FATORES PREDISPONENTES DE ESTRESSE EM ENFERMEIROS QUE ATUAM NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

PREDISPOSING FACTORS STRESS IN NURSES ACTING IN INTENSIVE CARE UNIT.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202410272350


Celma Barbosa da Silva,
Gabriela de Assis Oliveira,
Letícia Lima Abdias,
Orientador(a): Profª. Lorena Campos Santos


RESUMO

O presente trabalho objetivou identificar os fatores estressores na vida laboral do profissional Enfermeiro, com atuação em Unidade de Terapia Intensiva. Método: Trata-se de um estudo descritivo, realizado pelo método de revisão integrativa da literatura, onde os artigos selecionados contemplam os anos entre 2006 e 2023. Resultados: Os resultados nos apontam que tal profissional está submetido à dificuldades laborais significativas, incluindo a dupla jornada, morte dos pacientes, gerenciamento da unidade, dentre outros que, certamente, são determinantes à presença de estresse no contexto de trabalho dos Enfermeiros. Conclusão: instituições reavaliem as políticas direcionadas ao trabalhador de Enfermagem, bem como o espaço físico de seu trabalho, e as condições a que estão submetidos, tendo como foco uma maior valorização do profissional, possibilitando desta forma, uma qualidade de vida no trabalho satisfatória, e por conseqüência, uma produtividade da assistência com qualidade.

Descritores: Esgotamento Profissional, Estresse Psicológico, Unidade de Terapia Intensiva, Condições de Trabalho.   

ABSTRACT

This study aimed to identify the labor stressors in nursing work nurse, at  in the Intensive Care Unit. Method: This is a descriptive study by literature integrative review method, where the selected articles include a the years between 2006 and 2023. Results: The results show significant labor difficulties  in the professional work unit to significant labor difficulties, including double journey, death of patients, drive management, among others that are certainly present of stress in the nurses work context. Conclusion: institutions reassess the policies directed to the nursing worker and the physical space of their work, and the conditions to which they are subject, focusing a greater appreciation of the professional, thus allowing a quality of life in satisfactory work, and as a result, productivity of service quality. 

Keywords: Burnout, Professional, Psychological Stress, Intensive Care Unit, Working Conditio.

1 INTRODUÇÃO

A atividade laboral tem sofrido várias transformações ao longo dos tempos, determinadas pela globalização, modernização tecnológicas, novas formas de gerenciamento.  Essas influências configuram um fator expressivo na mudança da natureza e significado do trabalho propriamente dito, acarretando em doenças com prevalência relevante (CAMPOS, 2011; CARLOTTO, 2008). 

Dentre as doenças relacionadas ao trabalho há destaque para os transtornos mentais principalmente a Síndrome de Burnout e o Estresse, sonde ambos podem levar à diminuição da capacidade de trabalho, ocasionado por inadequação em tolerar, superar ou se adaptar às exigências de natureza psíquica (CARLOTTO, 2008; GUERRER, 2010). A falha ao enfrentamento ao estresse surge à medida que se rompe o equilíbrio, tornando o sofrimento não mais contornável. Diante desse contexto, tem-se a síndrome de Burnout, a qual é caracterizada por uma condição onde se tem uma resposta patológica ao estresse laboral crônico (CAMPOS, 2011; GUIDO, 2012).

O Estresse laboral pode ser estudado em diferentes aspectos, como o biológico que estuda as reações endócrinas relacionadas ao estresse e o  interacionista,  que estuda os sintomas físicos e comportamentais decorrentes desta reação (GUERRER, 2008).  

A sobrecarga de trabalho é considerada como motivo principal de algumas situações, tais como acidentes com perfuro cortantes, fluidos e secreções corporais. Além disso, contusões, hipertensão arterial, alergias, epigastralgias, problemas musculoesqueléticos, adoecimento/sofrimento mental, entre outros, também são conseqüências do excesso de trabalho.  Aponta-se ainda, que essas são algumas das causas do afastamento do trabalho por parte dos profissionais de enfermagem. 

No que tange a enfermagem, o Enfermeiro possui um ofício que o submete a situações geradoras de desgaste.  Neste contexto, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e as Unidades de Urgência e Emergência, tem sido alvo de estudos em relação as suas características peculiares de trabalho. Estas unidades destinam-se ao emprego de cuidados específicos e incisivos a pacientes em estado agudo ou crítico, sujeitos a instabilidade das funções vitais e à morte (CAVALHEIRO, 2008; GUERRER, 2010; PANIZZON, 2008; RAMOS 2009).  

De forma geral, trabalhadores de Enfermagem são expostos a condições laborais, emocionais e fisicamente desgastantes, as quais os levam a acelerar seus ritmos laborais e a vivenciar com mais facilidade sentimentos de sofrimento.  Assim, a identificação de fatores propensores ao estresse aos Enfermeiros da Unidade de Terapia Intensiva são fundamentais, visto que tal conhecimento respalda gestores à adequação dos serviços, a fim de proporcionar na qualidade de vida no trabalho (RAMOS, 2009). 

Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo descrever os elementos desencadeadores do estresse laboral, através de uma revisão integrativa dos últimos 10 anos, de modo a possibilitar estratégias de mudança para os gestores. 

2. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão da literatura do tipo integrativa, com abordagem descritiva. Para que pudéssemos elaborar o presente estudo, definimos seis etapas a serem seguidas, a saber: identificação do problema elaboração e seleção da questão norteadora; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; avaliação crítica dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009). 

Este estudo foi guiado pela seguinte pergunta norteadora: Quais são os elementos desencadeadores de adoecimento no trabalho da equipe de enfermagem atuantes no cuidado nas Unidades de Terapia Intensiva? 

Para levantamento bibliográfico, utilizou – se as seguintes bases de dados: Lilacs (Centro Latino-Americano de Informação em Saúde), Bdenf (Base de Dados de Enfermagem), e Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online). Para que pudéssemos estabelecer o objeto de estudo do presente trabalho, estabeleceu – se os seguintes critérios de inclusão: artigos científicos publicados na íntegra entre os anos de 2006 a 2016, da língua portuguesa que tivessem relevância com a temática proposta. Quanto ao critério de exclusão: monografias, teses, dissertações  e resenhas nas bases de dados, bem como artigos nos quais os sujeitos eram: pacientes, outros profissionais e familiares. 

A busca deu-se através dos descritores contidos no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), a saber: “Estresse”, “Unidade de Terapia Intensiva”, “Esgotamento Profissional”, “Enfermagem”, “Estresse psicológico”, “Estresse Laboral”. Utilizou-se o operador booleano AND para realizar as combinações, apresentadas na tabela 1.  

As seis combinações realizadas nas três bases de dados totalizaram 526 trabalhos encontrados, dos quais foram submetidos aos critérios de inclusão e exclusão. 

Tabela 1. Sistematização de busca eletrônica nas bases de dados Medline, Lilacs e Bdenf. 

Dados da presente pesquisa, 2016. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

No presente trabalho, foram incluídos 14 artigos que atenderam amiúde à seleção previamente estabelecida (critério de inclusão). 

O processo de seleção está descrito a seguir (Figura 1). 

Na tabela 2, encontram-se a quantidade de artigos que foram levantados nas bases de dados consideradas.  

Tabela 2.  Sistematização da busca eletrônica nas bases de dados citadas. 

Dados da presente pesquisa, 2016. 

No Quadro 3, estão listados artigos sintetizados em ordem de ano (data). 

N°/Ano de pub.Autores ObjetivoBase de dadosRevistaQualis/ CapesFatores estressores
1/2006FERRAREZE, FERREIRA & CARVALHO.Investigar a ocorrência de estresse entre enfermeiros que atuam em UTILilacsActa Paul EnfermA2Carga horária excessiva  Ruídos 
Insatisfação com o trabalho 
Falta de recursos materiais
2/2008GUERRER & BIANCHI.Caracterizar os Enfermeiros de UTI e verificar a presença de estresse entre elesMedlineRev Esc Enfermagem USPA2Carga horária excessiva  Dupla Jornada  Ambiente de trabalho Recém formado  
3/2008PETRO & PEDRÃO.Caracterização dos Enfermeiros de UTI e  associação do nível de estresse relatado com idade, cargo ocupado, tempo de formado e freqüência a cursos de pós – graduação. MedlineRev Esc Enfermagem USPA2Administração de pessoas
Condições de trabalho Relacionamento interpessoal
Assistência empregada ao paciente crítico 
Lidar com os familiares
5/2008CAVALHEIRO, JUNIOR & LOPES.Identificar a presença de estresse em enfermeiros que trabalham em unidades de terapia intensiva, identificar os agentes estressores e sintomas associadosLilacsRev Latinoam EnfermagemA1Condições de trabalho Insatisfação com o trabalho  Falta          de recursos materiais Controle de equipamentos 
4/2009MARTINS & ROBAZZI.Caracterizar os enfermeiros que desenvolvem suas atividades em UTI, e verificar a presença de estresse entre eles. LilacsRev Latinoam EnfermagemA1Profissionais jovens  Recém formados 
Carga horária excessiva  Dupla jornada
6/2011CAMPOS & DAVID.Analisar, mensurar e avaliar o estresse e os riscos de adoecimento relacionados ao trabalho do enfermeiro de UTILilacsRev Esc Enfermagem USPA2Condições de trabalho Assistência empregada Relacionamento interpessoal 
7/2011SCHMOELLE, TRINDADE, NEIS, GELBCKE & PIRES.Conhecer a produção teórica acerca das condições e cargas de trabalho dos profissionais de enfermagem, e determinar condições de estresse. MedlineRev Gaúcha EnfermB1Condições de trabalho Admissão de paciente Falta de recursos materiais Gerenciamento da unidade
8/2012RODRIGUES.O objetivo com este estudo foi investigar, por meio de revisão de literatura, os fatores que geram estresse ao Enfermeiro de UTI.BdenfRev. Min. EnfermB2Insatisfação     com        o trabalho Relacionamento interpessoal  Lidar com a morte do paciente  Controle            de equipamentos 
9/2012VERSA, MURASSAKI, INOUE, MELO, FALLER & MATSUDA.Como objetivo, avaliar o nível de estresse de enfermeiros intensivistas do período noturno.MedlineRev Gaúcha EnfermB1Condições de trabalho  Insatisfação com o trabalho 
Falta de recursos materiais Lidar com a morte do paciente
10/2013MONTEIRO, OLIVEIRA, RIBEIRO, GRISA & AGOSTINI.Compreender aspectos da organização do trabalho do Enfermeiro de UTI, bem como o desencadeio de estresse e que podem estar associados ao adoecimento psíquico.MedlinePsicologia  ciência  e  profissãoB1Carga horária excessiva  Ruídos 
Insatisfação com o trabalho 
Relacionamento interpessoal
Turno noturno
11/2013SCHMIDT, PALADINI, BIATO, PAIS & OLIVEIRA.Avaliar a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e a presença de estresse e da Síndrome de Burnout entre enfermeiros de Unidade de Terapia Intensiva.MedlineRevista Brasileira de EnfermA2Ruídos 
Controle de equipamentos Luz natural do ambiente Relacionamento interpessoal
Dupla jornada
12/2013MONTE, LIMA, NEVES, STUDART & DANTAS.Avaliar o estresse no ambiente de trabalho dos profissionais enfermeiros dentro das Unidades de Terapia Intensiva e identificar os agentes estressores associados            ao desencadeamento do estresse segundo a Escala Bianchi de EstresseLilacsActa Paul EnfermA2Relacionamento Interpessoal
Admitir de paciente  Carga horária excessiva  Condições de trabalho  Ruídos
13/2013INOUE, VERSA, MURASSAKI, MELO & MATSUDA.Identificar o nível de estresse em enfermeiros intensivistas que prestam cuidados diretos a pacientes críticosLilacsRevista Brasileira de EnfermA2Lidar com a morte do paciente  Lidar com os familiares  Relacionamento interpessoal
14/2013PANUNTO & GUIRARDELLOAvaliar as características do ambiente da prática profissional dos enfermeiros de UTI, bem como a e sua relação com estresse e  Burnout,MedlineRev. LatinoAm. EnfermagemA1Lidar com a morte do paciente
Turno noturno
Lidar com os familiares 
Controle de equipamentos 
Carga horária excessiva

*Alguns termos foram unificados, a fim de melhor compreensão. Exemplo: Assistência = Trabalho da Enfermagem com o paciente.

Durante o período estudado, observa – se um crescimento de publicações sobre a temática, sendo que, o maior quantitativo deu – se no ano de 2013 (36%). 

Em 77% dos estudos, utilizou-se de um instrumento auto aplicável, que avaliam os estressores presente nas Unidades de Terapia Intensiva. Este possui 51 itens avaliados que são dosados pelo sujeito, numa escala de 0-7, onde 0 não se aplica, 1 pouco desgastante, e 7, muito desgastante, os quais possibilitam conhecer as áreas de maior intensidade do estressor, associando-os a seu nível de estresse. Trata-se de um questionário auto aplicável.  Abrangem a área de atuação do Enfermeiro como um todo, sendo agrupados em seis domínios: (A) relacionamento com outras unidades e supervisores e funcionamento adequado da unidade (B); administração de pessoal (C); assistência de enfermagem prestada ao paciente (D); coordenação das atividades (E); e condições de trabalho (F) (BIANCHI, 2009). 

Para melhor análise dos resultados, optou-se a divisão em dois subtipos, de agentes estressores, sendo: estressores quanto à estrutura física, e estressores característicos do trabalho e recursos humanos, bem como ao processo de trabalho.

Tabela 3. Estressores encontrados quanto à estrutura física.

Dados da presente pesquisa-2016

Diante dos trabalhos analisados, percebeu-se que os agentes estressores que se referem à estrutura física do contexto laboral do Enfermeiro intensivista foram menos mencionados quando comparamos com os fatores que envolvem relacionamento com a equipe, com os familiares, presença de morte, etc. 

Estudos afirmam que os fatores ambientais da Unidade de Terapia Intensiva contribuem para a evolução dos sintomas do estresse, e influenciam negativamente o trabalho desses profissionais. Tais fatores ambientais englobam os ruídos dos monitores, respiradores e bombas de infusão que são imprescindíveis para chamar a atenção dos profissionais mediante a alguma situação de piora do paciente. Contudo, o excesso de sonoridade gera dificuldade de entendimento entre a equipe, por terem que elevar o tom de voz, muitas vezes, para manter a comunicação entre a equipe. RODRIGUES (2011); CAMPOS & DAVID (2011).  

Campos & David (2011) acrescenta que os ruídos presentes na UTI acentuamse pelo fato da unidade ser fechada, bem como o número volumoso de profissionais e as necessidades contínuas de discussões de casos, o que leva ao aumento dos ruídos. Além disso, a luz artificial também é citada, bem como a necessidade de controlar os equipamentos imprescindíveis para a manutenção dos cuidados intensivos aos pacientes. 

Quando analisamos os fatores estressores da Unidade de Terapia Intensiva sendo, observou-se 50% do estudos analisadas, trouxeram o relacionamento com a equipe como um fator estressor significativo. Além disso, têm-se como a carga horária excessiva (42,8%) a insatisfação dos profissionais Enfermeiros quanto ao seu trabalho, foi citada por 35,7% dos estudos analisados. O relacionamento interpessoal foi pautado por 50% (7) dos artigos avaliados. Além disso, levantou-se também como fator estressor que não se refere à estrutura física, o fato de lidar com a morte dos pacientes (28,5%), trabalhar em turno noturno (14,2%), dupla jornada (21,4%).

Tabela 4. Estressores encontrados sobre características do trabalho e recursos humanos. 

Schmoelle et al. (2011), demonstraram em seu estudo que as condições de trabalho que os profissionais se submetem e que se relacionam à ocorrências de transtornos mentais, como ansiedade, estresse e depressão, são frutos de carga horária excessiva, dupla jornada,  e também relacionamento interpessoal com a equipe, o que desemboca diretamente na insatisfação com o contexto de trabalho.  Para Guerrer & Bianchi (2008), a assistência de enfermagem dentro das Unidade de Terapia Intensiva é conflituosa, de um lado, requer intervenções extremamente rápidas, e de outro, que o próprio espaço mobiliza emoções e sentimentos que se manifestam frequentemente de forma intensa. 

Com relação ao processo sono – vigília dos profissionais que trabalham no turno noturno evidencia-se desgaste emocional, este fator estressor modifica diretamente os ritmos fisiológicos, aumentando ou diminuindo o metabolismo, desencadeando situações ou não de lentidão e diminuição da qualidade da assistência. Inoue et al. (2013) corrobora com o autor acima, e complementa que a atuação nos serviços noturnos leva a distúrbios físico e psíquicos como alterações hormonais e gástricas , bem como privação de sono. 

Trabalhar no turno noturno, admitir pacientes, bem como desenvolver assistência ao paciente crítico, são fatores estressores citados por 14,2% (2) das literaturas analisadas. Supervisionar os serviços prestados, ambiente de trabalho e administração de pessoas, foram os menos abordados pelos estudos analisados, sendo 7,14% (1). Da mesma forma, têm –se o fato dos profissionais serem recém formados e serem jovens (7,14%). Este fato pode ser associado pela dificuldade encontrada pelos recém formados em ingressar no mercado de trabalho. Conforme Versa et al. (2012), demonstrando que o profissional Enfermeiro, que desenvolve atividades em Unidade de Terapia Intensiva vivencia a necessidade de realizar concomitantemente à atividade assistencial de alta complexidade, a atividade de gerenciamento do cuidado, da equipe de enfermagem, bem como dos materiais e equipamentos necessários para a assistência. 

O atendimento aos familiares é um fator estressor, considerando que existe um envolvimento para além do paciente, tendo que lidar com a carga emocional não só do trabalho frente ao paciente grave, mas também dos profissionais frente a incerteza de melhora do seu familiar internado. MONTE et al (2013), ressalta a extrema importância do profissional reconhecer todos esses fatores de riscos dentro do seu contexto laboral, haja visto que não há prestação de cuidados necessários para a recuperação do paciente, se o profissional que o faz não encontra – se saudável (MARTINS & ROBAZZI (2009). 

Monteiro et al (2013) contrapõe o exposto e demonstra que os profissionais possuem mecanismos de enfrentamento, mas que estes não são eficazes, devendo haver a intervenção das unidades no que tange ao auxílio dos mesmos, melhorando condições ambientais, recursos materiais e humanos. A realidade dos profissionais de enfermagem repercute em sua saúde, acarretando em adoecimento físico e mental. Essa realidade se dá pelo fato de que a maioria dos profissionais de saúde trabalha em ambientes insalubres e penosos, que não oferecem condições à saúde do trabalhador propiciando a ele um trabalho precário, tendo outros agravantes que merecem serem destacados, sendo: excesso de trabalho físico e mental, e má remuneração (RAMOS, 2006).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS   

As literaturas a respeito dos fatores estressores no contexto laboral do Enfermeiro ainda são escassas no Brasil, pois a maioria dos artigos encontrados possuíam mais de 5 anos de publicação, impossibilitando um melhor estudo a respeito das situações estressoras vivenciadas pelo Enfermeiro dentro do seu contexto laboral. Contudo, o presente trabalho alcançou os seus objetivos, pois levantou-se os principais fatores estressores encontrados na Unidade de Terapia Intensiva. 

A Enfermagem é uma profissão que possui em sua essência o cuidado integral ao paciente, sendo responsável pelo conforto, e bem- estar do indivíduo e coletivo. Entretanto, percebe-se que, diante da magnitude do trabalho do Enfermeiro, o cuidado é praticado somente com o cliente/paciente, onde deveria também ser direcionada ao profissional que produz saúde. Estes profissionais, por estarem expostos a características específicas de suas funções e atribuições, sendo esses fatores ambientais e/ou pessoais, presentes na essência do trabalho, que colocam em risco sua saúde física, psíquica e emocional, não deixando de lado, o impacto negativo na qualidade de sua assistência em decorrência de sua inadequada qualidade de vida no trabalho.   

No que tange aos estressores que fazem parte do ambiente de trabalho destes profissionais, especificamente os de UTI, vale ressaltar, a sobrecarga de trabalho dos mesmos, a remuneração injusta frente a complexidade e demanda de seus trabalho, a desvalorização por parte da instituição, abrindo espaços, dessa forma, para que a insatisfação do profissional repercuta na qualidade da assistência e na atenção ao paciente.   

A necessidade de adaptação do Enfermeiro, muitas vezes frustrada, coloca o profissional em situações de vulnerabilidade em relação a alterações psíquicas e emocionais. Portanto, com base nos resultados deste estudo, oferece uma base de conhecimento para transformação de ambientes de trabalho e a amplificação de políticas e regulamentações que favorecem o Enfermeiro, com qualidade de vida no trabalho satisfatória, e por conseqüência, uma produtividade da assistência com qualidade. 

Vale ressaltar que o Enfermeiro também deve fazer parte das mudanças necessárias para ele, profissional, e para a instituição hospitalar, reconhecendo os estressores presentes no seu âmbito laboral, e procurando estratégias e mecanismos de enfrentamento individual e coletivo, diminuído as ocorrências de estresse que tanto se fazem presentes no seu ambiente de trabalho.

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