EMPODERANDO MÃES: O CRUCIAL PAPEL DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO E APOIO À AMAMENTAÇÃO – REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA APOIO À AMAMENTAÇÃO

EMPOWERING MOTHERS: THE CRUCIAL ROLE OF NURSES IN BREASTFEEDING PROMOTION AND SUPPORT – INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW BREASTFEEDING SUPPORT

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410251607


Gabrielly Lourenço Silva1; Maria Eduarda Barros Guimarães2; Paulo Ricardo Pinheiro de Oliveira2; Veruska de Faria Patrocínio Moreira2; Hianny Jhosy Martins Marques3; Gabriel Silva Rezende Freitas1; Isis Parreira Neves; Kátia Maria Rodrigues1; Lucíola Silva Sandim1


Resumo:

Algumas mães podem enfrentar dificuldades durante o processo de amamentação, o que pode ser explicado pela presença de um hormônio chamado oxitocina, que estimula a liberação do leite materno. Além disso, é importante salientar que o AM é considerado a alimentação ideal para todas as crianças, devido à sua composição de nutrientes. Sendo assim, no que se refere à metodologia, este estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, a qual possibilita a análise e, posteriormente, sintetização do conteúdo a respeito da produção acadêmica existente acerca da amamentação em um processo humanizado.  A amostra final desta revisão integrativa de literatura constituiu-se de 5 artigos científicos, incluídos no presente estudo por se adequarem aos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos e, por conseguinte, responderem a questão de pesquisa. Por fim, destaca-se que o enfermeiro pode mostrar-se disponível para responder dúvidas e preocupações das mães sobre o assunto, oferecendo suporte contínuo ao longo do período de amamentação e ajudando a resolver problemas que possam surgir, como baixa produção de leite ou dificuldades de sucção do bebê, além de oferecem apoio emocional durante esse processo.

Palavras-chave: Amamentação; puerpério; humanização; maternidade; enfermagem.

Abstract:

Some mothers may face difficulties during the breastfeeding process, which can be influenced by the presence of a hormone called oxytocin, which stimulates the release of breast milk. Furthermore, it is important to emphasize that breastfeeding is considered the ideal nutrition for all children due to its nutrient composition. Regarding methodology, this study is an integrative literature review, allowing for the analysis and subsequent synthesis of existing academic production on breastfeeding in a humanized process. The final sample of this integrative literature review consisted of 5 scientific articles included in this study as they met the previously established inclusion and exclusion criteria and, consequently, answered the research question. Finally, it is highlighted that nurses can be available to address mothers’ doubts and concerns about the subject, offering continuous support throughout the breastfeeding period and helping to resolve issues that may arise, such as low milk production or difficulties with the baby’s latch, as well as providing emotional support during this process.

Keywords: Breastfeeding; puerperium; humanization; motherhood; nursing.

INTRODUÇÃO 

Algumas mães podem enfrentar dificuldades durante o processo de amamentação, o que pode ser explicado pela presença de um hormônio chamado ocitocina, que estimula a liberação do leite materno. No entanto, o medo, a depressão, o estresse e outros fatores podem dificultar a produção desse hormônio. Além disso, algumas mães podem ter problemas de saúde que surgem da amamentação1.

Nesse contexto, é importante salientar que o Aleitamento Materno (AM) é a primeira maneira do recém-nascido adquirir anticorpos, com o objetivo de prevenir enfermidades, já que o leite materno é repleto de imunoglobulinas. De acordo com a revista Lancet (2023)2, a falta de amamentação exclusiva até o sexto mês de vida resulta em 1,4 milhões de mortes e 10% da carga de doenças em crianças menores de 5 anos em países em desenvolvimento.

Além disso, é importante salientar que o AM é considerado a alimentação ideal para todas as crianças. Devido à sua composição de nutrientes, como proteínas, gorduras, açúcares e água, ele é considerado um alimento completo e suficiente para assegurar o crescimento e desenvolvimento saudável do bebê nos primeiros 2 anos de vida. É um alimento de fácil e rápida digestão, completamente absorvido pelo organismo infantil1,3.

De acordo com a pesquisa conduzida por Campos (2018)4, apesar das vantagens e diretrizes estabelecidas, diversos países ainda enfrentam desafios significativos em relação à taxa de amamentação materna. O desmame precoce pode ser causado por diversos motivos, como a falta de leite materno, a necessidade de mães trabalharem fora de casa, problemas de saúde relacionados às mamas e a recusa da criança em mamar. Esses motivos, geralmente, resultam na introdução prematura de alimentos complementares. Além disso, diversos fatores contribuem para a interrupção precoce dessa prática, tais como a falta de familiaridade das mães com a amamentação, a escassez de leite, a ocorrência de fissuras ou desconforto mamário e o uso de chupetas3,4.

Além disso, é relevante salientar a relevância da lactação para o recém-nascido, uma vez que o leite materno tem todos os nutrientes e imunoglobulinas necessários para o seu desenvolvimento. Portanto, é importante salientar que o estado nutricional da gestante tem impacto tanto em sua vida quanto na vida da criança. Sendo assim, é importante manter uma alimentação saudável, através de um estilo de vida, para diminuir o risco de deficiências nutricionais que podem afetar o crescimento e o desenvolvimento da criança5.

A Organização Mundial da Saúde, conjuntamente com a OPAS (OMS)6, recomenda a prática de Amamentação Materna Exclusiva (AME) nos primeiros seis meses de vida das crianças, sem a introdução de água, sucos ou chás. Após esse período, a amamentação passa a ser complemento da alimentação. O incentivo global ao aleitamento materno é impulsionado, entre outros motivos, pela redução da mortalidade infantil associada a essa prática. O leite materno é considerado um alimento completo e equilibrado para o bebê, sendo de fácil digestão e contribuindo para o desenvolvimento do sistema imunológico da criança, fornecendo defesa contra doenças6-7.

Nesse contexto, o papel do profissional de saúde, especialmente da enfermagem, é compreender e acompanhar o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar, fornecendo cuidados adequados para a mãe, o bebê e a família. Isso inclui interagir com a população para informar sobre a importância do AME e esclarecer dúvidas sobre o processo. Portanto, é fundamental que os profissionais estejam preparados para oferecer uma assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, respeitando o conhecimento e a história de vida de cada mulher e ajudando-a a superar medos, dificuldades e inseguranças relacionadas ao AM7-9.

Amamentar é essencial para a saúde do bebê, protegendo contra várias doenças e reduzindo o risco de problemas de saúde no futuro. Para as mães, traz benefícios como redução do sangramento após o parto e menor incidência de certos tipos de câncer. A intervenção precoce dos profissionais de saúde na orientação sobre a amamentação é crucial, e enfermeiros bem treinados desempenham um papel significativo nesse sentido. Investir na formação desses profissionais é fundamental para garantir apoio adequado às gestantes e lactantes, promovendo o AM9.

Ademais, o enfermeiro possui a responsabilidade de compreender e interpretar toda a complexidade do aleitamento materno dentro do contexto social, cultural e familiar. A partir desse entendimento, é essencial fornecer cuidados abrangentes à mãe, ao filho e à família. É necessário estabelecer conexões significativas com as pessoas e transmitir a importância da adoção de práticas saudáveis de aleitamento materno, explicando de forma clara e detalhada a relevância do AME. Isso inclui exemplificar e evidenciar como funciona todo esse processo, visando reduzir os riscos de desmame precoce e fortalecer os cuidados desde as necessidades apresentadas pelas gestantes. Capacitado para oferecer assistência eficaz e contextualizada, o enfermeiro respeita as necessidades e histórias de vida de cada mulher, ajudando-as a superar medos e desafios durante todo o processo de amamentação7-8.

Por fim, destaca-se a importância de estudar papel do enfermeiro acerca da amamentação, uma vez que além de oferecerem orientações práticas, os enfermeiros também proporcionam apoio emocional às mães, ajudando-as a superar desafios emocionais e psicológicos relacionados à amamentação. Isso inclui oferecer encorajamento, tranquilidade e apoio contínuo durante todo o processo de amamentação. Portanto, o envolvimento ativo dos enfermeiros na promoção e apoio à amamentação é essencial para garantir que as mães recebam o apoio necessário para iniciar e manter a amamentação com sucesso, contribuindo assim para a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê1,3,6-9.

Diante disso, destaca-se o papel do enfermeiro no processo de amamentação. O enfermeiro é essencial para promover uma experiência positiva e bem-sucedida para as mães e seus bebês. Logo, o enfermeiro desempenha um papel vital na promoção e no apoio à amamentação, capacitando as mães com o conhecimento e o suporte necessário para alimentar os seus bebês de maneira saudável e satisfatória.

Dessa forma, o objetivo desse artigo é investigar o papel do enfermeiro no apoio à amamentação, com o intuito de compreender sua contribuição para o estabelecimento e manutenção bem-sucedidos da prática da amamentação, promovendo a saúde materna e infantil.

MÉTODOS

No que se refere à metodologia, este estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, a qual possibilita a análise e, posteriormente, sintetização do conteúdo a respeito da produção acadêmica existente acerca da amamentação em um processo humanizado. Diante disso, obteve-se a seguinte organização em relação aos passos para a realização desta revisão integrativa: 1) Identificação da questão de pesquisa; 2) Busca na literatura científica e estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão; 3) Categorização dos resultados encontrados; 4) Avaliação dos artigos selecionados; 5) Análise, interpretação e discussão dos resultados; e 6) Sintetização das informações e produção de conhecimento10.

Para tanto, na primeira etapa, formulou-se a pergunta norteadora “O que a literatura científica hodierna diz acerca da amamentação humanizada?”. 

Nesse contexto, na segunda etapa definiram-se os métodos de seleção e os critérios de elegibilidade dos estudos. A busca foi realizada nas bases de dados PubMED e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Empregaram-se como palavras chaves de busca os Descritores em Ciência da Saúde (DECS) Breast Feeding and nursing. Os critérios de inclusão adotados na seleção dos artigos foram: textos completos gratuitos nos idiomas inglês e português publicados entre 2019 e 2024. Por outro lado, foram excluídos os artigos indexados repetidamente nas bases de dados, revisões de literatura, metanálises, livros, documentos e aqueles que não contemplaram o objetivo desta pesquisa, ou seja, que não abordassem o assunto em questão.

O processo de seleção dos artigos constituiu-se de uma revisão por pares, em que cada um dos revisores selecionou uma lista de artigos de maneira independente, isso a partir dos critérios de elegibilidade e da estratégia de pesquisa previamente estabelecidos. A priori, foram analisados para uma pré-seleção somente os títulos e resumos. A posteriori, compararam-se os materiais selecionados pelos revisores e buscou-se, a partir deles, um consenso a respeito dos itens excluídos e incluídos na pesquisa. Aos artigos que houve discordância entre os revisores, um terceiro revisor leu o material completo e decidiu se o artigo em questão seria ou não incluído neste estudo. Além disso, tanto a busca quanto a seleção dos materiais ocorreram nos meses de janeiro e fevereiro de 2024.

RESULTADOS

A amostra final desta revisão integrativa de literatura constituiu-se de 5 artigos científicos, incluídos no presente estudo por se adequarem aos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos e, por conseguinte, responderem à questão de pesquisa. A figura 1 representa o fluxograma das etapas de identificação, triagem e inclusão desses estudos, conforme o modelo PRISMA (2020)11.

Identificação dos estudos através de bases de dados e registros.

Figura 1. Fluxograma baseado em PRISMA11 da seleção dos artigos.
Fonte: Autoria própria.

A identificação de cada um desses artigos selecionados foi descrita no quadro 1. Dos estudos inseridos nesta revisão, 100% (n=5) foram publicados em inglês. Referente ao país de origem da publicação, 20% (n=1) era oriundo da Tailândia, 20% (n=1) da Suécia, 20% (n=1) foi oriundo dos Estados Unidos, 20% (n=1) foi da Turquia e por fim, 20% (n=1) foi oriundo do Japão. No âmbito do ano de publicação, 60% (n=3) foram publicados de 2019 a 2022 e 40% (n=2) de 2023 a 2024.

Quadro 1. Identificação dos artigos selecionados.

Artigos que abordam sobre amamentação
Código do ArtigoTítuloAutoriaRevistaPaís/ano de publicação
1  Determinantes da experiência e práticas de amamentação dos profissionais de saúde e sua associação com a prestação de cuidados às mães que amamentam: um estudo de métodos mistos no norte da TailândiaMary Ellen Gilder, Chanapat Pateekhum, Nan San Wai, Prapatsorn Misa, Phimthip Sanguanwai, Jarntrah Sappayabanphot, Nan ​​Eh Tho, Wichuda Wiwattanacharoen, Nopakoon Nantsupawat, Ahmar Hashmi, Chaisiri Angkurawaranon, e Rose McGready International Breastfeeding JournalTailandia, 2024
2Conselhos das mulheres aos profissionais de saúde em relação à amamentação: “oferecer apoio individualizado e sensível à amamentação” – um estudo de entrevistaIngrid Blixt , Margareta Johansson , Ingegerd Hildingsson, Zoi Papoutsi , e Christine Rubertsson International Breastfeeding JournalSuécia, 2019
3Práticas de amamentação e estratégias de enfrentamento adotadas por enfermeiras lactantes e parteiras: um estudo qualitativo  Alhassan Sibdow Abukari e Angela Kwartemaa Acheampong  Journal of Pediatric NursingEstados Unidos, 2022
4O efeito da educação pós-natal sobre amamentação dada às mulheres na autoeficácia e no sucesso da amamentaçãoNur Bahar Kuru Akturk e Mervé KolcuRevista Da Associação Médica BrasileiraTurquia, 2023
5Eficácia de um programa educativo de apoio à amamentação para enfermeiras e parteiras: um ensaio clínico randomizadoIzumi Sato , Masumi Imura , e Yohei Kawasaki International Breastfeeding JournalJapão, 2022

Fonte: Autoria Própria.

Cabe ressaltar que quanto ao desenho de estudo utilizado, observa-se que há dois desenhos exploratórios sequenciais, um desenho qualitativo descritivo, um estudo quase experimental pré-teste-pós-teste randomizado controlado quase experimental e um ensaio clínico randomizado.

DISCUSSÃO

A importância e os benefícios do AM para a saúde tanto da mãe quanto do filho foram amplamente comprovados e são altamente significativos. A prática da amamentação não se limita apenas à nutrição e ao suprimento das necessidades da criança, como indicam diversos estudos sobre o assunto. Ela também promove uma interação única entre mãe e filho, fortalecendo o vínculo afetivo, especialmente quando iniciada logo após o nascimento e mantida nos primeiros meses de vida. O AM tem um impacto significativo no sistema imunológico, proporcionando proteção ao recém-nascido contra possíveis infecções, além de influenciar positivamente o desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança, especialmente durante os primeiros anos de vida7-9,12.

Nesse sentido, o leite materno estimula o crescimento e o desenvolvimento saudável, contribuindo para a redução das taxas de mortalidade infantil. Além disso, o AM atende de forma adequada às necessidades metabólicas do lactente, ao mesmo tempo em que oferece benefícios econômicos tanto para as famílias quanto para o Estado. O uso de fórmulas lácteas e outros substitutos do leite, muitas vezes empregados para suprir as necessidades perdidas com o desmame precoce, pode ser evitado por meio da promoção do aleitamento materno1,3,7,12.

O enfermeiro, considerado o principal facilitador da amamentação exclusiva, desempenha um papel crucial ao conectar teoria e prática nos serviços de saúde e na comunidade, adaptando-se à realidade de cada contexto para esclarecer dúvidas e promover os benefícios do AM. Durante as consultas de pré-natal, o aconselhamento sobre amamentação é fundamental, oferecendo oportunidades para intervenções educativas e assistenciais. É essencial que o enfermeiro amplie sua atuação na promoção da qualidade da amamentação, implementando estratégias de prevenção de doenças e melhorando a qualidade de vida da população. Além disso, é importante que compreenda a influência da organização do seu trabalho na assistência ao AMEParte superior do formulário7,8,12-13.

Outrossim, é crucial ressaltar a importância do enfermeiro no acolhimento das mães de primeira viagem. Nesse contexto, o enfermeiro se apresenta como um guia confiável, iluminando o caminho dessas mulheres por territórios desconhecidos, dissipando dúvidas e acalmando temores. Sua intervenção vai além do aspecto técnico; é uma expressão genuína de cuidado, compaixão e profundo entendimento da jornada singular de cada mãe. A falta de orientação sobre técnicas de amamentação em alguns casos destaca a urgência de reforçar programas educativos e de conscientização não apenas durante o pré-natal, mas também no pós-parto. Cada lágrima derramada por uma mãe que se sente perdida na complexidade da amamentação clama por uma resposta do sistema de saúde, evidenciando a necessidade imediata de promover uma abordagem mais abrangente e sensível no cuidado pós-parto13-14.

Nesse contexto, os enfermeiros têm a oportunidade de buscar estratégias facilitadoras para sua prática, atuando tanto no âmbito comunitário quanto na assistência direta. Ao promoverem mudanças em suas práticas e atitudes, podem capacitar as gestantes para oferecerem cuidados de enfermagem de alta qualidade, beneficiando um grande número de pessoas. Isso inclui fornecer orientações sobre educação em saúde, aconselhamento e esclarecimentos aos familiares. É essencial que adotem a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) para organizar suas atividades e garantir uma assistência de qualidade às gestantes durante o pré-natal. Além disso, o conhecimento sobre a importância do aleitamento materno é uma ferramenta poderosa que permite conduzir atividades de educação em saúde, visando alcançar resultados satisfatórios durante o pré-natal e o puerpérioParte superior do formulário15.

Adicionalmente, o enfermeiro desempenha um papel crucial no apoio à amamentação de adolescentes. Dada a importância do aleitamento materno para a mãe e, principalmente, para o bebê, é essencial compreender as dificuldades enfrentadas por essas jovens mães e buscar maneiras de promover, apoiar e proteger a amamentação entre elas. Uma rede de apoio sólida é fundamental para incentivar e manter o AM pelo tempo recomendado ou até mais. Ter alguém de confiança durante os primeiros momentos da amamentação, que ofereça suporte para resolver os desafios associados à amamentação e também para superar as dificuldades ao contexto social da mãe, pode contribuir significativamente para prolongar o período de amamentação. O enfermeiro é a pessoa mais próxima da mãe durante toda a sua vida reprodutiva, proporcionando todo o suporte técnico e emocional necessário para que ela tenha sucesso na amamentação16.

No que diz respeito às orientações sobre amamentação, é crucial que o enfermeiro apoie o momento em que a mãe retorna ao trabalho, orientando-a a não introduzir outros tipos de alimentos para o bebê, evitando mamadeiras e chupetas. Nesse período, é importante explicar sobre a técnica de ordenha das mamas, uma alternativa que garante o fornecimento de leite materno e alivia possíveis problemas como ingurgitamento mamário e traumas nos mamilos. Um fator crucial para a continuidade do AM é a licença-maternidade. Conforme estabelecido pelo Decreto-Lei nº 5.452 da Consolidação das Leis do Trabalho de 1943, as mulheres brasileiras que trabalham no mercado formal têm direito a 120 dias de licença-maternidade remunerada, sem prejuízo do emprego e do salário. Ao retornarem ao trabalho, elas têm direito a intervalos de meia hora em cada turno (manhã e tarde) durante a jornada de trabalho, para amamentar seu bebê até que ele complete seis meses de idade17.

Diante do exposto, para promover a amamentação, é crucial que o enfermeiro oriente as mães sobre a técnica correta de amamentação e os procedimentos padrão para lidar com possíveis complicações, auxiliando no alcance do sucesso nessa prática e reduzindo os sentimentos de ansiedade e insegurança que podem surgir diante do desconhecido. É importante que o enfermeiro se empenhe na promoção dessa prática, avaliando continuamente o estágio da mãe, identificando dificuldades e fortalecendo sua autoconfiança. Essas ações podem ser realizadas de forma individual, como consultas e visitas domiciliares, mas também por meio de grupos operativos, como os grupos de gestantes. No entanto, o comprometimento e a responsabilidade do enfermeiro em relação ao combate ao desmame precoce só serão eficazes se outros atores também estiverem envolvidos, incluindo a família, a sociedade ou outros profissionais de saúde7,8,12,13,18.

O estudo de Gilder, et al., realizado em janeiro de 202419, buscou analisar as profissionais de saúde que já amamentaram e como a experiência delas ajudariam as pacientes. Concluiu-se que a influência das mães-profissionais de saúde na ajuda a outras pacientes é significativa, pois elas oferecem empatia, experiência pessoal, conhecimento prático, vínculo emocional e inspiração, contribuindo para uma experiência mais positiva e satisfatória durante a gravidez, parto e pós-parto. Logo, esses melhores resultados são transmitidos aos pacientes que se beneficiam de profissionais de saúde mais confiantes e atentas aos desafios da amamentação. Além disso, a proteção no ambiente de trabalho, como políticas de apoio à licença de maternidade e espaços adequados para crianças, podem melhorar os resultados da amamentação.

É importante investigar os conselhos das mulheres aos profissionais de saúde para fornecer um apoio adequado à amamentação. O objetivo deste estudo de Blixt et al., concluído em 201920, foi analisar os conselhos das mulheres aos profissionais de saúde em relação ao apoio para que amamentem por pelo menos seis meses. O estudo demonstrou a relevância de os profissionais oferecerem apoio à amamentação com base em evidências científicas, de forma atenta e individualizada. As mulheres demonstram apreensão diante das mensagens divergentes das diretrizes nacionais e internacionais e dos profissionais de saúde em relação à amamentação. Esta informação é uma exigência relevante para aperfeiçoar a autoconfiança das mulheres e auxiliá-las no alcance dos seus objetivos de amamentação, o que pode aumentá-las ainda mais.

Já o objetivo do estudo de Abukari, et al., concluído em 202221, foi analisar as práticas de amamentação e os mecanismos de enfrentamento de enfermeiras e parteiras para, assim, navegar na experiência de amamentar como profissionais de saúde. Os profissionais de saúde que lidam com lactantes podem usar algumas das estratégias de enfrentamento do estudo e práticas benéficas de amamentação para aperfeiçoar a amamentação, como ensinar técnicas de cuidados com os mamilos, além de oferecer apoio emocional às mães, incentivando-as a procurarem ajuda se tiverem dificuldades. Promover a hidratação, o descanso e a alimentação adequadas da mãe para assegurar uma produção adequada de leite materno. É notório que essas estratégias são cruciais para uma amamentação satisfatória, mas é de suma importância adequar-se às necessidades individuais de cada mãe e bebê.

Ressalta-se que a nutrição é um fator que interfere no crescimento e desenvolvimento de prematuros tardios (LPIs), bem como no seu estado de saúde a longo prazo. No entanto, os LPI saudáveis têm menos tempo de internação hospitalar e, consequentemente, podem não receber os cuidados adequados após a alta. Neste estudo de Sato, et al. (2022)22, desenvolveu-se e avaliou-se a eficácia de um programa educacional para enfermeiras e parteiras para capacitá-las a apoiar a amamentação de LPIs saudáveis. As enfermeiras que auxiliam na amamentação enfrentam diversos obstáculos devido à imaturidade física das crianças. Dada a variedade de desafios, os enfermeiros devem ter um entendimento comum dos conhecimentos e competências fundamentais necessários para dar assistência à amamentação para LPIs.  É suscetível a realização de um programa educativo, uma vez que, ao ser aplicado de forma prática, será possível assegurar a qualidade do apoio à amamentação dos LPIs. Entretanto, é importante lembrar que cada mãe e bebê são únicos, então o acompanhamento individualizado e o apoio contínuo são fundamentais para resolver quaisquer desafios que possam surgir.

É relevante salientar que este estudo de Aktürk (2023)23, teve como objetivo investigar o impacto da educação pós-natal sobre a amamentação de mulheres que tiveram partos vaginais normais e cesáreas sobre a autoeficácia e o sucesso da amamentação.  Os resultados desta pesquisa indicam que a educação em amamentação pelos enfermeiros pode aumentar o nível de conhecimento sobre amamentação, o sucesso da amamentação e a autoeficácia na amamentação. De acordo com os resultados da pesquisa, é recomendado que os enfermeiros apresentem uma educação periódica sobre amamentação, de acordo com a idade da mãe, o tipo de nascimento, o nível de escolaridade e a experiência anterior na educação, de forma a apoiar a educação. Com a utilização de materiais visuais, como bonecos e seios amigurumi, para tornar a educação em amamentação mais uniforme, fazendo com que todas as enfermeiras que atuam nos serviços de pós-parto participem de programas de aconselhamento em amamentação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A amamentação é um dos pilares fundamentais da saúde materno-infantil, oferecendo uma série de benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Além de fornecer todos os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento do bebê nos primeiros meses de vida, o leite materno também contém anticorpos que ajudam a proteger o bebê contra uma variedade de infecções e doenças. É importante ressaltar que a amamentação promove um vínculo emocional único entre mãe e bebê, proporcionando conforto e segurança para ambos.

No entanto, apesar dos inúmeros benefícios, a taxa de amamentação exclusiva ainda é subótima em muitas partes do mundo, devido a uma série de fatores, incluindo falta de apoio, desinformação e pressões sociais. Portanto, é crucial que haja um esforço contínuo para promover e apoiar a amamentação, tanto a nível individual quanto a nível comunitário e político. Sendo assim, os profissionais de saúde desempenham um papel fundamental nesse sentido, fornecendo orientação e apoio às mães durante a gravidez, parto e pós-parto. Além disso, a criação de ambientes favoráveis à amamentação, tanto em casa quanto no local de trabalho, é essencial para garantir que as mães tenham o apoio e os recursos necessários para amamentar com sucesso.

Posto isso, destaca-se que a técnica de amamentação é explicada sobre posicionamento, pega e sucção durante a amamentação. A técnica de amamentação ineficaz é um dos fatores que levam à interrupção prematura da amamentação e à desnutrição. O profissional deve assegurar de que a mãe e o bebê estejam confortáveis e posicionados corretamente durante a amamentação, com o bebê prendendo tanto o mamilo quanto uma boa porção da aréola. Deve-se iniciar a amamentação o mais breve possível após o parto para estimular a produção de leite, a fim de fortalecer o vínculo entre mãe e bebê. Ademais, o profissional também pode incentivar a alimentação sob demanda, observando os sinais de fome do bebê e evitando a introdução precoce de mamadeiras ou chupetas.

Portanto, ao promover e apoiar a amamentação, pode-se ajudar a garantir um começo de vida saudável para as crianças e fortalecer os laços entre mãe e filho, contribuindo para um futuro mais brilhante e sustentável para todos.

Dessarte, destaca-se o papel do enfermeiro nesse período, como no pré-natal, que pode oferecer sessões educacionais durante a gravidez para preparar as mães para esse processo, abordando tópicos como os benefícios do aleitamento AM, técnicas de amamentação adequadas e como superar desafios comuns. Após o pós-parto, o enfermeiro pode estar disponível para ajudar as mães, dando suporte prático e emocional para o início da amamentação com confiança, o que inclui o auxílio na pega correta e posicionamento adequado. Além disso, o enfermeiro pode realizar avaliações regulares a fim de garantir que a mãe e o bebê estejam se adaptando bem, envolvendo a avaliação da pega, do ganho de peso do bebê e a detecção precoce de possíveis patologias mamárias, como fissura mamária ou mastite.

Outrossim, os enfermeiros direcionam as mães sobre como cuidar dos seios durante a amamentação, incluindo técnicas de higiene, no intuito de prevenir lesões mamárias. Ademais, podem promover o vínculo mãe-bebê, reconhecendo e apoiando o papel fundamental da amamentação no fortalecimento do vínculo emocional entre a mãe e seu filho, incentivando o contato pele a pele e outras técnicas que promovam o apego. Por fim, o enfermeiro pode mostrar-se disponível para responder dúvidas e preocupações das mães sobre o assunto, oferecendo suporte contínuo ao longo do período de amamentação e ajudando a resolver problemas que possam surgir, como baixa produção de leite ou dificuldades de sucção do bebê.

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1Centro Universitário de Goiatuba- UniCerrado
2Faculdade Zarns de Itumbiara
3Centro Universitário Atenas-Paracatu