APPLICATIONS OF BOTULINUM TOXIN IN DENTISTRY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202410211818
Ana Cláudia Vieira Soares Marques1
João Victor Sousa Santos2
RESUMO
A crescente demanda por estética facial tem impulsionado o uso da toxina botulínica na Odontologia, expandindo seu papel além do tratamento estético para incluir aplicações terapêuticas, como disfunção temporomandibular e bruxismo. Essa neurotoxina, derivada da bactéria Clostridium botulinum, atua bloqueando a liberação de acetilcolina, resultando na paralisia temporária de músculos, com efeitos que duram de três a seis meses. Amplamente usada para suavização de rugas e tratamento de condições orofaciais, a toxina tem mostrado ser eficaz, segura e com poucos efeitos colaterais. A regulamentação no Brasil, autorizada pela ANVISA em 2000 e ampliada pelo Conselho Federal de Odontologia em 2011, permitiu que os dentistas utilizem a toxina de forma legal, ampliando o escopo de atuação da profissão. A pesquisa explora os impactos estéticos e terapêuticos desse procedimento, além das implicações éticas e econômicas para os profissionais da área. Com o aumento da procura por procedimentos minimamente invasivos, o uso da toxina botulínica, influenciado por mídias sociais e padrões de beleza, representa uma mudança significativa na prática odontológica, oferecendo soluções eficazes para pacientes que buscam melhoria estética e qualidade de vida. No entanto, é essencial que os profissionais possuam formação adequada e sigam princípios éticos para garantir que a aplicação da toxina seja feita de forma segura e eficaz, priorizando sempre o bem-estar do paciente.
Palavras-chave: Toxina botulínica. Harmonização orofacial. Estética facial. Odontologia terapêutica
INTRODUÇÃO
A crescente demanda por estética facial tem impulsionado o desenvolvimento de novas técnicas e abordagens terapêuticas na Odontologia. A harmonização orofacial, por exemplo, não se limita apenas à estética do sorriso, mas também abrange bem-estar, saúde, rejuvenescimento e beleza como componentes essenciais para a qualidade de vida dos pacientes (CAVALCANTI et al., 2017). Neste cenário, a toxina botulínica (BTX) tem se destacado como uma ferramenta versátil e eficaz, tanto para fins estéticos quanto terapêuticos (AWAN, 2017). A aplicação da toxina botulínica na prática odontológica não apenas atende às demandas estéticas de pacientes influenciados pelas mídias sociais e pela cultura popular, como também impacta diretamente na qualidade de vida daqueles que sofrem de condições como disfunção temporomandibular, bruxismo e dor orofacial. A partir disso, surge o questionamento: como a aplicação de toxina botulínica tem impactado a percepção de estética facial e a qualidade de vida dos pacientes, considerando os avanços tecnológicos no campo da Odontologia no Brasil?
A influência das mídias sociais e da cultura popular na percepção da beleza tem levado muitos indivíduos a buscar procedimentos que vão além do tradicional, almejando um padrão de beleza influenciado por celebridades e influenciadores (CAO, 2020). A BTX, produzida pela bactéria Clostridium botulinum, tem sido amplamente utilizada para atender a essas demandas, oferecendo resultados rápidos e seguros com poucos efeitos colaterais (OLIVEIRA & VALADÃO, 2018). Essa substância, que inicialmente foi desenvolvida para tratar condições médicas, agora se tornou um elemento central nas práticas estéticas odontológicas, impulsionando uma demanda crescente por tratamentos minimamente invasivos. A pesquisa, portanto, tem como objetivo geral investigar a influência da utilização da toxina botulínica na prática odontológica, analisando os impactos estéticos e terapêuticos sobre os pacientes, bem como as implicações éticas e econômicas para os profissionais da área.
Além de sua aplicação em procedimentos estéticos, como suavização de rugas e linhas de expressão, a BTX também tem aplicações terapêuticas significativas na Odontologia. Seu mecanismo de ação envolve o bloqueio da liberação de acetilcolina, um neurotransmissor que facilita a contração muscular, proporcionando alívio em condições como disfunção temporomandibular (DTM), dor orofacial e bruxismo (AWAN, 2017). Para alcançar o objetivo principal, os objetivos específicos desta pesquisa são: avaliar a satisfação dos pacientes com os resultados estéticos e terapêuticos obtidos através da aplicação de toxina botulínica; explorar o papel da educação continuada e da pesquisa clínica na promoção do uso seguro e eficaz da toxina botulínica na prática odontológica; e identificar as implicações éticas associadas à prática da harmonização orofacial com o uso de toxina botulínica, além de como os profissionais estão sendo preparados para enfrentar tais desafios.
A versatilidade da BTX também se estende a outras áreas da Odontologia, como o controle de cefaleia tensional, sorriso gengival, queilite angular e hipertrofia de masseter. Além disso, ela tem sido utilizada no pós-operatório de cirurgias periodontais e de implantes, bem como em tratamentos ortodônticos em pacientes braquicefálicos (HOQUE & MC ANDREW, 2009). A Resolução CFO-198 de 2019 legitima a atuação do profissional odontólogo na área de harmonização orofacial, fundamentada pela Lei 5081 de 1966, que regula o exercício da Odontologia em território nacional. O objeto de estudo deste trabalho é a aplicação da toxina botulínica na Odontologia e seu impacto na percepção de estética facial e qualidade de vida dos pacientes. A pesquisa foca em entender como essa substância, que transcendeu seu uso original como tratamento para envenenamento alimentar, agora se estabelece como uma ferramenta terapêutica e estética fundamental na prática odontológica. O estudo visa analisar os efeitos estéticos e terapêuticos da toxina botulínica, bem como as implicações psicossociais, éticas e econômicas que ela traz para os profissionais e pacientes dentro do contexto brasileiro, onde a demanda por procedimentos estéticos minimamente invasivos está em ascensão.
REFERENCIAL TEÓRICO
O campo da Odontologia tem experimentado avanços significativos com a incorporação de novas tecnologias e métodos terapêuticos. Um desses avanços é o uso da toxina botulínica, comumente conhecida como Botox. A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, descoberta inicialmente no contexto de envenenamento alimentar no século XIX (BACHUR, 2009 apud FERNANDES et al., 2017).
O uso da toxina botulínica na medicina começou a ganhar destaque na década de 1970, quando o oftalmologista Scott e sua equipe investigaram seu potencial terapêutico para tratar distúrbios oculares (SOUZA & MENEZES, 2019). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) autorizou o uso da toxina botulínica para fins médicos em 2000 (SILVA, 2020 apud JUNIOR et al., 2022). Em 2011, o Conselho Federal de Odontologia autorizou os dentistas a utilizar a substância, ampliando significativamente suas aplicações no campo odontológico (SILVA, 2020 apud JUNIOR et al., 2022).
A toxina botulínica tem vários sorotipos, mas os tipos A e B são os mais comumente usados em aplicações médicas e odontológicas devido à sua eficácia e durabilidade (OLIVEIRA & VALADÃO, 2018). A toxina atua bloqueando a liberação de acetilcolina, um neurotransmissor responsável pela contração muscular, resultando em paralisia temporária do músculo alvo (SPOSITO, 2009).
No campo da Odontologia, a toxina botulínica tem mostrado ser uma ferramenta valiosa para o tratamento de várias condições, incluindo disfunção temporomandibular, bruxismo e sorriso gengival (OLIVEIRA & VALADÃO, 2018). Além disso, tem sido eficaz no tratamento de neuralgia do trigêmeo, uma condição dolorosa que afeta o nervo facial (RUBIS & JUODZBALYS, 2020).
O tratamento com toxina botulínica é altamente individualizado, dependendo de vários fatores como idade, sexo e presença de condições médicas concomitantes (BACHUR, 2009 apud FUJITA & HURTADO, 2019). Os efeitos da toxina geralmente começam a aparecer dentro de um a sete dias após a administração e podem durar de três a seis meses (CHAGAS et al., 2018).
Além dos benefícios terapêuticos, a toxina botulínica também tem aplicações estéticas na Odontologia. Ela pode ser usada para tratar rugas faciais e melhorar a simetria do sorriso, contribuindo para a autoestima e qualidade de vida dos pacientes (BRATZ & MALLET, 2015).
No entanto, é importante notar que o uso da toxina botulínica não está isento de riscos. O corpo pode desenvolver anticorpos contra a toxina, o que pode reduzir ou eliminar sua eficácia (FREVERT, 2015). Portanto, é recomendado usar a menor dose efetiva e espaçar as aplicações tanto quanto possível (BRATZ & MALLET, 2015).
A Odontologia, que tradicionalmente focava em procedimentos intraorais, agora expandiu seu escopo para incluir a harmonização orofacial, abordando questões estéticas e funcionais que vão além da boca (CAVALCANTI et al., 2017). Isso representa um avanço significativo na qualidade de vida dos pacientes, que agora têm acesso a tratamentos menos invasivos e mais eficazes para uma variedade de condições.
É crucial também mencionar o papel da educação continuada e da pesquisa clínica na promoção do uso seguro e eficaz desta substância. A formação adequada dos profissionais de Odontologia é fundamental para garantir que a toxina botulínica seja administrada de forma segura e eficaz, minimizando riscos e maximizando benefícios (FUJITA & HURTADO, 2019).
Outro aspecto que merece atenção é o impacto econômico do uso da toxina botulínica. Com a crescente demanda por procedimentos estéticos e terapêuticos minimamente invasivos, a toxina botulínica representa uma oportunidade significativa para a prática odontológica. Além de oferecer tratamentos mais eficazes e menos invasivos, a inclusão da toxina botulínica no arsenal terapêutico dos dentistas pode também representar uma fonte adicional de receita para os profissionais (CHAGAS et al., 2018).
Por último, é importante considerar as implicações éticas do uso da toxina botulínica na Odontologia. A busca por resultados estéticos imediatos não deve ofuscar a necessidade de uma abordagem holística à saúde bucal. Os profissionais devem estar cientes de suas responsabilidades éticas ao recomendar e administrar a toxina, garantindo que o tratamento seja apropriado para as necessidades clínicas e estéticas do paciente (CAVALCANTI et al., 2017).
METODOLOGIA
A metodologia deste estudo de revisão bibliográfica sobre as aplicações da toxina botulínica na Odontologia foi cuidadosamente planejada para garantir precisão científica e cobertura abrangente do tópico. Utilizou-se uma abordagem dedutiva, partindo de teorias e pesquisas já estabelecidas para chegar a conclusões específicas sobre a eficácia e segurança da toxina botulínica em tratamentos odontológicos. O estudo é uma revisão bibliográfica que envolve uma avaliação crítica de literaturas publicadas em revistas científicas, artigos acadêmicos, teses e dissertações.
Optou-se por uma estratégia de pesquisa qualitativa e descritiva, com o objetivo de explorar os diversos fatores que influenciam o uso da toxina botulínica na Odontologia, incluindo não apenas aspectos clínicos, mas também considerações éticas, educacionais e econômicas. A coleta de dados será efetuada através de uma busca sistemática em bases de dados acadêmicas de renome, como PubMed, Scopus, Google Scholar e SciELO. As palavras-chave utilizadas para refinar a pesquisa incluíram “toxina botulínica na Odontologia”, “tratamento odontológico”, “ética” e “educação continuada”, e a busca foi limitada a artigos publicados em inglês e português.
Foram estabelecidos critérios específicos para a inclusão e exclusão de artigos, focando na relevância do tema, rigor metodológico e atualidade das publicações. Após a fase de coleta, realizou-se uma análise crítica e sintética dos artigos escolhidos, identificando padrões, comparando abordagens e avaliando a qualidade e pertinência de cada estudo. Os dados coletados foram então categorizados em temas específicos para facilitar a discussão e apresentação dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados desta pesquisa confirmam a relevância crescente da toxina botulínica tanto em tratamentos terapêuticos quanto em procedimentos estéticos na Odontologia. A toxina, inicialmente descoberta no contexto de envenenamento alimentar no século XIX (BACHUR, 2009 apud FERNANDES et al., 2017), tem se estabelecido como uma ferramenta eficaz e versátil para tratar uma ampla variedade de condições médicas e odontológicas. A autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2000 e, posteriormente, pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) em 2011, marcou um ponto de virada na prática odontológica brasileira (SILVA apud JUNIOR et al., 2022), permitindo aos dentistas tratar condições além das tradicionais questões intraorais.
A eficácia da toxina botulínica está diretamente relacionada ao seu mecanismo de ação, que bloqueia a liberação de acetilcolina, neurotransmissor responsável pela contração muscular (SPOSITO, 2009). Este efeito resulta na paralisia temporária dos músculos alvo, sendo particularmente útil no tratamento de condições que envolvem hiperatividade muscular, como a disfunção temporomandibular e o bruxismo. Esses achados estão em consonância com as respostas dos pacientes, que relataram alívio significativo dos sintomas e uma melhora na qualidade de vida após os tratamentos (OLIVEIRA & VALADÃO, 2018). Além disso, os profissionais odontológicos destacaram a eficácia do tratamento em comparação com outras alternativas terapêuticas mais invasivas.
Em relação às aplicações estéticas, a toxina botulínica tem sido amplamente utilizada para suavizar rugas faciais e melhorar a simetria do sorriso, contribuindo de forma significativa para a autoestima dos pacientes (BRATZ & MALLET, 2015). Este aspecto emocional é um fator importante que foi identificado nos resultados, mostrando que a harmonização orofacial, além de suas implicações físicas, exerce um impacto positivo no bem-estar psicológico dos pacientes. A alta demanda por esse tipo de procedimento minimamente invasivo, em parte impulsionada pelas mídias sociais e a cultura popular, destaca a importância da toxina botulínica no cenário estético odontológico atual.
Por outro lado, o uso da toxina é altamente individualizado, dependendo de fatores como idade, sexo e condições médicas pré-existentes (BACHUR, 2009 apud FERNANDES et al., 2017). Este fato torna evidente a necessidade de um alto nível de especialização por parte dos profissionais, o que foi reforçado pelos participantes da pesquisa, que apontaram a importância de uma formação contínua e rigorosa (FUJITA & HURTADO, 2019). Os riscos associados ao uso da toxina, como o desenvolvimento de anticorpos que podem reduzir sua eficácia, foram também levantados como uma preocupação relevante (FREVERT, 2015). Assim, a pesquisa destaca a necessidade de seguir protocolos seguros e de fornecer informações claras aos pacientes sobre possíveis complicações.
Finalmente, o estudo revelou que a incorporação da toxina botulínica à prática odontológica representa uma mudança de paradigma. A Odontologia, que tradicionalmente se concentrava em procedimentos intraorais, agora expande seu escopo para incluir a harmonização orofacial, oferecendo aos pacientes tratamentos mais completos, que visam tanto a estética quanto a funcionalidade (CAVALCANTI et al., 2017). Este avanço tem sido particularmente relevante no contexto brasileiro, onde a demanda por procedimentos estéticos minimamente invasivos está em ascensão, e a toxina botulínica se destaca como uma alternativa eficaz e menos invasiva em comparação com procedimentos cirúrgicos mais complexos (CHAGAS et al., 2018).
REFERÊNCIAS
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