THE IMPACTS OF KETOGENIC AND MODIFIED ATKINS DIETS ON EPILEPSY CONTROL
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410211731
Rebeca Jemina Rodrigues de Sousa1
Hindira Gandh Guerreiro Orro1
Leiliane Piedade da Gama Lopes1
Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas2
Rosimar Honorato Lobo3
RESUMO
Cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com epilepsia, uma das doenças neurológicas mais comuns. A qualidade de vida dos pacientes com epilepsia pode ser significativamente afetada por crises frequentes. Embora o tratamento medicamentoso funcione para muitos, cerca de 30% dos pacientes não respondem bem aos anticonvulsivantes, desenvolvendo a epilepsia resistente a medicamentos. A situação desafia a medicina a encontrar maneiras de melhorar o controle das crises. Intervenções dietéticas, particularmente a dieta cetogênica, têm ganhado destaque entre as novas opções. A DC, que foi desenvolvida pela primeira vez na década de 1920, é uma dieta rica em gorduras e pobre em carboidratos que força o corpo a utilizar corpos cetônicos como fonte principal de energia. Essa dieta pode ajudar a diminuir a frequência e a intensidade das crises epilépticas, especialmente em crianças com epilepsia de difícil controle. A partir dessas descobertas, a DC foi estudada e testada como uma alternativa viável para tratar a epilepsia resistente a medicamentos. O objetivo desta pesquisa é analisar os impactos da DC e sua variações no controle da epilepsia. Este estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura. A DC tem sido demonstrada como uma alternativa eficaz ao tratamento tradicional para pacientes com epilepsia refratária, mas para garantir que os benefícios superem os efeitos adversos, é necessário um acompanhamento nutricional rigoroso.
Palavras-chave: Intervenções dietéticas, Controle de crises, Dieta Atkins Modificada, Dieta Cetogênica.
ABSTRACT
Around 50 million people around the world suffer from epilepsy, one of the most common neurological diseases. The quality of life of patients with epilepsy can be significantly affected by frequent seizures. Although drug treatment works for many, about 30% of patients do not respond well to anticonvulsants, developing drug- resistant epilepsy. The situation challenges medicine to find ways to improve crisis control. Dietary interventions, particularly the ketogenic diet, have gained prominence among new options. CD, which was first developed in the 1920s, is a high-fat, low-carb diet that forces the body to use ketone bodies as its main source of energy. This diet can help reduce the frequency and intensity of epileptic seizures, especially in children with difficult-to-control epilepsy. From these discoveries, CD was studied and tested as a viable alternative to treat drug-resistant epilepsy. The objective of this research is to analyze the impacts of CD and its variations on the control of epilepsy. This study is an integrative literature review. CD has been demonstrated as an effective alternative to traditional treatment for patients with refractory epilepsy, but to ensure that the benefits outweigh the adverse effects, strict nutritional monitoring is necessary.
Keyword: Dietary interventions, Seizures control, Modified Atkins Diet, Ketogenic Diet.
1 INTRODUÇÃO
Cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com epilepsia, uma das doenças neurológicas mais comuns. A qualidade de vida dos pacientes com epilepsia pode ser significativamente afetada por crises epilépticas frequentes. Embora o tratamento medicamentoso funcione para muitos, cerca de 30% dos pacientes não respondem bem aos anticonvulsivantes comuns, desenvolvendo a epilepsia resistente a medicamentos. A situação desafia a medicina contemporânea a encontrar maneiras de melhorar o controle de crises e, portanto, a qualidade de vida desses indivíduos (Pereira et al., 2021).
Intervenções dietéticas, particularmente a Dieta Cetogênica, têm ganhado destaque entre as novas opções. A Dieta Cetogênica, que foi desenvolvida pela primeira vez na década de 1920, é uma dieta rica em gorduras e pobre em carboidratos que força o corpo a utilizar corpos cetônicos como fonte principal de energia (Poorshiri B et al., 2021). Essa dieta pode ajudar a diminuir a frequência e a intensidade das crises epilépticas, especialmente em crianças com epilepsia difícil de controlar. A partir deste descobrimento, a Dieta Cetogênica foi analisada e testada como uma alternativa viável para tratar a epilepsia farmacoresistente (ABE, 2017).
A Dieta Atkins Modificada, que é uma versão menos restritiva da Dieta Cetogênica, tem sido considerada uma alternativa que pode ser mais acessível e aceitável para os pacientes (Boughn et al., 2018). A Dieta Atkins Modificada aumenta a ingestão de proteínas e gorduras, mas mantém um baixo perfil de carboidratos. Isso pode ajudar a aderir mais tarde. Essa dieta pode ajudar a reduzir as crises epilépticas, oferecendo uma opção adicional para os pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais, de acordo com evidências preliminares (Lambrechts et al., 2019).
O impacto da dieta cetogênica (DC) em pacientes com epilepsia refratária é debatido em vários aspectos, com o foco nos benefícios terapêuticos e possíveis efeitos adversos (Verrotti et al., 2017). Sarmento et al. (2021) e Coutinho et al. (2023) demonstraram que a DC reduz as crises convulsivas em crianças, enfatizando a importância de avaliação prévia e adaptação de protocolos para reduzir os efeitos prejudiciais e garantir a segurança do paciente.
De forma semelhante, Shiroma (2020) e Oliveira e Macena (2019) observaram uma redução significativa nas crises epilépticas em crianças submetidas à DC, mas também observaram mudanças no estado nutricional, incluindo desnutrição e massa gorda, mostrando a importância de intervenções nutricionais adequadas.
Este estudo é particularmente importante porque a epilepsia resistente a medicamentos tem um impacto significativo nos pacientes e suas famílias. A falta de controle adequado das crises pode ter efeitos devastadores, como danos físicos, comprometimento social e cognitivo e uma qualidade de vida pior. Como resultado, é fundamental explorar métodos terapêuticos não farmacológicos, como dietas cetogênicas e Atkins, para aumentar a gama de opções disponíveis e melhorar os resultados clínicos para essa população vulnerável.
O objetivo geral deste trabalho é analisar os impactos da dieta Cetogênica e suas variações no controle da epilepsia. Tendo por objetivos específicos relatar os benefícios e desvantagens da Dieta Cetogênica e Dieta Atkins, e discutir como essas dietas podem ser utilizadas na prática clínica e analisar os efeitos das intervenções dietéticas. Nesse contexto o presente trabalho se justifica pois visa contribuir para o entendimento das dietas cetogênica e Atkins modificada como intervenções potencialmente eficazes para pacientes com epilepsia farmacoresistente. Ao fornecer uma análise detalhada das evidências científicas disponíveis, espera-se oferecer insights valiosos que possam guiar a prática clínica e inspirar futuras pesquisas na área.
2 METODOLOGIA
2.1 – TIPO DE ESTUDO
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com o propósito de gerar um panorama claro a respeito do tema proposto acerca dos impactos da dieta Cetogênica e Atkins modificada no controle da epilepsia. A revisão Integrativa de Literatura tem por objetivo analisar e sintetizar os textos em relação ao tema, conforme Souza, Silva e Carvalho (2010) são amplas abordagens metodológicas dos vários tipos de revisão, viabilizados a inserção de estudo experimental e não experimentais para uma percepção completa do fenômeno estudado.
O estudo foi realizado em seis etapas. A pergunta norteadora foi escolhida; os critérios de seleção da amostra foram definidos; a classificação dos estudos e das informações que foram coletadas; a análise crítica dos estudos; a observação dos resultados; e a síntese dos resultados.
A escolha da pergunta norteadora compreende uma etapa crucial na revisão, uma vez que faz inferência a respeito dos estudos que serão incluídos, quais serão as formas para selecionar os dados coletados de cada texto escolhido. Dessa forma optou-se pela seguinte pergunta norteadora: Quais os benefícios e desafios na implantação da dieta Cetogênica no controle da epilepsia?
2.2 – COLETA DE DADOS
Os dados foram coletados nas bases de dados cientificas: Literatura latino-americana e do Caribe em Ciências Da Saúde (LILACS), MediLine e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), além de publicações periódicas.
Para a realização da pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: “Dieta cetogênica”, “Epilepsia”, “Dieta Atkins”, “Impacto”, “Qualidade de Vida”, e para termos em inglês: “Ketogenic Diet”, “Epilepsy”, “Atkins Diet”, “Impact”, “Quality of Life”, Para melhores resultados na pesquisa foi utilizado à combinação de termos, através do operador booleano “and”, que contribuiu para a seleção de estudos com foco no tema proposto.
Os critérios de elegibilidade dividiram-se em critérios de elegibilidade de inelegibilidade. Os critérios de inclusão basearam-se em: estudos disponíveis na íntegra entre os anos de 2014 a 2024, estudos na língua portuguesa, espanhola e inglesa, abordagem com ênfase na temática proposta. Os critérios inelegibilidade: estudos que não possuem ênfase na temática proposta, revisões de literatura, estudos repetidos nas bases de dados, e publicações fora do limite temporal estabelecido.
2.3 – ANÁLISE DOS DADOS
A seleção de estudos nas bases de dados ocorreu conforme a pesquisa com base nas palavras chaves, analisando primeiramente os títulos e objetivos do estudo como pré-seleção, pode-se encontrar resultados significativos, chegando a 197 artigos. Destes encontrados foram aplicados os critérios de exclusão, que levou em conta principalmente o foco na temática proposta (títulos e resumo) chegando a um saldo de 58 artigos. Na Figura 1 é possível visualizar as etapas de seleção dos estudos nas bases de dados.
Figura 1– Seleção de estudos
Fonte: Autoras (2024)
Selecionados os artigos, a pesquisa contou com uma amostra de 10 artigos no qual foi realizada a análise crítica e interpretação dos resultados de cada estudo, a fim de possibilitar uma síntese a respeito dos benefícios da dieta Cetogênica e Dieta Atkins no controle da epilepsia.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A história da Epilepsia é caracterizada pela disputa entre o sobrenatural e o científico. Desde tempos antigos, é uma das poucas condições neurológicas que tem sido documentada. Vinculada a casos de possessão espiritual malignas ou doenças infecciosas, ao longo dos séculos a epilepsia foi interpretada de diversas maneiras, diagnosticada e tratada de formas variadas (Passos, 2017).
A epilepsia foi classificada como sendo má e de influências ocultas até na área da medicina durante os tempos antigos. Em decorrência disso muitos tratamentos religiosos e mágicos permanecem até hoje. Houve a tentativa de ver a epilepsia como uma manifestação física durante o Renascimento, porém a epilepsia começou a ser considerada dessa forma durante o Iluminismo (Fernandes, 2013).
Com o avanço e evolução do conhecimento, sugiram novas teorias fisiopatogênicas da epilepsia e começaram a buscar para entender o complexo sintomatológico dela. Ao longo do tempo muitas teorias foram surgindo e a maioria delas identificaram o cérebro como origem do problema, porém sem enfatizar as causas corretas (Gomes, 2006; Fernandes, 2013; Honorato, 2022).
No século XVIII Herman Boerhaave (1668-1738) definiu a epilepsia como uma parada repentina de todas as funções vitais, acompanhada de convulsões por todo corpo e Van Swieten acredita e defende que a etiologia da epilepsia é de origem hereditária e que o comportamento da mãe pode afetar o feto (Fernandes, 2013).
O suíço Samuel Tissot (1728-1797) autor do primeiro grande tratado sobre epilepsia, discorda da teoria do Herman Boerhaave e do Van Swieten sobre o comportamento da gravida ser a causa da do filho nascer epilético, ele acredita que seja hereditário mais nada relacionado ao comportamento da mãe (Costa, 2014).
Durante o século XIX, a Neurologia se tornou uma ciência reconhecida, com pacientes epilépticos passando a receber cuidados em hospitais especializados. Além disso, surgiram centros dedicados a lidar com as questões sociais decorrentes da epilepsia. Foi no ano de 1815 que o psiquiatra francês Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772-1840) distinguindo as crises epiléticas graves das mais brandas (Costa, 2014).
Para identificar episódios epiléticos sem manifestações físicas, Louis-Florentin Calmeil (1798-1895) cunhou o conceito de “crise de ausência”, pois nesse tipo de crise a pessoa apresenta confusão e falta de resposta associadas. Calmeil também diferenciou um conjunto de crises consecutivas e contínuas (Góis, 2004).
Por outro lado, o britânico James Cowles Prichard (1786-1848) utilizou o termo “epilepsia parcial” para se referir à epilepsia limitada a uma região do corpo, e ele acreditava que a epilepsia estava relacionada à congestão cerebral. Enquanto isso, Marshall Hall (1790- 1857) defendia que a origem das crises epiléticas estava na medula espinhal, associando a perda de consciência à congestão venosa cerebral (Costa, 2014).
John Russel Reynolds (1828-1896) definiu a epilepsia como perda momentânea da consciência, com ou sem espasmos musculares ou convulsões, de causa desconhecida, e sugeriu que poderia ser de origem idiopática, sendo o primeiro a levantar essa hipótese (Costa, 2014; Passos, 2017).
A partir desse momento, várias abordagens terapêuticas foram criadas para tratar a epilepsia, incluindo a reintrodução da cirurgia para remover áreas irritadas, considerada na época uma cura devido aos bons resultados obtidos com frequência (Costa, 2014; Góis, 2004).
Conhecido como o “Pai da epilepsia”, John Hughlings Jackson (1835-1911) descreveu as crises epiléticas como uma liberação de energia neuronal desordenada nos neurônios do córtex. Segundo sua teoria, as crises tinham origem na parte externa do cérebro (Passos, 2017).
Ele caracterizou as convulsões como uma liberação caótica, excessiva e esporádica de tecido nervoso nos músculos, atribuindo a etiologia da epilepsia a problemas nutricionais no sistema nervoso. Esse período marcou o início da compreensão moderna da doença e da terapêutica médica (Passos, 2017).
O início do século XX é marcado por grandes avanços e mudanças em todas as áreas da Neurologia inclusive a Epileptologia, sua fundação é solidificada. Novos meios de diagnóstico são introduzidos, como a eletroencefalografia, a eletromiografia e a angiografia (Costa, 2014).
A epilepsia é caracterizada por crises epiléticas que refletem a atividade elétrica anormal, é o desequilíbrio entre a neurotransmissão excitatória (glutamatérgica) e inibitória (GABAérgica) sobre os circuitos neuronais, podendo atinge uma ou várias áreas do córtex cerebral. As repercussões dessa desordem cerebral envolvem consequências neurobiológicas, cognitivas e sociais (Kegler, 2015).
A epilepsia farmacoresistente foi definida em 2010 pela Liga Internacional Contra a Epilepsia (ILAE) como “falha de 2 ou mais medicamentos anticonvulsivantes adequadamente escolhidos e usados (como monoterapia ou em combinação) para o controle das crises convulsivas” (Weyh, 2023).
Atualmente, a epilepsia é considerada um problema de saúde pública, sendo uma das condições crônicas mais comuns do sistema nervoso. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo e 2% da população brasileira são afetadas por essa doença (Passos, 2017; Brasil., 2022).
Estima-se que a prevalência global da epilepsia afete entre 0,5% e 1,0% da população, com aproximadamente 30% dos pacientes sendo insensíveis aos medicamentos, ou seja, continuam sofrendo convulsões mesmo com o tratamento adequado. A persistência das convulsões, mesmo após o uso adequado de pelo menos dois medicamentos antiepiléticos prescritos por um neurologista, levando em consideração o tipo de epilepsia (focal ou generalizada) e a adesão correta por parte do paciente à medicação, é chamada de epilepsia refratária ou farmacorresistente (ABE, 2023).
O tratamento da epilepsia pode ser realizado por diferentes métodos sendo o uso dos fármacos a principal estratégia clínica. Além do tratamento farmacológico, tem também o tratamento cirúrgico, estimulação do nervo vago (VNS) e tratamento dietético com dieta cetogênica (DC), (Liu, 2017; West et al., 2016; Winesett, et al., 2015).
Na tabela 1, observa-se que os dados obtidos demonstraram que a Dieta Cetogênica e suas variações apresentaram resultados semelhantes e foram eficazes no tratamento. Muitos estudos podem comprovar a eficácia da dieta Cetogênica e suas variações, os portadores de epilepsia tem carência de algumas vitaminas e enzimas essenciais, controlando o consumo dos carboidratos, conseguimos uma melhora significativa na excitabilidade neuronal, resultando em um melhor controle das crises.
Tabela 1: Impacto da Dieta Cetogênica no controle da epilepsia.
Referências | Metodologia | Resultados |
Sarmento et al. (2021) | Abordagem terapêutica da Dieta Cetogênica em pacientes pediátricos com epilepsia refratária. | Observando a relação tempo-tratamento, foi possível ver uma redução considerável nas crises convulsivas entre os pacientes com epilepsia que realizaram a DC. Para reduzir os efeitos prejudiciais e garantir a integridade do paciente, é necessário ajustar o protocolo da DC para as individualidades do paciente. |
Silva (2023) | Estudo experimental, intervenção com a Dieta Cetogênica Atkins Modificada em adultos com epilepsia farmacorresistente. Foram escolhidos 21 pacientes e 11 deles finalizaram o estudo, com idade média de 31,45 a 9,36 anos. Cinco dos pacientes eram do sexo feminino e seis eram do sexo masculino. | A frequência de crises bilaterais e a taxa de insulina diminuíram significativamente durante as doze semanas de intervenção (p = 0,02). A circunferência da cintura e a circunferência do braço foram consideravelmente menores em doze semanas (p <0,01). Em 24 semanas, a massa magra diminuiu (p=0,01) em relação aos parâmetros de composição corporal. Durante o estudo, os níveis de IGF-1 e PCR não mudaram significativamente. A PCR e o IGF-1 não mudaram significativamente com o tempo. Ainda assim, na semana 12, a insulina diminuiu significativamente. Os outros parâmetros bioquímicos não mudaram muito. Na semana doze e vinte e quatro, os parâmetros antropométricos e de composição corporal, CC e CB, diminuíram significativamente; na semana vinte e quatro, a massa magra também diminuiu consideravelmente. A dieta também ajudou a lidar com crises. |
Oliveira e Macena (2019) | Estudo descritivo e observacional, perfil epidemiológico, clínico e nutricional de pacientes com epilepsia fármacoresistente candidatos à Dieta Cetogênica. | O perfil clínico mostrou uma média de 33 crises por dia, uso de três fármaco anticrise antes de começar a dieta, 82,5% consumindo por via oral e 41,6% com consistência pastosa. O perfil nutricional, conforme o peso/idade, 53,9% mostram algum grau de desnutrição, 65,7% mostram erros alimentares e 64,6% retrataram constipação intestinal. Como efeito da dieta cetogênica (DC), o grupo estudado apresentou um perfil nutricional de desnutrição. Isso aponta que a terapia nutricional deve ser eficaz na redução do número de crises e equilibrar as necessidades energéticas, de macronutrientes e micronutrientes para atingir o padrão adequado de eutrofia e desenvolvimento. |
Shiroma (2020) | Estudo comparativo foi realizado uma comparação do impacto da Dieta Cetogênica clássica e modificada no crescimento e composição corporal de crianças com epilepsia refratária. | Ambos os tratamentos reduziram as crises. De cinco a dez anos, o percentual de massa gorda no grupo DC NSAFA aumentou e o percentual de massa magra diminuiu como resultado das modificações no perfil de ácidos graxos. No que diz respeito às outras variáveis antropométricas, não há diferença. |
Rios et al. (2022) | Estudo correlacional foi realizada uma avaliação dos impactos da Dieta Cetogênica sobre marcadores inflamatórios e redução de crises em pacientes com epilepsia farmacorresistentes. | O biomarcador inflamatório PCR-us e o número de crises na amostra analisada estavam correlacionados. Foi também observado que o tratamento dietoterápico DAM aumentou o número de crises. |
Martins (2017) | Estudo longitudinal foi realizada uma avaliação da suplementação com ácidos graxos ômega-3 no controle de crises em crianças e | Após doze meses de tratamento, os suplementos com ácidos graxos da família ômega-3, como ácido eicosapentanóico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA), reduzem o número de crises e aumentam suas concentrações plasmáticas. O estado nutricional e o perfil bioquímico não são alterados pela suplementação usada. Este estudo mostra que a suplementação |
adolescentes com epilepsia refratária durante 12 meses. | com EPA e DHA como um único tratamento para epilepsias refratárias funciona bem. | |
Gurgel (2023) | Estudo experimental com animais foi realizada uma avaliação do efeito de uma Dieta Cetogênica modificada em neuroinflamação e estresse oxidativo em ratos. | É possível que a modulação da composição de ácidos graxos da DC seja promissora, pois a DCM causou um estado mais ansioso. Todavia, não foi possível esclarecer essa diferença pelas vias inflamatórias e antioxidantes analizados. |
Azevedo (2023) | Estudo comparativo e descritivo foi realizada uma comparação de dados antropométricos, de composição corporal e hábitos alimentares entre pacientes com epilepsia refratária e não refratária | Existem diferenças significativas entre os grupos em termos de sexo, IMC, Pc/E, %MG gravidade, frequência e qualidade de vida. Por fim, os hábitos de vida inadequados foram mais comuns entre os doentes epiléticos, com maior prejuízo nos indivíduos refratários. |
Coutinho et al. (2023) | Estudo observacional foi realizada uma avaliação do impacto da Dieta Cetogênica no perfil lipídico de crianças e adolescentes com epilepsia farmacorresistente. | Os resultados desta pesquisa indicam que a DC reduz eficazmente as crises convulsivas. Concluiu-se que os medicamentos auxiliares e melhores fontes de gordura podem reduzir os valores crescentes de CT e LDL ao final do primeiro ano. |
Weyh (2023) | Estudo observacional avaliação do impacto da Dieta Cetogênica no perfil lipídico de crianças e adolescentes com epilepsia farmacorresistente. | O grupo com maior risco de morte por epilepsia no Brasil são homens e pessoas de idade avançada. Além de que, a epilepsia já ocupa a terceira posição entre as causas neurológicas que mais matam brasileiros. Embora em menores taxas, a mortalidade está aumentando no Brasil e nos Estados Unidos, ambos países desenvolvidos. O controle e o melhor manejo da epilepsia no Brasil devem ser fortificados com o enriquecimento dos sistemas de informação em saúde que podem estar subnotificados. Por outro lado, a análise de bioinformática realizada neste estudo fornece informações sobre genes e miRNAs associados à epilepsia, bem como mecanismos biológicos potenciais que podem ser explorados para uma melhor compreensão da doença. Apresentamos 16 genes hub e miRNAs, incluindo os genes hsa-miR-181a-5p, hsa-miR-193a-3p e hsa-miR-193b-3p, que estão ligados à patogênese e ao prognóstico da epilepsia. Esses genes podem servir como biomarcadores de diagnóstico e prognóstico em estudos futuros. |
Além disso, pesquisas realizadas por Silva (2023) e Martins (2017) estudam como a suplementação com ácidos graxos ômega-3 e a DC afetam a estrutura corporal e os marcadores bioquímicos de pacientes com epilepsia farmacorresistente. Ambos os estudos mostram uma redução significativa na frequência de crises epilépticas, mas também mostram coisas ruins, como uma queda na massa magra e a necessidade de manter um olho em todos os parâmetros bioquímicos. Gurgel (2023) complementa essa análise ao estudar o possível efeito protetor de uma DC modificada rica em MUFAs e PUFAs, embora tenha observado que os ratos estudados experimentaram um aumento na ansiedade. Esses resultados mostram a complexidade da DC como intervenção terapêutica e a necessidade de um acompanhamento cuidadoso para maximizar os benefícios e reduzir os riscos (Hartman et al, 2020).
As dietas cetogênicas e Atkins modificada (DAM) têm sido amplamente estudadas para determinar se são ou não eficazes no tratamento da epilepsia resistente a medicamentos. Ambos oferecem opções terapêuticas complementares e têm demonstrado resultados positivos em várias faixas etárias. Segundo Kossoff et al. (2018), a DAM é menos restritiva do que a dieta cetogênica tradicional e é eficaz na redução das crises epiléticas em adultos e crianças. Mas, de acordo com Neal et al. (2019), as restrições alimentares, que podem resultar em desnutrição sem acompanhamento nutricional adequado, podem dificultar a adesão a essas dietas a longo prazo.
Dressler et al. (2020) destacam a necessidade de monitoramento contínuo para evitar deficiências nutricionais, como deficiências de vitaminas e minerais essenciais, em pessoas que seguem uma dieta cetogênica. Bergqvist et al. (2019) acrescentam que uma dieta dessa natureza pode prejudicar o crescimento de crianças, o que requer um ajuste cuidadoso. Por outro lado, Zupec-Kania e Spellman (2017) afirmam que com suplementação adequada, os pacientes podem se beneficiar da dieta sem prejudicar sua saúde a longo prazo.
O impacto das dietas cetogênicas na função cognitiva dos pacientes é uma consideração importante. A dieta cetogênica pode melhorar a função cognitiva em alguns pacientes com epilepsia e reduzir as crises, de acordo com Lambrechts et al. (2021). No entanto, Kosinski e Jornayvaz (2017) destacam que a bioquímica individual de cada paciente pode influenciar os efeitos cognitivos. Estudos como o de Thiele et al. (2020) indicam que os genes podem afetar a resposta à dieta, o que significa que métodos personalizados são necessários.
A adesão à dieta é outro fator importante. Gano et al. (2021) observa que a adesão pode ser difícil, especialmente em crianças, se a dieta cetogênica for baixa em palatabilidade. Como observado por Pfeifer e Thiele (2019), a DAM é vista como uma opção mais saborosa e com melhor adesão. Para o sucesso a longo prazo das intervenções dietéticas, pois a adesão determina sua eficácia.
McDonald et al. (2018) mostram que, em relação aos efeitos metabólicos, a dieta cetogênica pode melhorar os perfis lipídicos de alguns pacientes, mas aumentar o colesterol LDL de outros, o que pode aumentar o risco cardiovascular. Paoli et al. (2020) apontam que a incorporação de gorduras saudáveis pode reduzir esses riscos, enfatizando a importância de uma
abordagem equilibrada. Além disso, Masino et al. (2019) descobriram que uma dieta cetogênica tem o potencial de diminuir a inflamação ao alterar o metabolismo energético, o que pode ser benéfico no tratamento da epilepsia. Olson et al. (2018) acrescentam que os corpos cetônicos da dieta têm efeitos neuroprotetores, diminuindo a excitabilidade neuronal e, portanto, a frequência de crises epiléticas.
A dieta cetogênica inclusive pode ser antitumoral, segundo pesquisas. Seyfried et al. (2017) sugere que a dieta pode ser útil para pacientes com epilepsia secundária a tumores cerebrais, mas Wheless (2018) destaca a necessidade de triagem cuidadosa devido a complicações possíveis, como acidose e risco de cálculos renais.
A adaptação metabólica às dietas cetogênicas deve ser analisada. Augustin et al. (2019) descobriram que o uso de ácidos graxos como principal fonte de energia pode afetar o metabolismo lipídico de várias maneiras. Por outro lado, Hallbook et al. (2020) notam que as dietas cetogênicas podem aumentar o colesterol LDL em alguns pacientes e melhorar o perfil lipídico em outros. Modelos animais, como Bough et al. (2019), mostram que a resistência neuronal ao estresse oxidativo pode ser aumentada por restrição calórica e dieta cetogênica. No entanto, Freedman et al. (2018) alertam que essas descobertas nem sempre se aplicam diretamente aos humanos.
Além disso, estudos foram realizados sobre como adaptar a dieta cetogênica a diferentes tipos de pessoas. Segundo Kossoff et al. (2018), adultos com epilepsia enfrentam problemas com a adesão. Por outro lado, Cervenka et al. (2019) sugerem que idosos com dieta cetogênica podem obter benefícios adicionais na saúde cognitiva. A influência que a dieta tem sobre a microbiota intestinal também é um assunto de pesquisa. Dashti et al. (2017) e Hu et al. (2020) investigam a relação entre o efeito anticonvulsivante da dieta e a regulação da microbiota.
Liu et al. (2019) destacam que seguir uma dieta cetogênica pode ser difícil, especialmente para crianças e adolescentes, devido às suas restrições e consequências sociais. Lee et al. (2018) estudou diferentes maneiras de flexibilizar a dieta e propôs que os alimentos com baixo índice glicêmico fossem adicionados para aumentar a adesão. A dieta cetogênica pode alterar a conectividade neural, de acordo com estudos como McDaniel et al. (2017); no entanto, Wheless et al. (2019) observa que sua eficácia varia de pessoa para pessoa. Por fim, as dietas cetogênicas e suas variações, como a DAM, têm um grande potencial para ajudar a controlar a epilepsia. No entanto, para maximizar os resultados e reduzir os riscos, a adesão, a monitorização nutricional e métodos personalizados são essenciais.
4 CONCLUSÃO
A dieta cetogênica tem sido demonstrada como uma alternativa eficaz ao tratamento tradicional para pacientes com epilepsia refratária, reduzindo significativamente o número de crises convulsivas. Mas para fazê-lo funcionar, é necessário uma avaliação cuidadosa prévia e ajustes nos protocolos para reduzir os riscos associados, como desnutrição e perda de massa magra. Para garantir que os benefícios superem os efeitos adversos, é necessário um acompanhamento nutricional rigoroso.
A suplementação com ácidos graxos ômega-3 pode potencializar os efeitos da dieta cetogênica, melhorando os resultados clínicos. No entanto, para evitar problemas como deficiências nutricionais e mudanças no metabolismo indesejáveis, os parâmetros bioquímicos dos pacientes devem ser monitorados continuamente. A eficiência, garantia e a segurança do tratamento dependem dessa abordagem multidisciplinar, envolvendo o nutricionista e profissionais de saúde.
A adesão a longo prazo à dieta cetogênica e suas variações, como a Dieta Atkins Modificada, depende de um equilíbrio entre os benefícios terapêuticos e a palatabilidade das opções alimentares. O acompanhamento constante e a personalização dos métodos são fundamentais para garantir que os pacientes possam manter o tratamento de forma sustentável, maximizando os resultados positivos enquanto minimizam os riscos à saúde.
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1 Graduanda do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: rebecaj.sousa20@gmail.com; hindiraganh@icloud.com; leilianeg33@gmail.com
2 Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: francisca.freitas@fametro.edu.br
3 Co-orientador(a) do TCC, Especialista em Psicopedagogia, Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: rosimar.lobo@fametro.edu.br