EFICÁCIA E SEGURANÇA DO USO DE TERAPIAS IMUNOBIOLÓGICAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS AUTOIMUNES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

EFFICACY AND SAFETY OF IMMUNOBIOLOGICAL THERAPIES IN THE TREATMENT OF AUTOIMMUNE DISEASES: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410151644


Italo José do Nascimento Silva
Antonio Monteiro Pinheiro Neto
Waldinei da Silva Bongiovane
Igor Bernardes Rodrigues
Ana Júlia Fernandes Samparo
Luiza Maria dos Anjos
Andreia Oliveira Santos
Mateus Emanuel Farias Pereira
Lázaro Antônio dos Santos
Rayssa Vasconcelos de Oliveira Farias
Fabriscia Krys Cordeiro de Araujo
Camila Alves Novais Furtado Pinheiro
Aline Siqueira da Silva Nunes
Aline Moraes de Abreu


RESUMO:

Introdução: A doença autoimune é definida como uma condição em que o sistema imunológico do corpo, responsável por defender contra infecções e outras doenças, ataca equivocadamente células e tecidos saudáveis do próprio organismo. Segundo o Ministério da Saúde, existem doenças autoimunes em praticamente todas as áreas da medicina. A terapia imunobiológica tem se tornado uma estratégia fundamental no manejo de doenças autoimunes, pois age diretamente sobre os mecanismos que desencadeiam a disfunção imunológica, em vez de apenas controlar os sintomas. Metodologia: O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura a respeito da eficácia e segurança do uso de terapias imunobiológicas no tratamento de doenças autoimunes. Esse estudo foi realizado com base em artigos científicos encontrados nas bases de dados Pubmed e Medline. Para a definição da pergunta norteadora deste trabalho, foi utilizada a estratégia PICo. Artigos que estavam duplicados ou que não continham os termos de busca de interesse, foram excluídos do processo de análise. Como filtro de busca, foi utilizado do ano de 2009 até 2024. Discussão e resultados: As terapias imunobiológicas têm demonstrado grande eficácia no tratamento de diversas doenças autoimunes, proporcionando melhorias significativas nos sintomas, aumento da taxa de remissão e impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes. Um dos eventos adversos mais frequentes associados ao uso de imunobiológicos são as infecções. Os estudos sobre terapias imunobiológicas para doenças autoimunes apresentam várias limitações que impactam a interpretação dos resultados. Conclusão: A revisão integrativa sobre a eficácia e segurança das terapias imunobiológicas no tratamento de doenças autoimunes revela a importância crescente dessas intervenções na prática clínica contemporânea. O potencial terapêutico dessas intervenções é evidente, especialmente considerando que elas atuam de maneira específica sobre alvos imunológicos, como citocinas e células do sistema imune. Entretanto, apesar dos benefícios promissores, a segurança das terapias imunobiológicas não deve ser negligenciada. Por fim, a continuidade na pesquisa sobre terapias imunobiológicas é vital para otimizar o tratamento de doenças autoimunes.

Palavras-chave: Imunobiológicos; Terapia; Doenças Autoimunes; Eficácia; Segurança;

ABSTRACT:

Introduction: Autoimmune disease is defined as a condition in which the body’s immune system, responsible for defending against infections and other diseases, mistakenly attacks healthy cells and tissues of the body itself. According to the Ministry of Health, autoimmune diseases exist in practically all areas of medicine. Immunobiological therapy has become a fundamental strategy in the management of autoimmune diseases, as it acts directly on the mechanisms that trigger immune dysfunction, instead of just controlling symptoms. Methodology: This study is an integrative review of the literature regarding the efficacy and safety of immunobiological therapies in the treatment of autoimmune diseases. This study was carried out based on scientific articles found in the Pubmed and Medline databases. The PICo strategy was used to define the guiding question of this work. Duplicate articles or articles that did not contain the search terms of interest were excluded from the analysis process. The search period from 2009 to 2024 was used as a search filter. Discussion and results: Immunobiological therapies have shown great efficacy in the treatment of several autoimmune diseases, providing significant improvements in symptoms, increased remission rates, and a positive impact on patients’ quality of life. One of the most frequent adverse events associated with the use of immunobiologicals is infections. Studies on immunobiological therapies for autoimmune diseases have several limitations that impact the interpretation of results. Conclusion: The integrative review on the efficacy and safety of immunobiological therapies in the treatment of autoimmune diseases reveals the growing importance of these interventions in contemporary clinical practice. The therapeutic potential of these interventions is evident, especially considering that they act specifically on immunological targets, such as cytokines and immune system cells. However, despite the promising benefits, the safety of immunobiological therapies should not be neglected. Finally, continued research into immunobiological therapies is vital to optimize the treatment of autoimmune diseases.

Keywords: Immunobiologicals; Therapy; Autoimmune Diseases; Efficacy; Safety;

INTRODUÇÃO:

A doença autoimune é definida como uma condição em que o sistema imunológico do corpo, responsável por defender contra infecções e outras doenças, ataca equivocadamente células e tecidos saudáveis do próprio organismo. Isso ocorre devido a uma falha na capacidade do sistema imunológico de distinguir entre estruturas próprias e estranhas, resultando em uma resposta imune inapropriada.

Segundo Rose e Bona (1993), “doenças autoimunes são aquelas em que ocorre uma reação imunológica contra componentes normais do corpo, resultando em inflamação e dano tecidual”. A maioria das doenças autoimunes são crônicas, ou seja, não são transmissíveis, no entanto muitas delas podem ser controladas com tratamento. Além disso, os sintomas das doenças autoimunes podem aparecer e desaparecer continuamente, sem causa aparente.

Segundo o Ministério da Saúde, existem doenças autoimunes em praticamente todas as áreas da medicina. Além da psoríase, as mais comuns são o lúpus eritematoso sistêmico e a artrite reumatoide. São exemplos ainda o vitiligo, diabetes do tipo 1, esclerose múltipla, doença de Graves, hepatite autoimune, doença de Chron, tireoide de Hashimoto, doença celíaca, anemia perniciosa, entre outras.

A terapia imunobiológica tem se tornado uma estratégia fundamental no manejo de doenças autoimunes, pois age diretamente sobre os mecanismos que desencadeiam a disfunção imunológica, em vez de apenas controlar os sintomas. Essa abordagem é importante porque permite uma modulação mais específica do sistema imunológico, reduzindo os danos colaterais a tecidos saudáveis e os efeitos adversos frequentemente associados a tratamentos tradicionais, como corticosteroides e imunossupressores.

De acordo com Smolen et al. (2016), os imunobiológicos, incluindo anticorpos monoclonais e inibidores de citocinas, demonstram grande eficácia na redução da inflamação crônica e na prevenção da progressão de doenças como a artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e esclerose múltipla. Esses tratamentos se destacam pelo melhor controle da atividade da doença e pela melhoria da qualidade de vida dos pacientes, além de apresentarem um perfil de segurança relativamente favorável quando comparados às terapias tradicionais.

Burmester et al. (2017) enfatizam que o uso de terapias biológicas revolucionou o tratamento de várias doenças autoimunes, proporcionando um controle mais preciso da resposta imunológica. Isso reduz a dependência de tratamentos imunossupressores de amplo espectro, que podem aumentar o risco de infecções graves.

Além disso, conforme apontado por Carter et al. (2020), esses tratamentos são direcionados a moléculas ou células específicas que participam do processo autoimune, como o TNF-αe a IL-6. Essa especificidade permite não apenas uma eficácia terapêutica superior, mas também a redução de complicações a longo prazo, frequentemente observadas em pacientes com doenças autoimunes.

A relevância de estudar a eficáciae segurança das terapias com imunobiológicos para pacientes com doenças autoimunes reside no fato de que esses tratamentos visam controlar condições crônicas e complexas, frequentemente associadas a inflamações graves e danos progressivos aos tecidos. Ao avaliar a eficácia, é possível determinar se essas terapias realmente controlam a atividade da doença, melhoram a qualidade de vida e promovem a remissão clínica em longo prazo. Já a análise da segurança é essencial para entender os riscos associados ao tratamento, como a possibilidade de infecções graves, reações adversas ou o surgimento de outras complicações.

Estudos sobre a eficácia e segurança são fundamentais para garantir que os imunobiológicos, que atuam diretamente nas vias imunológicas específicas envolvidas nas doenças autoimunes, ofereçam benefícios clínicos sustentáveis com um perfil de risco aceitável. De acordo com Curtis et al. (2016), o monitoramento da segurança desses tratamentos é indispensável, já que, embora os imunobiológicos sejam altamente eficazes, o uso prolongado pode estar associado a efeitos adversos graves, como maior suscetibilidade a infecções. Além disso, a variabilidade de resposta entre pacientes torna crucial a investigação sobre quais grupos respondem melhor ao tratamento.

Por fim, o estudo desses aspectos contribui para a personalização do tratamento, permitindo que médicos escolham a terapia mais adequada para cada paciente, levando em consideração os riscos e benefícios. Isso também apoia a tomada de decisões baseadas em evidências, garantindo que os tratamentos sejam continuamente avaliados e aprimorados para proporcionar os melhores resultados clínicos

METODOLOGIA:

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura a respeito da eficácia e segurança do uso de terapias imunobiológicas no tratamento de doenças autoimunes. Esse estudo foi realizado com base em artigos científicos encontrados nas bases de dados Pubmed e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (Medline). Somando as bases de dados, foram encontrados um total de 740 artigos, sendo 651 no Pubmed e 89 no Medline. Porém, utilizando os critérios de inclusão e exclusão, 10 artigos ficaram na seleção final e foram úteis para este trabalho.

Para a definição da pergunta norteadora deste trabalho, foi utilizada a estratégia PICo, levando em consideração populações, pacientes ou problemas abordados. P – população (Pacientes com doença autoimune em uso de imunobiológicos), I – interesse (Imunobiológicos), Co – contexto (Segurança e eficácia). Portanto, a questão a ser respondida é: É seguro e eficaz utilizar a terapia com imunobiológicos no tratamento de doenças autoimunes?

Foi realizada uma pesquisa na base de dados Pubmed e Medline. Foram coletados estudos os quais possuem informações relevantes a respeito da eficácia e da segurança do uso de imunobiológicos em pacientes com doenças autoimunes. O método de busca utilizado foi a partir da combinação de termos de pesquisa que foram: “Immunobiological therapy”; “Efficacy”; ”Safety; “Autoimmune disease”. Os trabalhos que tiveram as palavras chaves: “Terapia imunobiológica”; “Eficácia”; “Segurança” e “Doença autoimune” foram separados e analisados individualmente sendo extraído dados relevantes para essa pesquisa. Artigos que estavam duplicados ou que não continham os termos de busca de interesse, foram excluídos do processo de análise. Como filtro de busca, foi utilizado do ano de 2009 até 2024, o que gera um intervalo de 15 anos e não foram utilizados filtros de busca como idiomas ou tipo do estudo.

DISCUSSÃO E RESULTADOS:

As terapias imunobiológicas têm demonstrado grande eficácia no tratamento de diversas doenças autoimunes, proporcionando melhorias significativas nos sintomas, aumento da taxa de remissão e impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes. Esses medicamentos, que atuam de maneira direcionada em componentes específicos do sistema imunológico, como citocinas ou receptores celulares, representam uma alternativa mais eficaz e segura em relação às terapias convencionais.

Em pacientes com artrite reumatoide, por exemplo, o uso de agentes imunobiológicos, como os inibidores do fator de necrose tumoral (TNF-α), resultou em uma melhora substancial nos sintomas, como dor e inflamação articular. Estudos demonstram que esses medicamentos podem levar à remissão clínica em uma parcela significativa de pacientes. Segundo Smolen et al. (2016), cerca de 30% dos pacientes com artrite reumatoide tratados com imunobiológicos alcançam remissão da doença, o que reflete um controle eficaz da inflamação e da destruição articular, algo difícil de ser atingido com terapias tradicionais.

A eficácia das terapias imunobiológicas também é evidente em outras doenças autoimunes, como apsoríase e a doença de Crohn. Em pacientes com psoríase, o uso de bloqueadores da interleucina-17 (IL-17) demonstrou ser eficaz na redução das lesões cutâneas e na melhoria da qualidade de vida. De acordo com Reich et al. (2017), esses tratamentos resultaram em uma melhora clínica significativa em mais de 75% dos pacientes tratados, muitos dos quais experimentaram reduções sustentadas das lesões por longos períodos.

Além disso, em pacientes com doença de Crohn, as terapias imunobiológicas, como os inibidores da interleucina-12/23, mostraram-se eficazes na indução e manutenção da remissão. Estudos relatam que pacientes tratados com essas terapias têm taxas mais altas de remissão livre de corticosteroides, além de uma melhoria substancial na qualidade de vida, conforme apontado por Feagan et al. (2016).

A capacidade dessas terapias de melhorar a qualidade de vida dos pacientes é um dos aspectos mais notáveis. Pacientes com doenças autoimunes frequentemente enfrentam limitações físicas e emocionais decorrentes da inflamação crônica e da dor. O uso de imunobiológicos não só reduz os sintomas físicos, como também melhora o bem-estar psicológico e a capacidade funcional, permitindo uma retomada das atividades diárias e uma vida mais próxima do normal

Por outro lado, A segurança dos imunobiológicos é uma questão crítica, pois podem estar associadas a eventos adversos, tanto comuns quanto graves. Essas terapias atuam modulando ou inibindo partes específicas do sistema imunológico, o que pode resultar em efeitos colaterais, especialmente relacionados à imunossupressão.

Um dos eventos adversos mais frequentes associados ao uso de imunobiológicos são as infecções. Por suprimirem ou bloquearem componentes importantes da resposta imune, esses tratamentos podem aumentar o risco de infecções bacterianas, virais e fúngicas. Segundo Curtis et al. (2016), pacientes tratados com inibidores do fator de necrose tumoral (TNF-α), por exemplo, têm maior risco de desenvolver infecções graves, como pneumonia e tuberculose. O estudo também destaca que a reativação da tuberculose latente é uma preocupação significativa, especialmente em regiões endêmicas, exigindo triagem prévia antes do início da terapia.

Além das infecções, os eventos alérgicos também são relatados, variando de reações leves a graves. Reações infusionais, como febre, erupções cutâneas e prurido, são relativamente comuns em pacientes que recebem anticorpos monoclonais. Em alguns casos, essas reações podem progredir para anafilaxia, uma emergência médica que requer intervenção imediata. Wong et al. (2017) identificam que, embora as reações alérgicas graves sejam raras, elas podem ocorrer com qualquer tipo de terapia imunobiológica e devem ser monitoradas durante as infusões.

Outro aspecto importante é o risco de malignidades. A imunossupressão prolongada causada por terapias biológicas pode potencialmente aumentar o risco de desenvolvimento de cânceres, como linfomas e tumores cutâneos não melanoma. Um estudo conduzido por Ramos-Casals et al. (2020) revisou a associação entre o uso de imunobiológicos e o desenvolvimento de malignidades, concluindo que o risco é pequeno, mas presente, especialmente em pacientes que recebem terapias por longos períodos ou que combinam imunobiológicos com outros imunossupressores.

É importante destacar que o perfil de segurança varia entre os diferentes imunobiológicos e depende da doença tratada, do histórico de saúde do paciente e do tempo de exposição à terapia. Burmester et al. (2017) ressaltam que, embora as terapias imunobiológicas sejam geralmente bem toleradas, o monitoramento regular é crucial para identificar precocemente qualquer complicação, e a avaliação dos riscos deve ser individualizada para cada paciente.

Os estudos sobre terapias imunobiológicas para doenças autoimunes apresentam várias limitações que impactam a interpretação dos resultados. Entre essas limitações, destaca-se o tamanho amostral reduzido de muitos ensaios clínicos, o que dificulta a generalização dos achados para populações mais amplas. Além disso, a duração limitada dos estudos, que muitas vezes se concentram em períodos de seis meses a um ano, não fornece informações sobre os efeitos a longo prazo das terapias, especialmente em relação a eventos adversos.

A falta de padronização nos critérios de resposta clínica também é um desafio, pois diferentes estudos utilizam medidas variadas para avaliar a eficácia, dificultando comparações diretas. Outro aspecto importante é a heterogeneidade nos perfis de pacientes, já que muitos ensaios são realizados em populações com características específicas que não refletem a realidade clínica geral.

Por fim, a influência da indústria farmacêutica pode levar a viéses de publicação, resultando em uma supervalorização dos resultados positivos e subnotificação de eventos adversos. Assim, é necessária uma abordagem mais abrangente nos futuros estudos, com maiores tamanhos amostrais, acompanhamento prolongado e maior diversidade de pacientes para obter dados mais confiáveis sobre a eficácia e segurança das terapias imunobiológicas.

CONCLUSÃO:

A revisão integrativa sobre a eficácia e segurança das terapias imunobiológicas no tratamento de doenças autoimunes revela a importância crescente dessas intervenções na prática clínica contemporânea. Os imunobiológicos, que visam modulação precisa do sistema imunológico, têm demonstrado um impacto significativo na redução da inflamação, melhora dos sintomas, e aumento das taxas de remissão em condições como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e psoríase. Esses tratamentos não apenas têm promovido melhorias na saúde física, mas também contribuído para um aumento substancial na qualidade de vida dos pacientes, permitindo que muitos deles retomem atividades diárias que antes eram limitadas pela doença.

O potencial terapêutico dessas intervenções é evidente, especialmente considerando que elas atuam de maneira específica sobre alvos imunológicos, como citocinas e células do sistema imune. Estudos têm mostrado que, ao contrário das terapias convencionais, que frequentemente apresentam efeitos colaterais significativos e podem ser menos eficazes, as terapias imunobiológicas oferecem um controle mais refinado da atividade da doença. Segundo Smolen et al. (2016), a abordagem direcionada reduz a inflamação crônica e previne a progressão das lesões teciduais, refletindo na melhoria da qualidade de vida e na capacidade funcional dos pacientes.

Entretanto, apesar dos benefícios promissores, a segurança das terapias imunobiológicas não deve ser negligenciada. A revisão destaca que esses tratamentos estão associados a uma variedade de eventos adversos, incluindo infecções graves e reações alérgicas. Embora os imunobiológicos possam ter um perfil de segurança relativamente favorável em comparação com os imunossupressores tradicionais, o risco de complicações, como infecções bacterianas, virais e fúngicas, e até mesmo reativação de tuberculose, requer monitoramento cuidadoso e triagem prévia antes do início do tratamento. Além disso, a possibilidade de malignidades associadas ao uso prolongado dessas terapias, embora rara, também levanta preocupações que precisam ser abordadas com rigor científico.

A análise das limitações existentes nos estudos revisados é crucial para o avanço da pesquisa nessa área. A presença de tamanhos amostrais pequenos e a falta de padronização nos critérios de eficácia dificultam a generalização dos resultados e a comparação entre diferentes intervenções. Assim, é imprescindível que estudos futuros adotem metodologias robustas, que incluam amostras maiores e diversificadas, e um acompanhamento longitudinal para capturar os efeitos a longo prazo dos tratamentos.

Além disso, a influência da indústria farmacêutica e os potenciais vieses de publicação também devem ser considerados ao interpretar os dados disponíveis. A transparência nos resultados, incluindo a divulgação de eventos adversos, é fundamental para assegurar que os tratamentos sejam avaliados de maneira equilibrada. A personalização das terapias, levando em conta as características individuais dos pacientes e a resposta ao tratamento, é uma abordagem que pode melhorar a segurança e a eficácia das intervenções.

Por fim, a continuidade na pesquisa sobre terapias imunobiológicas é vital para otimizar o tratamento de doenças autoimunes. O entendimento aprofundado sobre a eficácia e segurança dessas terapias não apenas aprimorará as diretrizes clínicas, mas também facilitará a tomada de decisões compartilhadas entre médicos e pacientes, garantindo que as melhores opções terapêuticas sejam escolhidas com base em evidências sólidas. Dessa forma, o objetivo final é proporcionar um manejo mais eficaz e seguro das doenças autoimunes, promovendo não apenas o controle da doença, mas uma qualidade de vida superior para os pacientes.

REFERÊNCIAS:

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  9. CURTIS, Jeffrey R.; MARSHALL, Denab S.; PARKS, D. Patricia. Risk of serious bacterial infections among rheumatoid arthritis patients exposed to tumor necrosis factor inhibitors and other biologic agents. Current Opinion in Rheumatology, v. 28, n. 3, p. 310-317, 2016. DOI: https://doi.org/10.1097/BOR.0000000000000283.
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1 ORCID: 0009-0008-4916-9540

2 Estudante de Medicina, Universidade Federal do Cariri

3 Enfermeiro, ORCID: 0009-0006-4649-487X

4 Estudante de Medicina Veterinária, IMEPAC, Araguari

5 Estudante de Medicina, UNINGA

6 Universidade São Judas Tadeu

7 Estudante de Medicina, Universidade Veiga de Almeida

8 Discente de Medicina na Universidade Federal do Cariri, ORCID: 0009-0004-8507-673X

9 Universidade Federal de Uberlândia

10 Estudante de Medicina, Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba

11 Discente de Medicina, Estácio de Sá, ORCID: 0009-0005-9266-7316

12 Estudante de Medicina, Idomed

13 Estudante de Enfermagem, Anhanguera

14 Mestre em Enfermagem, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre