O USO DO DRY NEEDLING NA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410291415


João Victor de Jesus Araújo1
Jonathan Souza Barbosa2
Raquel Bastos Santos3
Graciely Lima Ferraz da Silva4


RESUMO

A Disfunção Temporomandibular (DTM) compreende um grupo de distúrbios que afetam as articulações temporomandibulares, músculos mastigatórios e estruturas associadas, manifestando-se principalmente por dor, limitação funcional e desconforto na região facial. A etiologia das DTMs é multifatorial, envolvendo aspectos biomecânicos, emocionais e psicossociais, com impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos afetados. Diversas abordagens terapêuticas têm sido adotadas para o tratamento da DTM, priorizando intervenções minimamente invasivas antes de considerar opções mais agressivas. Uma técnica de destaque é o Dry Needling (DN), que consiste na inserção de agulhas finas em pontos-gatilho miofasciais para promover relaxamento muscular e alívio da dor. Esta técnica tem sido cada vez mais utilizada devido à sua eficácia na redução da dor e melhora funcional em pacientes com DTM. O presente artigo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o uso do Dry Needling como abordagem terapêutica para a DTM. A pesquisa foi conduzida nas bases de dados PubMed, LILACS e SciELO, considerando estudos publicados nos últimos cinco anos (2019-2024). Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, sete artigos foram selecionados para análise detalhada. Os resultados dos estudos revisados sugerem que o Dry Needling é eficaz na desativação dos pontos-gatilho, aliviando a dor muscular e promovendo relaxamento. Além disso, a técnica demonstrou efeitos positivos na funcionalidade da articulação temporomandibular e na qualidade de vida dos pacientes. Em comparação com outros métodos de tratamento, como fotobiomodulação e termoterapia, o DN mostrou eficácia superior na redução da dor desde a primeira sessão. Concluiu- se que o Dry Needling é uma intervenção promissora para o manejo da DTM, especialmente quando integrada a um plano terapêutico multidisciplinar que inclui fisioterapia, odontologia e suporte psicológico. Futuras pesquisas devem explorar combinações terapêuticas que potencializam os benefícios do DN, contribuindo para um tratamento mais abrangente e eficaz das DTMs.

Palavras-chaves: Disfunções da ATM (DTM). Dry Needling.

INTRODUÇÃO 

A articulação temporomandibular (ATM) é composta pelos ossos da mandíbula (parte móvel da articulação) e pelo osso temporal (fixo ao crânio). Atuam nela os seguintes músculos: temporal, masseter e pterigóideo medial e lateral, sendo responsável pela abertura e fechamento da boca e, consequentemente, pela mastigação, deglutição e fala.

DeSantana et al. (2020) apresenta uma definição álgica (relativa à dor) revisada pela Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP). Portanto, conforme a apresentação do autor, a dor é uma experiência subjetiva e emocional desagradável. Ela pode estar associada ou remeter à sensação causada por uma lesão tecidual real ou potencial. O conceito álgico é construído por cada indivíduo, influenciado por fatores biopsicossociais e com base nas experiências dolorosas. Assim, as queixas álgicas devem ser valorizadas pelos profissionais de saúde, e a inabilidade de comunicação dos indivíduos pode não significar ausência de dor.

Segundo dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a Disfunção Temporomandibular (DTM) é uma “expressão que define um conjunto de distúrbios agudos ou crônicos que acometem os músculos mastigatórios, as articulações temporomandibulares ou a combinação dessas estruturas”. Por outro lado, conforme Souza et al (2020), as disfunções da articulação temporomandibular (DTMs) englobam uma ampla variedade de questões clínicas ligadas às articulações e músculos da região bucal. Essas disfunções são principalmente marcadas por desconforto, ruídos nas articulações e dificuldade ou restrição na função mandibular.

Ratificando as ideias contidas nos estudos de Castro et al. (2021) e Arnoni (2021), a origem das DTMs, que afetam tanto a articulação quanto os músculos mastigatórios e estruturas adjacentes, é considerada multifatorial e pode estar relacionada a causas biomecânicas, estruturais, microtraumas, traumas, fatores psicoemocionais, sobrecargas na articulação, na musculatura e a problemas de oclusão (contato entre os dentes das arcadas superior e inferior).

De acordo com DeSantana et al. (2021), a condição da DTM é caracterizada por dor na região pré-auricular, hipersensibilidade nos músculos mastigatórios, sons articulares durante o movimento da mandíbula e alterações no abrir e fechar da boca. Dentre as alterações no movimento de fechamento e abertura da mandíbula, é possível citar a presença de assimetria no arco maxilar e a redução da amplitude de movimento da articulação. Outros sintomas menos específicos dessa condição são: dor de ouvido, zumbido, tontura, insônia e dores nas regiões da cabeça e pescoço.

Silva et al. (2020) afirma que a Disfunção Temporomandibular é uma condição que pode impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes afetados. Os sintomas associados à DTM costumam se manifestar de forma crônica, com dor intensa que pode ser desafiadora e difícil de controlar. Essa dor não é apenas um incômodo físico, mas também pode levar a um desgaste emocional e psicológico, afetando as atividades diárias e a interação social dos indivíduos. Diversos tratamentos têm sido aplicados para aliviar a dor e o desconforto causados pela DTM. Entre as opções disponíveis, destacam-se as infiltrações regenerativas, a intervenção fisioterapêutica, o uso de placas estabilizadoras, intervenções medicamentosas e, em casos mais graves, cirurgias. O consenso entre os profissionais de saúde tem sido priorizar técnicas menos invasivas no início do tratamento. Somente se houver uma piora na sintomatologia é que se consideram intervenções mais invasivas, sempre visando preservar a integridade do paciente e minimizar riscos.

Nesse contexto, Dib Zakkour et al. (2022) destaca o Dry Needling (DN) como uma abordagem que se valida por ser uma técnica minimamente invasiva que proporciona alívio rápido da dor. Além disso, essa técnica é eficaz no combate à cinesiofobia — o medo do movimento —, permitindo que os pacientes avancem em seu tratamento e realizem exercícios terapêuticos com maior facilidade. A prática de exercícios físicos regulares, acompanhada de suporte psicológico e odontológico, também se mostra fundamental para a recuperação e manutenção da saúde do paciente. O Dry Needling fundamenta-se no conceito de que certos pontos específicos do corpo, conhecidos como pontos-gatilho, podem provocar dor e tensão muscular quando pressionados. O objetivo dessa técnica é inativar esses pontos através da inserção de agulhas finas. Conforme Dib Zakkour et al. (2022), a técnica de Dry Needling pode ser considerada uma terapia promissora para condições que envolvem musculatura crônica, como mialgia, dor miofascial referida ou dor miofascial direta. Essa abordagem, que é minimamente invasiva, envolve a inserção de uma agulha de baixo calibre em pontos-gatilho miofasciais, que são nódulos irritáveis localizados em bandas tensas compostas por fibras musculares hipertônicas. Durante o procedimento, as agulhas são inseridas em pontos de tensão e nos pontos-gatilho, sendo movimentadas levemente para induzir uma resposta de contração muscular seguida de relaxamento.

De acordo com os autores pesquisados neste estudo, essa abordagem tem se mostrado eficaz no tratamento de dores musculares e crônicas, ajudando os pacientes a recuperarem não apenas sua funcionalidade física, mas também sua qualidade de vida. Em resumo, a DTM representa um desafio significativo para os pacientes devido à sua natureza crônica e ao impacto na qualidade de vida. Com uma abordagem cuidadosa, que prioriza técnicas menos invasivas, como o Dry Needling é um suporte abrangente envolvendo exercícios físicos e acompanhamento psicológico, é possível aliviar a dor e promover uma recuperação mais eficaz.

O presente trabalho deseja explorar a temática do uso do Dry Needling como tratamento para DTM. O objetivo deste artigo é realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o uso do Dry Needling como abordagem terapêutica para DTM.

METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma revisão sistemática da literatura, buscando artigos científicos que exploram o Dry Needling como tratamento da DTM. Os artigos científicos analisados foram pesquisados no período de 30 dias, entre junho e julho de 2024, em bases de dados como PubMed, LILACS e SciELO.

Para selecionar os trabalhos relevantes para este estudo, foram considerados os seguintes critérios excludentes: linguagem e data de publicação. Primeiramente, foi utilizado o critério da linguagem para selecionar os artigos. Foram empregados termos que, associados, pudessem apresentar artigos que discutissem a temática do Dry Needling para o tratamento da DTM. Os termos que nortearam as buscas foram: Disfunção Temporomandibular e Dry Needling. Após a aplicação do filtro de linguagem, com base nos termos citados, foi realizada a triagem pelo critério cronológico. Quanto à data de publicação, foram considerados os artigos publicados nos últimos 5 (cinco) anos, de 2019 a 2024. Na tabela abaixo é possível identificar a quantidade de artigos encontrados nas plataformas de busca, conforme os termos pesquisados, antes e depois da aplicação do filtro cronológico.

Foram encontradas 28 publicações relacionadas ao tema a partir dos termos buscados. Após a aplicação do filtro de data, restaram 9 artigos. Desses 9 artigos restantes, foi realizada a leitura dos resumos, o que permitiu a triagem com base nos seguintes critérios: estudos de caso ou revisões de outros estudos de caso, resultados relevantes e qualidade metodológica. Depois de aplicados os critérios, restaram 7 artigos.

A partir dessa quantidade de 7 artigos, uma pergunta-problema tornou-se basilar para o prosseguimento das demais etapas deste estudo: o que a literatura específica vem abordando sobre o Dry Needling para o tratamento da DTM?

Dessa forma, pretende-se coletar dados da literatura acerca do uso do Dry Needling como meio de tratamento ofertado para a DTM.

Fonte: Elaboração dos autores.
Figura 1 – Fluxograma de seleção dos estudos que compõem essa revisão sistemática.

RESULTADOS

Nesta seção, apresentamos os resultados da pesquisa bibliográfica que coletou, selecionou e analisou os artigos que abordam a temática do uso do Dry Needling para o tratamento de disfunções na ATM. Esses artigos foram coletados e selecionados com base em critérios como data de publicação e linguagem, conforme já mencionado.

Na tabela abaixo, buscamos identificar alguns aspectos dos sete artigos selecionados. Apresentamos os artigos e seus respectivos autores, evidenciando o perfil dos pacientes, a prevalência da dor, a metodologia de tratamento utilizada por cada um dos estudos, o tempo de duração das intervenções terapêuticas e a formação profissional dos proponentes da terapia.

Tabela 2 – Dados dos artigos selecionados

Os resultados apresentados revelam informações significativas sobre o uso do Dry Needling superficial e profundo nos pontos-gatilho dos músculos mastigatórios.

DISCUSSÃO

O presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o uso do Dry Needling como abordagem terapêutica para a DTM. Através desta revisão, buscamos descrever como a literatura específica aborda o uso dessa técnica no tratamento da disfunção temporomandibular. Diversos estudos indicam que o Dry Needling pode ser eficaz na redução da dor e na melhora da função em pacientes com DTM. Todos os artigos selecionados apontaram uma melhora rápida e significativa tanto na intensidade da dor quanto na função da ATM nos ensaios clínicos analisados.

O Dry Needling é comprovadamente eficaz na desativação dos pontos gatilhos musculares. A introdução da agulha estimula essas áreas hipersensíveis, liberando a tensão acumulada e reduzindo a dor. Além disso, estimula a liberação de endorfinas, neurotransmissores que atuam como analgésicos naturais, promovendo um alívio imediato da dor. Essa técnica também melhora a circulação sanguínea na área tratada, aumentando a oxigenação e nutrição dos tecidos, o que gera efeitos analgésicos e anti-inflamatórios. A agulha também estimula as fibras nervosas, ativando mecanismos de modulação da dor no sistema nervoso central.

De acordo com Dib-Zakkour et al. (2022), o Dry Needling leva à redução dos níveis de acetilcolina, o que resulta no aumento do fluxo sanguíneo e, consequentemente, nos níveis de oxigenação local, levando ao relaxamento muscular. Conforme Castro et al. (2021), os principais achados indicaram que o agulhamento a seco é eficaz na redução da dor e no aumento do limiar de dor à pressão, resultando em melhorias na amplitude de movimento mandibular em pacientes com DTM miofascial. Além disso, o Dry Needling mostrou-se mais eficaz na redução da dor já na primeira sessão, em comparação com tratamentos de fotobiomodulação e termoterapia, que requerem pelo menos três sessões para obter efeitos comparáveis (CASTRO et al., 2021, apud MAIA et al., 2012).

Ao abordar a dor na articulação temporomandibular (ATM), estamos tratando de um fenômeno complexo, muitas vezes manifestado como dor miofascial, causada por tensões musculares que resultam em pontos hipersensíveis (pontos-gatilho). As disfunções na ATM não se limitam apenas à dor, mas estão frequentemente associadas a sintomas como ruídos nas articulações, dor muscular durante a mastigação e limitação na amplitude de movimento. Dib-Zakkour et al. (2022) também identificaram a cefaleia como uma consequência significativa da disfunção temporomandibular.

Diversos métodos e testes foram utilizados para identificar as disfunções, incluindo o exame de eletroneuromiografia, que se destacou como uma ferramenta essencial para avaliar os músculos afetados e o nível de dor dos pacientes. A Escala Visual Analógica (EVA) e a palpação foram amplamente empregadas por Dib-Zakkour et al. (2022), enquanto o Research Diagnostic Criteria (RDC) foi utilizado para avaliar a dor e os sinais de ansiedade, estresse, depressão e limitações nos movimentos mandibulares. Adicionalmente, o algômetro foi uma ferramenta valiosa nos estudos de Silva et al. (2020), Özden et al. (2020) e Castro et al. (2021) para quantificação da dor. A Escala Numérica de Dor (END) também foi utilizada por Castro et al. (2021), oferecendo uma avaliação subjetiva da intensidade da dor.

As causas das disfunções na ATM podem ser tanto motoras quanto psicossomáticas. Entre os distúrbios musculares, a mialgia é uma das principais causas de dor, frequentemente agravada por esforços repetitivos da mandíbula. Esses esforços repetitivos geram disfunções que afetam principalmente os músculos masseter e pterigóideo. Além disso, fatores psicossomáticos, como ansiedade e depressão, podem desencadear hábitos prejudiciais que afetam a ATM. A etiologia da DTM é multifatorial, envolvendo emoções, traumas físicos, posturas inadequadas e hiperatividade muscular, sendo que os fatores emocionais frequentemente contribuem para o desenvolvimento ou agravamento dos sintomas (CASTRO et al., 2021, apud MONTEIRO et al., 2011).

No estudo de Castro et al. (2021), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) foi utilizada para avaliar a saúde mental dos pacientes com DTM, revelando uma correlação significativa entre DTM, ansiedade e depressão. O tratamento com Dry Needling ajudou a reduzir esses níveis emocionais, o que impactou positivamente na diminuição da dor. Um dado importante encontrado nos artigos revisados é a maior prevalência de DTM em mulheres, com uma proporção de quatro mulheres para cada homem afetado. Contudo, os estudos não aprofundaram as razões dessa maior incidência no sexo feminino.

Em relação ao perfil dos pacientes, observou-se uma prevalência de dor nos músculos masseteres, especialmente em mulheres com idade média de 30 anos. Tal condição é defendida por Moreno et al. (2021) quando traz:

Porém a maioria de resultados extraídos de artigos afirmam a severidade da DTM, em mulheres portadoras de SOP, tendo uma regra de início após a puberdade, e, em contrapartida, apresentando frequências mais baixas no período pós- menopausa […] Com isso, é dito que paciente acometidos pela SOP podem apresentar prejuízos em estruturas orofaciais, com ênfase a articulação temporomandibular e estruturas conjuntas. MORENO (202, p. 8,9).

Moreno et al. (2021) afirma a severidade da DTM para pacientes do sexo feminino dentro do contexto da Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Contudo, este trabalho não pretende discorrer de forma aprofundada e extensa sobre a temática dos relacionamentos da SOP e DTM, mas recorreu-se ao trabalho de Moreno et al. (2021) para tentar explicar os motivos de terem mais pacientes do sexo feminino, dentro dos casos de estudo que este artigo buscou e selecionou para elaborar a revisão sistemática.

O Dry Needling, como tratamento fisioterapêutico para DTM, foi avaliado por Arnoni (2021), que demonstrou que, após sete dias da aplicação, não houve diferença estatística na distribuição da força oclusal entre os lados da mandíbula, indicando uma homeostase na distribuição dessa força. No entanto, Gatte et al. (2017) apontaram que a eficácia do DN é de baixa a moderada no curto e médio prazo para dor musculoesquelética (DIB ZAKKOUR et al. apud GATTE et al., 2017).

As dores miofasciais são um dos sintomas de maior queixa dos indivíduos com esta disfunção, pelo fato de ser um processo dinâmico que envolve interações complexas e contínuas entre sistemas neuronais, com a presença de pontos gatilhos nos músculos mastigatórios, principalmente, nos músculos masseteres (ARNONI apud TESCH et al., 2019).

Conforme Junior (2023), a aplicação do Dry Needling mostrou-se eficaz na redução da dor crônica e na melhora do desempenho do sistema estomatognático, com uma significativa melhora na percepção da dor sob pressão em músculos como masseter, temporal, e outros. Além disso, foi observado um aumento na força da mordida e na normalização dos contatos oclusais.

Todos os autores mencionados (SILVA et al., 2020; CASTRO et al., 2021; DIB-ZAKKOUR et al., 2022; ARNONI, 2021; ÖZDEN et al., 2020; CASTRO et al., 2021; Junior, 2023) utilizaram a Escala Visual Analógica (EVA) para avaliar a intensidade da dor em pacientes com Disfunção Temporomandibular (DTM). Essa ferramenta foi empregada para quantificar a dor e monitorar a resposta ao tratamento em suas respectivas pesquisas.

A Escala Visual Analógica (EVA), é uma ferramenta prática e eficiente para medir a intensidade da dor. Uma escala de 0 a 10, onde 0 indica nenhuma dor e 10 dor extrema. O indivíduo mostra onde está sentindo dor mediante uma escala visual, e a medida a partir do início da escala pode indicar a intensidade da dor em cor. A Escala Visual Analógica, é muito utilizada pela simplicidade de ser aplicada e conseguir detectar mudanças pequenas na dor, que mesmo sendo subjetivas, podem ser afetadas por fatores emocionais. Podendo ser utilizada a qualquer momento.

Figura 2 – Escala Visual Analógica.

Fonte: Elaboração dos autores (Adaptada).

Para o tratamento eficaz da DTM, é crucial contar com uma equipe multidisciplinar composta por odontologistas, psicólogos e fisioterapeutas. O papel do fisioterapeuta é particularmente importante, pois intervenções como a liberação miofascial e o Dry Needling têm mostrado resultados promissores no manejo da dor associada à DTM. O Dry Needling é um tratamento não invasivo que pode ser aplicado de forma superficial ou profunda, proporcionando efeitos analgésicos sem os efeitos colaterais indesejados de tratamentos farmacológicos.

Em suma, esta revisão sistemática demonstrou que o Dry Needling é uma intervenção eficaz para reduzir a dor muscular e melhorar a função dos pacientes acometidos por esses distúrbios musculoesqueléticos miofasciais, promovendo uma melhor qualidade de vida para os mesmos. A análise de dados sugere que o Dry Needling pode ser uma valiosa adição ao arsenal terapêutico de fisioterapia e outros profissionais da saúde, se mostrando uma excelente ferramenta para o tratamento da DTM, mostrando resultados positivos em todos os artigos selecionados e estudados.

Por fim, futuras investigações devem explorar a eficácia do DN não apenas de forma isolada, mas em conjunto a outras técnicas terapêuticas, fomentando a pesquisa de mais práticas integrativas complementares, objetivando a promoção à saúde.

CONCLUSÃO

O presente trabalho realizou uma revisão sistemática sobre o uso do Dry Needling (DN) como abordagem terapêutica para a Disfunção Temporomandibular (DTM), uma condição que afeta a articulação temporomandibular (ATM), causando dor e dificuldades funcionais. O DN, como técnica minimamente invasiva, tem demonstrado resultados promissores, proporcionando alívio da dor muscular e melhora funcional em pacientes com DTM.

A análise dos artigos revisados evidenciou a eficácia do DN em reduzir a dor e melhorar a função da ATM, contribuindo significativamente para a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, a maioria dos estudos apresenta limitações, como o tamanho reduzido das amostras e a necessidade de metodologias mais rigorosas. Isso ressalta a importância de futuras pesquisas que incluam ensaios clínicos randomizados com amostras maiores e que investiguem o potencial do DN em combinação com outras técnicas terapêuticas.

É possível afirmar que a DTM gera um quadro álgico que pode ser cronificado se não for tratado adequadamente, levando a complicações maiores. O tratamento eficaz é essencial para evitar a progressão dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Para avançar no conhecimento sobre essa temática, futuras pesquisas devem focar em ensaios clínicos randomizados com amostras maiores e metodologias mais rigorosas. Além disso, investigação sobre o Dry Needling em combinação com outras técnicas terapêuticas poderão fornecer resultados valiosos para otimizar o tratamento de pacientes com distúrbios de ATM e outras disfunções musculoesqueléticas.

Pela leitura e análise dos artigos foi possível identificar que, através do tratamento com o Dry Needling, muitos pacientes relataram alívio significativo da dor associada à DTM. Além disso, essa abordagem não invasiva mostrou resultados positivos na evolução da amplitude de movimento da mandíbula, bem como na redução de sintomas como travamento ao mastigar e dificuldades na deglutição, conforme os autores pesquisados.

É importante ressaltar que o sucesso do tratamento não depende apenas de uma técnica isolada. A atuação de uma equipe multidisciplinar foi fundamental para uma avaliação abrangente do paciente nos artigos pesquisados. Especialistas em áreas como odontologia, fisioterapia e terapia ocupacional podem colaborar para desenvolver um plano de tratamento mais eficaz, que combine o DN com outras abordagens terapêuticas. Essa integração é crucial para abordar não apenas os sintomas, mas também as causas subjacentes à DTM.

Diante do exposto, fica evidente que o tratamento da DTM por meio do Dry Needling pode proporcionar alívio significativo e melhorias funcionais. Contudo, para maximizar os resultados e garantir um cuidado completo, é essencial contar com uma equipe multidisciplinar. Além disso, sugere-se a realização de pesquisas mais aprofundadas sobre a prevalência da DTM entre mulheres, visando identificar fatores predisponentes e desenvolver estratégias que não apenas tratem, mas também previnam essa condição. Dessa forma, poderemos avançar no entendimento e manejo da DTM, promovendo uma abordagem mais holística e eficaz no cuidado dos pacientes.

REFERÊNCIAS

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1Graduando em Fisioterapia – Universidade Salvador (UNIFACS) – Feira de Santana, Bahia, Brasil.
2Graduando em Fisioterapia – Universidade Salvador (UNIFACS) – Feira de Santana, Bahia, Brasil.
3Graduanda em Fisioterapia – Universidade Salvador (UNIFACS) – Feira de Santana, Bahia, Brasil.
4Fisioterapeuta, Mestranda em Desenvolvimento Regional e Urbano com Saúde, Docente na Universidade Salvador (UNIFACS) – Feira de Santana, Bahia, Brasil.

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