REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/ra10202410311754
Ítalo Sávio Mendes Rodrigues1
Rogério Cortez da Silva2
Líliam Mendes de Araújo3
Resumo
Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico da sífilis adquirida em mulheres no nordeste brasileiro entre os anos de 2014 e 2023. Métodos: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica e de caráter quantitativo dos casos de sífilis adquirida ocorridos em mulheres entre os anos de 2014 e 2023 no nordeste brasileiro. As informações foram obtidas do Sistema de Informações de Agravos de Notificação disponibilizados no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. As variáveis estudadas foram: ano da notificação, região da notificação, UF de notificação, faixa etária, raça/cor da pele, sexo, escolaridade, classificação clínica, critério de diagnóstico e evolução do caso. Nas tabelas e gráficos foi aplicada estatística descritiva através de frequência absoluta e relativa, com auxílio do programa Microsoft Excel 2019. Resultados: Entre 2014 e 2023, foram registrados 184.890 casos de sífilis adquirida na região, com prevalência maior entre os homens (60%) em comparação com as mulheres (40%). A Bahia apresentou o maior número de casos, seguida por Pernambuco e Ceará, enquanto Alagoas teve a menor incidência. A maioria das mulheres afetadas estava na faixa etária de 20 a 59 anos, e predominavam casos entre mulheres pardas e de nível educacional médio. Conclusão: A sífilis adquirida continua sendo um desafio de saúde pública, os dados reforçam a necessidade de políticas mais eficazes de prevenção, diagnóstico e tratamento, especialmente para mulheres de grupos socioeconômicos vulneráveis.
Palavras-chave: Sífilis; Epidemiologia; Serviços de Vigilância Epidemiológica; Notificação de doenças; Doenças Sexualmente Transmissíveis.
Introdução
Em julho de 2021 foi lançado o artigo “Diretrizes para tratamento de infecções sexualmente transmissíveis” (Do inglês, Sexually Transmitted Infections Treatment Guidelines), o qual traz pontos extremamente importantes para o debate sobre esta temática. Um dos pontos de destaque é a diferença conceitual do termo “doença sexualmente transmissível” e “infecção sexualmente transmissível”. Este primeiro termo foi por muitos anos utilizado para referenciar a aquisição de um determinado microrganismo patogênico após relação sexual. Dessa forma, esses dois termos não mais são considerados sinônimos, sendo a denominação “doença sexualmente transmissível” utilizada para determinar a um estado de doença reconhecível que se desenvolveu a partir de uma “infecção sexualmente transmissível”, a qual refere-se a um patógeno que causa infecção através do contato sexual (1).
As infecções sexualmente transmissíveis ainda são consideradas um grande tabu na sociedade, impactando diretamente na vida das pessoas, sobretudo no bem-estar. Como consequência, homens e mulheres podem desenvolver esterilidade, sendo as mulheres ainda mais afetadas, uma vez que há um aumento no risco de complicações durante a gravidez e o parto. Além disso, quando não tratadas, as infecções sexualmente transmissíveis podem levar à morte fetal, dentre elas, as que fazem parte da lista nacional de notificação compulsórias destacam-se: Síndrome da imunodeficiência adquirida (acquired immunodeficiency syndrome, aids), HIV, hepatites virais, síndrome do corrimento uretral masculino, sífilis em gestantes e sífilis adquirida (2).
A sífilis é uma doença infecciosa crônica provocada pela bactéria Treponema pallidum, do gênero Treponema e família dos Treponemataceae. Esta é uma doença sistêmica e de evolução crônica. Sua transmissão pode ocorrer por meio de relação sexual (sífilis adquirida) ou verticalmente (sífilis congênita) pela placenta da mãe para o feto (3), alcançando uma taxa de mortalidade fetal superior a 40% (4). Há outras formas de contaminação, porém essas são consideradas mais raras, como por via indireta (objetos contaminados e tatuagem) ou por transfusão sanguínea (5).
Apesar da sífilis ser considerada uma doença de fácil diagnóstico e tratamento, esta continua sendo considerada um grande problema de saúde pública no Brasil (6). Ainda, as autoridades públicas de saúde exercem um papel central na resolução desse problema (7). Para isso, é necessário que o perfil epidemiológico da doença seja bem esclarecido. Portanto, o objetivo deste estudo é descrever o perfil epidemiológico da sífilis adquirida em mulheres no nordeste brasileiro no período entre 2014 e 2023.
Métodos
Delineamento
Trata-se de uma pesquisa epidemiológica de caráter quantitativo, descritivo e retrospectivo, que abrange os casos de sífilis adquirida em mulheres residentes no Nordeste brasileiro entre os anos de 2014 e 2023.
Contexto
O estudo investiga o panorama da sífilis adquirida em mulheres, uma importante questão de saúde pública, analisando dados de notificação compulsória no período de 2014 a 2023. Foca-se na Região Nordeste do Brasil, uma área que conta com uma população de aproximadamente 54,6 milhões de habitantes, distribuída em nove estados (8) (Figura 1).
Participantes
Foram incluídos todos os casos de sífilis adquirida em mulheres notificados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação. As participantes são mulheres de diversas faixas etárias, etnias e níveis de escolaridade residentes no Nordeste brasileiro.
Variáveis
As variáveis analisadas incluem:
- Ano da notificação
- Região e Unidade Federativa (UF) da notificação
- Faixa etária
- Raça/cor da pele
- Escolaridade
- Classificação clínica
- Critério de diagnóstico
- Evolução do caso (cura, óbito, etc.)
Os dados foram obtidos do Sistema de Informações de Agravos de Notificação, acessado pelo site do DATASUS, e foram coletados manualmente. Os dados foram tratados com o uso de estatísticas descritivas, calculando-se frequências absolutas e relativas, com suporte do Microsoft Excel 2019.
Controle de Viés
O estudo reconhece a limitação do uso de dados secundários, que podem estar sujeitos a subnotificações. Casos de sífilis com dados incompletos (campos ignorados ou em branco) foram excluídos da análise.
Tamanho do Estudo
O estudo analisou 184.890 casos de sífilis adquirida notificados entre 2014 e 2023, dos quais 75.502 foram em mulheres.
Métodos Estatísticos
Foi utilizada a estatística descritiva, com frequências absolutas e relativas para caracterizar o perfil epidemiológico. Gráficos e tabelas foram gerados para visualização dos dados.
Resultados
Entre os anos de 2014 a 2023 foram registrados um total de 184.890 casos de sífilis adquirida na Região Nordeste do Brasil. A cerca da distribuição dos casos entre os sexos, observou-se que os homens foram os mais afetados, com 109.388 casos (aproximadamente 60%), em comparação com as mulheres, que apresentaram cerca de 75.502 casos (40%) (Figura 2).
Observa-se como os casos de sífilis adquiridos por mulheres evoluíram ao longo dos anos. Sendo o ano de 2022 apresentando o maior número de casos registrados, com um total de 12.171 notificações, ou 16,12% dos casos totalizados no período. Além do mais, os anos de 2018 e 2019 também registraram números elevados de casos, com 10.975 e 10.929, respectivamente. Enquanto isso, o menor número de casos foi registrado em 2014, com 2.313 correspondendo a 3,06% (Figura 3).
Em relação ao número de casos por Estado, o estado da Bahia teve o maior número de casos do Nordeste com 24.556 (32,52%), seguida por Pernambuco com 17.762 (23,52%) e Ceará com 7.925 (10,49%). Enquanto o estado de Alagoas teve o menor número de casos registrados (2.217) (Figura 4).
Em relação às variáveis sociodemográficas e clínicas foram apresentadas na Tabela 1. O grupo etário mais afetado de mulheres foi de 20 a 59 anos (78,6%). A maioria dos casos foram de mulheres pardas (57,8 %), seguidas por mulheres pretas (12,3 %). Em termos de escolaridade, as mulheres com ensino médio completo eram as mais afetadas (14,26%). No que diz respeito à evolução dos casos, a maioria foi curada (40,08%), com apenas 41 mortes relacionadas à sífilis (0,05%).
Discussão
A sífilis é um problema de saúde pública e apesar dos esforços de prevenção e das possibilidades de tratamentos baratos e eficazes ainda não foi eliminado. Além de estar relacionado às complicações graves em pacientes que não receberam tratamento, caracterizados pela presença de lesões que facilitam o acesso do vírus HIV (9).
Nesse contexto, o uso de dados secundários é uma das limitações deste estudo, pois as informações são de casos notificados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação e podem haver subnotificações. Ainda assim, os resultados são essenciais para o planejamento de ações para identificar Estados que devem ser prioritários para o controle da doença (10).
Os dados obtidos do Sistema de Informações de Agravos de Notificação, demonstraram um aumento significativo nos casos de sífilis adquirida em mulheres, totalizando cerca de 12.171 casos no ano de 2022. Esse aumento pode ser atribuído ao incremento das notificações compulsórias e ao maior acesso a métodos diagnósticos. Em outros estudos, também identificaram uma crescente no número de casos, sugerindo que o crescimento pode estar relacionado ao aumento das testagens e à melhora nas políticas de saúde voltadas para as infecções sexualmente transmissíveis (10).
A partir da análise de outros estudos presentes na literatura, foi possível observar que nos anos de 2020 e 2021 houve uma queda em relação aos anos de estudo restantes, este fato pode estar atribuído ao período mais intenso da pandemia de SARS-CoV-2, o que pode ter levado a subnotificação dos casos de sífilis adquirida, o que foi comprovado em um número menor de notificações entre esses períodos (11-12).
As análises demonstram uma disparidade entre os estados da Bahia, Pernambuco e Ceará, que apresentaram os maiores números de casos. A Bahia, com 24.556 casos, lidera o número de notificações. Isso pode ser explicado pela maior população desses estados e pela concentração urbana, onde a disseminação da doença é mais rápida devido ao maior contato entre indivíduos. Esse cenário é corroborado por outros estudos, que também verificaram uma maior prevalência em estados com densidade populacional elevada (3-13).
Por outro lado, o estado de Alagoas apresentou o menor número de casos, o que pode estar relacionado a uma subnotificação ou a menores taxas de testagem. Estudos sugerem que essas diferenças regionais podem estar ligadas a falhas no sistema de notificação e na falta de campanhas de conscientização eficazes (5).
A maioria das mulheres afetadas pela sífilis adquirida pertencem à faixa etária de 20 a 59 anos (78,6%), refletindo a população sexualmente ativa. Este achado está em consonância com outros estudos que demonstram que a prevalência da sífilis é maior em mulheres em idade reprodutiva, reforçando que esse grupo é particularmente vulnerável devido à falta de educação sexual e ao baixo uso de métodos contraceptivos de barreira (14). A predominância de casos em mulheres pardas (57,8%) sugere uma relação com determinantes sociais de saúde, nossos resultados corroboram com outros achados, também observaram uma predominância em pessoas pardas (15).
No que diz respeito às questões sociais, as mulheres de baixa escolaridade e pertencentes a grupos raciais marginalizados estão mais expostas ao risco de contrair ISTs, devido à vulnerabilidade socioeconômica e à falta de acesso a serviços de saúde de qualidade (16-6). O número médio de parceiros sexuais das mulheres brasileiras tende a diminuir com o aumento do nível educacional. Por outro lado, os dados mostram que as mulheres com ensino médio completo têm as maiores taxas de sífilis (10.767 casos), enquanto a prevalência é menor entre as pessoas com nível educacional mais baixo, como as analfabetas, dessa forma, a baixa escolaridade configura como um fator significativo de vulnerabilidade (17-18).
A taxa de cura de 40,08% é um ponto positivo, destacando a eficácia do tratamento, conforme recomendado pelas diretrizes nacionais. Entretanto, o número de óbitos registrados (41 casos) reforça a necessidade de intervenções mais precoces e a garantia de acesso ao tratamento adequado. Diante disso, o Brasil ainda enfrenta desafios quanto à adesão ao tratamento e às estratégias de prevenção, embora haja um aumento na detecção, as medidas preventivas, como o uso do preservativo, ainda não são suficientemente dispersas (19-20).
Portanto, apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico e tratamento, a sífilis adquirida continua como um problema de saúde pública. Ao longo do recorte temporal analisado, houve um aumento nos casos, esses dados reforçam a necessidade de políticas de saúde pública mais eficazes e específicas para a população feminina, sendo o primeiro passo para evitar novas infecções é estabelecer programas amplos de prevenção que incluam assistência e acesso ao tratamento, monitorando as ações tomadas desde a promoção da saúde sexual e reprodutiva.
Disponibilidade dos dados do artigo: O banco de dados e os códigos de análise utilizados na pesquisa estão disponíveis em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinannet/cnv/sifilisadquiridabr.def
Registro do protocolo: Não se aplica.
Uso de inteligência artificial generativa: Não se aplica.
Referências
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Ilustrações
Figura 1. Mapa da Região Nordeste do Brasil com Destaque para suas Unidades Federativas
Nota: a O mapa à esquerda destaca a localização da Região Nordeste dentro do território brasileiro, em laranja. b O mapa à direita apresenta um zoom da Região Nordeste, detalhando as suas unidades federativas. c A escala gráfica em ambos os mapas indica as distâncias em quilômetros, com uma orientação cartográfica que aponta o Norte.
Figura 2. Distribuição de Casos de Sífilis Adquirida por Gênero na Região Nordeste do Brsasil entre os anos de 2014 e 2023
Nota: a Gráfico de setores mostrando a distribuição dos casos de sífilis adquirida por gênero. b O setor em laranja escuro representa o número de casos em indivíduos do gênero feminino (109.388), enquanto o setor em laranja claro corresponde ao número de casos no gênero masculino (75.502).
Figura 3. Evolução do Número de Casos de Sífilis Adquirida entre Mulheres no Nordeste entre os anos de 2014 a 2023
Nota: a O número de casos apresentou um crescimento constante até 2018, quando atingiu o pico de 10.975 casos. b Em seguida, houve uma diminuição em 2019 (10.929 casos) e 2020 (6.160 casos), seguida por um novo aumento até 2022, com 12.171 casos. c Em 2023, observou-se uma queda, totalizando 6.833 casos.
Figura 4. Número de Casos de Sífilis Adquirida por Estado no Nordeste do Brasil entre 2014 e 2023
Nota: a O gráfico apresenta o número de casos de sífilis adquirida reportados nos estados da região Nordeste do Brasil no período de 2014 a 2023. b Bahia e Pernambuco registraram os maiores números de casos. c Os valores no eixo horizontal representam o total de casos notificados em cada estado durante o período analisado.
Tabela 1. Frequências absolutas e relativas de casos de Sífilis adquirida em mulheres por faixa etária, raça/cor de pele, escolaridade, classificação clínica, critério de diagnóstico e evolução do caso no Nordeste entre os anos de 2014 e 2023
Variáveis | n (%) |
Faixa etária (em anos) | |
10-19 | 9.980 (13,2) |
20-59 | 59.345 (78,6) |
≥ 60 | 6.171 (8,14) |
Em branco/ignorado | 6 (0,06) |
Raça/cor de pele | |
Branca | 7.310 (9,7) |
Preta | 9.284 (12,3) |
Amarela | 564 (0,74) |
Parda | 43.646 (57,8) |
Indigena | 448 (0,59) |
Em branco/ignorado | 14.250 (18,87) |
Escolaridade | |
Analfabeto | 2.062 (2,73) |
1ª a 4ª série incompleta do ensino fundamental | 5.698 (7,54) |
4ª série completa do ensino fundamental | 2.937 (3,88) |
5ª a 8ª série incompleta do ensino fundamental | 9.699 (12,85) |
Ensino fundamental completo | 4.483 (5,93) |
Ensino médio incompleto | 6.104 (8,1) |
Ensino médio completo | 10.767 (14,26) |
Educação superior incompleta | 916 (1,21) |
Educação superior completa | 1.042 (1,4) |
Em branco/ignorado | 31.764 (42,07) |
Não se aplica | 30 (0,03) |
Classificação Clínica | |
Confirmada | 48.283 (63,5) |
Descartada | 1.300 (2) |
Inconclusiva | 22.210 (29,5) |
Em branco/ignorado | 3.709 (5) |
Critério de Diagnóstico | |
Laboratorial | 43.239 (57,4) |
Clínico-epidemiológico | 4.922 (6,5) |
Em branco/ignorado | 27.341 (36,1) |
Evolução do Caso | |
Cura | 30.250 (40,08) |
Óbito pelo agravo notificado | 41 (0,05) |
Óbito por outra causa | 132 (0,17) |
Em branco/ignorado | 45.079 (59,7) |
Nota: a A tabela mostra a distribuição de casos por faixa etária, raça/cor de pele, escolaridade, classificação clínica, critério de diagnóstico e evolução do caso. b A maior parte dos casos ocorreu em mulheres entre 20-59 anos (78,6%), com maior proporção de pardas (57,8%). c A escolaridade foi majoritariamente ignorada (42,07%), e 40,08% dos casos evoluíram para cura.
1 Centro de Ensino Tecnológico (CET), Graduando em Medicina, Teresina, Piauí, Brasil
2 Centro de Ensino Tecnológico (CET), Graduando em Medicina, Teresina, Piauí, Brasil
3 Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL), Docente do Centro de Ensino Tecnológico (CET), Teresina, Piauí, Brasil