THE EFFICACY OF PHYSIOTHERAPY IN THE TREATMENT OF CHILDREN WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202410271924
Elaiza Costa Azevedo1
Naynara Lima Luz2
RESUMO: O Transtorno do Espectro Autista é uma condição de neurodesenvolvimento que compromete a comunicação e a interação social, caracterizada por comportamentos repetitivos ou restritos. Apesar de suas manifestações variadas e graus de severidade diferentes, a etiologia do Transtorno do Espectro Autista permanece indefinida, sendo relacionada a fatores genéticos e ambientais. Este trabalho visa identificar na literatura a eficácia da fisioterapia na reabilitação de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Realizou-se uma pesquisa integrativa nas bases de dados PubMed, PEDro e Web of Science, considerando o período de 2019 a 2024. Foram encontrados 219 artigos, dos quais, após a aplicação dos critérios de elegibilidade, 6 estudos foram selecionados para análise. As evidências desta revisão mostram que a fisioterapia, mediante instruções específicas e exercícios terapêuticos, pode promover melhorias significativas nas habilidades motoras, sociais e na qualidade de vida de crianças com Transtorno do Espectro Autista.
Palavras-chave: Fisioterapia; Transtorno do Espectro Autista (TEA); Tratamento
ABSTRACT: Autism Spectrum Disorder is a neurodevelopmental condition that impairs communication and social interaction, characterized by repetitive or restricted behaviors. Despite its varied manifestations and different degrees of severity, the etiology of Autism Spectrum Disorder remains undefined and is related to genetic and environmental factors. This study aims to identify the effectiveness of physical therapy in the rehabilitation of children with Autism Spectrum Disorder in the literature. An integrative search was carried out in the PubMed, PEDro, and Web of Science databases, considering the period from 2019 to 2024. A total of 219 articles were found, of which, after applying the eligibility criteria, 6 studies were selected for analysis. The evidence from this review shows that physical therapy, through specific instructions and therapeutic exercises, can promote significant improvements in motor and social skills and in the quality of life of children with Autism Spectrum Disorder.
Keywords: Physiotherapy; Autism Spectrum Disorder (ASD); Treatment
1 INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação e a interação social, sendo caracterizada pela presença de comportamentos repetitivos ou restritos. Embora suas manifestações sejam diversas e variam em grau de severidade, a etiologia do TEA ainda não está completamente definida, sendo atribuída a uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A intervenção precoce é fundamental, pois pode melhorar o prognóstico e suavizar os sintomas, embora o transtorno não tenha cura. Em alguns casos, os sinais podem ser observados já no primeiro ano de vida, mas o diagnóstico geralmente ocorre entre os 4 e 5 anos, o que é considerado tardio, visto que a identificação precoce possibilita intervenções mais eficazes (Teixeira; Dos Santos; Dos Santos, 2023).
Os critérios diagnósticos do TEA são baseados em questões de comunicação, interação social e padrões repetitivos e restritivos de atividades, sem incluir diretamente aspectos motores na avaliação. Embora o desempenho motor não seja considerado critério diagnóstico, alguns autores defendem a inserção desses padrões motores deficitários, argumentando que habilidades motoras comprometidas exigem intervenção precoce e que essa abordagem poderia minimizar dificuldades cognitivas e sociais (Rodrigues et al., 2024).
Os estudos relacionados ao TEA avançaram consideravelmente nas áreas de genética, psiquiatria e psicologia. No entanto, mesmo com a evolução científica e a necessidade de interação entre diversos profissionais no tratamento do autismo, alguns pesquisadores ainda negligenciam a repercussão motora que o TEA pode gerar, comprometendo a eficácia das intervenções (Batista; Oliveira; Pereira, 2023).
Diante da complexidade do TEA, o fisioterapeuta torna-se essencial para abordar não apenas as dificuldades motoras, mas também para prevenir agravamentos do transtorno. Assim, a atuação desse profissional deve ser direcionada ao entendimento das limitações do paciente, buscando, por meio de intervenções, promover o desenvolvimento de áreas mais impactadas pelo TEA, especialmente a interação social, crucial para a saúde e a educação da criança. Para isso, é fundamental fortalecer a capacidade motora da criança e construir uma comunicação eficaz, estabelecendo uma relação de confiança entre o profissional e o paciente. Exemplos dessa interação incluem o contato visual, o toque reconfortante e a comunicação tanto verbal quanto gestual (Ribeiro, 2023).
O fisioterapeuta utiliza métodos como a Medida de Independência Funcional (MIF) para avaliar aspectos cognitivos e motores, determinando o grau de dependência da criança e ajudando a melhorar sua qualidade de vida. Além disso, a fisioterapia contribui para o fortalecimento da musculatura do tronco e dos membros, aprimorando o equilíbrio e a coordenação motora. O trabalho do fisioterapeuta também inclui a inibição de movimentos anormais e o desenvolvimento de habilidades motoras adequadas, como rolar, sentar, engatinhar e andar. Programas de alongamento e fortalecimento são elaborados para auxiliar na marcha e no controle motor, sempre respeitando as limitações de cada criança. Esses programas são desenvolvidos em conjunto com os pais, para poderem contribuir para o melhor desenvolvimento da criança (Fonseca et al., 2021).
Sendo assim, é evidente que a fisioterapia desempenha um papel crucial no cuidado da criança autista, influenciando positivamente suas características individuais, bem como, a comunidade que necessita desses serviços. Seu trabalho vai além da correção de deficiências existentes, incluindo a prevenção de agravamentos clínicos e a promoção da independência em atividades diárias, resultando em uma melhor qualidade de vida para essas crianças (Dias e Lima., 2024). Com base no exposto, o propósito deste trabalho foi avaliar, mediante a revisão de literatura, os efeitos da fisioterapia no tratamento de crianças com transtorno do espectro autista.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa, cujo objetivo é fornecer uma síntese das evidências relacionadas ao tema de investigação, permitindo a avaliação das possibilidades de intervenções na área da saúde com embasamento científico (Mendes; Silveira; Galvão, 2008).
Com o intuito de identificar as evidências mais relevantes, utilizou-se a estratégia PICo (População, Intervenção e Contexto), esse acrônimo possibilita o alcance de uma busca efetiva a partir da elaboração de uma questão de pesquisa esclarecedora para direcionar o estudo conforme os objetivos propostos (Lockwood et al., 2020a). Essa estratégia possibilitou formular a seguinte pergunta norteadora: “Como a fisioterapia contribui para a melhora do quadro clínico de crianças com transtorno do espectro autista?” (Quadro 1).
Quadro 1 – Formulação da pergunta norteadora conforme a estratégia PICo.
Definição | Acrônimo | Descrição |
População | P | Crianças com Transtorno do Espectro Autista |
Intervenção | I | Fisioterapia |
Contexto | Co | Melhora do quadro clínico |
Fonte: Elaboração própria (2024).
As bases de dados utilizadas para as buscas foram: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), via National Library of Medicine (PubMed), PEDro e Web of science. Para estruturação da equação de busca, foram utilizados os operadores booleanos AND e OR (Quadro 2). As literaturas foram pesquisadas utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH) e termos não controlados.
Quadro 2 – Combinações de palavras-chave nas bases de dados.
Base de dados | Equação de busca |
Medline PubMed | ((“physiotherapy”[All Fields]) AND (“autism”[All Fields])) AND (“children”[All Fields]) |
PEDro | Autism physiotherapy children |
Web of science | ((ALL=(“Autism”)) AND ALL= (“physiotherapy”)) AND ALL=(“children”) |
Fonte: Elaboração própria (2024).
Os critérios de inclusão adotados neste estudo foram: artigos publicados no período de 2019 a 2024, contemplando publicações em língua inglesa e portuguesa, que respondessem à questão norteadora da pesquisa. Foram excluídos os artigos duplicados, relatos de casos, trabalhos de conclusão de curso, artigos que investigassem outras terapias (além da fisioterapia), bem como aqueles que não estivessem diretamente relacionados ao tema em questão.
Para a coleta, categorização e interpretação dos dados, foi utilizado um instrumento adaptado de (Marziale, 2015), contendo os seguintes itens: título da publicação, autor(es) e ano, título, amostra, intervenção, resultados e conclusão.
3 RESULTADOS Foram identificados 219 artigos e, após a análise de título, resumo e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram pré-selecionados 12 artigos para a leitura na íntegra. Entre os 12 artigos analisados, 6 foram incluídos na amostra final desta revisão. O processo de busca e seleção dos estudos foi conduzido conforme as recomendações do grupo PRISMA (Lockwood et al., 2020) e pode ser observado no fluxograma a seguir (Figura 1).
Fonte Elaboração própria (2024).
Após a realização da busca literária, foram identificados inicialmente 219 artigos. No entanto, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, somente 6 artigos atenderam aos requisitos para compor os resultados desta revisão integrativa. A maioria dos estudos selecionados teve como objetivo avaliar a aplicação de técnicas fisioterapêuticas para a melhoria do desenvolvimento global e a qualidade de vida de crianças com TEA.
O Quadro 3 apresenta uma síntese dos principais dados dos artigos selecionados que tratam de intervenções em crianças com autismo. Os artigos estão organizados em ordem cronológica, e as informações incluem, de forma clara e objetiva, os seguintes elementos: autores, ano, país da publicação, método, instrumento de avaliação, resultados e as conclusões dos estudos. Essa estrutura facilita a visualização comparativa das abordagens e dos achados, proporcionando uma análise consistente sobre as intervenções avaliadas.
Quadro 3 – Sínteses dos estudos selecionados para composição da revisão integrativa
AUTOR/ ANO | PAÍS | MÉTODO(AMOSTRA) | INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO | INTERVENÇÃO | RESULTADOS/CONCLUSÃO |
Telang et al., (2020) | Índia | Ensaio clínico randomizado 20 pacientes Grupo A- Terapia convencional (n = 10)Grupo B- recebeu terapia manual na forma de Técnica de Energia Muscular (n = 10) | Goniômetro, Elastografia e Índice de Postura do Pé: escala de 6 itens para avaliar a postura do pé. | 6 semanas de intervenção, consistindo em três sessões por semana, cada uma com duração de 45 minutos | O grupo experimental apresentou melhora na amplitude de movimento, redução da rigidez do tendão de aquiles e melhora na postura do pé após a intervenção, sendo assim a terapia manual foi mais eficaz do que o alongamento passivo na melhora da função do tornozelo e na redução da rigidez em crianças com TEA. |
Rafiei Milajerdi et al., 2021 | Irã | -Ensaio clínico randomizado com60 pacientes Controle (n=20) SPARK (n=20)Kinect (n=20) | Utilização do Movement Assessment Battery for Children-Second Edition (MABC-2) para avaliar habilidades motoras e do Wisconsin Card Sorting Test (WCST) para avaliar funções executivas. | Intervenção de 14 horas, com 35 minutos por sessão, durante 8 semanas, totalizando três sessões por semana. | O estudo revelou que a intervenção tradicional de atividade física SPARK melhorou significativamente as habilidades de mira e captura em crianças com Transtorno do Espectro Autista, mas não resultou em melhorias na destreza manual ou equilíbrio, já o exergame Kinect não apresentou melhorias em habilidades motoras, embora tenha favorecido o desempenho em funções executivas. |
Mills et al., (2020) | Austrália | – Ensaio piloto randomizado e controlado por crossover 8 pacientes G1: hidroterapia (n= 4)G2: hidroterapia (n= 4) | Checklist de Comportamento Infantil (CBCL) para mensurar problemas sociais, comportamentais e emocionaisEscala de Prazer para monitorar conforto e prazer durante a hidroterapia. | 4 semanas com 4 sessões de hidroterapia (uma por semana) com duração de 45 minutos. | Melhorias significativas nas síndromes de Ansioso/Deprimido, Problemas de Pensamento e Problemas de Atenção. Os participantes mostraram redução nos comportamentos internalizantes, beneficiando assim as crianças com TEA, melhorando comportamentos que impactam a saúde mental e bem-estar, como ansiedade e depressão. |
Bhagwasia e Kaur (2022) | Déli, Índia | -Ensaio clínico randomizado 60 pacientes G1: intervenção, sensório-motor multimodal (n= 30)G2:grupo controle-fisioterapia convencional (n= 30) | Índice de Avaliação Sensorial de Ayres (ISAA) | Treinamento sensório-motor multimodal de 12 semanas com exercícios motores e experiências sensoriais, 3 sessões/semana, 45 min cada. | Ambos os grupos mostraram melhora significativa nas pontuações da escala ISAA; no entanto, o grupo experimental teve uma melhora mais acentuada. |
Castaño et al., (2023) | Neiva, Colômbia | – Ensaio clínico randomizado 20 pacientesG1: Experimental (n= 10)G2: Controle (n= 10) | Escala de Desenvolvimento Abreviada (EAD-3) – avalia quatro áreas do desenvolvimento (habilidades motoras brutas, habilidades adaptativas, habilidades motoras, e linguagem pessoal-social). | Programa de exercícios físicos administrado 3 vezes por semana, totalizando 24 sessões ao longo de 8 semanas. Cada sessão durou 60 minutos. | O grupo experimental exibiu melhorias significativas nas habilidades motoras grossas em comparação com o grupo controle. Este estudo sugere que programas estruturados de exercícios físicos podem melhorar as habilidades motoras grossas como correr, pular, arremessar, chutar e escalar |
Draudvilienė et al., (2024) | Lituânia | -Ensaio clínico randomizadoEstudo com 30 crianças — 6 meninas e 24 meninos com diagnóstico de TEA (código F 84.0). | Escala de Equilíbrio de Berg Modificada (14 tarefas, tempo total de 20 min), Amostra de Coordenação de Schmitz (15 tarefas), BOTMP | Intervenção de 5 semanas, 3 sessões de fisioterapia por semana, com sessões de exercícios de ginástica e jogos em um quadro inteligente. | Melhorias significativas nas habilidades motoras, coordenação e equilíbrio, conforme medido pelos instrumentos de avaliação, demonstrando progresso nas atividades diárias. |
Fonte: Elaboração própria (2024).
4 DISCUSSÃO
As atividades desenvolvidas pela fisioterapia desempenham um papel crucial no tratamento de crianças com TEA, promovendo inclusão social, interação e qualidade de vida. A fisioterapia envolve uma avaliação minuciosa das necessidades e dificuldades de cada criança, permitindo o estabelecimento de objetivos específicos e personalizados. Isso resulta em tratamentos diferenciados que visam aprimorar o desenvolvimento global da criança e estimular o conhecimento corporal. Adicionalmente, a fisioterapia contribui para a melhoria das habilidades motoras e sociais, facilitando a integração dessas crianças em ambientes sociais e educacionais, o que é fundamental para seu crescimento e bem-estar (Azevedo e Gusmão, 2016)
A pesquisa sobre o TEA tem avançado significativamente, refletindo abordagens variadas e complementares para o tratamento das dificuldades motoras e comportamentais em crianças com TEA. O estudo de Rafiei Milajerdi et al. (2021) destaca a importância da integração sensorial, utilizando pistas visuais e tecnologia interativa, como o Kinect, para melhorar o controle postural. Essa abordagem se mostra eficaz ao proporcionar feedback em tempo real, integrando funções motoras e executivas, corroborando a ideia de que o uso de tecnologia pode potencializar os resultados em intervenções físicas voltadas ao desenvolvimento motor.
Entretanto, Telang et al. (2021) questionam a primazia das abordagens tecnológicas, propondo que técnicas manuais como a Técnica de Energia Muscular (MET) são mais eficazes para intervenções focadas, como a correção da marcha na ponta dos pés, comum em crianças com TEA. Eles argumentam que, embora as tecnologias visuais como o Kinect ofereçam benefícios gerais no controle postural, as técnicas manuais personalizadas oferecem resultados superiores em áreas específicas, como a flexibilidade do tendão de Aquiles e a postura dos pés, salientando a necessidade de uma abordagem individualizada no tratamento motor dessas crianças.
Enquanto os estudos acima debatem a eficácia de intervenções manuais versus tecnológicas, Mills et al. (2020) introduzem uma dimensão completamente diferente, destacando os benefícios psicológicos e sociais da hidroterapia. Eles argumentam que, além de promover relaxamento e bem-estar mental, a hidroterapia facilita a interação social em ambientes aquáticos, o que é especialmente útil para crianças que têm aversão às terapias tradicionais. Esse estudo enfatiza a necessidade de considerar o bem-estar emocional das crianças com TEA, sugerindo que, embora as intervenções focadas em controle motor sejam essenciais, o impacto da terapia na saúde mental também deve ser central.
A pesquisa de Bhagwasia e Kaur (2024) acrescenta à discussão ao propor que intervenções sensório-motoras multimodais, que envolvem atividades diversificadas, podem não só melhorar a funcionalidade motora, mas também reduzir comportamentos estereotipados em crianças com TEA. Este estudo complementa o de Mills et al., ao reforçar que uma abordagem variada e adaptativa, combinando estímulos motores e comportamentais, pode ser mais eficaz no tratamento dessas crianças. No entanto, ao focar em uma variedade de modalidades sensoriais, Bhagwasia e Kaur discordam parcialmente de Telang et al., que privilegiam técnicas mais específicas e focalizadas para resultados motores pontuais.
Por fim, os achados de Castaño et al. (2024) e Draudvilienė et al. (2024) trazem uma discussão importante sobre a eficácia dos exercícios físicos estruturados no desenvolvimento motor de crianças com TEA. Castaño et al. reforçam que um programa repetitivo de exercícios pode trazer benefícios neuroprotetores e melhorar habilidades como coordenação e equilíbrio, enquanto Draudvilienė et al. (2024) mostram que o uso de tecnologias interativas em sessões de fisioterapia aumenta a motivação e engajamento das crianças. Embora as duas pesquisas indicam resultados semelhantes em termos de desenvolvimento motor, a ênfase de Draudvilienė et al. nas abordagens interativas sugere que a motivação da criança é um fator essencial para maximizar os benefícios terapêuticos, complementando os achados de Milajerdi et al. (2021) sobre o papel das tecnologias.
Esses estudos, embora variem em suas abordagens, convergem na conclusão de que intervenções físicas são essenciais para o desenvolvimento motor de crianças com TEA. A diversidade de métodos, desde o uso de tecnologias interativas até terapias manuais e hidroterapia, sugere que uma abordagem multidisciplinar e individualizada pode ser a chave para otimizar os resultados terapêuticos. A combinação de diferentes técnicas, adaptadas às necessidades específicas de cada criança, poderá não apenas melhorar suas habilidades motoras, mas também oferecer suporte psicológico e emocional, promovendo assim um desenvolvimento mais holístico.
Esses estudos coletivamente destacam a diversidade de abordagens terapêuticas que podem ser empregadas no tratamento do Transtorno do Espectro Autista. A combinação de técnicas tradicionais, como a Técnica de Energia Muscular e intervenções sensório-motoras multimodais, juntamente com recursos tecnológicos e terapias aquáticas, mostra-se promissora para atender às variadas necessidades das crianças com TEA. A integração de diferentes métodos pode não apenas potencializar a eficácia das intervenções, mas também proporcionar um tratamento mais abrangente, que considere tanto os aspectos motores quanto os comportamentais e sociais. Assim, é fundamental que futuras pesquisas continuem a explorar e validar essas abordagens, contribuindo para um cuidado mais efetivo e inclusivo para crianças com TEA.
5 CONCLUSÃO
A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento de crianças com TEA, promovendo melhorias significativas nas habilidades motoras, também contribui para sua inclusão social e bem-estar. Embora os resultados sejam promissores, há uma escassez de estudos recentes sobre o uso de novas estratégias terapêuticas, o que reforça a necessidade de mais pesquisas nessa área. Essa limitação ressalta a necessidade de maior investimento em pesquisas voltadas para a fisioterapia pediátrica aplicada ao TEA, de modo a expandir e refinar as abordagens terapêuticas disponíveis.
*Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Anderson; GUSMÃO, Mayra. A importância da fisioterapia motora no acompanhamento de crianças autistas. Rev. Eletrôn. Atualiza Saúde, Salvador, v. 2, n. 2, p. 76-83, 2016.
BATISTA, Janaina Pereira; OLIVEIRA, Jaiane Rios; PEREIRA, Rejane Goecking Batista. Abordagem fisioterapeutica no tratamento de crianças com transtorno de espectro autista. Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro, v. 3, n. 1, 2023.
BHAGWASIA, H.; KAUR, B. Effect of multimodal sensorimotor training on the stereotypical behavior in children with autism spectrum disorder. Physiotherapy – The Journal of Indian Association of Physiotherapists, v. 16, n. 2, p. 43-47, jul.-dez. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.4103/pjiap.pjiap_40_22. Acesso em: 15 out. 2024.
CASTAÑO, P. R. L.; SUÁREZ, D. P. M.; GONZÁLEZ, E. R. et al. Effects of Physical Exercise on Gross Motor Skills in Children with Autism Spectrum Disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 54, n. 8, p. 2816-2825, 2024. DOI: 10.1007/s10803-023-06031-5.
DIAS, Elenilson Miranda; LIMA, Ronaldo Nunes. A contribuição da fisioterapia no desenvolvimento motor de crianças com transtorno do espectro autista (tea). Revista ibero-americana de humanidades, ciências e educação, v. 10, n. 6, p. 100-110, 2024.
DRAUDVILIENĖ, L.; DRAUDVILA, J.; STANKEVIČIŪTĖ, S.; DANIUSEVIČIŪTĖ-BRAZAITĖ, L.Two Physiotherapy Methods to Improve the Physical Condition of Children with Autism Spectrum Disorder. Children (Basel), v. 11, n. 7, p. 798, 2024. DOI: 10.3390/children11070798. Published 28 June 2024.
FONSECA, Cristiane et al. Contribuição da fisioterapia no desenvolvimento psicomotor da criança com transtorno do espectro autista: uma revisão bibliográfica. Revista novos desafios, v. 1, n. 1, p. 31-43, 2021.
RAFIEI MILAJERDI, H.; SHEIKH, M.; NAJAFABADI, M. G.; SAGHAEI, B.; NAGHDI, N.; DEWEY, D. The Effects of Physical Activity and Exergaming on Motor Skills and Executive Functions in Children with Autism Spectrum Disorder. Games for Health Journal, v. 10, n. 1, p. 33-42, 2021. DOI: 10.1089/g4h.2019.0180.
LOCKWOOD, C. et al. Chapter 2: Systematic reviews of qualitative evidence [internet]. JBI manual for Evidence Synthesis. Adelaide: JBI, 2020a.
LOCKWOOD, Craig et al. Systematic reviews of qualitative evidence. JBI manual for evidence synthesis, v. 46658, 2020b.
MARZIALE, M. H. Instrumento para recolección de datos revisión integrativa. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015.
MENDES, Karina Dal Sasso; SILVEIRA, Renata Cristina de Campos Pereira; GALVÃO, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & contexto-enfermagem, v. 17, p. 758-764, 2008.
Mills, w., et al Does Hydrotherapy Impact Behaviours Related to Mental Health and Well-Being for Children with Autism Spectrum Disorder? A Randomised Crossover-Controlled Pilot Trial. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 17, n. 2, p. 558, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijerph17020558. Acesso em: 15 set. 2024.
RIBEIRO, Antonio Selio Oliveira. A importância da intervenção do fisioterapeuta no tratamento de crianças com transtorno do espectro autista-tea. Revista Cathedral, v. 5, n. 3, p. 32-46, 2023.
RODRIGUES, Lucimeire Martins et al. A intervenção neuromotora no tratamento fisioterapêutico no desenvolvimento motor de crianças com transtorno do espectro autista. Biosciences and Health, v. 2, p. 1-10, 2024.
TEIXEIRA, Gabriela Sena Pereira; DOS SANTOS, Letícia Aída Forte; DOS SANTOS, Amanda Cabral. A intervenção fisioterapêutica em crianças com transtorno do espectro autista: uma revisão de literatura. Revista Coleta Científica, v. 7, n. 14, p. e14146-e14146, 2023.
Telang, priyanka., et al effect of manual therapy (met) versus conventional therapy for improving tendo-achilles flexibility and foot posture in children with autism spectrum disorder. journal of datta meghe institute of medical sciences university, v. 16, n. 3, p. 505-507, jul./set. 2021. Doi: 10.4103/jdmimsu.jdmimsu_180_19.
1Acadêmico do curso de Bacharelado em Fisioterapia do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: elaizacosta741@gmail.com
2Docente do curso de Bacharelado em Fisioterapia do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: naynaralima@hotmail.com