A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NO TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA ANSIEDADE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410231149


Thaynara de Freitas Guimarães¹
Alessandra Tozatto²


RESUMO

O presente trabalho visa apresentar os benefícios da prática de exercícios e atividades físicas como aliados para o tratamento e prevenção da ansiedade, uma vez que essa patologia vem se mostrando muito comum na sociedade moderna, tendo ainda o entendimento de que a medicalização, ou seja, o tratamento farmacológico não pode ser a única alternativa ao tratamento do adoecimento mental e que existem outras formas de se trabalhar os casos de ansiedade. Dessa forma, o estudo traz como metodologia uma pesquisa bibliográfica descritiva e qualitativa que teve como objetivo geral apresentar um estudo sobre os benefícios da prática de exercícios e atividades físicas para o tratamento e prevenção de ansiedade. Com base na bibliografia consultada, o estudo apresenta considerações sobre os transtornos de ansiedade e seu desenvolvimento nos sujeitos no contexto histórico social da modernidade enfatizando ainda que, a prática de exercícios e atividades físicas possuem diferenças, mas que ambos quando praticados de forma sistemática e ordenada, além de uma orientação profissional, podem trazer diversos benefícios para a saúde.  No tocante aos benefícios de alternativas à medicalização para o tratamento e prevenção de ansiedade, tal como terapia cognitiva comportamental, combinada com exercícios e atividades físicas acompanhadas por especialistas, a pesquisa revelou que estes podem ser sim um elemento terapêutico para o tratamento e prevenção a casos de ansiedade promovendo não só a saúde física como também a saúde mental.

Palavras-chave: Ansiedade. Saúde Mental. Exercícios Físicos. Medicalização.

INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea tem experimentado uma nova realidade na qual seus membros são sobrecarregados com diversas informações, hábitos e transformações que ocorrem tão rápido quanto desaparecem. Dessa forma, essa mesma sociedade tem se mostrado causadora de diversos males, devido ao modo como esta é conduzida e suas transformações, as quais vêm ocorrendo de forma extremamente rápida, fazendo com que muitos sujeitos sejam acometidos pelos mais variados tipos de distúrbios devido ao estranhamento e falta de adaptabilidade social que Freud teria chamado de mal estar na cultura ou mal estar na civilização (CARVALHO et al, 2015).  

A verdade é que essa nova sociedade, cria nos sujeitos atuais transtornos psicológicos como as crises de ansiedade e depressão devido ao complexo e volátil sistema social de nossa atualidade em que muitas pessoas não conseguem acompanhar a metamorfose constante da sociedade, uma vez que, nesta nova realidade social imposta pela modernidade, as relações sociais, econômicas, assim como as de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos (BAUMAN, 2001).

O que se observa é que a ansiedade é uma emoção cada vez mais presente na sociedade contemporânea, exercendo um impacto significativo na saúde de muitos indivíduos. Adicionalmente, estudos de epidemiologia e documentos institucionais sugerem que a prática habitual de exercícios físicos e uma maior atividade física estão correlacionadas com uma redução na mortalidade e uma melhoria na qualidade de vida entre os adultos (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).

Insta salientar que a ansiedade é um dos distúrbios mentais de maior incidência global, afetando uma vasta parcela da população, independentemente de idade ou origem (JACINTO et al., 2021). Neste contexto, destaca-se uma ação que vem ganhando crescente notoriedade nas últimas décadas: o uso da atividade física como um recurso no tratamento não medicamentoso da ansiedade. A relação entre o exercício físico e a saúde mental tem sido objeto de inúmeras investigações e estudos, cujas evidências acumuladas sugerem que a prática regular de atividades físicas pode exercer um profundo efeito positivo na atenuação dos sintomas da ansiedade, assim como na sua prevenção (TANG et al., 2022). 

Diante do exposto, a presente pesquisa tem como justificativa um estudo acerca dos benefícios dos exercícios e atividades físicas praticados como uma espécie de aliado para o tratamento e prevenção a casos de ansiedade partindo do seguinte questionamento: de que forma exercícios e atividades físicas podem servir como uma alternativa à medicalização para o tratamento e prevenção de ansiedade e quais seriam seus benefícios nessa situação? 

A hipótese levantada para esse questionamento é que a ansiedade pode estar associada ao adoecimento mental e que mudanças comportamentais seriam mais promissoras do que a intervenção medicamentosa, muito comum nos dias atuais. Dessa forma acredita-se na terapia cognitiva comportamental combinada com exercícios e atividades físicas como sendo uma alternativa para o tratamento e prevenção a casos de ansiedade.

Para responder ao questionamento acima e buscar a confirmação ou não da hipótese levantada, o objetivo geral desta pesquisa é apresentar um estudo sobre os benefícios da prática de exercícios e atividades físicas para o tratamento e prevenção de ansiedade. Para o alcance deste, delimita como objetivos específicos: fazer uma abordagem explicativa relacionada ao que seriam os transtornos de ansiedade e seu desenvolvimento; discorrer sobre os conceitos de prática de exercícios e atividades físicas; expor como a literatura aponta os benefícios de alternativas à medicalização para o tratamento e prevenção a casos de ansiedade tal como terapia cognitiva comportamental combinada com exercícios e atividades físicas.

O estudo traz como metodologia, uma pesquisa bibliográfica descritiva e qualitativa em que serão utilizados materiais disponíveis em mídia impressa como livros e revistas assim como publicações de teses e dissertações disponíveis em sites na internet SciELO, Google acadêmico, cartilhas e manuais do Ministério da Educação, livros, artigos, dissertações e teses disponíveis no portal da coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES) relacionados com o tema abordado. Dentre os teóricos utilizados para a construção do presente estudo, podemos destacar: Bauman (2001), Jacinto et al., (2021), Tang et al., (2022) dentre outros.

1 Considerações sobre transtornos de ansiedade e seu desenvolvimento

Os distúrbios psiquiátricos ostentam uma influência substancial sobre a saúde pública, refletindo-se na significativa contribuição para a carga global de enfermidades. Estatisticamente, correspondem a cerca de 6,7% dos anos de vida afetados por incapacidade. Adicionalmente, sua influência estende-se a aproximadamente 14,3% do total de óbitos em escala mundial.(WOLF et al., 2021). Segundo Herbert (2022), a ocorrência de distúrbios mentais registrou um aumento notável nas últimas décadas, inclusive em nações de menor desenvolvimento industrial.

A ansiedade, do ponto de vista dos autores Clark e Beck (2014, p. 11), pode ser “caracterizada por sentimentos excessivos e persistentes de apreensão, preocupação, tensão e nervosismo sobre situações cotidianas que a maioria das pessoas encara com pouca preocupação”.

Vale destacar ainda que a ansiedade figura-se como um transtorno psiquiátrico mais proeminente em escala global, impactando aproximadamente 3,6% da totalidade da população terrestre.Se erige como um estado emocional de matizes complexas, notabilizado por sua inquietação perante ameaças vindouras. Este fenômeno encontra raízes em nosso legado evolucionário, revelando-se, em contextos particulares, como um gatilho para respostas adaptativas que se convergem na otimização da preservação do organismo, acenando com a mitigação de situações potencialmente nefastas. No entanto, quando tais respostas assumem proporções excessivamente acirradas e/ou persistem de maneira prolongada, impondo danos substanciais ao bem-estar integral do indivíduo, podem suscitar a eclosão de transtornos de índole mental (KAZEMINIA et al., 2020).

A ansiedade frequentemente se associa a manifestações físicas, que podem incluir distúrbios do sono e alterações no comportamento, que influenciam a conduta das pessoas. Além disso, a ansiedade pode afetar os sentidos, desencadeando sensações desagradáveis, e pode resultar em disfunções no sistema urinário, cardiovascular (como palpitações) e gastrointestinal, com sintomas como desconfortos abdominais e distúrbios digestivos. Esses sintomas físicos representam uma exteriorização do estresse e da tensão que frequentemente acompanham a ansiedade (KAZEMINIA et al., 2020). Para um exame mais detalhado desta questão a fim de compreender como a atividade física interfere na ansiedade, desde as bases biológicas subjacentes até as práticas específicas que podem ser adotadas para proporcionar benefícios significativos, deve-se pensar o impacto positivo da atividade física no funcionamento do sistema nervoso, na regulação hormonal e na química cerebral, mecanismos intrinsecamente ligados à redução dos níveis de ansiedade. 

O exercício aeróbico, por exemplo, exerce efeitos benéficos sobre o sistema nervoso central. Em estudos envolvendo modelos animais, como roedores, foi observado que o exercício aeróbico induz um aumento na disponibilidade do neurotransmissor serotonina nos núcleos da rafe, concomitantemente com um aumento na proliferação de neurônios maduros na região do hipocampo. Estas modificações neurais estão correlacionadas com a mitigação dos sintomas de ansiedade (ILLESCA-MATUS et al., 2023)

Uma análise combinada de dados provenientes de seis ensaios clínicos foi conduzida, englobando a avaliação de indivíduos com diferentes diagnósticos psiquiátricos, incluindo o transtorno do pânico (2 estudos), transtorno de ansiedade generalizada (1 estudo) e transtorno de estresse pós-traumático (2 estudos). Adicionalmente, foi incluído outro ensaio clínico randomizado (ECR) que envolveu participantes com diagnósticos de transtorno do pânico, fobia social e transtorno de ansiedade generalizada. Os resultados desses estudos revelaram que a prática de atividade física produziu uma redução substancial nos sintomas de ansiedade, apresentando um efeito de magnitude moderada (SCHUCH; VANCAMPFORT, 2021).

Além de exercer uma influência direta sobre nossos processos cognitivos e afetivos, a prática de atividade física também demonstra potencial para facilitar a aquisição de comportamentos mentais mais salutares. Destaca-se ainda que essa capacidade de aprendizado está intrinsicamente associada ao conceito de “auto-regulação”, que engloba um amplo espectro de habilidades. 

Dentro desse âmbito, destacam-se a capacidade de controle de impulsos e a habilidade de gerenciar pensamentos. Para uma compreensão mais aprofundada, é válido conceber a auto-regulação como um sistema que atua como um guia para a tomada de decisões mentalmente benéficas. Esse sistema é constituído por múltiplos componentes, incluindo a habilidade de controlar a esfera emocional e de direcionar os processos cognitivos. De maneira análoga, pode-se perceber que esses componentes operam sinergicamente, cooperando para promover a saúde mental (SMITH; MERWIN, 2021).

Vale destacar que no contexto da sociedade atual, o mal proveniente da modernidade tem se materializado muitas vezes na ansiedade, uma vez que, “eventos estressantes podem produzir no indivíduo transtornos  de  ansiedade  que  causam  grande  sofrimento  psíquico  e  dificultam  sua  vida  de modo geral.” (TEIXEIRA; SILVA, 2012, p. 112).

Dentro deste contexto, autores tais como Fernandes et al (2017, p.383) argumentam que:

A ansiedade é uma reação normal ao estresse, que pode ser descrita por diferentes características como inquietação, dificuldade de concentração, distúrbios de sono, fadiga, tremores, dentre outros. Esses sintomas podem incidir em consequências negativas à vida pessoal do indivíduo e à formação profissional, quando em pessoas mais jovens, como estudantes (FERNANDES et al, 2017, p.383).

Mostra-se relevante destacar que a grande fluidez da sociedade atual faz com que os sujeitos se coloquem em situações estressantes devido a sua preocupação demasiada com determinado assunto, além da excessiva necessidade de estar acompanhando essa modernidade causando certa tensão, fazendo com que os sujeitos adoeçam e manifestem algum transtorno tal como a ansiedade.

2 Prática de exercícios e atividades físicas

Considerando que as definições de atividade física assim como as de exercício físico encontram-se bem documentadas e definidas pela literatura especializada (SANTA-CLARA et al, 2015) estas serão analisadas e comparadas para que se possa ter informações e conhecimentos de relevância sobre o tema.

Dentro deste contexto, autores como Azevedo Neto (2013, p.29) ao apresentarem seus conceitos relacionados sobre o que seriam as atividades físicas, os mesmos vêm a afirmar que esta:

[…] faz parte da natureza humana, com dimensões biológica e cultural. A prática de atividades físicas pode beneficiar todas as pessoas (jovens e adultos), além da oportunidade para diversão, estar com amigos e manter-se saudável e em forma (AZEVEDO NETO, 2013, p.29).

Observa-se que Azevedo Neto (2013) se refere às atividades físicas como ato natural e biológico do ser humano por entender que estas seriam todos os movimentos voluntários exercidos para os mais variados objetivos e realizados por qualquer faixa etária.

Seguindo uma linha de raciocínio semelhante aquela apresentado pelo autor supracitado, Silva (2021, p.5) argumenta que as atividades físicas podem ser conceituadas “como qualquer movimento corporal, independente da intensidade, que não foi elaborado especificamente com a finalidade de aprimorar a aptidão física como, por exemplo, passear com o cachorro ou varrer a casa”.

Entretanto, autores como Caspersen (1985), descrevem as atividades físicas como sendo todas as formas de movimentação corporal, com gasto energético acima dos níveis de repouso. Para o autor supracitado também estão Incluídos exercícios físicos e esportes, deslocamentos, atividades laborais, afazeres domésticos e outras atividades físicas no lazer além de destacar que a atividade física do ser humano tem características e determinantes de ordem biológica e sociocultural, igualmente significativa nas escolhas e nos benefícios derivados desse comportamento dessa forma, a atividade física:

É um comportamento que envolve os movimentos do corpo, que são feitos de maneira intencional. Desse modo, os movimentos involuntários, como respirar e fazer o coração bater, não contam. Além disso, a atividade física também envolve uma relação com a sociedade e com o ambiente no qual a pessoa está inserida. Isso quer dizer que: a sua atividade pode estar presente no lazer, nas tarefas domésticas ou no deslocamento para a escola ou o trabalho. Por estar presente de uma forma mais ampla no cotidiano, ela pode ser indicada por qualquer profissional da saúde (BRASIL, 2020, s/p).

Nesse mesmo sentido, Montti (1999) destaca que a atividade física, também pode ser conceituada como sendo um conjunto de ações que um sujeito assim como um grupo de pessoas praticam de modo a envolver queima de energia assim como alterações do organismo por meio de exercícios que envolvam movimentos corporais, além da aplicação de uma ou mais aptidões físicas, com atividades mental e social, de modo que terá como resultados os benefícios à saúde.

Para autores como Delgado (2009, p.17) “a atividade física pode ser classificada em dois grandes grupos: atividade física espontânea e atividade física organizada, também chamada estruturada ou formal. Cada tipo tem as suas vantagens e desvantagens” os podemos observar a seguir:

Atividade física espontâneaé aquela que está integrada nos hábitos da vida diária, deslocações a pé, subir escadas, passatempos ou profissões fisicamente activas, levar os filhos ou os animais a passear, etc. (DELGADO, 2009, p.17).

Segundo o autor supracitado as vantagens deste tipo de atividade é que a mesma está sempre acessível de modo que pode ser praticada todos os dias e a qualquer momento do dia, além de não apresentar custos econômicos significativos e muito menos um deslocamento aos locais da sua prática, tendo me vista que, em qualquer lugar se pode caminhar, subir escadas ou fazer certos exercícios.

As desvantagens apresentadas por este tipo de atividade física é que a mesma não desenvolve ao máximo as várias capacidades físicas, isso por que é uma atividade de baixa intensidade além do fato de não trabalhar os diversos componentes da chamada condição física (PEREIRA, 2000).

Em relação à atividade física organizada,Delgado (2009, p. 17) afirma que estas correspondem aquela em que:

[…] se pratica em clubes desportivos, ginásios e instituições afins. Requer mais condições, mas traz benefícios adicionais em relação à primeira. As suas vantagens e desvantagens são: as inversas em relação à atividade física espontânea.

Dentro desta perspectiva que autores como Cedia (1989) defende que as atividades físicas fazem muito bem à saúde, porém, estas devem ser adequadas ao indivíduo. Para o autor as atividades físicas devem ser agradáveis e com duração e intensidade, de acordo com a capacidade do sujeito que está praticando, devendo ser realizadas com regularidade, visando obter o sucesso e aquisição dos benefícios que esta pode proporcionar. 

Segundo as observações feitas por Santa-Clara et al (2015, p.28) em seus estudos:

A AF pode ser definida como qualquer movimento corporal produzido pela contração muscular que resulte num gasto energético acima do nível de repouso. A AF não deve ser confundida com EF, uma vez que este é um conceito menos abrangente definido por movimentos corporais planejados, organizados e repetidos com o objetivo de manter ou melhorar uma ou mais componentes da aptidão física. Assente nesta terminologia pode entender-se que todo o EF é também AF mas apenas algumas formas mais específicas de AF podem ser consideradas EF (SANTA-CLARA et al, 2015, p. 28).

 O que se observa nas palavras de Santa-Clara et al (2015) é que existe uma delimitação clara entre atividades físicas e exercícios físicos que são especificados pelo planejamento e objetivo deste último o qual será bem mais exemplificado no parágrafos seguintes.

3 Terapia cognitiva comportamental e exercícios e atividades físicas em casos de ansiedade.

No tocante a modernidade líquida e o adoecimento, o qual se manifesta em transtornos como a ansiedade, existe a questão do tratamento desses males que, em muitos casos, tem-se procurado respostas imediatas por meio da utilização de fármacos sem uma visão holística daquilo que a desencadeou, formando um contraponto com outras ciências como as terapias oferecidas pela psicologia como a terapia cognitivo comportamental (TCC) que seria um contraponto a medicalização que tem se mostrado um tanto preocupante quanto a questão da humanização do tratamento de doenças e outros males provenientes do fator psicológico onde não há um mínimo de consideração ao fator social e demais fatores não orgânicos que podem incidir no adoecimento mental como a ansiedade (CARVALHO et al, 2015).

Sobre o tema acima abordado, Ponte (2024, s/p) assevera em seus estudos que:

[…] dentro da psicologia, existem diversos tipos de abordagens terapêuticas. Entre elas a Psicanálise Freudiana, a Psicologia Analítica ou Jungiana, a Psicanálise Lacaniana, AnalíticoComportamental, Gestalt, Psicodrama e também a Terapia Cognitivo Comportamental. Dentro da psicologia, existem ainda diversas abordagens que podem solucionar transtornos psicológicos de todos os tipos. Entre suas abordagens, está a Terapia Cognitivo Comportamental ou TCC (PONTE, 2024, s/p).

Acontece que, mesmo com a psicologia e as terapias da psicanálise estando em constante evolução, se aperfeiçoando a cada dia com novos estudos, a nova sociedade, moderna e líquida tem cobrado resultados mais rápidos e dinâmicos típicos de sua fluidez, fazendo com que essa caminhe em direção ao processo de medicalização.

Os autores Knapp e Becker (2008) argumentam que os termos terapia cognitiva (TC) e o termo genérico terapia cognitivo-comportamental (TCC) vem sendo usados, de forma esporádica, como sendo estes, sinônimos que serviriam para descrever psicoterapias as quais seriam baseadas no modelo cognitivo.   Knapp e Becker (2008, p.55) ainda explicam que o termo Terapia Cognitiva Comportamental – TCC:

[…] também é utilizado para um grupo de técnicas nas quais há uma combinação de uma abordagem cognitiva e de um conjunto de procedimentos comportamentais. A TCC é usada como um termo mais amplo que inclui tanto a TC padrão quanto combinações ateóricas de estratégias cognitivas e comportamentais.

No que se refere à Terapia Cognitiva Comportamental, Caballo (2008) explica que a partir dos trabalhos e experimentos realizados pelos teóricos tais como Pavlov sobre o condicionamento clássico, Thorndike sobre a aprendizagem, Watson sobre o comportamentalismo e Skinner direcionados ao condicionamento operante, possibilitou que Aaron Beck pudesse sistematizar uma metodologia de implementação da prática terapêutica pautada na terapia cognitiva, em que este, por meio de seus estudos nesta área formula as primeiras bases teóricas coerentes de estratégias terapêuticas as quais avaliariam a correlação de eventos e sua cognição distorcida ante ao comportamento e sentimento dos indivíduos.

Powell et al (2008) explica que a terapia cognitiva comportamental direcionada a casos de ansiedade têm como foco um tratamento que objetiva auxiliar os pacientes com este quadro clínico a atuarem em um contexto no qual possam alterar suas crenças e comportamentos os quais de forma negativa, refletem em seus estados de humor. Os autores supracitados, ainda complementam suas ideias informando que a Terapia Cognitivo Comportamental trata-se de uma terapia psicológica a qual atua sistematizada em sinais indicativos com os quais busca converter o paciente em seu próprio terapeuta.

Ainda numa perspectiva comportamental como alternativa ao tratamento do adoecimento mental e outros males psíquicos provenientes da modernidade líquida, destaca-se que a prática regular de exercícios físicos apresenta propriedades preventivas e terapêuticas no que concerne aos transtornos de humor (KAZEMINIA et al., 2020).

Referente a essa questão Ribeiro et al (2023, p.28) informa em seus estudos que “A prática regular de exercícios físicos tem o efeito antidepressivo, ansiolítico e causa a proteção do organismo frente aos efeitos físicos do estresse na saúde física e mental” sendo uma alternativa a outras intervenções, tal como a medicamentosa ao adoecimento mental e demais problemas psíquicos como a ansiedade muito comuns na sociedade moderna contemplada pelos mais diversos eventos estressantes que impactam a psique dos sujeitos (TEIXEIRA; SILVA, 2012, p. 112).

Isso significa que os indivíduos ao praticarem exercícios e atividades físicas planejadas e orientadas por um profissional dessa área tendem estes a adquirirem diversos benefícios para a saúde e que não se limitam a parte física, uma vez que, uma mente sadia sustenta um corpo sadio tal como ilustra o ditado latino ‘mens sana in corpore sano’ (COELHO FILHO; ANDRADE, 2023).

No que se refere à ansiedade e o ato de se exercitar, Muller (2022, p.13) defende a tese de que:

[…] a atividade física e o exercício físico melhoram os sintomas de ansiedade por meio de mecanismos fisiológicos, assim como por meio dos seus efeitos no sono, senso de domínio e interação social. Nesse contexto, o exercício físico é um promissor tratamento não farmacológico para os sintomas da ansiedade com potenciais mecanismos subjacentes, incluindo composição corporal, resistência cardiorrespiratória e função autonômica, entre outros.

Para o autor supracitado as práticas constantes de exercícios e atividades físicas desempenham um papel fundamental na promoção da saúde física e mental dos sujeitos onde o mesmo pode ser, a depender do caso, uma alternativa à medicalização, ou seja, seria uma espécie de terapia não farmacológica.

Corroborando os apontamentos de Muller (2022) sobre o tema em questão, os autores Ribeiro et al (2023, p.28) ainda descrevem em seus estudos que a prática de:

[…] exercício físico de intensidade moderada à alta aplicado regularmente pode ser utilizado como tratamento terapêutico à TAG por diminuir os níveis de ansiedade indiretamente e aumentar o sentimento de bem-estar mental e físico.

Fica evidente que exercícios e atividades físicas atuam como um tratamento aliado contra a ansiedade, fazendo com que os praticantes sejam contemplados com uma sensação de bem-estar. Dessa forma, a extinção ou a diminuição da sensação de ansiedade pode ser alcançada sem que seja realizada uma intervenção medicamentosa no paciente.

Considerações finais

Considerando a ansiedade como um dos males provenientes da sociedade moderna e a questões da medicalização, a presente pesquisa buscou ressaltar os benefícios dos exercícios e atividades físicas praticados como aliados para o tratamento e prevenção a ansiedade, tendo como objetivo geral apresentar um estudo sobre os benefícios da prática de exercícios e atividades físicas para o tratamento e prevenção a transtornos de ansiedade.

A partir das informações obtidas com a pesquisa foi possível compreender quais seriam os transtornos de ansiedade e seu desenvolvimento nos sujeitos no contexto histórico social da modernidade. Também foi possível compreender os conceitos de prática de exercícios e atividades físicas e que existe certa diferença entre, atividades físicas e exercícios físicos, mas que ambos quando praticados de forma sistemática e ordenada além de uma orientação específica podem trazer diversos benefícios para a saúde.

Outro aspecto interessante deste estudo gravitou em torno de como a literatura aponta os benefícios de alternativas à medicalização para o tratamento e prevenção a casos de ansiedade tal como terapia cognitiva comportamental combinada com exercícios e atividades físicas acompanhadas por especialistas. O que foi observado é que a literatura descreve que os exercícios e as atividades físicas podem ser sim um elemento aliado para o tratamento e prevenção a casos de ansiedade promovendo não só a saúde física como também a saúde mental.

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