POLIFARMÁCIA E FATORES ASSOCIADOS EM PESSOAS IDOSAS DIABÉTICAS

POLYPHARMACY AND ASSOCIATED FACTORS IN ELDERLY DIABETICS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202410272304


Daniel Milhomem Landin1
Guilherme Mendes Benicio de Oliveira2
Kamila Pinheiro Evangelista3
Marcus Vinicius Moreira Barbosa4


Resumo

A polifarmácia é conceituada como o uso concomitante de diversos medicamentos que pode provocar desfechos indesejáveis à saúde, como é o caso do aumento na ocorrência de interações medicamentosas e de reações adversas. Assim, este estudo tem como objetivo analisar o uso da polifarmácia e seus fatores associados em pessoas idosas diabéticas atendidas em três Unidades Básicas de Saúde do município de Porto Nacional-TO. A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo com delineamento transversal e abordagem quali-quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida em três Unidades Básicas de Saúde do município de Porto Nacional-TO. A pesquisa só foi realizada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), através do parecer consubstanciado nº 6.815.230, de CAAE nº 79224724.9.0000.8075. Fizeram parte deste estudo um total de 24 idosos. Este grupo apresentou predomínio de mulheres (56 %), idade de 60 a 70 anos (52%), ensino médio completo (36%), viúvo (44%), aposentado (72%). A escolaridade foi o ensino médico completo (36%), estado civil viúvo (44%). A aposentadoria foi a profissão mais prevalente (72%). A polifarmácia foi mais acentuada nos pacientes que fazem uso de quatro medicamentos (32%), com a presença de comorbidades (100%); autopercepção da saúde regular (48%). Ao final deste estudo, verificou-se que os fatores associados ao uso da polifarmácia em pessoas idosas diabéticas atendias em três Unidades Básicas de Saúde do município de Porto Nacional-TO, são: ser do sexo feminino, possuir idade de até 70 anos, presença de mais de uma comorbidade, autopercepção da saúde regular.

Palavras-chave: Autopercepção da Saúde. Comorbidades. Interações Medicamentosas. 

1 INTRODUÇÃO

A polifarmácia é qualificada como o uso simultâneo e contínuo de cinco ou mais fármacos por uma pessoa, que geralmente se refere a medicamentos prescritos. Também é importante levar em consideração o uso de medicamentos isentos de prescrição, além de suplementos e fitoterápicos. A polifarmácia é ocasionada por vários fatores, como presença concomitante de diferentes doenças crônicas; auto-percepção de saúde ruim, atendimento simultâneo por vários médicos, fácil acesso a medicamentos e a prática de automedicação (Correia; Teston, 2020).

A polifarmácia é bastante comum na população idosa, e isto se justifica pelo fato de que, normalmente, essa população apresenta mais de um problema de saúde. Considerando-se que a fisiologia do idos é reduzida, é importante atentar aos processos de farmacodinâmica e farmacocinética para se descartar a possibilidade de riscos como efeito rebote e intoxicações, o que acontece devido a suspensão de medicações e demais efeitos nocivos decorrentes do uso prolongado. A polifarmácia envolve uma grande preocupação que está pautada nos efeitos colaterais maléficos que são causados nos pacientes, sendo que as principais causas que envolvem a multimorbidade (presença de duas ou mais doenças crônicas) são as internações induzidas pelos diversos tipos de medicamentos administrados (Tinôco et al., 2021).

Para o tratamento da multimorbidade é necessário o uso contínuo de diversos medicamentos. Sabe-se que os fármacos possuem como principal função o tratamento ou a cura de problemas de saúde e por tanto são essenciais para a manutenção dos indivíduos doentes, como é o caso das pessoas idosas. Porém, quando existe o uso de diversos fármacos ao mesmo tempo, tem-se o risco do surgimento de complicações, especialmente quando se trata de pessoas idosas, pois na medida que as pessoas envelhecem, ocorrem alterações fisiológicas no organismo, como redução da massa magra, redução da funcionalidade hepática e renal, menor reserva hídrica, dentre outros, aumentando as chances de reações adversas (Marques et al., 2019).

Devido às alterações fisiológicas que ocorrem no corpo o avançar da idade, as pessoas idosas estão mais suscetíveis de serem acometidas por Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), como hipertensão arterial sistêmica (HAS), acidente vascular cerebral (AVC), diabete mellitus (DM), câncer, depressão (Ton et al., 2021). Leite et al., (2024) investigaram a prevalência da polifarmácia e os fatores associados em idosos atendidos na Atenção Primária à Saúde (APS) de uma cidade do Rio grande do Norte e verificaram que existe uma forte associação entre a polifarmácia em pessoas idosas e DM, HAS, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Insuficiência Cardíaca, gastrite e Doença Arterial Coronariana. 

Grande parte dos idosos portadores de HAS e/ou DM fazem uso de cinco ou mais medicamentos e por isso encontram-se em estado de polifarmácia. Desta maneira, é importante destacar que a interação entre esses medicamentos pode afetar a saúde destes pacientes. Frente ao perfil de morbidade, a prescrição de fármacos adicionais ao tratamento já implementado necessita estar apoiada em um plano de cuidado longitudinal e construído de forma interprofissional pois, caso contrário, aumenta-se a possibilidade do surgimento de efeitos farmacológicos secundários indesejados, das interações medicamentosas e de erros na autoadministração dos medicamentos, que podem ameaçar a eficácia do tratamento proposto ou provocar danos aos pacientes, como é o caso de readmissões hospitalares, maior risco de hospitalizações e até mesmo de mortalidade (Tinoco et al., 2021b).

Sendo assim, este estudo tem como objetivo analisar o uso da polifarmácia e seus fatores associados em pessoas idosas diabéticas atendidas em três Unidades Básicas de Saúde do município de Porto Nacional-TO.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A transição demográfica brasileira tem passado por significativas alterações devido às alterações nas taxas de fecundidade e mortalidade, alterando consideravelmente o regime demográfico e a estrutura etária brasileira, provocando um aumento no número de pessoas idosas. Essas alterações acarretam novos enfrentamentos com o caso do surgimento de doenças crônicas, como é o caso da Diabetes mellitus (DM) (Ribeiro et al., 2020). Somado a isso, o alto índice de DM na população idosa, provoca fatores de envelhecimento no sistema cardiovascular e órgãos secretores do hormônio insulina. No sistema cardiovascular, as principais alterações são: aumento progressivo da pressão arterial sistólica e pulso, maior incidência de doença coronariana, aumento na massa do ventrículo esquerdo e fibrilação arterial. Nas artérias, o envelhecimento promove a remodelação de paredes das grandes artérias elásticas, aumentando a circunferência do vaso sanguíneo, o que resulta na dilatação da espessura da parede arterial e perda da elasticidade, elevando a pressão arterial sistólica (Bergamo Francisco et al., 2022).

A prevalência da DM é influenciada por alterações fisiológicas do processo de envelhecimento, sendo percebidas também no pâncreas, glândula secretora de insulina. Este órgão passa por alterações estruturais como a diminuição da massa e estreitamento dos ductos, que refletem em alterações funcionais notáveis. Estas alterações promovem a diminuição da secreção de insulina, explicando a redução da sensibilidade periférica a esse hormônio. Desta forma, a pessoa idosa apresenta  maior suscetibilidade à DM tipo 2 (Lima et al., 2018) e isso se explica devido o idoso possuir maior resistência a percepção da insulina endógena pelos mecanismos de ação e produção das células, provocando uma hiperglicemia devido a falha na captação desse hormônio para dentro da célula. As principais complicações que provocam alterações vasculares em vasos grandes e médios, são a acidose metabólica, neuropatia e retinopatia diabética (Ribeiro et al., 2020).

Neste sentido, a DM tipo 2 e a hipertensão arterial são patologias que favorecem o aumento da polifarmácia, fazendo com que cresça também os riscos que estão associados ao uso crônico de medicamentos. A polifarmácia foi discutida pela primeira vez em 1959, ao qual deu origem a definições sobre o termo, considerando que o mesmo consiste no uso de cinco ou mais medicamentos concomitantes em um período igual ou superior a uma semana (Corralo et al., 2018). Pereira et al., (2017) investigaram a polifarmácia em idosos residentes em Florianópolis-SC e constataram uma média de 3,8 medicamentos por idosos, com prevalência da polifarmácia de 32% em uma amostra de 1.705 idosos. As características que apresentaram associação positiva com polifarmácia foram: sexo feminino, aumento da idade, autoavaliação de saúde negativa e realização de consulta médica nos últimos 3 meses anteriores à entrevista. Os grupos de medicamentos mais utilizados pelos idosos na polifarmácia foram os indicados para o sistema cardiovascular, trato alimentar e metabolismo e sistema nervoso.

Somado a isso, Sales; Sales; Casotti (2017), analisaram os fatores associados à polifarmácia em 272 idosos de Aiquara-BA. Foi constatado a prevalência de polifarmácia em 29% dos idosos, sendo que as classes de medicamentos mais utilizadas foram diuréticos (11,8%), agentes que atuam no sistema renina-angiotensina (10,6%), analgésicos (7,0%), antiinflamatórios e antirreumáticos (6,9%) e medicamentos utilizados para diabetes (5,4%). As variáveis que mantiveram associação à polifarmácia foram o sexo feminino, atenção por plano de saúde privado, internação no último ano e quatro ou mais doenças autorreferidas.

No estado do Tocantins, Silva et al., (2023) traçaram o padrão de uso de medicamentos de 40 idosos atendidos na UBS Campo Bello no município de Gurupi – TO. Nestes pacientes foi verificado a predominância da hipertensão arterial e da DM, com uso da polifarmácia. Os principais fatores associados, foram predominância do sexo feminino, faixa etária mais avançada, baixa escolaridade, presença de diversas doenças crônicas, acompanhamento concomitante por diferentes médicos, autopercepção negativa da saúde, facilidade no acesso a medicamentos e prática de automedicação.  

Duarte et al., (2019) caracterizaram o consumo de medicamentos e da polifarmácia em 27 idosos matriculados na Universidade da Maturidade, Campus de Palmas – TO. Neste estudo, os autores verificaram que os medicamentos mais utilizados, são: antiácidos, agentes betabloqueadores, modificadores de lipídios e hipoglicemiantes. Houve predominância do sexo feminino, com idade de 60 a 69 anos. Dentre os idosos, 37,4% faziam uso de cinco ou mais medicações e as doenças mais comuns nesse grupo, foram: doença articular, osteoporose, hipertensão e diabetes.

Sobre a polifarmácia, Sales; Sales; Casotti (2017) ressaltam que essa prática está relacionada ao uso irracional de medicamentos, como é o caso do uso inapropriado de antibióticos, medicamentos injetáveis, automedicação e prescrições em desacordo com as diretrizes clínicas. Os idosos, que na maioria das vezes passam a conviver com problemas crônicos de saúde, são consumidores de um grande número de medicamentos que, embora sejam necessários, podem desencadear sérias complicações de saúde, quando não utilizados conforme prescrito pelo médico. Somado a isso, Corralo et al., (2018) ressaltam que a polifarmácia contribui para o descumprimento das prescrições médicas, levando a problemas que se relacionam a segurança dos medicamentos, interações medicamentosas, reações adversas graves, aumento no uso de medicamentos inadequados e o aparecimento de iatrogenias. As interações medicamentosas ocorrem em 13% dos idosos que utilizam até dois medicamentos; 58% para os que fazem uso de até cinco medicamentos; podendo chegar a 82% quando o consumo de fármacos excede a sete. 

Sabe-se que o acesso a medicamentos e aos serviços de saúde está cada vez mais facilitado, além da implementação de políticas públicas voltadas, especialmente à população idosa, porém, para que o tratamento de uma DCNT, como é o caso da DM, obtenha sucesso, o idoso necessita ser visto em todos os seus aspectos biopsicossocial, de uma forma que o monitoramento na atenção primária, à prescrição de medicamentos e a mudança nos hábitos de vida, levem a um envelhecimento saudável, sem o uso prejudicial e excessivo de poli fármacos. 

3 METODOLOGIA

Foi desenvolvida uma pesquisa de campo com delineamento transversal e abordagem quali-quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida em três Unidades Básicas de Saúde do município de Porto Nacional-TO, sendo estas: a Unidade Básica de Saúde Ceiça, localizada no setor central da cidade; a Unidade Básica de Saúde Vila Nova II e a Unidade Básica de Saúde do Jardim Brasília. 

A amostra foi por conveniência, sendo que foram realizadas três visitas em cada UBS e em cada visita os pesquisadores ficaram quatro horas dentro da unidade (Das 07:00 às 11:00hs), o que oportunizou a realização da entrevista com um total de 15 idosos ao todo. Os critérios de inclusão foram: pessoas com idade a partir de 60 anos, cadastradas na UBS de referência, residentes na zona urbana do município, portador de diabetes mellitus, em acompanhamento regular pela equipe de saúde e que aceitaram participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Foram excluídos da pesquisa, os idosos que não possuíam diagnóstico de DM, idosos institucionalizados, que apresentaram evidências de déficit cognitivo ou que possuíam alguma outra condição que o impediam de responder as perguntas e aqueles que residiam na zona rural. Para a coleta dos dados, foi utilizado um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas, que teve como variaveis analisadas: sexo, idade, estado civil, escolaridade, UBS de referência, polifarmácia, medicamentos mais utilizados, número de doenças autoreferidas, autopercepção da saúde, hospitalização, dificuldade de acesso ao serviço de saúde, número de consultas no último ano.

A coleta de dados foi realizada pelos acadêmicos pesquisadores e as entrevistas foram realizadas individualmente, preservando o sigilo das informações colhidas. Após a realização das entrevistas, as informações foram organizadas em planilhas eletrônicas e analisadas. Logo após, foi feito o tratamento dos dados obtidos e interpretados, sendo os resultados apresentados em forma tabular e gráfica e discutido com outros autores. A pesquisa só foi realizada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), através do parecer consubstanciado nº 6.815.230, de CAAE nº 79224724.9.0000.8075.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Fizeram parte deste estudo um total de 24 idosos pertencentes às Unidades Básicas de Saúde Ceiça, Vila Nova II e Jardim Brasília, localizadas no município de Porto Nacional-TO. Em relação às características sociodemográficas, este grupo apresentou predomínio de mulheres (56 %), idade de 60 a 70 anos (52%), ensino médio completo (36%), viúvo (44%), aposentado (72%) (Tabela 1).

Tabela 1: Distribuição dos idosos segundo variáveis sociodemográficas. Porto Nacional-TO. 2024

Variáveln%
Sexo
Feminino1456
Masculino1144
TOTAL25100
Idade
De 60 a 70 anos1352
De 71 a 80 anos936
De 81anos a mais312
TOTAL25100
Escolaridade
Analfabeto28
Alfabetizado14
Ensino fundamental incompleto416
Ensino fundamental completo28
Ensino médio incompleto312
Ensino médio completo936
Superior incompleto14
Superior completo28
Pós graduação14
TOTAL25100
Estado civil
Viúvo1144
Casado1040
Divorciado28
Separado14
Solteiro14
TOTAL25100
Profissão
Aposentado1872
Lavrador28
Empresário28
Dona de Casa14
Técnico de enfermagem14
Auxiliar de enfermagem14
TOTAL25100

Fonte: Pesquisa realizada pelos acadêmicos (2024)

Os achados desse estudo corroboram com o que foi verificado por Oliveira et al., (2019) ao analisarem a prevalência da polifarmácia em idosos atendidos em duas Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte-MG, onde foi verificado predomínio de mulheres, de até 70 anos de idade. Em paralelo, Bongiovani et al., (2021), por meio de um estudo analítico, realizado com um total de 100 idosos de Santa Catarina, verificaram maior prevalência da polifarmácia em pessoas do sexo feminino, com idade média de 69,3 anos. 

Para Oliveira et al., (2017), a maior prevalência do sexo feminino na população idosa pode ser explicada pela tendência que existe em as mulheres se cuidarem mais e procurarem por atendimentos de saúde. Acrescentam, ainda, que a maior mortalidade masculina, especialmente em pessoas mais jovens e adultas, provocadas por óbitos devido causas externas, pode estar contribuindo para essa tendência. 

Quanto à escolaridade, a maior prevalência neste estudo foi de idosos com o ensino médico completo (36%), seguido do ensino fundamental incompleto (16%), estado civil viúvo (44%), seguido de casado (40%). A aposentadoria foi a profissão mais prevalente (72%). Achados semelhantes foram constatados por Simonetti et al., (2021). Segundo os autores, a desigualdade social produz impacto negativo no estado de saúde de uma pessoa e por isso a polifarmácia deve ser considerada como uma consequência desse impacto. 

Sobre o estado civil, Maia et al., (2020) destacam que não ter cônjuge ou companheiro representa um fator de risco para a ocorrência da polifarmácia, uma vez que idosos casados têm demonstrado ter um envelhecimento bem sucedido. 

A polifarmácia foi mais acentuada nos pacientes que fazem uso de quatro medicamentos (32%), seguido dos idosos que fazem uso de três medicamentos (24%) (Gráfico 1).

Gráfico 1: Prevalência da polifarmácia, segundo o quantitativo de medicamentos utilizados

Não existe um consenso que determina a polifarmácia, porém sabe-se que a mesma é vista como o consumo concomitante de diversos fármacos pelo paciente e grande parte dos estudos disponíveis consideram a utilização de cinco ou mais medicamentos como polifarmácia (SIMONETTI et al., 2021). Oliveira et al., (2021) acrescenta, que as definições numéricas para polifarmácia variam de dois ou mais medicamentos até onze ou mais medicamentos. Ainda conforme os autores, existem, ainda, o termo polifarmácia excessiva, que é definida como o uso concomitante de dez ou mais medicamentos. 

Para Rosa (2021) o uso simultâneo de diversos fármacos nem sempre pode ser evitado e não demonstra prescrição incorreta ou inadequada. Geralmente, as doenças crônicas altamente prevalentes são tratadas através da associação de diversos medicamentos, demonstrando que seu uso não é incorreto e, em alguns casos, é necessário, imprescindível e benéfico. 

Quanto aos fármacos mais utilizados pelos idosos em polifarmácia pertencentes a estes estudo, são: Puran T4; Insulina; Xantinon; Empagliflozina; Metiformina; Zolpiden; Sinvastatina; Atorvastatina; Dorflex; Glibencamida; Captopril; Hidrocloritiazida; Losartana; Atenolol; Levoid; Ciprofibrato; Furosemida; Vertizam; Sertralina; AAS; Omeprazol; Clonazepan; Clomipramina; Levotiroxina; Atorvastatina; Propanolol; Espironolactona; Valsartana; Zolpiden; Anlodipino; Alprazolan; Rosuvastatina. 

No estudo de Oliveira et al., (2021) realizado com idosos atendidos na Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte-MG, os autores observaram que os fármacos mais utilizados foram sinvastatina, hidroclorotiazida, losartana, ácido acetilsalicílico (AAS), anlodipino, enalapril e omeprazol. O Ministério da Saúde, por meio da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil (PNAUM), realizada em 2016, verificou que a losartana e a sinvastatina são os fármacos mais utilizados pela população estudada (BRASIL, 2016). Além disso, em idosos que fazem uso de dez ou mais medicamento foi verificado o uso de fármacos para o controle da glicemia, sendo estes a insulina humana, a metiformina e a glibenclamida (OLIVEIRA et al., 2021), corroborando com os achados deste estudo. 

A polifarmácia teve associação direta com a presença de comorbidades, uma vez que 100% dos idosos entrevistados afirmaram possuir alguma comorbidade; além de terem apresentado autopercepção da saúde regular (48%) (Gráfico 2). As comorbidades mais citadas pelos idosos, foram: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); Insuficiência Renal; Diabetes; Ansiedade; Dislipidemia; Cardiomegalia; Hipertireoidismo; Insônia e Osteoporose.

Gráfico 2: Autoavaliação da saúde pessoal do idoso

Fonte: Pesquisa realizada pelos acadêmicos (2024)

Nascimento et al., (2017) destacam que existe uma associação positiva entre a polifarmácia com diversas doenças, uma vez que idosos que apresentam várias comorbidades possuem a tendência a utilizar mais fármacos e, constantemente, não apresentam uma boa autopercepção de saúde.  

Procurou-se verificar o índice de hospitalização nos últimos doze meses, sendo que 72% dos idosos afirmaram não ter tido hospitalização e 28% afirmaram que tiveram. O tempo de hospitalização variou de 5 a 10 dias, com maior prevalência para o tempo de 7 dias (43%), seguido de 8 dias (29%). 80% dos idosos afirmaram não possuir dificuldade para ter acesso aos serviços de saúde, sendo que a quantidade de consultas realizadas nos últimos doze meses variou de três a seis consultas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste estudo, pode-se dizer que o objetivo proposto foi alcançado, uma vez que foi possível verificar que os fatores associados ao uso da polifarmácia em pessoas idosas diabéticas atendias em três Unidades Básicas de Saúde do município de Porto Nacional-TO, são ser do sexo feminino, possuir idade de até 70 anos, presença de mais de uma comorbidade, autopercepção da saúde regular.

Neste sentido, sugere-se que os profissionais de saúde, que são os responsáveis pela assistência ao idoso portador de diversas comorbidades, trabalhem de maneira articulada e de forma interprofissional, promovam planos de cuidados longitudinais e fomentem incentivos às medidas de prevenção de doenças e agravos, prescrição racional de exames e medicamentos e promoção da saúde, fazendo com que a prevenção seja sempre trabalhada e incentivada, de maneira a reduzir e impactar o risco da polifarmácia.  

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1Discente do curso superior de Medicina do ITPAC Porto Nacional-TO, Afya, Campus de Porto Nacional-TO. E-mail: daniellpaeslandin@gmail.com
2Discente do curso superior de Medicina do ITPAC Porto Nacional-TO, Afya, Campus de Porto Nacional-TO. E-mail: guimendes331@gmail.com
3Discente do curso superior de Medicina do ITPAC Porto Nacional-TO, Afya, Campus de Porto Nacional-TO. E-mail: kamisevangelista@gmail.com
4Docente do curso superior de Medicina do ITPAC Porto Nacional-TO, Afya, Campus de Porto Nacional-TO. E-mail: marcus.barbosa@itpacporto.edu.br