CONTAMINAÇÃO POR BIOLOGICOS NA ENFERMAGEM E O USO CORRETO DO EPI NO COMBATE AO COVID-19: uma revisão de integrativa

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102410251745


Willonnia Marcia de Almeida Brandão[1] 
Thinner Tharlles Lima Brandão[2]

RESUMO

Introdução: A enfermagem está exposta a diferentes riscos durante suas assistências a saúde e no cenário atual de pandemia causada por um patógeno que ainda não tinha sido identificado a biossegurança é fator fundamental para profissionais de saúde, tendo em vista que este grupo é de alta risco para exposição biológicas, sendo o vírus de alta carga viral e rápida disseminação entre profissionais de saúde. Método: Trata-se de uma revisão integrativa, abordagem qualitativa, de caráter exploratório descritivo, acoleta de dados ocorreu entre os meses de março e junho de 2020, nas bases de dados eletrônicos: LILACS, SciELO, Pubmed (MEDLINE), BVS e BDENF. Como questão norteadora adotou-se: O uso inadequado do EPI pela equipe de enfermagem facilita a contaminação 2019n-cov? Utilizando as seguintes frases de busca: “Uso de EPI na enfermagem´´ e “COVID-19 em profissionais de saúde´´. Resultados: Maiores números de publicações da amostra ocorreram em 2020, devido ao patógeno ter sido descoberto em 2019, a maioria dos estudos selecionados foram de origem Brasileira 66,66%, Estadunidense 8,33%, Chinês 16,66%, Peruano 8,33%, a presença de estudos foi maior na BVS em comparação as outras bases de dados utilizada na pesquisa. Considerações finais: os estudos analisados nesta pesquisa evidenciaram que o EPIs funciona como barreira eficaz contra a contaminação por COVID-19, salientando a necessidade de conhecimento técnico cientifico para uso adequado dos EPIs.  

Palavras-chave: COVID-19, Enfermagem, EPI.

ABTRACT

Introduction: Nursing is exposed to different risks during their health care and in the current scenario of a pandemic caused by a pathogen that hasn’t been yet identified biosecurity is a key factor for health professionals, since this group is at high risk for biological exposure, being the virus of high viral load and rapid dissemination among health professionals. Method: This is an integrative review, qualitative approach, of descriptive exploratory character, data collection occurred between the months of March and June 2020, in the electronic databases: LILACS, SciELO, Pubmed (MEDLINE), BVS and BDENF. As a guiding question it was adopted: Does the inappropriate use of IPE by the nursing team facilitates the 2019n-cov contamination? Using the following search sentences: “Use of IPE in nursing” and “COVID-19 in health professionals”. Results: The largest number of publications in the sample

occurred in 2020, due to the pathogen having been discovered in 2019, most of the studies selected were of Brazilian origin 66.66%, American 8.33%, Chinese 16.66%, Peruvian 8.33%, the presence of studies were bigger in the BVS in comparison with the other databases used in the research. Final considerations: the studies analyzed in this study showed that IPEs work as an effective barrier against COVID19 contamination, highlighting the need for scientific technical knowledge for the proper use of IPEs. 

Keywords: COVID-19, Nursing, Individual Protective Equipment.

1     INTRODUÇÃO 

Durante o exercício da enfermagem os profissionais estão sujeitos à contaminação por microrganismos, pois há manipulação de mateiras biológicos tais como agulha, cateteres, fômites, perfuro cortante, sangue e secreções, sendo assim gerando riscos de contaminação ocupacional, tendo em vista que suas atividades laborais ocorrem em um ambiente com varias patologias que podem ser infectocontagiosa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) implantou estratégias e ações para que esses profissionais exercessem suas atividades laborais de forma segura, desde então denominada biossegurança. As ações de biossegurança visam prevenir controlar e até eliminar riscos para saúde e o meio ambiente, sendo como principal atuação proteção à vida, devendo ser primordial na atuação da enfermagem (SOUSA et al., 2016; BRASIL, 2010). E a partir desse ponto foi estabelecida em 2005 a lei 11.105 no Congresso Nacional que estabelece os princípios e diretrizes para a manipulação de biológicos (BRASIL, 2005).

No entanto a enfermagem não esta sujeita apenas aos riscos biológicos, mas vários riscos que podem ser classificados segundo a NR-32, como riscos biológicos, químicos, físicos, mecânicos, resíduos, ergonômicos, radiação ionizante e acidentes, desta forma são fundamentais o uso de dispositivos ou produtos de uso individual que tenha a finalidade de barreira e proteção dos profissionais, sendo assim classificados como Equipamentos de Proteção Individual-EPIs e regularizado pela NR-6 (BRASIL, 2010; NR n° 32, 2005; NR n° 06, 2005).

No entanto enfatiza-se no presente estudo riscos biológicos pelo COVID-19 para o enfermeiro no âmbito hospitalar. Os riscos aos quais estes profissionais são expostos vão depender das funções e setor no qual o profissional exerce suas atividades, e o tempo que eles permanecem expostos aos riscos, de forma geral a contaminação por materiais biológicos podem ocorrer por inalação, penetração da pele através de perfuro cortante, contato com a pele, mucosas e ingestão (BRASIL, 2010).

Assim o enfermeiro deve estar atento a biossegurança do local de trabalho durante todo o exercício da enfermagem tendo em vista que a biossegurança é conjunto de ações e cuidados que previnem ou eliminam riscos para o enfermeiro proporcionando proteção durante sua atuação (ANDRADE et al., 2018).

O cenário atual de luta contra o COVID-19 que deu início em Wuhan capital da província Hubei na China, através do vírus betacoronavírus que é uma cepa que ainda não tinha sido identificada, o betacoronavírus é agente causador SARS-COV2, o mesma denominado como novo coronavírus- 2019n-COV deste então a OMS declarou emergência de saúde pública (GUAN et al., 2020). No dia 11 de março de 2020 a OMS caracterizou o surto de COVID-19 como pandemia (GALLASCH et al., 2020).

O vírus COVID-19 é um vírus de alta carga viral de fácil e rápida transmissão ocorrendo por aerossol, fômites e superfícies contaminadas, podendo o vírus permanecer viável por dias em superfícies (DOREMALEN et al., 2020). Desta forma a disseminação do patógeno aconteceu muito rápido também entre os profissionais de saúde, em Wuhan, trabalhadores expostos ao vírus durante a crise da infecção foram 3.387 contaminadas e 22 óbitos (GALLASCH et al., 2020; WANG; ZHOU, 2020). 

O contágio é favorecido quando não há o uso do EPI ou o mesmo é usado de forma inadequada colocando os profissionais em risco, assim deve ser implementado medidas de prevenção e controle de contaminação, devendo ser fornecido equipamentos suficientes para toda equipe de profissionais e treinamento adequado para equipe, e munindo todos os profissionais de conhecimento técnico e cientifico sobre o uso correto de EPI´s (GALLASCH et al., 2020).

A alta carga viral do COVID-19 e sua rápida disseminação entre os profissionais de saúde requer maior técnica e conhecimento dos profissionais que estão na linha de frente no combate a pandemia, desta forma há maior necessidades de estudos voltados para biossegurança e para melhoria dos EPI´s utilizados pelos profissionais da área da saúde. Assim o presente estudo proporciona o aumento do conhecimento para os profissionais, tendo em vista os riscos no exercício das atividades laborais, e que o mesmo saiba identificar erros e execute com excelência às medidas de autoproteção.

O interesse pelo presente estudo veio através do exercício da enfermagem no período do Estágio Supervisionado II e a observação do uso de EPI’s pelos profissionais e suas dificuldades. Sendo assim o presente estudo tem como objetivo realizar levantamento na literatura a cerca da importância do uso dos EPI´s na atuação dos profissionais de enfermagem no exercício das atividades laborais, com ênfase na importância destes no combate a pandemia do COVID-19. 

2     METODOLOGIA

A revisão de literatura tem como proposta sintetizar os resultados obtidos através da pesquisa sistemática, constituindo assim um corpo de conhecimento.  Deste modo a revisão integrativa pode alcançar diferentes finalidades, pode fazer revisão de teorias ou análise metodológica dos estudos incluídos de um tópico particular, desta forma à pesquisa seguirá abordagem qualitativa, de caráter exploratório descritivo (ERCOLE; MELO; ALCOFORADO, 2014).  

 O período de realização foi entre os meses de março de 2020 a Junho de 2020, que ocorreu através do levantamento dos dados por meio das bases de dados.

 A questão norteadora da pesquisa foi elaborada seguindo os elementos fundamentais da pesquisa e da construção da pergunta para a busca bibliográfica de evidências (SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). Desta forma construiu-se a questão norteadora da pesquisa: O uso inadequado do EPI pela equipe de enfermagem facilita a contaminação por 2019n-COV?

Os estudos foram escolhidos de acordo com o modo with full text, ou seja, textos completos, sendo incluídos também manuais e normas técnicas governamentais considerando a importância em apresentar e discutir tais orientações a luz da construção do conhecimento científico acerca do assunto abordado, usando as frases construídas a partir da questão norteadora da pesquisa

“uso de EPI na enfermagem”, “covid-19 em profissionais da saúde”. As bases de dados utilizadas para a pesquisa foram: Scientific Eletronic Library Online (SciELO),

Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), MEDLINE

e PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde – BVS e Base de Dados em Enfermagem (BDENF) a partir dos resultados foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão (Figura 1). 

Para a seleção dos estudos, foram aplicados os seguintes critérios de elegibilidade: artigos completos que abordassem a temática proposta, publicados no período de 2015 a 2020, nos idiomas português, inglês, espanhol e chinês, disponíveis na íntegra e de modo gratuito. Foram excluídos da pesquisa os estudos

que não responderem à questão norteadora, publicados em anos não Figura 1: Fluxograma de seleção dos estudos pela metodologia PRISMA (Principais Itens correspopara Relatar Revisões sistemáticas e Metandentes aos pesquisados, teses e-análises) dissertações..        

Fonte: Dados da pesquisa, 2020.    

As análises de dados foram feitas através da categorização de todos os assuntos envolvendo a temática, que serão apresentados em tópicos para a discussão. Sendo assim, para fins de organização, os dados selecionados foram dispostos em um quadro sinóptico contendo os seguintes itens: autor, base de dados, título do artigo e ano de publicação e tipo de estudo (Quadro 1)

3    RESULTADOS

Os estudos selecionados foram no total de 12, dispostos no quadro sinóptico (Quadro. 1) identificados através categorias descritas com letra e numeral da sua ordem (Ex. B1). Foi realizada a análise dos dados, e os mesmos serão dispostos em uma tabela organizados com título avaliação/intervenção dos respectivos estudos, seguindo a temática do tema proposto.

Maiores números de publicações da amostra ocorreram em 2020, devido o patógeno ter sido descoberto em 2019, a maioria dos estudos selecionados foram de origem Brasileira 66,66%, Estadunidense 8,33%, Chinês 16,66% e Peruano 8,33%, a presença de estudos foi maior na BVS em comparação as outras bases de dados utilizada na pesquisa. 

Quadro 1: Síntese de informações editoriais, metodológicas e de conteúdo dos estudos.

  CATEGORIA AUTOR/ PERIODICO/ ANOTIPO DE ESTUDO  NE*  OBJETIVO  AVALIAÇÃO/ INTERVENÇÂO
B 1 Ying-hui, Jin et al.   Military Medical Research.    2020Bibliográfico     5Servir            os profissionais de saúde para lidar com os casos suspeitos de infecção por 2019n-cov, casos confirmados com      2019n- cov e aqueles com contato próximos ou exposiçãoPesquisa aponta a etiologia a patogênese do coronavirus, seus sinais e sintomas, pontuando a principal via de disseminação por gotículas respiratórias e através de contato de superfície contaminada, pontuando a importância do uso do EPI para contato menos de 1 metro do cliente, suspeito ou
    suspeitas a casos infecta- dos            com 2019n-cov.confirmado         COVID- 2019. 
B2Brasil, Ministério da Saúde    2020Teórico Bibliográfico  7Estabelecer diretrizes de medidas e controle contra COVID- 19, voltado do a todo serviço de saúde, e finalidade de proteger a saúde dos trabalhadores das unidades de saúde.Presente manual aborda           a implementação de ações e estratégias que visam minimizar a a exposição ao patógenos respiratório em especial COVID19. Enfatiza a contaminação por gotículas e procedimentos geradores de aerossóis, a necessidade de Filtro HEPA, ou quartos de portas fechadas e janelas abertas, enfatizando a a importância de treinamentos atuali- zados sobre uso correto do EPI. 
B3VERBEEK, Josh et al.   Cochrane Library.   2019Exploratório descritivo  5Avaliar que tipo de EPI de corpo inteiro, e que método de colocação e retirada de um EPI, trazem men-O presente estudo apresenta macacões, aventais, capuzes, máscaras, óculos e protetores faciais, respiradores particulados são métodos eficazes para evitar
    os riscos de contaminaçã o ou infecção para o profis- sional, e avaliar que métodos de treinamento aumentam a adesão aos protocolos de uso dos EPIs.que a pele e mucosas se contaminem e respiradores impedem a inalação. Comprovou que o treinamento presencial teve mais sucesso com profissionais diminuindo a infecção dos mesmos e os erros durante seu uso.
B4BRASIL, Ministério da Saúde.   2020Teórico Bibliográfico   7Orientação para profissionais de saúde no atendimento da      COVID- 19,       qualifi- cando a conduta dos profissionais, reduzir casos e evitar óbitos.O presente estudo pontua pontos importantes das carac- terísticas patológica do vírus e sua permanência ativa em superfície, facilitando a disseminação entre profissional. Enfatiza os procedimentos de maior risco sendo ele geradores de aerossóis.
B5 YING-HIUI, Jin et al.    MIlitary Medical Research   2020.Transversal   4Avaliar a influencia a influência dos níveis de estresse nos profissionais de saúde e o índice deNesta amostra analisada foi observado maior índice de contaminação em profissionais que tiveram falha na proteção individual durante contato íntimo com paciente a curta
    contaminaçã o por COVID- 19. distância. Evidenciando que os procedimentos que causaram mais infecções na presente amostra foram, sucção de escarro, exame físico e coleta de amostra orofaríngea.
B6Brasil, Ministério da Saúde   2020Teórico Bibliográfico   7Padronizar as ações para o enfrentament o da pandemia de COVID-19, consolidar a orientações de proteção de paciente e de profissionais da APS/ ESF, reduzir os riscos à saúde ocupacional e das pessoas que buscam cuidado na APS/ESF.Este manual aborda sobre a importância da Limpeza concorrente, uso adequado das máscaras cirúrgicas, para atendimento cliente como precaução para a gotícula e usa da máscara N95 ou PFF2 para procedimentos que geram aerossóis. Pontua a importação do uso de todos os EPI de acordo com risco biológico e cuidado com roupas utilizadas nas ativida-des laborais as mesmas devem ser lavadas separadamente.
B7Brasil, Ministério da Saúde  Teórico Bibliográfico  7Fornecer recomendaçõ es referentes ao             manejoO presente manual evidência a importância do cuidado com a exposição a fluidos
 2020  dos corpos no contexto do novo coro- navirus (COVID-19) e outras questões gerais acerca desses óbitos.corporais infectados e objetos e superfícies. Enfatizando a obrigatoriedade do uso: precaução pra gotículas e aerossóis, pois nesse momento é realizado, manejo de sondas, tubos e extubação.
B8GARCIA, Laura G. R. et al. Biblioteca Nacional de Medicina.  2020.Bibliográfico   5Buscar evidencia existentes sobre o uso e a eficácia de formas alternativas e médicas             de proteção facial             para profissionais de saúde em meio   a crescente escassez global.As evidências do estudo citado confirma a eficiência dos respiradores particulados com proteção superior contra aerossóis, enfatizando a necessidade de teste de vedação para o respirador, caso não ocorra reduz a eficácia funcional do respirador. Neste estudo também é analisado o protetor fácil que usado de forma adjuvante com o respirador particulado fornecem proteção contra gotículas e respingos durante broncoscopia, aspi-ração, intubação. No entanto seu uso
     não pode ser feito sozinho pois ele não possui proteção lateral. Neste estudo foram avali-ados o uso de mascaras improvisadas que foi classificada como inade- quada para uso profissional com 97% de penetração de partículas.
B9Brasil, Agência Nacional de vigilância Sanitária.    2020.Teórico Bibliográfico    7Implementar medidas             de prevenção e controle             de infecção para evitar e reduzir             ao máximo que os residentes, seus cuidadores e profissionais que       atuem nesse estabelecime nto         sejam infectados pelo vírus O estudo destaca a transmissão por gotículas e importância do uso de precaução padrão, precaução por gotículas e precaução de contato. Enfatizar o uso dos EPI no combate a infecção por COVID-19 nas atividades laborais e contaminação de outros pacientes por infecção cruzada. 
B10BRASIL.   COFEN. Teórico Bibliográfico   7Orientar aos profissionais de         saúdeEnfatiza a importância da ordem para realizar a para realizar
   2020.  sobre o uso adequado retirada colocação do EPIs mitigar contaminaçã o por COVID 19.e e para –paramentação, a mesma deve ser realizada após a higiene das mãos e em ambiente apro-priado, a retirada também deve ser em local apropriado seguindo ordem para retirada o mesmo também enfatiza a higiene das mãos após cada EPI retirado, pois pode ocorrer conta-minação durante a retirada do EPI, o estudo também informa sobre não compartilhar EPI e em caso de óculos e protetor fácil deve seguir as instruções de desinfecção. 
B11  IETSI.    EsSalud.    2020Teórico Bibliográfico  7Diminuir os riscos de COVID-19 em profissionais de saúde na assistência pacientes suspeitos, prováveis ou confirmados.O manual mostra a importância de local adequado para paramentação dos profissionais, apontando a necessidade da ordem para vestimenta e retirada dos EPI, a lavagem das mãos entre a retirada do EPI, a verificação do
    Fornece diretrizes sobre procedimento s     a     serem seguidos para uso correto do EPI.respirador particulado, o descarte adequado do EPI contaminado.
B12DE CHECCHI, Maria Helena Ribeiro Org. Bibliotecário UFAM/ISB. 2020.Teórico Bibliográfico  7Trazer informações sobre os cuidados na atenção primaria a saúde voltados para a reorganizaçã o                  do atendimento realizados na UBS frente á pandemia do COVID-19, visando a segurança dos profissionais de saúde e da comunidade.A necessidade de estabelecer um ambiente seguro para o exercício das atividades laborais nas UBS trás neste estudo as instruções para distanciamento de no mínimo 1 m, caso contrario o uso dos EPI para precaução padrão e precação para gotícula, restringir os profissionais nas áreas separadas para atendimentos de casos suspeitos , enfatizando a retirada de adornos e o alerta para uso do telefone celular. Pontuando a importância da limpeza concorrente e terminal, e os
     profissionais que realizam devem usar EPI. 

Fonte: Autora, 2020. NE*:Nível de Relevância de Melny K. & Feneout- everholt (2005).

DISCUSSÃO

Os estudos analisados evidenciaram a importância do uso do EPIs no contexto da pandemia da COVID-19, com o surto houve aumento da demanda dos EPIs gerando escassez colocando em risco os profissionais que trabalham na linha de frente do combate ao COVID-19 (GARCIA et al.; YING-HUI et al., 2020).

Segundo De Checci (2020) e Brasil (2020) (B2), o vírus tem alta transmissibilidade e sua disseminação é por gotículas respiratórias e por contato com superfície contaminadas, desta forma os estudos avaliados mostram que os EPIs devem ser usados em atendimentos a menos de 1 metro de distância do paciente, no entanto Anfinrud et al. (2020) demonstra em seu estudo que partículas permanecem no ar viáveis para infectar indivíduos por período maior que 3 horas, nesse mesmo contexto Meselson (2020) também afirma que as partículas virais no ambiente podem ser inaladas e infectar indivíduos em ambiente fechado, e se o mesmo não tiver circulação de ar a probabilidade de infecção é ainda maior.

Verbeek et al. (2019) B3, afirma em seu estudo que os profissionais tem maior risco de infecção devido ao contato direto e prolongado com os pacientes no ambiente laboral, ele ressalta ainda que a principal estratégia para reduzir contaminação dos profissionais por vírus altamente infeccioso é por meio do uso adequado do EPIs de forma completa protegendo o corpo inteiro dos profissionais enfatizando o uso de máscaras, aventais, macacões, capuzes, protetor ocular, gorro e luvas.

Wang; Zhou; Liu (2020) pontuou através de um estudo realizado na província de Wuhan e Hubei epicentro da COVID-19 algumas razões pelas quais  profissionais de saúde estavam se contaminado com COVID-19, os motivos mais frequentes eram, proteção inadequada dos profissionais, falta de conhecimento do patógeno que implica diretamente na escolha do EPIs (VERBEEK et al. 2019) exposição dos profissionais por muito tempo, devido alta demanda de clientes infectados usando o serviço de saúde, a elevação da necessidade dos equipamentos, e a falta de treinamento dos profissionais para o uso dos equipamentos.

Fortalecendo as ideias explanadas Garcia et al. (2020) através de uma revisão sistemática evidencia a obrigatoriedade do uso das precauções para gotículas e para aerossóis de acordo com os procedimentos a serem realizados.  E Brasil (2020) define as precauções para gotículas pelo o uso do, gorro, óculos ou protetor facial, máscara cirúrgica, batas ou jalecos impermeáveis com mangas compridas, luvas e sapato fechado, essas precauções diferem das precauções para aerossóis realizando a troca da máscara cirúrgica pelo respirador particulado. Igualmente afirma IETSI (2020) no que diz respeito ao uso das precauções, no entanto IETSI (2020) e Garcia et al. (2020) pontuam que serviços que estão reutilizando máscaras N95 podem instruir os profissionais fazer o uso da máscara cirúrgica por cima do respirador particulado com a intenção de proteger o respirador particulado de respingos e gotículas, mas a máscara cirúrgica nunca deve ficar por baixo do respirador particulado pois diminui a eficácia da vedação do respirador particulado.

Segundo Brasil (2020) B2 uso da máscara fornece proteção do trato respiratório, no entanto as demais partes do corpo não estão protegidas sem uso conjunto dos outros equipamentos e Verbeek et al. (2020) enfatiza através dos resultados da sua pesquisa que o uso da luvas preveniu a infecção por COVID-19, mas pontuou que o uso de duas luvas diminuiu o número de infecção entre profissionais principalmente no momento da retirada do EPIs, mostrando também a necessidade dos equipamentos seguirem normas regulamentadoras rigorosas.

Ponto igualmente importante concluído nos estudos analisados foram o momento de vestir os equipamentos de proteção e a sua retirada, que deve seguir normas técnicas e uma ordem para retira-los com intuito de prevenir a contaminação dos profissionais durante esse processo (IETSI; BRASIL; BRASIL; GARCIA et al., 2020). De acordo Verbeek et al. (2020) estes dois momentos são cruciais pra conter disseminação da COVID-19 entre os profissionais de saúde sugerindo o uso de assistência de um colega ou de um espelho para vestir os EPIs e de um colega realizando a higiene das mãos entre a retirada dos EPIs.

  Contudo que foi abordado Brasil (2020) B4, salienta a responsabilidade dos serviços de saúde em relação a proteção de todos os profissionais que estão atuando, devendo o serviço fornecer os EPIs, proporcionar medidas de promoção a saúde do trabalhador e capacitação no tema aqui abordado nesta pesquisa, esta responsabilidade é estipulada pela Constituição Federal Brasileira de 1988 n° 155 e pela Lei Orgânica do SUS, n° 8.080 de setembro de 1990, que da direito ao profissional de saúde em seu pleno exercício a disponibilidade dos EPIs em quantidade e tamanho adequado para seu uso. 

4     CONSIDERAÇÕES FINAIS

Até o dia 15 de junho de 2020 as 17:18 minutos, foram registrados mais de 19.000 casos reportados de COVID-19 em enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e 196 óbitos (COFEN, 2020). Estes dados mostram a necessidade de aumentar a disponibilidade dos EPIs em quantidade e tamanho adequado para profissionais na linha de frente do COVID-19.

Tendo em vista que houve o aumento da demanda para o uso do EPIs é necessário o uso racional e efetivo dos mesmos, desta forma munir os profissionais da enfermagem com conhecimento técnico cientifico sobre os riscos biológicos, e os procedimentos que necessitam do EPI trazem segurança para o profissional durante sua atuação.

Os estudos analisados nesta pesquisa evidenciaram que o uso do EPIs funciona como barreira eficaz contra a contaminação por COVID-19, no entanto é necessário que o profissional use de seu conhecimento técnico e cientifico para vestir os equipamentos e retira-lo, pois a eficácia não depende só dos dispositivos mais da técnica do profissional. Partido desta ideia entende-se então que há uma necessidade de capacitação desses profissionais para o manejo desses dispositivos.

Pois o aumento da infecção por COVID-19 nos profissionais de saúde diminui o recurso humana da assistência, podendo levar ao colapso da rede saúde com número de profissionais reduzidos, estes profissionais podem aumentar o número de infecção entre os pacientes do serviço, na comunidade e também levar para seus familiares.

Frisaram ainda a obrigatoriedade dos serviços com os profissionais e com as medidas de biossegurança que devem ser adotadas dentro das unidades de saúde e reforçadas através medidas de fiscalização pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, visando ampliar o conhecimento dos profissionais sobre os riscos biológicos e suas especificidades, para melhor compreensão das funcionalidades dos dispositivos.

Vale ressaltar que os estudos sobre essa temática ainda está escasso devido ter sido descoberto recentemente o patógeno causador da COVID-19, e muitos foram estudos realizados em outros países, portanto ainda surgiram mais estudo para pratica da enfermagem baseadas em evidencia, aperfeiçoando a assistência na sua totalidade.

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[1] Enfermeira graduada pela Universidade Federal do Maranhão, Especializada em Urgência e Emergência e UTI. willonniamarcia@hotmail.com
[2] Licenciado em ciências biológicas, especializado em gestão de resíduos sólidos e efluentes urbanos e industriais. tharlleslimabrandao@hotmail.com