ENDOPARASITA EM ROEDOR: CYSTICERCUS FASCIOLARIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202410231950


Dyane Dos Santos Lino Anulino1
Gabriel Maia Pontes2
Giovanna Zerbinatti Francato Depoli3
Jéssyca Liberato Dias4
Orientador: Pedro Enrique Navas Suárez


RESUMO

O trabalho acadêmico em questão tem como principal objetivo a análise do parasita Taenia taeniaeformis, baseando-se na investigação de materiais coletados durante a realização de necropsia de um roedor doméstico, assim como a explicação referente ao ciclo biológico do parasita, sobre a sua taxonomia e ocorrência em roedores. Também foram abordados tópicos referentes ao modo em que se pode efetuar o diagnóstico da enfermidade causada pelo parasita, bem como o seu respectivo tratamento, patologia e epidemiologia. Com a elaboração deste projeto, visamos a consolidação documental do máximo de informações coletadas referente a Taenia taeniaeformis, com o intuito de colaborar com a ciência a partir do achado do parasita em uma necropsia de rotina.

Palavras-chaves: Taeniaeformis, Cysticercus Fasciolaris, Pesquisa, Necropsia, Estudo de caso.

INTRODUÇÃO

O artigo científico em questão aborda o parasita Taenia taeniaeformis, mais especificamente em roedores, bem como o funcionamento do seu ciclo biológico desde a sua forma larval que é chamada de cysticercus fasciolaris e tem predileção do fígado para se desenvolver, até a sua fase adulta que tem preferência pelo intestino delgado do hospedeiro.

Referente ao parasita estudado, o diagnóstico pode ser fechado por meio da visualização de parasitas cestódeos nas fezes em conjunto com alterações no exame físico e complementares, já no caso do tratamento pode ser realizado por meio do uso de antiparasitários. (LIGNON, JS)

A finalidade da pesquisa científica foi buscar maiores informações sobre o parasita encontrado, consolidando o maior número de informações possíveis para auxiliar médicos veterinários de como prosseguir nestes casos.

OBJETIVOS

O desenvolver deste artigo, tem como objetivo o estudo sobre o parasita Taenia taeniaeformis, tendo como referências revisões bibliográficas enfatizando: seu ciclo biológico, principais hospedeiros, diagnóstico, tratamento e sua importância na medicina veterinária

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa utilizada para este trabalho é qualitativa, descritiva e documental, tendo em vista que, a partir de análises dos materiais coletados, poderemos discorrer sobre o parasita Taenia taeniaeformis, como seu ciclo, ocorrência em roedores, hospedeiros e demais características.

A partir de uma amostra coletada (imagem 3), foi possível a identificação em um roedor doméstico na cidade de Guarulhos-SP. O Cysticercus fasciolaris (estágio larval do parasita cestoide Taenia taeniaeformis) foi localizado em Fígado (imagem 2), durante a necropsia do animal (imagem 1), uma vez que o tutor relata morte súbita, pedindo a realização do procedimento para identificação de causa mortis.

Após a coleta da amostra, foram realizadas minuciosas pesquisas e análise laboratorial para total definição do parasita, utilizando dos canais digitais como Google Acadêmico, PubMed e SciELO. Sendo utilizado palavras chaves: “Parasitas em roedores”, “Taeniataeniaeformis”, “Cysticercus fasciolaris” e entre outras.

Imagens 1,2,3 – Coleta de material para estudo durante necropsia

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Taenia taeniaeformis (verme parasita achatado) pertence à classe Cestoda e família Taeniidae. Tem como locais de predileção o intestino delgado em seus hospedeiros definitivos e o fígado em seus hospedeiros intermediários.

Seus hospedeiros definitivos são os gatos, linces, arminhos e raposas (Imagem 4). Já os hospedeiros intermediários são representados por camundongos, ratos, coelhos e esquilos. A doença nos gatos se manifesta como Teníase e, nos ratos, como cisticercose (Imagem 6).

O estágio de metacestódios (encontrado no roedor da análise em questão, Imagem 1) consiste em pequenas vesículas, de forma com que a larva inteira se concentre de aspecto pequeno, caracterizando um Cysticercus fasciolaris. Situando-se em nódulo, de tamanho relativo a ervilhas, são encontrados conectados ao parênquima hepático (Imagem 6).

Os roedores podem ser infectados ao ingerirem pastagens, contaminadas a partir das fezes dos hospedeiros definitivos, uma vez que são liberados os ovos ao ambiente (Imagem 5). Sua epidemiologia divide-se em dois ciclos, urbano e selvagem. No ciclo urbano podemos citar o envolvimento de gatos e roedores domésticos, já na selvagem, temos como exemplo os linces e roedores selvagens (mais comum na América do Norte).

Imagens 4,5,6 – Taenia taeniaeformis e suas apresentações

CICLO BIOLÓGICO

A Taenia taeniaeformis é responsável por formar os cistos na cavidade peritoneal dos roedores, criando assim, um microambiente adequado para a replicação de DNA e evasão do sistema imunológico. Nos ratos domésticos a contaminação ocorre por meio da ingestão dos ovos em pequenos insetos e vegetações, tendo em vista que, para isso ocorrer, um hospedeiro definitivo precisou defecar no ambiente, o contaminando.

A absorção ocorre nas bordas de células epiteliais intestinais e logo migram para a corrente sanguínea, para seu ciclo completo, a larva migra para os tecidos extra intestinais (com maior predileção o fígado dos roedores), assim, desenvolvendo seu estágio cístico.

Imagem 7 – Ciclo biológico* Cysticercus fasciolaris da Taenia taeniaeformis

DIAGNÓSTICO

As infestações da T. taeniaeformis são mais frequentes em animais jovens e em gatos, não manifestando sinais e sintomas claros, o animal pode apresentar distúrbios na digestão, emagrecimento, deterioração dos pelos, distensão da barriga e em casos mais graves pode vir ocasionar obstrução intestinal. A visualização de proglótes nas fezes e pelos do animal é o sinal mais evidente de alerta para os tutores.

O diagnóstico é feito com a presença de proglótides nas fezes ou na região perianal, os ovos (Imagem 8) podem ser observados no exame coproparasitológico, na qual são esféricos e apresentam uma cápsula fina que quase sempre pode se perder durante o processo de preparação.

As técnicas coprológicas de concentração por flotação ou sedimentação permitem a visualização de ovos nas fezes. Outras técnicas como o imunodiagnóstico constituem um método alternativo que oferecem diversas vantagens em relação às técnicas coprológicas tradicionais, dando possibilidade de realizar o diagnóstico durante o período pré-patente e diferenciar as infecções parasitárias. A detecção de coproantígenos por ELISA, utilizando anticorpos policlonais contra antígenos somáticos ou excretor-secretores, é uma alternativa confiável e mais sensível para o diagnóstico. (CORDERO del CAMPILLO e ROJO)

Imagem 8 – Proglótides* em fezes

TRATAMENTO

O principal medicamento utilizado na infestação da T. taeniaeformis é o praziquantel, na qual é administrado por via oral ou intramuscular na dose de 5,5mg/kg. O praziquantel é comercializado na forma de comprimidos ou solução injetável, isoladamente ou em combinação com outros anti-helmínticos, como o febantel e pamoato de pirantel. Também usual é a ivermectina a 1% por via oral diluído na água do roedor.

O gato é um predador natural e a profilaxia deve ser focada em evitar que o animal vá caçar, já que a T. taeniaeformis utiliza pequenos mamíferos como hospedeiros intermediários, contudo na maioria das infecções felinas a reinfecção é quase certa, logo após o tratamento. Somente a aplicação periódica de anti-helmintico em gatos que possuem o hábito de caça pode prevenir e proteger contra a enfermidade.

IMPORTÂNCIA NA MEDICINA VETERINÁRIA

Embora o parasito adulto raramente cause doença clínica em gatos, a vigilância deve ser empregada em pacientes felinos, principalmente aqueles em risco com histórico de acesso a roedores e nenhum tratamento regular para cestódeo. É importante que os tutores levem seu animal ao veterinário anualmente para realização de check-up e que realizem exames laboratoriais, incluindo o coprológico. A forma larval em intensas infecções produz lesões no fígado dos roedores, comprometendo seu desenvolvimento e nos gatos em infestações em massa pode causar obstrução do intestino, além da hiporexia, perda de peso e apatia.

O médico veterinário tem o dever de auxiliar no tratamento e nas informações sobre a prevenção.

CONCLUSÃO 

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou trazer um achado de necropsia em um roedor doméstico realizado na rotina clínica de atendimento a twisters. Podemos concluir que a identificação do parasita no roedor na maioria das vezes é quando as vesículas estão em estágios mais avançados por não ser identificado facilmente no exame coprológico, causando danos maiores a estes animais, portanto sua visita periódica ao veterinário e o controle com anti parasitários é de extrema importância. Nos felinos a identificação se torna mais viável através dos exames de fezes e sinais clínicos perceptíveis, na qual a prevenção e visitas periódicas aos profissionais da saúde veterinária se torna imprescindível.  A prevenção rotineira deve ser realizada, este trabalho visa informar e agregar aos profissionais Médicos veterinários e tutores.

REFERÊNCIAS

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Mundim, T. C. D., Oliveira Júnior, S. D., Rodrigues, D. C. & Cury, M. C. (2004). Frequency of helminthes parasites in cats of Uberlândia, Minas Gerais. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 56(4):562-563

Hasanpour, H., Najafi, F., Gharagozlou, M. J., JafarpourAzami, S., Fadavi, A., Paknezhad, N. &Mowlavi, G. (2017). Cysticercus fasciolaris (Taenia taeniaeformis Larval Stage) in urban rats with illustration of histopathological changes in the liver. Journal of Medical Microbiology and Infectious Diseases, 5(3):43-46.

M. A. Taylor; R. L. Coop; R. L. Wall – ParasitologiaVeterinária

Silvia Gonzalez Monteiro – Parasitologia na Medicina Veterinária

Bowman, D. (2010). Parasitologia veterinária de Georgis (9° ed). Elsevier Editora Ltda.

https://www.researchgate.net/figure/Overview-of-Hydatigera-taeniaeformis-lifecyleand- metacestode-larval-cystic-stages-in_fig3_381084512>. Acesso em: 15 out. 2024.

LIGNON, JS et al. Diagnóstico de Taenia taeniaeformis (Cyclophyllidea: Taeniidae) em felino doméstico em Pelotas, RS: relato de caso. PubVet , v. 10, pág. 1–4, 2019.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE INFECÇÃO NATURAL EM RattusnorvegicusPOR Cysticercus fasciolaris. [s.l: s.n.].

FERRAZ, A. et al. PARASITOS GASTRINTESTINAIS EM FEZES DE GATOS DOMICILIADOS NO MUNICÍPIO DE PELOTAS, RS, BRASIL. Veterinária notícias, v. 27, n. 1, 2021.


1Aluna do curso de Medicina Veterinária
2Aluno do curso de Medicina Veterinária
3Aluna do curso de Medicina Veterinária
4Aluna do curso de Medicina Veterinária