HEART TRANSPLANTATION: THE IMPORTANCE OF PHYSIOTHERAPY IN THE QUALITY OF LIFE OF TRANSPLANT PATIENTS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410240850
Annie Karoline Barbosa Boniatti¹; Rafaella Gomes Madeira¹; Wanderli Lourenço Camargo Júnior¹; Orientador(a): Éricles Dias Alves².
Resumo: O transplante cardíaco é um procedimento complexo que visa a recuperação de pacientes com insuficiência cardíaca terminal. A fisioterapia desempenha um papel crucial no processo de reabilitação, auxiliando na recuperação funcional, melhora da capacidade respiratória e otimização da qualidade de vida. Este trabalho tem o objetivo discutir as principais diretrizes e intervenções fisioterapêuticas no pós-transplante cardíaco, ressaltando a importância dessa atuação dentro da abordagem multidisciplinar. Evidenciou-se que a fisioterapia possui papel fundamental em todas as fases de pós-transplante, desde a mobilização precoce até a introdução de exercícios personalizados, evoluindo a recuperação do paciente para sua vida cotidiana novamente.
Palavras-chave: Transplante cardíaco; Qualidade de vida; Reabilitação cardiopulmonar.
Abstract: Heart transplantation is a complex procedure aimed at recovering patients with terminal heart failure. Physiotherapy plays a crucial role in the rehabilitation process, helping with functional recovery, improving respiratory capacity and optimizing quality of life. The aim of this paper is to discuss the main physiotherapy guidelines and interventions in the post-cardiac transplant period, highlighting the importance of this role within the multidisciplinary approach. It has been shown that physiotherapy plays a fundamental role in all phases of post-transplantation, from early mobilization to the introduction of personalized exercises, evolving the patient’s recovery to their daily life again.
Key-words: Heart transplantation; Quality of life; cardiopulmonary rehabilitation.
1 INTRODUÇÃO
As doenças cardíacas crônicas têm acometido muitas pessoas de forma acelerada, sendo uma das principais causas de morte em ambos os sexos, e tornando para a saúde, um grande problema por ser uma das doenças com maior custo de internações (RIBEIRO et al., 2015).
Transplante cardíaco é uma cirurgia de grande porte e alta complexidade, realizada em pacientes que possuem comprometimento cardíaco grave sem possibilidade de melhora com tratamentos clínicos e cirúrgicos, e que tenham expectativa de vida inferior a dois anos. O órgão saudável é recebido de um doador compatível que tenha sofrido morte cerebral (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).
As principais indicações para o transplante são cardiopatia, cardiopatia isquêmica ou congênita, doença valvar, e rejeição ao órgão recebido anteriormente. Considera-se o transplante cardíaco um sucesso quando além de garantir sobrevida a pacientes em estágio final de cardiopatia, permite ao cliente ter uma vida com bons níveis de capacidade física e qualidade de vida (BACAL et al., 2018; RIBEIRO et al., 2015).
Qualidade de vida é uma expressão com diversos significados que dificultam um conceito exato, o tema engloba aspectos sociais, psíquicos e emocionais, capacidade funcional, e estado de saúde. O bem-estar do paciente está diretamente ligado ao seu estilo de vida pós transplante, necessitando de cuidados rigorosos por conta do índice de rejeição do órgão transplantado e do risco de infecções (COSTA e NOGUEIRA, 2014).
Após o transplante o paciente deve assumir um estilo de vida que preserve o novo coração, fazendo uso de medicações imunossupressoras conforme prescrição e evitando hábitos que possam ser prejudiciais. Mesmo no pós-operatório tardio o receptor deve continuar sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS, 2016).
A realização de treinamento físico na reabilitação cardíaca é fundamental para o bem-estar e bom prognóstico dos pacientes (DALL et al., 2015). Um programa de treinamento precoce é benéfico tanto no período pós-operatório quanto a longo prazo. Mobilizações e cinesioterapia de MMSS e MMII e ainda a fisioterapia respiratória atuam de forma preventiva a infecções respiratórias (KOUKER, C. et al, 2021)
As atividades fisioterapêuticas devem ser iniciadas precocemente, ainda na fase hospitalar e ter continuidade domiciliar. Deve-se adotar um programa que inclua exercícios aeróbicos, treinos resistidos, aquecimento e relaxamento global para ganho de condicionamento físico na vida pós transplante (SILVA, 2016).
O presente estudo tem como objetivo examinar estudos anteriores que discorrem sobre a qualidade de vida dos pacientes submetidos ao transplante cardíaco, correlacionando com a importância do acompanhamento fisioterapêutico na fase de reabilitação pós transplante.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica básica e qualitativa. A pesquisa bibliográfica é uma das melhores formas de iniciar um estudo, buscando semelhanças e diferenças entre os artigos levantados nos documentos de referência (GARCIA, 2016).
Para a Revisão Bibliográfica não se faz necessário a apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa, por ser uma pesquisa que se baseia em Práticas Baseadas em Evidências (PBE) e não envolve entrevista ou coleta de dados de prontuários de pacientes.
Os critérios de inclusão utilizados foram publicações completas, publicados em português, espanhol e inglês, entre os períodos compreendidos nos anos de 2014 e 2024. Disponibilizados na íntegra gratuitamente, que contenham dados sobre a qualidade de vida e transplante cardíaco. Destes, serão excluídos: Estudos que não estejam relacionados ao tema, artigos de revisão de literatura narrativa, teses, dissertações, monografias, estudos duplicados e conteúdo pago.
Foram realizadas buscas de artigos científicos publicados nas bases de dados: Pubmed, PEDro, Scielo e Lilacs. Onde, foram realizados cruzamentos entre os seguintes descritores na língua inglesa: heart transplantation, quality of life, physiotherapy, e os estudos foram selecionados por meio das seguintes combinações: heart transplantation and quality of life, heart transplantation and physiotherapy.
A coleta de dados foi realizada no período de setembro a outubro de 2024. Foram analisados estudos publicados entre 2014 a 2024. Na base de dados PUBMED 812 artigos foram localizados, 803 foram excluídos por não se enquadrarem nos critérios, sendo usados 9 para o desenvolvimento do trabalho. Na plataforma PEDro foram localizados 11 artigos, 8 foram descartados por não se enquadrarem nos critérios, ao final 3 foram utilizados. A LILACS apresentou 52 resultados, 48 não se enquadram, sendo 4 utilizados para esta pesquisa.
2.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES
As doenças cardiovasculares (DCV) têm aumentado sua incidência de forma notória nos últimos anos, sendo uma das principais causas de morbimortalidade em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. No Brasil tais doenças representam as principais causas de óbito em indivíduos de ambos os sexos, causando em média 20% das mortes em homens e mulheres acima de 30 anos, provocando ainda elevado custo com hospitalização (RIBEIRO et al., 2015).
As DCV têm sido amplamente estudadas na literatura médica, especialmente no que diz respeito à identificação de fatores de risco. Estudos apontam que a hipertensão arterial, presente em cerca de 1,13 bilhão de pessoas no mundo, é o principal fator de risco para doenças cardíacas (KEARNEY et al., 2005). A dislipidemia, caracterizada pelo aumento dos níveis de colesterol LDL, também é um importante preditor de eventos cardíacos fatais (FERENCE et al., 2017).
Configuram-se como uma das principais causas de morte no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas enfermidades foram responsáveis por 17,9 milhões de óbitos em 2019, o que representa 32% de todas as mortes globais naquele ano (WHO, 2021). Segundo Oliveira et al. (2021), a hipertensão arterial é um dos principais fatores predisponentes para o desenvolvimento de doenças cardíacas. Estudos recentes indicam que mudanças no estilo de vida, como prática regular de atividade física e uma dieta equilibrada, podem reduzir significativamente o risco de eventos cardíacos (Silva & Costa, 2018).
2.2 TRANSPLANTE CARDÍACO
O transplante (TX) cardíaco foi realizado pela primeira vez em dezembro de 1967, na África do Sul, pelo médico Christian Barnard. Já no Brasil o Dr Euryclides Zerbin fez o primeiro TX cardíaco seis meses após o primeiro realizado no mundo (MANGINI et al, 2015).
Nos últimos anos, o TX cardíaco passou por diversas inovações, sobretudo na área de preservação de órgãos, diagnóstico precoce de rejeição e manejo de complicações infecciosas. A tecnologia de perfusão ex-vivo, por exemplo, tem permitido que os corações de doadores permaneçam viáveis por períodos mais longos, aumentando a janela de tempo para a realização do transplante e reduzindo as taxas de falha do enxerto primário (Stehlik et al., 2019). Esse avanço é crucial, considerando a escassez de órgãos e a alta demanda por transplantes cardíacos no mundo.
Com o passar do tempo, o Brasil vem conquistando mais espaço no campo dos transplantes, sendo considerado o país referência no TX de coração da América Latina guiando condutas que são incorporadas no mundo (HUEB et al., 2015).Em relação ao Distrito Federal, sabe-se que o primeiro TX cardíaco foi realizado em 2008, no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, ano em que foram realizados 2 transplantes neste local (REGISTRO BRASILEIRO DE TRANSPLANTES, 2008).
Apesar dos avanços médicos, a escassez de doadores continua sendo uma limitação crítica. No Brasil, assim como em muitos outros países, a lista de espera por um coração ultrapassa o número de órgãos disponíveis, o que levanta questões éticas sobre os critérios de alocação. Pesquisas indicam que a adoção de políticas públicas voltadas para o aumento de doações de órgãos e a conscientização da população sobre a importância do ato de doar são fundamentais para reduzir essa lacuna (Silva et al., 2021).
2.3 QUALIDADE DE VIDA
Qualidade de vida é uma expressão com diversos significados que dificultam um conceito exato, o tema engloba aspectos sociais, psíquicos e emocionais, capacidade funcional, e estado de saúde (COSTA e NOGUEIRA, 2014).
Na literatura é possível encontrar diversas explanações sobre Qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), como proposto por Costa (2014):
“[…] envolve, de um modo geral, a percepção da saúde e do impacto dos aspectos sociais, psicológicos e físicos sobre ela, que incluem aqueles aspectos relacionados à saúde, mas excluem outros mais genéricos como, por exemplo, ganho salarial, liberdade e qualidade do meio ambiente. A avaliação da QVRS tem sido utilizada para determinar os aspectos associados às enfermidades ou ligados às intervenções terapêuticas. Esse tipo de avaliação tende a manter um caráter multidimensional, ainda que a ênfase recaia sobre os sintomas, incapacidades ou limitações ocasionadas por enfermidades…”(COSTA e NOGUEIRA, 2014).
Em seu estudo Montavoni et al., (2016) referente a Qualidade de vida (QV) pré e pós transplante cardíaco, trazem a seguinte definição:
“A QV pode ser definida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (MONTAVONI et al., 2016)
A construção da qualidade de vida é multidimensional e engloba questões física, mentais e sociais de autopercepção de seu estado de saúde em determinado momento, sofrendo mudanças ao longo do tempo de maneira dinâmica (FASCE et al., 2023).
Ainda sobre o tema, Fasce (2023) traz uma definição mais atual:
“[…]Qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) é aceita como uma avaliação multidimensional de como a doença e o tratamento afetam a sensação de função geral e bem-estar do paciente.QVRS é definida como o efeito funcional que uma doença ou evento de interesse e seu tratamento produzem em um paciente ou sujeito, conforme percebido por eles…” (FASCE, 2023)
Apesar de não haver uma definição única para a QV, é consenso para estudiosos que o termo inclui o discernimento e perspectiva do indivíduo no tocante a aspectos físicos, psicossociais, familiares e comunidade em que está inserido. Quando um doente tem a indicação de realizar um transplante de órgão ou tecido todos esses aspectos estão relacionados com o pós-operatório.
No transplante cardíaco o bem-estar do paciente está diretamente ligado ao seu estilo de vida após receber o novo coração, necessitando de cuidados rigorosos devido à possibilidade de rejeição do órgão e o risco de infecções. Há ainda que receber cuidados relacionados à reabilitação cardiovascular, visando um bom funcionamento do novo órgão, aumento da autonomia do próprio cuidado e longevidade (COSTA e NOGUEIRA, 2014).
2.4 ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO PÓS TRANSPLANTE CARDÍACO
Os principais objetivos dos programas de reabilitação cardiovascular são permitir aos cardiopatas retornarem, o quanto antes, à vida produtiva e ativa, a despeito de possíveis limitações impostas pelo seu processo patológico. Portanto, a reabilitação cardiovascular pode ser definida como processo de desenvolvimento e manutenção de nível de atividade física, social e psicológica após o início da doença coronariana sintomática. A fisioterapia respiratória é essencial no manejo dos pacientes no pós-operatório contribuindo para um melhor prognóstico (LUIZ et al., 2016).
Decorrente das complicações respiratórias pós cirúrgicos, a fisioterapia dispõe de técnicas para auxiliar a manutenção da ventilação espontânea após a extubação, abrangendo técnicas de higiene brônquica e expansão pulmonar, para garantir os volumes pulmonares e a relação ventilação/perfusão ideais. Tendo em vista esses objetivos, faz-se o uso da pressão positiva na via aérea, para manutenção da ventilação e oxigenação, dependendo da necessidade de cada paciente. Comumente se faz o uso da pressão positiva de forma contínua através da VNI ou intermitente (RPPI) (CAROLINA, 2018).
Diferentes estudos têm comprovado a eficácia do treinamento muscular inspiratório (TMI) na restauração da ventilação, redução do tempo de internação hospitalar, melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida de pacientes. (MARIA et al., 2015).
A reabilitação cardíaca tem sido implementada de forma precoce, iniciando-se ainda na fase 1, quando o paciente permanece na unidade coronariana. Nesse estágio inicial, o foco está na mobilização precoce, na adoção do ortostatismo e no início da
deambulação, promovendo a recuperação da funcionalidade básica. A fase 2, por sua vez, é marcada pela realização de exercícios que são ajustados conforme a capacidade funcional individual do paciente. Por fim, a fase 3 é direcionada a pacientes assintomáticos, que passam a realizar atividades físicas com maior intensidade e complexidade em um período reduzido de tempo (Siervuli et al., 2014).
Nessas fases, são comumente empregados exercícios aeróbios de alta intensidade e curta duração, com foco principal nos membros inferiores, além disso, são utilizados exercícios anaeróbicos de baixa intensidade, com maior número de repetições, predominando o trabalho dos membros superiores (Siervuli et al., 2014).
Segundo Anderson et al., (2017), programas de reabilitação baseados em exercícios, ajustados às necessidades dos transplantados, têm demonstrado efeitos positivos na função cardíaca e na saúde geral desses pacientes. O estudo revela que a reabilitação não só melhora os parâmetros cardiovasculares, como também auxilia na prevenção de complicações comuns no pós-transplante, como fraqueza muscular e atrofia, promovendo uma recuperação mais rápida e eficiente.
De acordo com Bacal et al., (2018), na 3ª Diretriz Brasileira de Transplante Cardíaco, enfatizam que o acompanhamento fisioterapêutico no pós-transplante é crucial para otimizar o processo de reabilitação, sendo uma parte integral dos cuidados multidisciplinares. O suporte da fisioterapia, especialmente nos primeiros meses após o procedimento, é fundamental para minimizar complicações e melhorar a resposta do corpo à nova condição cardíaca
Outro estudo realizado por Dall et al., (2015) destaca que o exercício físico, quando supervisionado, é benéfico na recuperação vascular e na melhora da função cardíaca dos transplantados. A intensidade moderada ou alta dos exercícios é recomendada para maximizar os efeitos positivos sobre os biomarcadores de saúde e a qualidade de vida desses pacientes. Kourek et al., (2021) também corroboram essa ideia, afirmando que a fisioterapia e o treinamento físico adequado desempenham um papel vital na longevidade e na qualidade de vida dos receptores de transplante cardíaco.
3 DESENVOLVIMENTO
Tabela 1 – Estudos utilizados para elaboração da pesquisa
Fonte: Elaborada pelos autores, 2024
De acordo com os estudos analisados, quanto à atividade física Dall et al., (2015) afirma que pacientes submetidos ao treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) apresentaram melhora considerável nos marcadores de depressão e ansiedade quando comparados a exercícios de intensidade moderada. E ainda, confirma a necessidade de prática regular desta atividade para que a efetividade dos marcadores se mantenha.
A importância do exercício também é corroborada por Dall et al.,(2015), que conduziram um estudo randomizado comparando ao HIIT com o treinamento contínuo de intensidade moderada. Os autores encontraram que ambos os métodos foram bem tolerados e geraram melhorias similares nos pacientes, destacando a flexibilidade das abordagens de reabilitação. Isso reflete uma estratégia personalizável, que pode ser adaptada às necessidades individuais dos pacientes.
Assim, Rolid et al., (2020) compara o HIIT e o treinamento de intensidade moderada, individualizado e mostra que o HIIT apresenta desempenho significativamente maior em questões emocionais, ratificando as conclusões de Dall et al., (2015).
Também quanto aos benefícios da atividade física, Kourek et al., (2021) mostra que promove a melhora da capacidade aeróbica devido ao estresse de cisalhamento aumentado pelo exercício e também a função vascular periférica por promover a redução da pressão arterial. Defende o treinamento de intensidade moderado individualizado com base nas necessidades e habilidades de cada paciente como melhor escolha.
Entretanto, alguns desafios psicossociais são identificados. Trevizan et al., (2017) investigaram os sintomas de ansiedade e depressão em pacientes transplantados, observando que, apesar de a maioria dos pacientes apresentarem sintomas leves, um deles apresentou sintomas moderados. Embora a qualidade de vida tenha sido classificada como “boa” pelos pacientes, as questões emocionais e psicológicas não podem ser negligenciadas, exigindo intervenções específicas.
Estudos como os de Vasconcelos et al., (2015) exploram o impacto do transplante no cotidiano dos pacientes, revelando que, apesar da resolução dos sintomas clínicos, há uma perda de autonomia e uma necessidade de adaptação significativa. Esse achado reforça a necessidade de um suporte contínuo que vá além da recuperação médica, abrangendo aspectos sociais e psicológicos.
No conjunto, a literatura revisada sugere que o transplante cardíaco, aliado a um programa de reabilitação física bem estruturado, promove uma recuperação eficaz e restaura a qualidade de vida dos pacientes. Contudo, os desafios emocionais e psicossociais associados à adaptação pós-transplante indicam que a abordagem deve ser multidisciplinar, integrando assistência médica, psicológica e social.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo analisar o papel da fisioterapia no póstransplante cardíaco, junto ao processo de reabilitação, com a importância na recuperação funcional e na prevenção de complicações pós-operatórias. Através da revisão das literaturas obtidas, evidenciaram que a intervenção fisioterapêutica é de suma importância para melhor capacidade respiratória, reduzir tempo de internação hospitalar e aumentar a qualidade de vida dos pacientes transplantados.
A principal contribuição deste estudo foi trazer mais informação diante do transplante cardíaco e enfatizar o papel fundamental do fisioterapeuta em todas as fases de pós-transplante, desde a mobilização precoce até a introdução de exercícios personalizados, evoluindo a recuperação do paciente para sua vida cotidiana novamente.
REFERÊNCIAS
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¹Graduandos do curso de Fisioterapia – Annie Boniatti; Rafaella Gomes; Wanderli Camargo
²Professor(a) orientador(a) Esp., Ms.: Éricles Dias Alves