COMPARISON OF PYOGENIC GRANULOMA VERSUS GIANT CELL FIBROMA WITH SUBSEQUENT HISTOPATHOLOGICAL ANALYSIS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410251742
Mayssa Regina Alves Soares1; Rainara Caroline Queiroz Silva1; Marcela Lourenço de Brito1; Tainá do Nascimento Gonçalves2; Keila de Oliveira Inácio2
Resumo
O granuloma piogênico pode ser caracterizado como uma lesão proliferativa não neoplásica, sendo a gengiva a região mais acometida. Sua principal etiologia são irritações locais. Se presenta como lesão assintomática e pediculada, medindo menos que 1cm de diâmetro. O Fibroma de Células Gigantes é uma lesão benigna fibrosa e seu fator etiológico é desconhecido, porém, uma das hipóteses mais aceitas para sua origem é a resposta reacional a algum tipo de trauma ou inflamação crônica. Se apresenta como uma lesão hiperplásica fibrosa, nodular, séssil ou pediculada, medindo menos 1cm de diâmetro podendo ter superfície papilar. O tratamento para ambas as lesões consiste na remoção total e encaminhamento para análise histopatológica para diagnóstico conclusivo. O presente trabalho visa relatar o caso clinico de uma paciente de 07 anos de idade, comparando características clínicas e histopatológicas e posteriormente obtenção de diagnóstico diferencial por meio de análise histológica.
Palavras-chave: Fibroma de Células Gigantes. Granuloma Piogênico. Lesões Orais. Biópsia.
INTRODUÇÃO
O granuloma piogênico (GP) e o fibroma de células gigantes (FCG) são lesões proliferativas não neoplásicas benignas, que podem ser encontradas na cavidade oral. Seus principais fatores etiológicos se constituem em irritações locais, podendo ser causadas por restaurações com margens insatisfatórias, próteses má adaptadas, traumas, acúmulo de cálculo, entre outros. Apresentam-se como lesões assintomáticas e pediculadas, medindo menos que 1cm de diâmetro, sendo a gengiva superior e inferior a região mais acometida (OLIVEIRA, et al., 2012; TOLENTINO, et al., 2017).
Além dos fatores irritativos locais ou trauma, o granuloma piogênico também pode se desenvolver por outra causa, a interferência de fatores hormonais, sendo comum em mulheres jovens e também em gestantes, conhecido como granuloma gravídico. Contudo, pode atingir pele, lábios, língua, mucosa jugal e palato (COSTA, et al., 2012; MORAES, et al., 2013).
Um estudo realizado por Avelar et al. (2008, p. 131-135) demonstrou uma análise detalhada a respeito da distribuição do granuloma piogênico. A área da gengiva mais afetada foi a região anterior de mandíbula com 23,6% dos casos, seguida de perto pela região anterior de maxila com 20,9%, mostrando desta forma que a região anterior (44,5%) foi mais afetada que a região posterior (33,4%), mostrando-se estatisticamente significante.
O GP é uma pequena massa esférica pediculada, achatada e séssil, tendo seu início geralmente a partir de uma papila interdental, embora seja considerado uma lesão solitária na maioria dos casos (BRUST & DOMINGUES, 2013). Clinicamente varia de acordo com o tempo de evolução, com uma coloração do vermelho à rosa (CASTRO et al., 2012).
De acordo com Avelar et al. (2008, p. 131-135), se apresenta histologicamente como uma lesão revestida por epitélio pavimentoso estratificado queratinizado com aspecto atrófico em algumas áreas. Na região central, encontra-se tecido de granulação por proliferação endotelial num estroma de tecido conjuntivo frouxo e infiltrado inflamatório, formado por linfócitos, plasmócitos e neutrófilos, principalmente nas áreas ulceradas.
Em contrapartida, o fibroma de células gigantes representa de 2% a 5% de todas as proliferações fibrosas da cavidade bucal, submetidas à biópsia (NEVILLE et al.,2004).
É encontrado em pacientes jovens, sendo frequentemente observado nas três primeiras décadas de vida, com predileção pelo sexo feminino. A gengiva inferior, mucosa jugal, lábio e palato são os locais mais acometidos por esta patologia. Clinicamente, é caracterizado como uma lesão única, com crescimento lento, assintomática, pediculada ou séssil, de superfície papilar ou lisa, geralmente se apresentando em pequenas proporções (NEVES, et al., 2018).
O FCG é uma pequena massa de tecido conjuntivo fibroso composta por numerosos fibroblastos. A superfície é coberta por tecido epitelial e é frequentemente corrugada e atrófica. Microscopicamente, é composto por tecido conjuntivo fibroso geralmente arranjado frouxamente, sem a presença de inflamação e revestido por epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico. Tendo como sua principal característica histopatológica a presença de células gigantes mono, bi ou multinucleadas, fusiformes ou estreladas e localizadas predominantemente na lâmina própria papilar (TOLENTINO, et al., 2017).
O fibroma de células gigantes possui aspectos inespecíficos, tornando seu diagnóstico inicial inconclusivo. Sendo assim, o exame histopatológico é fundamental, visto que suas características clinicas podem ser confundidas com o granuloma piogênico e ainda com demais lesões fibrosas como o papiloma, fibroma, e a hiperplasia fibrosa (NEVES, et al., 2018).
É importante destacar a realização do tratamento correto para o granuloma piogênico e para o fibroma de células gigantes, que consiste basicamente na incisão cirúrgica conservadora através da biopsia excisional. Esta técnica é utilizada quando se há neoplasias benignas com menos de 5 cm em todo seu diâmetro com a remoção total da lesão. Portanto, o diagnóstico definitivo é realizado pelo exame histopatológico, visto que, podem ser facilmente confundidos clinicamente devido suas características predominantes evidentes (CARVALHO & SIQUEIRA, 2024).
Dessa forma, o presente estudo teve como principal objetivo apresentar um relato de caso clínico comparando os achados clínicos previamente semelhantes com diagnóstico diferencial conclusivo através de análise histopatológica, afim de promover conhecimento sobre lesões proliferativas não neoplásicas, bastante comuns da cavidade bucal. Apesar de serem lesões de características benignas, podem ocasionar desconfortos, sangramentos e interferir nas atividades diárias e qualidade de vida do paciente.
O presente trabalho busca preencher lacunas no conhecimento atual sobre o Granuloma Piogênico e Fibroma de Células Gigantes, proporcionando análises detalhadas e evidências histológicas, baseada no caso clínico apresentado e comprovação de análise histopatológica.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O GP é uma lesão proliferativa, na maioria das vezes, de origem traumática não neoplásica. É considerado crescimento comum na cavidade bucal semelhante a um tumor. Sendo composto por tecido de granulação, vasos neoformados, células de defesa e fibroblastos (DOS SANTOS; SALLES; DOMINGUES, 2018, p.1-2). Sendo comum em crianças, adolescentes e adultos jovens, com predileção em pacientes do sexo feminino (SAMPIERI, et al., 2018).
Esta lesão não possui um agente etiológico específico, podendo estar associado com fator traumático de baixa intensidade agindo de modo prolongado e intermitente, frio ou calor intenso, próteses, deposição de cálculo, corpos estranhos, falta de higienização, entre outros (DOS SANTOS; SALLES; DOMINGUES, 2018, p.1-2).
Em gestantes, essa patologia é comumente denominada como granuloma gravídico ou tumor gravídico, podendo ter início ou ser exacerbada durante a gravidez, sendo normalmente apenas monitorados, pois regridem após o parto, mas, às vezes, eles interferem no desenvolvimento da função mastigatória e estética, necessitando de intervenção (KRUGER, et al., 2013. p. 293-295).
É uma lesão solitária na maioria das vezes. Sua consistência pode ser mole ou firme e a coloração, vermelho-brilhante ou púrpura. Pode atingir até 2,5 cm e geralmente alcança seu tamanho completo em semanas ou meses, permanecendo indefinidamente após esse período (BRUST & DOMINGUES, 2013).
Histologicamente, o GP é uma lesão revestida por epitélio pavimentoso estratificado queratinizado com aspecto atrófico em algumas áreas. Na região central, encontra-se tecido de granulação por proliferação endotelial num estroma de tecido conjuntivo frouxo e infiltrado inflamatório, formado por linfócitos, plasmócitos e neutrófilos, principalmente nas áreas ulceradas (SAMPIERI et al., 2018).
Em contrapartida o FCG foi descrito pela primeira vez por Weathers e Calliham em 1974, como uma entidade de lesões fibrosas benignas e hiperplásicas da mucosa oral. Representa aproximadamente 2% a 5% de todas as proliferações fibrosas encontradas na cavidade oral que são submetidas à biópsia e seu diagnosticado final só é dado através de exame histopatológico. Esta lesão geralmente acomete pacientes jovens e em cerca de 60% dos casos a lesão é diagnosticada nas 3 primeiras décadas de vida, com predileção pelo sexo feminino (ALVES & CARVALHO, 2019).
Se apresenta como uma lesão hiperplásica fibrosa, nodular, séssil ou pediculada, medindo menos 1cm de diâmetro podendo ter superfície papilar (ANDRADE, 2019).
A etiologia desta lesão também é incerta, ou seja, não possui um agente etiológico específico, porém uma das hipóteses mais aceitas para sua origem é a resposta reacional a algum tipo de trauma ou inflamação crônica recorrente, caracterizada por alterações funcionais das células fibroblásticas (ROSA et al., 2023).
Histologicamente, é caracterizada por um epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico, queratinizado. Sendo composto por tecido conjuntivo que pode variar de acordo com o estágio de desenvolvimento da lesão, apresentando-se como um tecido de granulação ou conjuntivo denso nas lesões mais crônicas (TOLENTINO, et al., 2017).
Possui ainda a presença de células gigantes mono, bi ou multinucleadas, fusiformes ou estreladas e localizadas predominantemente na lâmina própria papilar, a sua principal característica histopatológica. Frequentemente a superfície da lesão é irregular e o epitélio de revestimento é fino e atrófico, embora as cristas epiteliais possam se apresentar finas e alongadas (ALVES & CARVALHO, 2019).
Clinicamente, possui semelhança com outras hiperplasias bastante comuns da cavidade oral além do granuloma piogênico, sendo elas o papiloma, fibroma e hiperplasia fibrosa (NEVES, et al., 2018). Vale ressaltar que o fibroma de células gigantes possui características histológicas próprias, e prevalência de ocorrências em determinados grupos etários, o que difere das demais lesões. Contudo, para determinação do diagnóstico conclusivo, se faz necessária a realização do exame histopatológico (ROSA et al., 2023).
A remoção cirúrgica é o tratamento mais indicado para ambas as lesões. Sendo que a análise histopatológica é indispensável para a conclusão do diagnóstico (ANDRADE, 2019). Evidenciando assim de forma correta o tipo de lesão presente na cavidade oral. As caraterísticas clinicas e exame histopatológico, assegura um diagnóstico preciso conduzindo o profissional de saúde ao tratamento adequado para o paciente.
METODOLOGIA
Diante disso, foi utilizado a pesquisa aplicada com o intuito de promover conhecimentos para realizações práticas com objetivo de solucionar casos específicos, através do conhecimento científico em sites acadêmicos de pesquisas. Tornando assim, possível realizar o desenvolvimento de um relato de caso clínico, sendo ele composto pelos sintomas, sinais, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de uma paciente com lesão na cavidade oral.
3.1 TIPO DE ESTUDO
Relato de caso com base em pesquisa científica.
3.2 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA
O caso clínico foi desenvolvido na cidade de Luís Eduardo Magalhães-BA, no âmbito da Clínica Integrada da Sulamérica Faculdade.
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
O presente trabalho foi dedicado ao atendimento odontológico da paciente com inicial suspeita diagnóstica de Granuloma Piogênico (GP), tendo como objetivo a melhoria do meio bucal, com tratamento e acompanhamento, consequentemente, melhorando a qualidade de vida da mesma.
Paciente S. S., sete anos de idade, parda, gênero feminino, 24kg, 1.14cm de altura, compareceu à Clínica Odontológica da Sulamérica Faculdade, acompanhada pela responsável. Apresentando lesão na cavidade bucal, parte anterior da mandíbula, porém, sem queixa de dor ou sangramento.
3.4 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi proposto o seguinte plano de tratamento: realização de anamnese minuciosa e detalhada da paciente, adequação do meio bucal com profilaxia e aplicação de flúor, após, realização da biópsia excisional para estudo histopatológico para obtenção de um diagnóstico conclusivo.
Dessa forma, para a coleta da biópsia, foi utilizado como anestésico local a lidocaína 2% com vasoconstritor, cabo de bisturi nº 3, lâmina de bisturi nº 15 para remoção da lesão e gazes estéril.
3.7 RISCOS E BENEFÍCIOS
Sabe-se que a paciente não possui queixa de dor ou qualquer sintomatologia local. Portanto, o diagnóstico após análise histopatológica é de extrema relevância nesse caso.
O tratamento odontológico para pacientes com presença de lesões bucais é fundamental para garantir a saúde e qualidade de vida desses indivíduos.
3.9 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
O tratamento clínico foi desenvolvido de acordo com a necessidade da paciente, ou seja, o tratamento da lesão. Posteriormente, procedimentos clínicos como restaurações e exodontias de dentes decíduos. Procedimentos correspondentes à dentística, e cirurgia, serão realizados de acordo com que a literatura oferece de conduta. Para realização de um tratamento com diagnóstico assertivo, foi realizado biópsia para análise histopatológica.
3.10 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS
Para o processamento e análise dos dados do GP e FCG, é necessário seguir alguns passos para garantir a qualidade dos resultados. Aqui estão alguns procedimentos que podem ajudar nesse processo:
1. Realizar anamnese de forma detalhada do paciente, afim de coletar todos os dados necessários para um diagnóstico conclusivo e posteriormente um tratamento adequado.
2. Na presença de lesões orais é fundamental a realização da biópsia, podendo ser feita por um Cirurgião-Dentista clínico geral ou estomatologista, que deve encaminhar o material para análise histopatológica para a confirmação do diagnóstico.
3.11 ASPECTOS ÉTICOS
O presente estudo, sendo ele um caso clinico, se respaldou na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos direta ou indiretamente assegurando a garantia de que a privacidade do sujeito da pesquisa será preservada como todos os direitos sobre os princípios éticos como: Beneficência, Respeito e Justiça (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
RELATO DE CASO CLINICO
Paciente do gênero feminino, S.S.S, 07 anos de idade, acompanhada pela responsável, compareceu a Clínica Integrada da Faculdade Sulamérica, com queixa de aparecimento de uma pequena massa esférica na região do elemento 32, sem presença de sintomas de dor ou interferência na mastigação ou fala. A mãe da paciente relatou que a pequena massa apareceu meses após a extração de um dente decíduo na mesma região. Durante exame clínico intra-bucal, observou-se uma lesão com característica achatada e presença de tecido de granulação, consistência firme, com coloração semelhante a mucosa circunjacente, não-ulcerada, assintomática e solitária, medindo aproximadamente 1cm de diâmetro (figura 01).
Figura 01: Imagem da lesão – estado inicial.
O plano de tratamento incluiu, inicialmente, realização de profilaxia e instruções de higiene bucal e após, a excisão total da lesão e encaminhamento para exame histopatológico no Laboratório de Patologia Bucal da Universidade Federal de Uberlândia na cidade de Uberlândia-MG.
Realizou-se a anestesia terminal infiltrativa na área com anestésico lidocaína a 2% com vasoconstritor. A incisão da lesão foi realizada cuidadosamente com lâmina de bisturi número 15. Após a exérese total da lesão, a peça foi inserida em um recipiente estéril com solução de formol 37% e enviado para análise histopatológica (figura 2).
Figura 02: Peça cirúrgica após a exérese.
Não houve necessidade de sutura no local da incisão e também não houve sangramento excessivo após a remoção. A lesão não recidivou em 03 meses de acompanhamento da paciente (figura 3).
Figura 03: Imagem da lesão – estado final após a remoção.
Trinta dias após o procedimento cirúrgico foi recebido o resultado do laudo histopatológico da lesão, no qual foi diagnosticado de forma definitiva o fibroma de células gigantes (FCG), apesar do diagnóstico inicial ser compatível com granuloma piogênico (GP) (figura 4).
Figura 04: Recorte de laudo demonstrando o resultado histopatológico.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O granuloma piogênico é uma lesão reacional vascular benigna que acomete pele, mucosa ou gengiva. Etiologicamente está relacionado a uma resposta crônica dos tecidos a traumas, reações repetitivas e irritantes locais. A gengiva é a localização mais encontrada, seguido do rebordo alveolar, palato, língua, lábio e mucosa jugal. O tratamento mais comum consiste na remoção cirúrgica da lesão por excisão. Para diagnóstico clinico, a biópsia deve ser indicada, pois, sem a confirmação histopatológica pode ocorrer erros de interpretação dadas as semelhanças das características clínicas com outras lesões benignas da cavidade oral (MORAES, et al., 2013). No caso clínico apresentado, a localização da lesão na gengiva e características visuais estão em concordância com a maioria dos autores pesquisados. Portanto, o granuloma piogênico foi utilizado neste caso, inicialmente, como hipótese diagnóstica. A tabela 1 descreve características clínicas e histopatológicas desta lesão, relatadas pela literatura.
Tabela 1 – Comparação das características clinicas e histológicas do Granuloma Piogênico.
Características Clínicas | Características Histológicas | Autor |
Lesão proliferativa não neoplásica, apresentada como uma massa plana lobulada, assintomática, geralmente pedunculada e também como uma lesão séssil, tendo sua superfície ulcerada e com coloração variando do rosa ao roxo. | Epitélio atrófico ou hiperplásico, em que se podem observar ulcerações locais. O estroma subjacente localizado no tecido conjuntivo exibe numerosos espaços vasculares revestidos com endotélio, com proliferação de fibroblastos e células endoteliais emergentes. | DINIZ et al., 2021. |
Lesão oral bem conhecida, caracterizada pelo aumento volumétrico nodular do tecido conjuntivo. Pode variar de uma discreta massa esférica, geralmente pediculada, assemelhando-se a um tumor – porém, de natureza não-neoplásica. | Recoberto por epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, sendo atrófico em algumas áreas e hiperplásico em outras. Em regiões ulceradas e recentes, a lesão é coberta por exsudato fibrinoso. Na região central, encontra-se tecido de granulação por proliferação endotelial em estroma de tecido conjuntivo frouxo e infiltrado inflamatório, formado por linfócitos, plasmócitos e neutrófilos. | BRUST & DOMINGUES, 2013. |
Apresenta-se como uma lesão exofítica, de caráter nodular séssil ou pediculado, com bordas ligeiramente elevadas e de coloração semelhante à mucosa ou eritematosa. | Possui presença de epitélio de revestimento do tipo pavimentoso estratificado hiperparaceratinizado, evidenciando acantose e perda de descontinuidade epitelial, compatível com ulceração e recoberta por membrana fibrinopurulenta. | SAMPIERI et al., 2018. |
Semelhante a um tumor, de natureza não neoplásica, considera-se que represente uma resposta tecidual exuberante a uma irritação local ou trauma. Descrito como nódulos com base pediculada, de consistência macia e superfície avermelhada. Variando de 1 a 6cm de tamanho. | Evidenciado por epitélio pavimentoso Estratificado, paraceratinizado, atrófico e hiperplásico. | KRUGER, et al., 2013. |
O fibroma de células gigantes é considerado um tumor benigno não neoplásico da mucosa oral. Não possui fator etiológico específico, porém, a hipótese mais aceita para sua origem é a que ocorre em resposta a algum trauma ou inflamação. Clinicamente, é semelhante a outras hiperplasias encontradas na cavidade bucal, contudo, possui características histológicas específicas que o diferencia de outras lesões. Sendo evidenciado somente após análise histopatológica (ROSA et al., 2023). A tabela 2 descreve características clínicas e histopatológicas desta lesão, relatadas pela literatura.
Tabela 2 – Comparação das características clínicas e histológicas do Fibroma de Células Gigantes.
Características Clinicas | Características Histológicas | Autor |
Lesão única, assintomática, com crescimento lento, pediculada ou séssil, de superfície papilar ou lisa, apresentada em pequenas proporções. | Presença de grandes fibroblastos estrelados e multinucleados localizados na lâmina própria, próximos ao epitélio. | NEVES, et al., 2018. |
Lesões assintomáticas, papilíferas ou lobuladas, pedunculadas, medindo menos que 1cm de diâmetro, que acomete geralmente gengiva inferior e borda lateral da língua. | Apresenta tecido conjuntivo fibroso, com ausência de inflamação e revestido por epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico, tendo a presença de células gigantes mono, bi ou multinucleadas. | TOLENTINO, et al., 2017. |
Afecção assintomática que se apresenta como um nódulo séssil ou pediculado, medindo aproximadamente 1 cm, comumente visto na gengiva mandibular, língua, mucosa bucal, palato, lábio e assoalho de boca. | A superfície da lesão é irregular e o epitélio de revestimento é fino e atrófico, embora as cristas epiteliais possam se apresentar finas e alongadas. | ALVES & CARVALHO, 2019. |
Lesão de característica benigna, assintomática, não neoplásica, representando um crescimento lento em tecido de mucosa bucal. | Recoberta por epitélio escamoso estratificado hiperplásico, com presença de células gigantes mono, bi ou multinucleadas, fusiformes ou estreladas e localizadas predominantemente na própria lâmina papilar. | CARVALHO & SIQUEIRA, 2024. |
O tratamento proposto para o caso apresentado foi a excisão total da lesão com o encaminhamento para exame histopatológico no laboratório de patologia bucal do Hospital Odontológico da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sendo conclusivo de Fibroma de células gigantes, apesar de inicialmente apresentar características clinicas compatíveis com Granuloma Piogênico.
Para se obter um diagnóstico conclusivo, deve-se encaminhar a peça para exame histopatológico, pois, apenas a histologia das lesões nos permite distingui-las. Foi realizado o acompanhamento da paciente para proservação do caso. Até a última consulta a área não houve recidiva da lesão.
CONCLUSÃO
O granuloma piogênico é uma lesão comum na cavidade bucal, surgindo após traumas contínuos de baixa ou alta intensidade. Sua localização principal é a gengiva e tem predileção pelo sexo feminino. Contudo, seu diagnóstico diferencial só pode ser confirmado após exame histopatológico.
O fibroma de células gigantes é definido como uma lesão benigna rara que se assemelha a outras hiperplasias da cavidade oral, apresentando histologicamente algumas particularidades que o difere de outras lesões, após análise histológica.
O caso relatado com características clínicas semelhantes, destaca a importância de conhecimentos mais aprofundados acerca dessa lesão, contribuindo para correto diagnóstico e conduta clínica.
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1Discente do Curso Superior de Odontologia do Instituto Faculdade Sulamérica Campus Luis Eduardo Magalhães-Ba. E-mail: mayssa.asoares@gmail.com
1Discente do Curso Superior de Odontologia do Instituto Faculdade Sulamérica Campus Luis Eduardo Magalhães-Ba. E-mail: rainaracarolineq@gmail.com
1Discente do Curso Superior de Odontologia do Instituto Faculdade Sulamérica Campus Luis Eduardo Magalhães-Ba. E-mail: marcela2001brito@gmail.com
2Docente do Curso Superior de Odontologia do Instituto Faculdade Sulamérica Campus Luis Eduardo Magalhães-Ba. Especializando em Ortodontia, Pós Graduada em Endodontia. E-mail: tainanascimento@sulamericafaculdade.edu.br
2Docente do Curso Superior de Odontologia do Instituto Faculdade Sulamérica Campus Luis Eduardo Magalhães-Ba. Especialista em Saúde da Família (UNYANHA) e em Odontopediatria (HODOS UNINGÁ-DF). E-mail: keilaoliveira@sulamericafaculdade.edu.br