OS DETERMINANTES SOCIAIS QUE IMPLICAM NA ASSISTÊNCIA DE SAÚDE ÀS POPULAÇÕES RURAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202410211932


Caio Borges Santana Guimarães
Kevin Silva Moreira
Rafaela Barbosa Silva
Natielly Aparecida Silva Queiroz
Lívia Barbosa Pacheco Souza


Resumo

Esse trabalho tem como objetivo principal a demonstração de como é realizada a assistência em saúde focada aos povos rurais, além disso, o objetivo secundário trata-se da análise dos estudos encontrados nas literaturas disponíveis. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, utilizando a metodologia descritiva, se enquadrando como uma pesquisa qualitativa. Em suma, a partir desse estudo, pôde-se compreender os indicadores em saúde que são implicados em decorrência dos determinantes sociais de saúde relacionados à assistência em saúde às populações rurais.

Palavras-chave: determinantes sociais; populações rurais; assistencia em saude

1 INTRODUÇÃO

A população rural (PR) é caracterizada por indivíduos residentes nas chamadas zonas rurais (ZR), que subentende a quatro categorias, aglomerado rural de extensão urbana; aglomerado rural, isolado, povoado; aglomerado rural, isolado, núcleo; outros aglomerados, além de zona rural exclusive aglomerado rural. A renda dessa PR, tem origem, majoritariamente, de ofícios baseados na pesca, pecuária, mineração e agricultura (Jesus, 2019). 

A vida na ZR, é caracterizada por um menor índice de poluição quando comparada com a desta comunidade, porém, em contrapartida, o cotidiano da PR é marcado pelo alto desgaste do corpo dos trabalhadores, principalmente pela exposição ao sol e ao excesso de esforço físico, que ao longo prazo pode afetar tanto a saúde mental quanto a física desse profissionais. Nesse sentido, o Ministério da Saúde visa diminuir as iniquidades nesse setor, reduzindo agravos que incidem nas taxas de morbidade e mortalidade. Porém, muitas vezes pela dificuldade de logística, e outras por desorganização do sistema de saúde local e nacional, à PR se encontra necessitada de assistência (Grossi, 2020).

Diante do exposto, esse trabalho tem como objetivo principal a demonstração de como é realizada a assistência em saúde focada aos povos rurais, além disso, o objetivo secundário trata-se da análise dos estudos encontrados nas literaturas disponíveis. 

2 METODOLOGIA 

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, utilizando a metodologia descritiva, se enquadrando como uma pesquisa qualitativa. Nesse sentido, o trabalho foi realizado a partir de cinco etapas, sendo elas: escolha a temática a ser trabalhada, delimitação dos critérios de inclusão, busca nas bases de dados, análise dos trabalhos encontrados, refinamento dos tópicos a serem trabalhados, por fim, compilação dos ponto-chaves encontrados. Para a realização da pesquisa, foi delimitadas os seguintes critérios de inclusão: trabalhos disponíveis de forma integral e gratuita nas bases de dados Scielo ou Periódico Capes, nos idiomas inglês ou portugues, publicados entre os anos 2018-2023, relacionados aos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e os operadores  ‘’populações rurais’’ and ‘’determinantes sociais’’ and “assistência em saúde’’, com relevância para o objetivo proposto por esse estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Os determinantes sociais da saúde em áreas rurais são fatores que influenciam o bem-estar das populações e vão além do acesso a serviços médicos. Um dos principais aspectos é o acesso limitado a serviços de saúde, que muitas vezes resulta em diagnósticos tardios e cuidados inadequados. A educação também desempenha um papel crucial, pois pessoas com maior nível educacional tendem a ter uma melhor compreensão sobre saúde e práticas saudáveis.

Além disso, as condições econômicas, como a pobreza e a falta de oportunidades, afetam diretamente a saúde, contribuindo para a insegurança alimentar e a dificuldade de acesso a recursos essenciais. Habitação e saneamento são igualmente importantes; muitas comunidades rurais enfrentam condições inadequadas, o que aumenta a vulnerabilidade a doenças.

Crenças culturais e práticas tradicionais também influenciam o acesso a cuidados médicos, pois algumas pessoas podem hesitar em buscar ajuda profissional devido a valores locais. O meio ambiente é outro determinante relevante, com a qualidade do solo e da água impactando a saúde física. Por fim, uma rede de apoio social forte pode melhorar a saúde mental e facilitar o acesso a cuidados. Portanto, é fundamental abordar esses fatores de forma integrada para promover a saúde e o bem-estar nas comunidades rurais.

Os determinantes sociais de saúde, segundo o modelo de Dahlgren e Whitehead, trata-se de uma composição de cinco camadas, sendo elas: as características individuais, comportamentos pessoais e os estilos de vida, rede comunitária e de apoio, condições de vida e de trabalho, por fim,  condicoes econômicos, culturais e ambientais da sociedade. Os comportamentos humanos e o meio em que ele está inserido tem grande impacto nos indicadores de saúde, por isso, na modalidade de se fazer saúde, faz-se necessário levar em consideração os determinantes sociais de saúde para a dinâmica de assistência em saúde. 

O desenvolvimento define-se como o processo de progresso econômico, social, ambiental e cultural, sendo a saúde um indicador que é influenciado por todos esses aspectos, podendo ser um meio de avaliar o índice de desenvolvimento humano (Galvão, 2019). Nesse sentido, as ZR tem-se o desenvolvimento mais desacelerado quando comparados com as Zonas Urbanas (ZU), por isso, faz-se necessário que o Estado crie políticas públicas que assegurem o acesso a esses direitos de acordo com as demandas existentes em cada zona. Por conta desse cenário, em 2 de dezembro de 2011, por meio da Portaria n° 2966 o MInistério da Saúde publicou a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta, conforme Resolução n° 3, do dia 6 de dezembro de 2011, que orienta o seu Plano Operativo. Com o intuito de expor e discutir os determinantes sociais de saúde que influenciam no acesso e qualidade de assistência em saúde de diversas populações (Trevilado, 2020). 

Ademais, deve-se levar em consideração o processo histórico que as PR estão inseridas, ressaltando os processos extrativistas e exploratórios que desencadeiam em queimadas, desmatamentos e contaminações de mares, rios e solos, impactam no cotidiano dessas pessoas, que corriqueiramente tem suas fontes de alimentos provenientes da agricultura familiar, pesca e cultivo de pequenos criações de animais, que são prejudicadas por essas atividades (Gadelha, 2020). A contaminação das águas pode levar o consumo de água não tratada, gera complicações para a saúde da população, como verminoses, intoxicação por metais pesados, doenças gastrointestinais, entre outras, aumentando o índice de mortalidade infantil, sendo um parâmetro de qualidade de vida analisado mundialmente (Moura, 2020). 

Os moradores de ZR tem o isolamento geográfico uma das principais características, acarretando na maior dificuldade no acesso em saúde, relacionado também com o transporte e a comunicação. Por isso, umas das diretrizes do Sistema Único de Saúde trata-se da descentralização para mitigar esta problemática (Ferreira, 2020). Assim, criando assim as Unidades Básicas de Saúde dentro das zonas mais afastadas para o adentramento das pessoas no sistema de saúde, além de encaminhar para os setores especializados. Para a realização destes cuidados, faz-se necessário ações de educação permanente para os profissionais que atendem este público, para lidarem com diversas culturas, costumes e tradições (Vieira, 2021). 

4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, a partir desse estudo, pôde-se compreender os indicadores em saúde que são implicados em decorrência dos determinantes sociais de saúde relacionados à assistência em saúde às populações rurais. Nesse aspecto, o Estado deve criar medidas que estreitam a distância entre as comunidades rurais e os serviços de cuidados, por meio de políticas públicas e programas de saúde, além da vinculação de representantes locais, com a garantia deste público adentrar aos espaços de execução, para que estes consigam impactar na assistência de saúde. 

REFERÊNCIAS

FERREIRA, Breno de Oliveira; BONAN, Cláudia. Abrindo os armários do acesso e da qualidade: uma revisão integrativa sobre assistência à saúde das populações LGBTT. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 1765-1778, 2020.

GADELHA, Ivyna Pires et al. Determinantes sociais da saúde de gestantes acompanhadas no pré-natal de alto risco. Rev Rene, v. 21, p. 6, 2020.

GALVÃO, Anna Larice Meneses. Determinantes sociais e estruturais do processo saúde-doença: uma revisão de escopo. 2019. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

GROSSI, Fabiana Regina da Silva et al. Políticas públicas de saúde e determinantes sociais de saúde: relação saúde e doença na comunidade rural do município de Barreiras, Bahia. 2020.

JESUS, Diane Carlos de. A saúde mental da população rural e sua relação com os determinantes sociais e as iniquidades de saúde: Uma revisão de literatura. 2019.

MOURA, Francyely dos Santos. Determinantes sociais da saúde relacionados à gravidez na adolescência. 2020.

TREVILATO, Graziella Chaves. Determinantes sociais de saúde e anomalias congênitas em municípios do estado do Rio Grande do Sul. 2019.

VIEIRA, Fabiola Sulpino. Gasto federal com políticas sociais e os determinantes sociais da saúde: para onde caminhamos?. Saúde em Debate, v. 44, p. 947-961, 2021.