SUPERANDO BARREIRAS PARA O ACESSO AO EXAME DE PAPANICOLAU EM HOMENS TRANS: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS DE INCLUSÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th1024102417411


Rodrigo dos Santos Carvalho1
Lyvia Raiane dos Anjos Almeida Costa2
Beatriz da Silva Castro3
Camilly Assunção de Miranda4
Jamylle Sá Baratinha5
Maylon Carrara Pinto6
Priscila Tais Siqueira Ramos7
Aiko Silva Arakawa8
Sthefany Alves dos Santos9
Jade Geovana Galvão Sousa10
Ana Cecília Bonfim de Carvalho11
Werena Silveira de Holanda12
Thaise Nascimento Silva13
Carlos Eduardo Rocha Reis14
Larissa Aline Costa Coelho15


RESUMO

Introdução: O acesso equitativo aos cuidados de saúde é fundamental para garantir inclusão e equidade no atendimento médico, especialmente para a população de homens transgêneros. Metodologia: Este estudo realiza uma revisão integrativa da literatura com foco nas barreiras enfrentadas por homens transgêneros para realizar o exame de Papanicolau, um procedimento preventivo crucial. Resultados: A análise incidiu sobre artigos selecionados que discutem as dificuldades sociais, fisiológicas e clínicas que impedem esses indivíduos de acessar o exame. Discussão: Um dos obstáculos significativos identificados é a insuficiência de formação específica em saúde trans entre os profissionais de saúde. Esse déficit educacional, aliado à discriminação que os pacientes transgêneros frequentemente enfrentam nos ambientes de cuidados médicos, dificulta a obtenção de um rastreamento apropriado. Para enfrentar estas barreiras, é imprescindível a adoção de estratégias de intervenção focadas na personalização do atendimento e na implementação de mudanças nas políticas de saúde. Essas ações são vitais para promover um sistema de saúde inclusivo e justo para todos. Considerações finais: A pesquisa enfatiza a necessidade de implementar políticas de saúde que considerem as diferenças de gênero, especialmente voltadas para a comunidade transgênero, para diminuir as desigualdades no acesso à saúde e fomentar uma sociedade mais acolhedora. É crucial que investigações futuras envolvam estudos populacionais junto à comunidade transgênero, de modo a aprofundar a compreensão e tratar as deficiências no acesso aos serviços de saúde.

Palavras-chave: Barreiras ao acesso aos cuidados de saúde; Pessoas transgênero; Testedepapanicolau;Habilidades para a realização de testes.

1.               INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, observou-se um crescimento notável da comunidade LGBTQQICAAPF2K+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Questionando, Intersexuais, Curioso, Assexuais, Aliados, Pansexuais, Polissexuais, Familiares, 2-espíritos e Kink), embora não haja uma estimativa precisa de seu tamanho. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1, cerca de 1,8% da população brasileira se identificava como gays, lésbicas ou bissexuais em 2019. Observa-se que as pessoas estão cada vez mais confortáveis em revelar sua verdadeira identidade, independentemente de sua cor, raça ou orientação sexual.

Diariamente, indivíduos de diferentes identidades e grupos são vítimas de opressão, seja em função de sua identidade de gênero, cor da pele, orientação sexual, etnia, e uma variedade de outras características. Leis estão sendo promulgadas para proteger e dar voz a esses indivíduos. Um exemplo significativo é a decisão histórica do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, em 13 de junho de 2019,2 que reconheceu a LGBTfobia como crime. Esta medida representa um avanço importante na luta contra a discriminação e a violência baseadas na orientação sexual e identidade de gênero, que historicamente têm enfrentado preconceitos e discriminação, inclusive correndo risco de vida.3

Muitos dos que hoje se identificam abertamente como parte dessa comunidade passaram por um longo processo interno de aceitação, frequentemente enfrentando pressões familiares e sociais para permanecerem ocultos. No entanto, após alcançarem uma autoaceitação, novos desafios se apresentam. Como será a reação da sociedade quando essas pessoas buscam atendimento de saúde? Como ocorre o atendimento quando necessitam realizar exames que podem ser cruciais para sua saúde, como o Exame Preventivo de Câncer de Colo Uterino (Papanicolau)?

Diante desse contexto de crescente visibilidade e reconhecimento dos direitos da comunidade LGBTQI+, surge uma necessidade premente de abordar as lacunas existentes no acesso à saúde, que muitas vezes se manifestam de maneira exacerbada para pessoas transgênero e não-binárias. O acesso à saúde é um direito fundamental de todo cidadão, independentemente de sua identidade de gênero, conforme estabelece a Constituição Brasileira de 1988.4 No entanto, para pessoas transgênero e não-binárias, essa acessibilidade é frequentemente dificultada por uma série de barreiras. Desde a falta de sensibilidade cultural e competência dos profissionais de saúde até questões estruturais que limitam a obtenção de serviços adequados e inclusivos, as dificuldades são diversas e complexas. Uma pessoa transgênero é aquela cuja identidade de gênero não corresponde ao gênero atribuído no nascimento5.Em outras palavras, a pessoa experimenta uma desconexão entre seu sexo biológico e sua identidade de gênero.

O exame Papanicolau, também conhecido como Preventivo do Câncer de Colo do Útero (PCCU), desempenha um papel crucial na prevenção do câncer cervical e outras condições ginecológicas. Este exame é reconhecido mundialmente por sua eficácia na detecção precoce de alterações nas células cervicais, permitindo intervenções médicas oportunas que podem evitar o desenvolvimento desta neoplasia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com a cobertura de, no mínimo, 80% da população-alvo, e a garantia de diagnóstico e tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% a incidência do câncer de colo do útero6. Além disso, o exame de Papanicolau também é capaz de detectar outras condições ginecológicas, como infecções por HPV e lesões precursoras, possibilitando o tratamento precoce e eficaz dessas condições.

2.     OBJETIVO

   Realizar uma revisão bibliográfica sobre as dificuldades enfrentadas pelos homens transgêneros no acesso ao exame de Papanicolau.

3.     METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, conduzida com o intuito de analisar e sistematizar evidências de estudos atuais sobre um determinado tema. Essa abordagem metodológica é empregada para revisões, permitindo a inclusão tanto de estudos experimentais quanto não-experimentais. Essa escolha metodológica visa viabilizar uma compreensão abrangente do fenômeno em análise, alinhada com a natureza integrativa da pesquisa7. Esta metodologia possibilita a identificação de lacunas no entendimento, direcionando potencialmente a realização de futuras pesquisas e enriquecendo o desenvolvimento científico.

Destaca-se a relevância da revisão integrativa na prática clínica8, dado que este método de pesquisa facilita a síntese de múltiplos estudos publicados, conduzindo a conclusões abrangentes acerca de uma determinada área de estudo9.Assim sendo, a adoção da revisão integrativa neste estudo visa não apenas alcançar as metas específicas da pesquisa, mas também aprimorar a prática clínica, assegurando que as intervenções adotadas estejam embasadas nas melhores evidências disponíveis.

A elaboração da revisão ocorreu entre os meses de fevereiro e junho de 2024 e, para a sua composição, foram implementados os seguintes passos metodológicos: 1) elaboração da pergunta norteadora; 2) definição dos critérios de elegibilidade; 3) organização das estratégias de pesquisa; 4) processo de coleta de dados por meio de dois revisores; 5) análise e síntese dos resultados; 6) finalização da revisão com apresentação criteriosa dos estudos analisados. Após a definição do eixo temático da pesquisa, foi elaborada a seguinte pergunta norteadora: “Quais as barreiras ao acesso dos cuidados de saúde para homens transgêneros para a realização do exame de Papanicolau?”.

Durante a busca e a seleção das publicações, foi consultada as bases de dados (Scielo Brasil, Journal of Specialized Nursing Care, Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social). Para a sistematização das estratégias, foram utilizados os descritores selecionados e controlados a partir dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), no idioma português e inglês, combinados entre si utilizando o operador booleano AND e OR para realizar a associação e filtragem dos termos: “Barreiras ao acesso aos cuidados de saúde”, “Pessoas transgênero”, “Testedepapanicolau” e “Habilidades para a realização de testes”.

Estabeleceram-se como critérios de elegibilidade para a seleção da amostra: artigos completos, publicados entre os anos de 2018 a 2024, sem restrição de idioma. Não foram incluídos artigos repetidos, teses, dissertações, editoriais, cartas ao editor, metanálises ou revisões sistemáticas, tendo em vista que estes últimos realizam descrição/método estatístico de análise de evidências que já foram reunidas sistematicamente. Tendo em vista o cumprimento das etapas, a pesquisa resultou, a priori, em uma coleção de 20 artigos, em consonância com os critérios de elegibilidade e string de busca.

Após uma análise dos títulos e resumos, foram selecionados preliminarmente 7 estudos para leitura completa, excluindo aqueles que não estavam alinhados com o escopo da pesquisa. Por fim, 4 artigos foram incluídos no conjunto final de análise desta revisão, por responderem satisfatoriamente à questão norteadora.

Para garantir os aspectos éticos relevantes deste estudo, a autoria e as referências de cada publicação foram integralmente observadas e respeitadas.

4.     RESULTADOS

Nesta revisão foram selecionados 4 artigos, dos quais, em relação à autoria, um foi produzido por oito autores e as outras três produções foram realizadas por dois ou mais autores. Os manuscritos foram publicados entre 2019 a 2023, destacando-se o ano de 2020 com duas produções, enquanto as demais foram distribuídas nos anos restantes. Os anos de 2019 e 2023 tiveram apenas uma cada. No que diz respeito a base de dados, 2 foram identificados na MEDLINE e 2 na LILACS. (Figura 1).


Figura 1 – Fluxograma PRISMA da seleção dos estudos incluídos

Fonte: Adaptado pelos autores

A partir da leitura e análise do conteúdo dos artigos selecionados, emergiu uma categoria com os principais conteúdos das produções: as dificuldades enfrentadas pelos homens transgêneros no acesso ao exame de Papanicolau. No quadro 1, são explicitadas as características utilizadas para a seleção do conteúdo dos artigos analisados.

Quadro 1 – Síntese dos estudos incluídos na revisão, segundo título, ano de publicação, base de dados e objetivo. Belém–PA, Brasil, 2024.

TítuloAnoBase de dadosObjetivo
Acesso e utilização da atenção ginecológica na atenção primária a saúde: percepção do homem transexual112023Saúde e PesquisaInvestigar a percepção do homem transexual sobre acesso e utilização da atenção ginecológica em serviços da Atenção Primária à Saúde no SUS
Citologia oncótica cervicovaginal na população lésbica e transgêneros122020Revista feminaInvestigar as barreiras que mulheres enfrentam no acesso aos serviços de saúde para o diagnóstico precoce do câncer cervical
Câncer de colo do útero localmente avançado em um homem transgênero (traduzido da língua inglesa para portuguesa)102019CMAJRelatar um caso clínico de câncer cervical avançado, destacando os desafios de diagnóstico e tratamento em homens transgêneros
Exercendo poder e construindo gênero em encontros de triagem de câncer cervical entre pacientes transmasculinos e profissionais de saúde (traduzido da língua inglesa para portuguesa)132019Culture, Health & SexualityInvestigar as dinâmicas de poder e gênero no contexto do rastreamento do câncer cervical em pessoas transmasculinas

Fonte: Adaptado pelos autores

5.     DISCUSSÃO

Com base nas análises dos artigos selecionados, as barreiras enfrentadas no acesso aos cuidados ginecológicos e os desafios específicos enfrentados pelos homens transgêneros serão apresentados em duas categorias descritas a seguir.

Barreiras no acesso ao exame de papanicolau para homens transgêneros

Homens transgêneros enfrentam desafios para terem acesso ao exame de Papanicolau nas unidades de serviço de saúde. Beswick et al.10 apontam que esses desafios são decorrentes de obstáculos sociais, fisiológicos e clínicos únicos que frequentemente dificultam que essa população obtenha o rastreamento adequado. Além disso, Dias et al.11 destacam que a falta de educação sobre a saúde da população trans durante a formação acadêmica dos profissionais de saúde contribui para a falta de compreensão sobre o risco de câncer de colo de útero entre as pessoas trans. Como resultado, muitos profissionais podem não reconhecer a necessidade de realizar exames citopatológicos nesse público. 11

Assim como acontece com as pacientes homoafetivas, os indivíduos transgêneros também enfrentam discriminação por parte dos profissionais de saúde. Bittencourt et al.14 ressaltam que apenas um terço dos profissionais se sentem à vontade ao atender pessoas transgênero, apesar de estas possuírem necessidades semelhantes às de outras pacientes cisgênero. Esses achados contrastam com os resultados obtidos por Beswick et al.10, os quais indicaram que uma minoria significativa de prestadores de serviços obstétricos e ginecológicos expressou desconforto ao lidar com pacientes transgêneros em transição de mulher para homem (FTM).

Essas questões são ainda mais complexas devido à estigmatização e discriminação que os indivíduos transexuais frequentemente enfrentam nos ambientes de atendimento médico. A discriminação pode se manifestar de diversas maneiras, incluindo a falta de consideração pela identidade de gênero do paciente, comentários insensíveis ou preconceituosos e a recusa em oferecer tratamento adequado. Segundo o estudo de Beswick et al.10, algumas das práticas recomendadas envolvem aprimorar a inclusividade do ambiente de saúde, solicitando aos pacientes que informem seus pronomes de preferência antes da consulta.

Essas experiências negativas podem causar um grande medo de procurar ajuda médica, o que, por sua vez, pode resultar em atrasos na detecção e no tratamento de doenças graves, como o câncer de colo de útero. É crucial garantir que o paciente não experimente desconforto ao expor um corpo com certas modificações (sejam hormonais ou cirúrgicas) durante a realização do exame preventivo do colo do útero, o que requer a exposição física. Entre as alterações possíveis estão o aumento do clitóris e a atrofia vulvovaginal, resultante da terapia hormonal com testosterona. Portanto, uma abordagem profissional apropriada é essencial para evitar situações e sentimentos embaraçosos durante o atendimento no contexto de saúde.11

Tais observações corroboram com estudos anteriores que destacam a falta de acesso a serviços de saúde sensíveis ao gênero como uma das principais barreiras enfrentadas pelos homens transgêneros no acesso ao cuidado preventivo.

Impacto na Saúde Pública e Equidade de Gênero

Tendo em vista o impacto na saúde pública e a importância da equidade de gênero, é crucial abordar um problema específico: as dificuldades enfrentadas pelos homens transgêneros no acesso ao exame de Papanicolau. Este é um desafio que tem implicações significativas não apenas para a saúde desses indivíduos, mas também para a saúde pública, em geral, e para a promoção da equidade de gênero.

É alarmante notar que a expectativa de vida média de indivíduos transgêneros e travestis no Brasil é de apenas 35 anos, um número que é menos da metade da expectativa de vida média nacional de 76,5%. Esta disparidade preocupante está intrinsecamente ligada a questões sociais, incluindo a luta pela sobrevivência em uma sociedade que muitas vezes dificulta o acesso a oportunidades de emprego e serviços de saúde pública adequados11. Em contraste com a situação no Brasil, é interessante notar as diretrizes de saúde em outros países. Por exemplo, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) não aconselha a realização de exames preventivos em mulheres que nunca tiveram relações sexuais com qualquer gênero, seja masculino ou feminino.

Além disso, o The American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) estabelece recomendações específicas de rastreamento para a população lésbica. Rastreamento de câncer de mama: A ACOG recomenda a mamografia regular a partir dos 40 anos para reduzir a mortalidade por câncer de mama em mulheres de risco médio12. Rastreamento de câncer de colo de útero: A ACOG endossa as recomendações do U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) para o rastreamento do câncer de colo de útero. As diretrizes recomendam que o rastreamento comece aos 21 anos. Para indivíduos de 21 a 29 anos, as recomendações de rastreamento permanecem inalteradas. Para indivíduos de 30 a 65 anos, existem três opções de rastreamento: Teste primário de HPV de alto risco (hrHPV) a cada 5 anos, citologia cervical sozinha a cada 3 anos, ou co-teste com uma combinação de citologia e teste hrHPV a cada 5 anos13. No entanto, a falta de adesão a esses rastreamentos pode resultar em atrasos no diagnóstico e, consequentemente, aumentar as taxas de câncer invasivo. Essas diretrizes e suas implicações ressaltam a necessidade de políticas de saúde inclusivas e equitativas em todo o mundo, incluindo o acesso ao exame de Papanicolau para homens transgêneros.14

É importante destacar que, mesmo dentro da comunidade LGBTQIA+, existem diferenças significativas no acesso aos cuidados de saúde. Em particular, travestis e transexuais muitas vezes enfrentam as maiores barreiras. A transfobia, juntamente com a discriminação baseada em outros fatores como pobreza e cor da pele, dificulta o acesso desses indivíduos ao Sistema Único de Saúde (SUS). Isso pode ser devido ao desrespeito ao nome social, às mudanças corporais resultantes de terapias hormonais e cirurgias, ou até mesmo ao medo de não serem totalmente respeitados.11 Essas dificuldades, juntamente com as dificuldades enfrentadas pelos homens transgêneros no acesso ao exame de Papanicolau, destacam a necessidade urgente de políticas de saúde mais inclusivas e equitativas.

Algumas estratégias de intervenção envolvem a personalização do atendimento ao paciente, como, por exemplo, permitir a presença de um acompanhante ou a audição de música durante os procedimentos. Além disso, a educação dos profissionais de saúde sobre o uso correto dos pronomes e a coleta de históricos sexuais inclusivos são práticas importantes. Mudanças ao nível sistêmico, como a implementação de políticas de não discriminação nos websites das clínicas, também são exemplos de tais intervenções.13

Portanto, um aspecto crucial que precisa ser considerado é o atendimento de saúde disponibilizado para este grupo. Isso se deve ao fato de que essas pessoas enfrentam obstáculos ao buscar serviços de saúde, em razão da transfobia.11 A superação dos obstáculos enfrentados por essa população no acesso aos serviços de saúde é um passo fundamental para garantir a equidade na assistência à saúde.

6.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos revelam implicações significativas em setores como a educação e a saúde. Essas implicações destacam a importância de implementar estratégias específicas para aumentar a conscientização e facilitar o acesso aos serviços de saúde para homens transgêneros. Essa abordagem é essencial para promover uma sociedade mais inclusiva e equitativa. Além disso, os resultados confirmam algumas ideias teóricas no âmbito da assistência à saúde. Esta pesquisa contribui para o conhecimento existente acerca da adversidade em que homens transgênero enfrentam para a realização do exame Papanicolau.

Em síntese, esta pesquisa ampliou o conhecimento sobre as dificuldades para a realização do exame preventivo do câncer de colo de útero, e declarou seu impacto na área da saúde, bem como para a comunidade LGBTQI+. Contudo, é importante frisar que este estudo possui limitações, incluindo o déficit de artigos norteadores para o objetivo de pesquisa. Sugere-se que as buscas subsequentes se concentrem em pesquisas de base populacional com a própria comunidade, para continuar a aprofundar nosso conhecimento nesta área. À medida que se encerra este trabalho, é possível refletir sobre a importância contínua de explorar novos horizontes em saúde transgênero para enriquecer o conhecimento e aperfeiçoamento de práticas futuras.

REFERÊNCIAS

[1] Em pesquisa inédita do IBGE, 2,9 milhões de adultos se declararam homossexuais ou bissexuais em 2019. Estatísticas Sociais. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.go v.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/ no ticias/33785-em-pesquisa-inedita-do-ibge-2-9-milhoes-de-adultos-se-declararam-ho mossexuais-ou-bissexuais-em-2019>. Acesso em: 24 fev. 2024.

[2] Julgamentos de impacto social, político e econômico marcaram pauta do STF em 2019. Supremo tribunal federal. Disponível em: <https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetal he.asp?idConteudo=433939>. Acesso em: 24 fev. 2024.

[3] ANJOS, Keylla Myllena Lima dos; SILVA, Wemerson Jamison Santos da. O movimento LGBTQI+: aspectos históricos e as lutas no Brasil. In: XVII encontro nacional de pesquisadores em serviço social (ENPESS), 2024, Rio de Janeiro. Anais […]. Rio de Janeiro: ABEPSS, 2024. Disponível em: <https://www.abepss.org.br/enpess-anais/public/ar quivos/00205.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2024. ISSN 2965-2499.

[4] Constituição da república federativa do brasil. Disponível em: <https://legis.senado.leg.br /norma/579494/publicacao/15636884>. Acesso em: 24 fev. 2024.

[5] BARCELÓ, C. A. O que é transgênero? Psicologia-Online. Disponível em: <https://br.psicologia-online.com/o-que-e-transgenero-643.html>. Acesso em: 24 fev. 2024.

[6] Ministério da Saúde.Detecção precoce.Disponível em: <https://www.gov.br/inca /pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes/detecca o-precoce>. Acesso em: 24 fev. 2024.

[7] SOUZA, M. T. DE .; SILVA, M. D. DA .; CARVALHO, R. DE .. Integrative review: what is it? How to do it?. Einstein (São Paulo), v. 8, n. 1, p. 102–106, jan. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/eins/a/ZQTBkVJZqcWrTT34cXLjtBx/?lang=en#

[8] MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. DE C. P.; GALVÃO, C. M.. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 17, n. 4, p. 758–764, out. 2008. Disponível em: https://www.sc ielo.br/j/tce/a/XzFkq6tjWs4wHNqNjKJLkXQ

[9] SILVA, Janaina Rosa Lourenço da; CRUZ, Isabel Cristina Fonseca da. Guidelines for evidence-based practice on nursing prescription enteral feeding in ICU: integrative literature review. Journal of Specialized Nursing Care, [S.l.], v. 10, n. 1, apr. 2018. ISSN 1983-4152. Disponível em: <http://www.jsncare.uff.br/index.php/jsncare/article/view /2966/751>. Acesso em: 03 mar. 2024.

[10] BESWICK, A.; CORKUM, M.; D’SOUZA, D. Locally advanced cervical cancer in a transgender man. Canadian Medical Association Journal, v. 191, n. 3, p. E76–E78, 20 jan. 2019.

[11] DIAS, J. P. B.; PIETRAFESA, G. A. B.; SILVA, S. A. DA. Acesso e utilização da atenção ginecológica na atenção primária a saúde: percepção do homem transexual. Saúde e Pesquisa, v. 16, n. 4, p. 1–15, 28 nov. 2023.

[12] The american college of obstetricians and gynecologists. Breast cancer risk assessment and screening in average-risk women. Disponível em: <https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/practice-bulletin/articles/2017/07/breast-cancer-risk-assessment-and-screening-in-average-risk-women>.

[13] American college of obstetricians and gynecologists. Updated Cervical Cancer Screening Guidelines. Disponível em: <https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/practice-advisory/articles/2021/04/updated-cervical-cancer-screening-guidelines>.

‌[14] DIAS BITTENCOURT, Dulcimary; DIAS BITTENCOURT, Fernanda. Citologia oncótica cervicovaginal na população lésbica e transgêneros. Revista Femina, [S.l.], v. 48, n. 08, 2020. Disponível em: https://fi-admin.bvsalud.org/document/view/zb9pd.


1 irocarvalho97@gmail.com Graduando em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

2 lyviaraiane@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

3 beeatriz.castro232@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

4 camiranda91@icloud.com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

5 mylle1606@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

6 mayllonbatalha981@gmail.com
Graduando em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

7 pris.ramos2017@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

8 arakawaaiiko@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

9 sthefanysantos2907@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

10 jadeggsousa@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Universidade da Amazônia – UNAMA BR, Ananindeua PA

11 anaceciliabonfim@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Universidade da Amazônia – UNAMA BR, Ananindeua PA

12 werenaholandaa@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Universidade da Amazônia – UNAMA, Belém PA

13 thaises567@gmail.com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Integrada da Amazônia – FINAMA, Belém PA

14 cadureys@gmail.com
Graduando em Enfermagem pelo Centro Universitário Fibra – FIBRA, Belém PA

15 larissaalineccoelho@gmail.com
Enfermeira, Especialista em Saúde Materno Infantil pela Universidade Federal do Pará – UFPA, Belém PA