, para otimizar ainda mais o potencial do tratamento.
REFERÊNCIAS
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1 Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado em Fisioterapia do Instituto Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma;
2Acadêmica do curso de Bacharelado em Fisioterapia pelo Instituto Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma;
3 Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Neurofuncional Adulto e Pediátrico. Docente na Instituição de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/UNISULMA. Professor Orientador. E-mail: jordy.martins@unisulma.edu.br;
4 Fisioterapeuta. Professor Co-Orientador. E-mail: brunowyllian_@outlook.comautor