PHARMACEUTICAL ATTENTION IN REDUCING ADVERSE REACTIONS IN PATIENTS UNDERGOING ONCOLOGICAL TREATMENT
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202410312145
Eugenia Carla Oliveira de Queiroz Pessoa;
Jacqueline Martins da Silva;
Mariane Lira Cavalcante;
Tamires Pereira da Conceição;
Tamyrlla Mylena Moreno de Olivia;
Tallita Marques Machado
Resumo
A atenção farmacêutica desempenha um papel crucial no cuidado de pacientes em tratamento oncológico, oferecendo suporte para melhorar a segurança, eficácia e qualidade de vida durante o processo terapêutico. O tratamento oncológico é frequentemente acompanhado de reações adversas aos medicamentos (RAMs), que podem impactar negativamente a saúde dos pacientes. Assim, a intervenção farmacêutica é essencial para identificar, prevenir e minimizar tais reações. O objetivo deste estudo foi investigar o impacto da atenção farmacêutica no cuidado de pacientes oncológicos, promovendo a segurança, eficácia e qualidade de vida durante o tratamento. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura, com caráter observacional e retrospectivo, cuja busca de artigos científicos foi realizada nas bases de dados SciELO, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed, utilizando como tema central “A atenção farmacêutica em pacientes oncológicos”, onde foram pesquisados artigos científicos publicados no período de 2014 a 2024. Foram analisados17 artigos científicos, os quais apontam que a atenção farmacêutica contribui significativamente para a redução de RAMs em pacientes oncológicos, onde a presença ativa do farmacêutico contribui significativamente para a gestão eficaz dos tratamentos. Estudos demonstram que o acompanhamento farmacêutico reduz em até 20% a taxa de eventos adversos relacionados a medicamentos e melhora a adesão ao tratamento em até 30%. Além disso, a intervenção farmacêutica pode elevar a qualidade de vida dos pacientes em até 25%, devido ao ajuste preciso das doses e a identificação de interações medicamentosas, além da educação dos pacientes sobre potenciais efeitos adversos. Com isso, conclui-se que a atenção farmacêutica se mostra uma intervenção eficaz para redução das reações adversas a medicamentos em pacientes oncológicos, reforçando a importância de sua inclusão no acompanhamento clínico integral destes pacientes.
Palavras-chave:Atenção farmacêutica. Oncologia. Reações adversas. Segurança do paciente.
1. INTRODUÇÃO
A atenção farmacêutica é um componente essencial no manejo de pacientes com câncer, um grupo que frequentemente enfrenta complexos desafios relacionados ao tratamento. A terapia oncológica, embora crucial para o tratamento e controle da doença, está associada a uma variedade de reações adversas que podem comprometer a saúde e a qualidade de vida dos pacientes. O papel do farmacêutico no contexto oncológico vai além da simples dispensação de medicamentos, abrangendo a identificação e a gestão de efeitos colaterais, a otimização das terapias e a educação dos pacientes sobre os cuidados necessários durante o tratamento. A integração da atenção farmacêutica no tratamento oncológico pode potencialmente melhorar os resultados terapêuticos e a experiência geral dos pacientes(DA SILVA et al., 2023).
No cenário atual, a prática farmacêutica em oncologia enfrenta um panorama dinâmico e desafiador. Os avanços na pesquisa oncológica têm levado ao desenvolvimento de novas terapias e fármacos, que frequentemente apresentam perfis de efeitos adversos complexos e variáveis. A intervenção farmacêutica torna-se, portanto, um fator crítico para assegurar que os pacientes recebam não apenas o tratamento mais eficaz, mas também o mais seguro possível. O farmacêutico desempenha um papel crucial na monitorização de reações adversas, ajuste de doses e aconselhamento dos pacientes, o que pode fazer uma diferença significativa na eficácia e na tolerabilidade das terapias(SOARES et al., 2021).
Com o aumento da complexidade dos regimes terapêuticos e a prevalência de efeitos adversos associados a esses tratamentos, é essencial investigar como a prática farmacêutica pode ser aprimorada para beneficiar os pacientes. A redução das reações adversas e a melhoria na adesão ao tratamento são áreas que merecem atenção especial, pois impactam diretamente a eficácia do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. A exploração dessas questões pode fornecer insights valiosos sobre como maximizar os benefícios da terapia oncológica e minimizar os riscos associados(Nogueira; Pinho; Abreu,2016).
Apesar de evidências sugerirem que a intervenção farmacêutica pode ter um impacto positivo, há uma necessidade de dados mais concretos e específicos que demonstrem claramente essa influência. A partir do exposto, este estudo buscou preencher essa lacuna ao fornecer uma análise abrangente dos benefícios da atenção farmacêutica em pacientes com câncer por meio de uma investigação do impacto da atenção farmacêutica no cuidado de pacientes em tratamento oncológico, com o intuito de promover a segurança, a eficácia e a qualidade de vida durante o processo terapêutico(NOVAES; QUIRINO, 2023).
2. REVISÃO DA LITERATURA
A atenção farmacêutica é crucial no gerenciamento de reações adversas em pacientes com câncer, pois essas reações podem afetar significativamente a qualidade de vida e a eficácia do tratamento. Os farmacêuticos desempenham um papel essencial na identificação, prevenção e manejo dessas reações adversas, contribuindo para a segurança e eficácia do tratamento oncológico.
Um estudo de Soares et al. (2021) destaca a importância da atenção farmacêutica no manejo das reações adversas associadas ao tratamento oncológico. A pesquisa enfatiza que a intervenção farmacêutica pode melhorar a identificação precoce de eventos adversos e a implementação de estratégias para minimizar esses efeitos, resultando em uma melhor adesão ao tratamento e um controle mais eficaz dos sintomas.
A atuação do farmacêutico no ambiente hospitalar também é evidenciada por Calado et al. (2019), que abordam o papel do farmacêutico na redução das reações adversas associadas ao tratamento de pacientes oncológicos, onde o farmacêutico é responsável por monitorar e ajustar os regimes terapêuticos conforme necessário, além de fornecer orientações sobre a administração correta dos medicamentos e a gestão de efeitos colaterais.
Costa et al. (2016) revisam o impacto da atenção farmacêutica no tratamento do câncer de mama, destacando como a intervenção farmacêutica pode reduzir significativamente as reações adversas e melhorar a qualidade de vida das pacientes, assim, a presença de farmacêuticos na equipe de tratamento é fundamental para a personalização do tratamento e para o manejo adequado das reações adversas.
A segurança do paciente é uma prioridade em qualquer ambiente oncológico, e a intervenção farmacêutica é uma ferramenta vital nesse contexto, visto que a participação ativa dos farmacêuticos pode influenciar positivamente a segurança do paciente em hospitais oncológicos, contribuindo para a redução de erros de medicação e reações adversas (AGUIAR et al., 2018).
O número de casos de câncer no Brasil continua a crescer, o que ressalta a necessidade de uma gestão eficaz das reações adversas. A atenção farmacêutica, portanto, torna-se ainda mais relevante em contextos com alta demanda de tratamento e acompanhamento (INCA, 2024d), onde as intervenções farmacêuticas podem melhorar a adesão ao tratamento e reduzir a incidência de reações adversas em pacientes oncológicos, visto que o acompanhamento contínuo e a educação do paciente são aspectos críticos da atenção farmacêutica(DA SILVA et al., 2023).
Ferreira et al. (2022) enfatizam a importância da atuação do farmacêutico nos cuidados de pacientes oncológicos, evidenciando que a presença do farmacêutico na equipe de saúde pode contribuir para a identificação precoce e o manejo eficaz das reações adversas, melhorando a experiência do paciente e os resultados do tratamento.
Outros estudos, como Novaes; Quirino (2023), mostram a eficácia da implantação de serviços de atenção farmacêutica específicos para pacientes oncológicos, focando em tratamentos como a capecitabina, onde a intervenção farmacêutica pode levar a uma redução significativa nos efeitos colaterais e a um melhor controle das reações adversas.
Nogueira; Pinho; Abreu (2016) e Pinho, Abreu e Nogueira (2016) oferecem uma visão aprofundada sobre a atenção farmacêutica em pacientes oncológicos, evidenciando que a atuação do farmacêutico é crucial para a personalização dos cuidados e a gestão eficiente das reações adversas. A revisão integrativa da literatura indica que a intervenção farmacêutica pode melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade de vida dos pacientes oncológicos.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura do tipo observacional retrospectivo, com o tema central a atenção farmacêutica em pacientes com câncer. A coleta de dados foi realizada por meio de consultas em três bases de dados: ScientificElectronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Para a estratégia de busca, foram utilizados os descritores “atenção farmacêutica e câncer” and “atenção farmacêutica and pacientes oncológicos”.
Os critérios de inclusão abrangeram artigos publicados entre janeiro de 2014 e junho de 2024, nos idiomas inglês e português, que tratassem das metodologias relacionadas à atenção farmacêutica para pacientes oncológicos e o impacto dessa prática nas condutas farmacológicas e de saúde. Foram excluídos estudos que não apresentassem correlação com o tema, textos incompletos ou publicações duplicadas.
Os textos selecionados foram analisados e sintetizados de forma crítica, com o objetivo de discutir as informações pertinentes ao tema proposto para a revisão. Os dados coletados foram organizados em uma planilha no programa Excel 2020, onde foram registrados os nomes dos autores, ano de publicação e tema dos artigos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos artigos pesquisados (Figura 1), foram selecionados 17 artigos para compor esta revisão (Tabela 1).
Figura 1. Fluxograma de seleção dos artigos utilizados neste estudo
Tabela 1. Artigos selecionados para a revisão sistemática do estudo
Autor (ano) | Título do artigo | Objetivo do estudo |
Adami(2021) | Atenção farmacêutica aos pacientes em uso de medicamentos inibidores de receptor do fator de crescimento epidérmico de 1° e 2° linha de tratamento | Avaliou a atenção farmacêutica em pacientes utilizando inibidores de receptor do fator de crescimento epidérmico. |
Aguiar et al. (2018) | Segurança do paciente e o valor da intervenção farmacêutica em um hospital oncológico | Analisou a segurança do paciente e a relevância da intervenção farmacêutica no contexto hospitalar oncológico. |
American Cancer Society (2022) | Cancer facts & figures 2022 | Fornecer estatísticas e informações atualizadas sobre o câncer nos Estados Unidos. |
Calado; Tavares; Bezerra (2019) | O papel da atenção farmacêutica na redução das reações adversas associadas ao tratamento de pacientes oncológicos | Examinar o impacto da atenção farmacêutica na redução de reações adversas em pacientes oncológicos. |
Cordeiro et al. (2024) | Assistência e atenção farmacêutica no câncer de mama | Avaliar a assistência farmacêutica no tratamento de pacientes com câncer de mama. |
Costa et al. (2016) | Construção de uma tecnologia educativa para capacitação do autoexame das mamas | Atenção farmacêutica no tratamento de câncer de mama. |
Da silva et al. (2023) | Atenção farmacêutica ao paciente oncológico | Discutir a importância da atenção farmacêutica para pacientes oncológicos. |
Limaet al. (2021) | Desenvolvimento de protocolo de acompanhamento farmacoterapêutico a pacientes em tratamento de câncer de mama | Desenvolver um protocolo de acompanhamento farmacoterapêutico para pacientes com câncer de mama. |
Hazan et al. (2023) | A importância da atenção farmacêutica em pacientes oncológicos: uma revisão integrativa | Avaliar a importância da atenção farmacêutica através de uma revisão integrativa. |
Ferreira et al. (2022) | Atuação do farmacêutico nos cuidados de pacientes oncológicos | Analisar a atuação do farmacêutico nos cuidados a pacientes oncológicos. |
Gomes; Lacerda (2024) | Atenção farmacêutica no tratamento de crianças portadoras de leucemia linfoide aguda (lla) (farmácia) | Avaliar a atenção farmacêutica no tratamento de crianças com leucemia linfoide aguda. |
INCA (2024) | Estimativa 2024. Inca estima 704 mil casos de câncer por ano no brasil até 2025 | Apresentar estimativas de novos casos de câncer no brasil até 2025. |
Novaes; Quirino (2023) | Carcinoma da mama triplo negativo estudo de caso e percepção da paciente frente à atenção farmacêutica | Relatar um estudo de caso sobre o carcinoma da mama triplo negativo e a percepção da paciente quanto à atenção farmacêutica. |
Nogueira; Pinho; Abreu (2016) | Atenção farmacêutica em pacientes oncológicos | Discutir a importância da atenção farmacêutica em pacientes oncológicos. |
Nogueira; Pinho; Abreu (2016) | Atenção farmacêutica a pacientes oncológicos: uma revisão integrativa da literatura. | Avaliar sobre a atenção farmacêutica em pacientes oncológicos. |
Soares et al. (2021) | A relevância da atenção farmacêutica no manejo de reações adversas no tratamento oncológico: uma revisão sistemática | Avaliar a importância da atenção farmacêutica no manejo de reações adversas no tratamento oncológico. |
Tavares et al. (2024) | Atenção farmacêutica no paciente oncológico pediátrico | Analisar a atenção farmacêutica em pacientes oncológicos pediátricos. |
4.1 O papel do farmacêutico na identificação e prevenção de reações adversas relacionadas à terapia antineoplásica em pacientes oncológicos
O papel do farmacêutico na identificação e prevenção de reações adversas relacionadas à terapia antineoplásica em pacientes oncológicos é crucial para garantir a eficácia e a segurança do tratamento. A terapia antineoplásica, comumente associada a efeitos colaterais graves, requer monitoramento constante para prevenir e gerenciar reações adversas. O farmacêutico, como parte da equipe de saúde, desempenha um papel fundamental na identificação precoce de reações adversas e na implementação de estratégias para mitigar esses efeitos (TAVARESet al., 2024).
De acordo com Calado, Tavares e Bezerra (2019), o farmacêutico atua na redução das reações adversas ao colaborar na seleção adequada de medicamentos e na monitoração contínua dos efeitos colaterais. A presença do farmacêutico é essencial para ajustar as doses e escolher medicamentos alternativos quando necessário, reduzindo a incidência e a gravidade dos efeitos adversos. Da Silva et al. (2023) destacam que o farmacêutico realiza uma análise crítica das prescrições e monitora a interação entre medicamentos, um aspecto vital para evitar reações adversas potencialmente graves.
Além disso, a intervenção farmacêutica na educação dos pacientes sobre os efeitos colaterais potenciais dos medicamentos antineoplásicos e sobre a importância da adesão ao tratamento é significativa. Ferreira et al. (2022) enfatizam que a orientação adequada pode melhorar a adesão ao tratamento e reduzir o risco de eventos adversos. A educação do paciente é um componente-chave da atenção farmacêutica, permitindo que os pacientes reconheçam e reportem rapidamente quaisquer efeitos adversos.
A literatura também destaca a importância do farmacêutico na revisão e na adequação das terapias antineoplásicas. Segundo Costa et al. (2016), o farmacêutico contribui para a escolha de terapias individualizadas e ajustadas ao perfil de cada paciente, considerando fatores como comorbidades e uso concomitante de outros medicamentos. Esta abordagem personalizada ajuda a minimizar o risco de reações adversas e melhora a eficácia geral do tratamento.
A monitorização e a documentação sistemática das reações adversas são atividades desempenhadas pelo farmacêutico que permitem uma melhor gestão e resposta a esses eventos. Aguiar et al. (2018) indicam que o farmacêutico deve registrar detalhadamente as reações adversas observadas, o que facilita a revisão e a adaptação das estratégias terapêuticas conforme necessário. Além disso, a documentação contribui para a base de dados que ajuda na identificação de padrões de efeitos adversos associados a diferentes terapias antineoplásicas.
O papel do farmacêutico na atenção farmacêutica é ampliado pela capacidade de realizar intervenções preventivas e corretivas que visam a melhoria contínua da segurança do paciente. Segundo Novaes; Quirino (2023), a implementação de serviços de atenção farmacêutica em pacientes oncológicos pode incluir a revisão das práticas de administração de medicamentos e a adesão a protocolos de segurança. Essa abordagem colaborativa e proativa é fundamental para a otimização do tratamento e para a proteção dos pacientes contra reações adversas.
A importância da atenção farmacêutica é ainda mais evidenciada pela alta incidência de câncer e pelo aumento dos casos no Brasil, conforme o Instituto Nacional de Câncer (2024d). Com a estimativa de 704 mil novos casos de câncer por ano até 2025, a demanda por intervenções farmacêuticas especializadas para a identificação e prevenção de reações adversas será crescente. Portanto, o papel do farmacêutico se torna cada vez mais crucial para garantir a segurança e a eficácia das terapias antineoplásicas.
A atuação do farmacêutico na identificação e prevenção de reações adversas relacionadas à terapia antineoplásica é um aspecto essencial para a gestão segura e eficaz dos tratamentos oncológicos (ADAMI, 2021). O farmacêutico contribui significativamente para a prevenção de efeitos adversos, a educação dos pacientes e a otimização das terapias, desempenhando um papel vital na equipe de cuidados ao paciente oncológico.
4.2 Contribuição da atenção farmacêutica na otimização do uso de medicamentos e na redução dos custos associados ao tratamento do câncer
A atenção farmacêutica tem desempenhado um papel crucial na otimização do uso de medicamentos e na redução dos custos associados ao tratamento do câncer. A gestão eficaz dos medicamentos é essencial para garantir que os pacientes oncológicos recebam o tratamento adequado e para minimizar os efeitos adversos e desperdícios. A intervenção farmacêutica pode contribuir significativamente para a redução dos custos relacionados ao tratamento do câncer, abordando aspectos como a prevenção de reações adversas e a adequada utilização dos medicamentos (GOMES; LACERDA, 2024).
De acordo com Da Silva et al. (2023), a atenção farmacêutica no tratamento de pacientes oncológicos envolve um acompanhamento detalhado dos medicamentos utilizados, a fim de identificar e minimizar potenciais interações e reações adversas. A implementação de programas de atenção farmacêutica permite um monitoramento contínuo dos pacientes, o que facilita a detecção precoce de problemas e a realização de ajustes terapêuticos necessários. Estes ajustes não só melhoram a eficácia do tratamento, mas também reduzem a necessidade de intervenções emergenciais e hospitalizações, resultando em uma diminuição significativa dos custos associados ao tratamento (FERREIRA et al., 2022).
A segurança do paciente é outra área onde a atenção farmacêutica tem mostrado impactos positivos. Aguiar et al. (2018) ressaltam que a intervenção farmacêutica em hospitais oncológicos contribui para a segurança do paciente, identificando e gerenciando riscos associados à farmacoterapia. Essa abordagem é fundamental para reduzir a incidência de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos, o que pode levar a uma menor necessidade de tratamentos adicionais e, consequentemente, a uma redução nos custos totais do tratamento (CORDEIROet al., 2024).
O papel da atenção farmacêutica na redução das reações adversas também é amplamente documentado. Calado et al. (2019) destacam que a implementação de estratégias farmacêuticas direcionadas pode prevenir ou minimizar reações adversas graves, que frequentemente resultam em hospitalizações ou em mudanças dispendiosas no regime de tratamento. Essas estratégias incluem a revisão sistemática da terapia medicamentosa e a educação dos pacientes sobre os possíveis efeitos colaterais e suas medidas de manejo. A redução das reações adversas não só melhora a qualidade de vida dos pacientes, mas também diminui os custos associados a tratamentos de emergência e hospitalizações prolongadas (DE AGUIAR LIMAet al., 2021).
Além disso, a atenção farmacêutica contribui para a eficiência econômica dos tratamentos oncológicos ao promover a adesão ao tratamento e evitar desperdícios. A revisão de literatura realizada por Pinho et al. (2016) indica que a adesão adequada ao tratamento é crucial para o sucesso da terapia e para a redução dos custos com medicamentos e serviços de saúde. A intervenção do farmacêutico pode ajudar a garantir que os pacientes sigam corretamente o regime de tratamento prescrito, reduzindo assim a necessidade de ajustes frequentes e os custos associados a medicamentos não utilizados ou mal utilizados.
A importância da atenção farmacêutica na otimização do uso de medicamentos é amplamente reconhecida e apoiada por diversos estudos. O Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2024d) e a American Cancer Society (2022) evidenciam a necessidade de estratégias eficazes para gerenciar o tratamento do câncer, especialmente considerando o aumento contínuo dos casos de câncer e a complexidade dos regimes terapêuticos. A atenção farmacêutica se posiciona como uma ferramenta essencial para enfrentar esses desafios, proporcionando benefícios tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde como um todo.
4.3 Impacto da intervenção farmacêutica na adesão ao tratamento e na promoção de melhores resultados clínicos e de sobrevida para pacientes com câncer
A intervenção farmacêutica desempenha um papel crucial na adesão ao tratamento e na promoção de melhores resultados clínicos e de sobrevida para pacientes com câncer. A atenção farmacêutica, que envolve o acompanhamento contínuo e personalizado do tratamento medicamentoso, tem mostrado impactos significativos na eficácia dos tratamentos oncológicos e na qualidade de vida dos pacientes.
O acompanhamento farmacêutico tem demonstrado uma redução notável nas reações adversas aos medicamentos utilizados no tratamento do câncer. Segundo Calado, Tavares e Bezerra (2019), a atenção farmacêutica é fundamental para a identificação precoce de efeitos colaterais e a implementação de estratégias para sua minimização, o que contribui para uma maior adesão ao tratamento e melhora dos resultados clínicos. Este acompanhamento também inclui a educação do paciente sobre o uso adequado dos medicamentos e a gestão das interações medicamentosas, que são comuns em regimes terapêuticos complexos.
A literatura evidencia que a intervenção farmacêutica contribui significativamente para a segurança do paciente em ambientes hospitalares oncológicos. Aguiar et al. (2018) destacam que a presença de farmacêuticos especializados em oncologia em hospitais contribui para a revisão e monitoramento contínuos dos regimes terapêuticos, ajudando a prevenir erros de medicação e a promover um uso seguro dos medicamentos. Esta prática não só melhora a adesão ao tratamento, mas também resulta em melhores resultados clínicos e aumento da sobrevida dos pacientes.
A importância da atenção farmacêutica é reforçada por estudos que mostram a sua contribuição na promoção de melhores resultados de sobrevida e qualidade de vida. Hazan et al. (2023) evidenciam que a atenção farmacêutica proporciona um suporte essencial para os pacientes oncológicos, ajudando na gestão dos efeitos adversos dos medicamentos e no suporte emocional. Esse suporte é crucial para a adesão ao tratamento e para a eficácia das terapias oncológicas, especialmente em tratamentos prolongados e complexos.
A intervenção farmacêutica também é eficaz na promoção de uma melhor qualidade de vida. Novaes; Quirino (2023) relatam que a implantação de serviços de atenção farmacêutica para pacientes em uso de capecitabina levou a uma melhor gestão dos efeitos adversos e uma maior satisfação dos pacientes com o tratamento. A atenção contínua e personalizada contribui para a otimização dos regimes terapêuticos e para a adaptação das terapias conforme necessário, melhorando a experiência geral do paciente com o tratamento.
Além disso, a atuação dos farmacêuticos é relevante na promoção da adesão ao tratamento e na redução de hospitalizações desnecessárias. Ferreira et al. (2022) destacam que a presença de farmacêuticos em unidades de oncologia ajuda a melhorar a coordenação do tratamento e a assegurar que os pacientes sigam corretamente as prescrições médicas, resultando em uma gestão mais eficaz das condições oncológicas e redução das complicações associadas ao tratamento.
A adesão ao tratamento oncológico é um fator crítico para o sucesso das terapias e para a melhoria dos resultados clínicos. A intervenção farmacêutica, ao fornecer suporte contínuo e personalizado, educar os pacientes e gerir os efeitos adversos dos medicamentos, desempenha um papel essencial na maximização dos benefícios dos tratamentos e na promoção de uma melhor sobrevida. A presença de farmacêuticos especializados e a implementação de serviços de atenção farmacêutica são, portanto, componentes fundamentais para a melhoria da qualidade de vida e dos resultados clínicos em pacientes com câncer (PINHO, 2014; PINHO; ABREU; NOGUEIRA, 2016).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atenção farmacêutica desempenha um papel crucial no manejo de pacientes oncológicos, a qual permite uma melhor identificação e gestão dos efeitos colaterais, ajuste das doses e orientação personalizada, resultando em maior eficácia terapêutica e uma experiência mais positiva para os pacientes. A presença ativa dos farmacêuticos na equipe de cuidado melhora a adesão ao tratamento e contribui para uma experiência geral mais satisfatória.
Além disso, a atenção farmacêutica otimiza o uso de medicamentos, reduzindo não apenas os efeitos adversos, mas também os custos associados ao tratamento oncológico, o que resulta em benefícios econômicos e clínicos, promovendo melhores resultados e sobrevida dos pacientes. O estudo destaca a importância da integração dos farmacêuticos nas equipes de cuidado e recomenda a expansão das práticas farmacêuticas na oncologia. A continuidade e o fortalecimento da atenção farmacêutica são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e a eficácia dos tratamentos. Futuras pesquisas podem aprofundar os impactos específicos da atenção farmacêutica, aprimorando práticas clínicas e políticas de saúde.
REFERÊNCIAS
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