TAXONOMIA E ECOLOGIA DE AGARICALES DAS RESERVAS DE USO SUSTENTÁVEL MAMIRAUÁ E AMANÃ DO ESTADO DO AMAZONAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410111624


Marcos André Pinheiro Velloso1
Jorge Renato Pinheiro Velloso2
Flavia Helena Aires Sousa3
Milene Farias Machado4
Marisa Terezinha Lopes Putzke5
Jair Putzke6


RESUMO

Estudos sobre a diversidade biológica de um ecossistema são necessários para entender como a ecologia dos organismos acontece e isso é fundamental para que possamos ter uma relação da importância de cada indivíduo que faz parte desse todo. Sabendo disso, foi realizado um levantamento de Agaricales nas reservas de uso sustentável Mamirauá e Amanã no bioma Amazônia. A Reserva do Mamirauá está localizada a cerca de 600 km de Manaus, no curso médio do Rio Solimões, 2°15’36” S e 65°40’48” W com uma área de 1.124.000 hectares. A reserva de desenvolvimento sustentável do Amanã, está localizada na região do médio curso do Rio Solimões, ficando próximo à confluência com o Rio Japurá 2°41’19” S e 64°38°’47” W a uma distância de 650 km a oeste da cidade de Manaus. As coletas foram realizadas nos meses de abril e julho de 2023, nas duas estações do bioma, inverno amazônico de dezembro a maio e verão amazônico de junho a novembro. O estudo obteve um total de 400 espécimes dos quais foram identificados 32 gêneros e 71 espécies e desses, 8 espécimes a identificação foi até gênero por faltar caracteres importantes para a identificação. Para os dados ecológicos foram utilizados coeficiente de Sorensen, Shannon, Simpson e Pielou.

Palavras-chave: Micobiota, levantamentos, ecologia dos fungos, Agaricomycetes.

Agradecimentos

Agradecemos ao Laboratório de Taxonomia de Fungos –LATAF (UNIPAMPA) pelo apoio técnico e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –Brasil (CAPES) –Finance Code 001, pela concessão de bolsa aos autores, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS -projeto nº 21/2551-0001985-9) e ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq -projeto nº 405564/2022-8) pelo apoio financeiro e pelo apoio prestado através do projeto Universal Funga do Brasil [403547/2023-7].

INTRODUÇÃO

Os cogumelos conhecidos popularmente como chapéu de sapo ou chapéu de cobra são integrantes da Ordem Agaricales. Essa ordem é a maior em representantes, com aproximadamente 17.291 espécies que estão distribuídas em 508 gêneros Cardoso (2021). 

Esses organismos são decompositores de matéria orgânica, fazendo a ciclagem dos nutrientes, devolvendo ao solo os elementos usados por outros organismos quando vivos Putzke & Putzke (2013). Sem esse processo realizado pelos fungos, o planeta seria um aglomerado de matéria orgânica morta Sheldrake (2021). Além disso, os fungos fazem associações simbióticas com outros organismos, inclusive as plantas. 

As plantas fazem uso dos nutrientes disponíveis ao seu redor e que estão ao seu alcance, depois disso, se não fosse essas relações de associação fungo planta, não seria possível continuar vivendo. Com isso, os fungos ajudam levando nutrientes para a planta que não pode ir buscar por não conseguir se locomover, logo recebe açúcar em troca (Brito et al.,2017) que é o resultado da fotossíntese realizada pela planta (De Freitas Zompero & Laburú 2014). Isso é possível ser entendido por ser resultado de estudos que foram realizados com base nos fungos e essa relação foi estudada e descrita entre 1879 e 1882, pelo botânico polonês Franciszek Kamieński. 

Sabendo disso, estudos com levantamentos devem ser realizados para descobrir mais sobre os fungos, porque ainda é pouco o que se sabe sobre esses organismos (Specian et al., 2014). 

Reservas de conservação de uso sustentável, por exemplo, têm bastante biodiversidade de plantas e o conjunto disso forma as florestas, e associado a isso estão os fungos (Da Rocha et al., 2017). Essas unidades são desenvolvidas com a ideia de usar os recursos, garantindo a preservação e a manutenção do equilíbrio ambiental a longo prazo Fearnside (2002) e quem faz o uso desses recursos são os povos tradicionais, que residem nesses ambientes (Figueredo et al., 2017). 

Trabalhos com levantamentos da flora e da fauna são realizados nas duas reservas, mas levantamentos com fungos não são existentes e com a ordem Agaricales muito menos. 

Conhecer a micobiota de um ecossistema é muito importante, porque os fungos além de serem decompositores de matéria orgânica, fazerem associações micorrízicas, também podem ser usados na alimentação, por apresentarem muitos gêneros que são comestíveis (Orsine & Brito 2012) e sabendo que as reservas são de uso sustentável, estudos que visem conhecer os agaricomycetes das unidades podem fazer com que espécies de cogumelos que são comestíveis possa fazer parte da dieta das comunidades que residem nesses ambientes, fazendo necessário a realização de estudos.

Estudar os cogumelos dessas reservas, sabendo que não existem trabalhos realizados, faz com que o conhecimento em relação a esses organismos amplie, dessa forma obtém-se informações sobre quais gêneros e espécies e as interações que estão acontecendo, analisando similaridade e a dissimilaridade desses cogumelos. 

Analisar a similaridade ou dissimilaridade das populações de comunidades é importante para compreender como ocorre dentro das duas reservas de conservação e para isso é foi usado o coeficiente de Sørensen Albuquerque (2016). Diante disso, o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento em duas reservas de uso sustentável no estado do Amazonas para entender a ecologia dos fungos nos substratos das unidades.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização das áreas de estudo

Figura 1. Mapa do Brasil com as reservas Mamirauá e Amanã

Reserva Mamirauá Localizada a uma distância de 600 km de Manaus, aproximadamente, no curso médio do rio Solimões, 2°15’36” S,65°40’48” W com uma área de 1.124.000 hectare, possuindo 177 comunidades e 11.532 moradores, de acordo com o Censo Demográfico de 2011. 

Foi criada através do decreto nº 12.836/96, e está inserida nos limites municipais de Uarini, Fonte Boa e Maraã, no estado do Amazonas, com áreas que variam entre terra firme e várzea (ALENCAR, 2010). Com um complexo ecossistema de lagos, lagoas, ilhas, restingas, chavascais, paranás e muitas outras formações, permanecendo debaixo d’água por seis meses do ano a uma distância de 7 a 15 metros. Essa elevação da água é causada pelas chuvas que ocorrem nas cabeceiras dos rios da região, associadas ao degelo anual do verão andino, trazendo uma grande quantidade de sedimentos das encostas dos Andes, com uma elevada concentração de nutrientes que é carregada na argila que fica em suspensão. Esse é o causador do sucesso de vida nesses lugares (Queiroz, 2005). Por ter fisionomia Igapó, nos períodos de cheia a área fica com a floresta inundada (Guindani, 2023). Mas em relação à área de várzea, a parte inundada é menor, compreendendo uma pequena faixa ao longo do perímetro do lago Amanã. As áreas de Igapó fazem parte das florestas aluviais ombrófila densa ocorrendo ao longo de rios de água preta e clara, são pobres em nutrientes, com baixa densidade também de sedimentos clima tropical pluvial (equatorial), quente e úmido (Pigatto & Lopes, 2019), e são diferenciadas pelo tipo de inundação. 

Áreas inundadas por água preta apresentam solos pobres em nutrientes e arenosos. A qualidade da água é observada pela cor. Os rios que apresentam água escura são chamados rios de água preta e essas águas são assim devido a presença de compostos fenólicos, que são formados na absorção da serrapilheira submersa no fundo dos igapós. Apesar da quantidade de matéria orgânica, essas águas e solos desses rios têm baixa fertilidade devido ao elevado teor de acidez. Ambiente adaptado às condições climáticas de cheias com inundações, sedimentações, erosões e ph (Piedade et al.; 2013) 

Cobrindo uma área de 100.000 km2, nos períodos de enchentes, sobre solos arenosos e com pouco nutriente, mas essas áreas possuem uma elevada quantidade de espécies endêmicas (Da Silva, 2020) muitas espécies têm seu momento nessas épocas de inundações, crescendo exatamente nessas épocas (De Andrade & Da Rocha Neto, 2006) A vegetação predominante da reserva é a vegetação de várzea ou Floresta Ombrófila Densa Aluvial que periodicamente é alagada. As espécies da flora dominantes da floresta de várzea são: Ceiba pentandra (L.) Gaertn. (Bombacaceae) (samaúma); Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. Myristicaceae) (ucuúba); Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) Mull. Arg. (Euphorbiaceae) (seringueira); Hura crepitans L. (Euphorbiaceae) (assacú); Calophyllum brasiliense Cambess. (Clusiaceae) (Jacareúba); Pouteria procera (Mart.) T.D.Penn. (Sapotaceae) (maparajuba); e as palmeiras Mauritia flexuosa L.f. (Arecaceae) (buriti) e Euterpe precatoria Mart. (Arecaceae) (açaí) (Oliveira et al.; 2013). 

Reserva Amanã, uma reserva de desenvolvimento sustentável localizada na região do médio curso do rio Solimões, ficando próximo à confluência com o rio Japurá 2°41’19” S, 64°38°’47” W-2.688611,-64.646389 a uma distância de 650 km, aproximadamente, ficando a oeste da cidade de Manaus. 

Uma das maiores áreas protegidas em floresta tropical na América do Sul e seu nome significa caminho da chuva. Sua extensão é de 2.350.000 hectares, possuindo 124 comunidades e 5.026 moradores (Censo Demográfico 2018). Fundada através do Decreto 19.021/98, possuindo uma área de 2.313.000 hectares, aproximadamente inseridos nos municípios de Maraã, Coari, Barcelos e 1388 Codajás. Possui uma grande biodiversidade, por abranger áreas com florestas de várzeas e florestas de terra firme (Debien et al.; 2014). 

A variação sazonal do nível da água causada pelo padrão anual de inundação dos rios e lagos da região, faz com que o comportamento e diversidade de diferentes formas de vida seja elevada (Carim, 2016). Com chuvas ao longo de todo o ano, sendo mais intensas e frequentes durante os meses de janeiro a abril. O pulso de inundação na região da reserva se divide em enchente (final de novembro ao início de maio), cheia (maio a julho), vazante (julho a setembro) e seca (setembro a novembro) formando várzeas com extensas faixas de terras alagadas sazonalmente, nível da água com variação oscilando entre 8 metros na estação seca, e 15 metros na estação das chuvas (Amanã, 2014). 

Diferentes formações fitofisionômicas são encontradas, podendo ser destacadas a Floresta Ombrófila Densa Aluvial, Floresta Ombrófila Aberta de Terras Baixas, Vegetação Lenhosa Oligotrófica dos Pântanos (VLOP) Arbórea Aberta e VLOP Arbórea Densa (Hercos et al. 2009). As espécies mais comuns das espécies arbóreas são Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. (Lecythidaceae) (castanheira), Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson (Bignoniaceae) (tauari), Batocarpus amazonicus (Ducke) Fosberg (Moraceae) (guariúba), Vochysia spp. (Vochysiaceae) (quaruba), Acosmium nitens (Vogel) Yakovlev (Fabaceae) (itaubarana), Ocotea spp. (Lauraceae) (louros), Eschweilera spp. (Lecythidaceae) (matá-matás), Pouteria spp. (Sapotaceae) (abioranas), Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) Mull. Arg. (Euphorbiaceae) (seringueira), Virola spp. (Myristicaceae) (ucuúbas), Mauritia fl exuosa L.f. (Arecaceae) (buriti), Euterpe precatoria Mart. (Arecaceae) (açaí) e Bactris spp. (Arecaceae) (marajá) (Oliveira et al.; 2013)

Coleta do material

Nas unidades de conservação de uso sustentável Mamirauá e Amanã foram realizadas coletas de cogumelos nas duas estações do bioma amazônico, inverno e verão.  As coletas foram realizadas utilizando-se do método de caminhamento (Filgueiras et al., 1994), fazendo uma varredura por grandes áreas do local. A exploração do terreno foi feita em linha reta, realizando a captura dos cogumelos. Os espécimes durante a coleta foram armazenados em embalagens de papel jornal e em cada uma das embalagens foi anotado um número referente ao processo da coleta. Do primeiro ao último a ser coletado. As embalagens foram acomodadas em uma caixa para garantir que não fossem amassados durante o transporte até o laboratório da Universidade Federal do Pampa Campus São Gabriel RS para mais tarde ser realizada a identificação. 

Foram realizadas coletas de fungos da Ordem Agaricales em duas reservas de uso sustentável pertencentes ao bioma Amazônia.  Para a realização do estudo as coletas foram feitas utilizando-se do método do caminhamento, onde era percorrido em linha reta as áreas das reservas para a captura dos cogumelos.  

O material foi coletado e armazenado em pacotes de papel jornal com a identificação do local de coleta e o número por ordem de coleta. Para ser transportado até o Laboratório de Taxonomia de Fungos (LATAF) da Universidade Federal do Pampa Campus São Gabriel RS para ser realizada a identificação. O material foi identificado a nível macroscópico observando e realizando as medidas das lamelas, píleo e estipe e identificação micro com medidas dos basidiósporos, esporos, hifas, fíbulas e demais caracteres foi realizada utilizando microscópio (colocar modelos).

Para calcular a similaridade das espécies foi utilizado o Coeficiente de Sørensen. Esse índice apresenta como resultado que, sendo menor que 0,5% são raros, entre 0,5 e 1,5 é ocasional, entre 1,5 e 3 é comum e se for maior que 3 é abundante. Para obter essas informações é necessário fazer o seguinte cálculo, onde o total das espécies compartilhadas é dividido pelo total das espécies no geral nas duas unidades. O resultado obtido é multiplicado por 100 e esse resultado é o percentual de similaridade. Logo, as espécies compartilhadas entre as duas unidades são 2. As espécies da reserva Amanã são 17 no total e as da reserva Mamirauá são 58, onde o total das duas espécies soma 75 espécies.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 400 espécimes coletados nas duas reservas do estudo, foram encontradas 77 espécies, dessas, sendo 58 ocorrendo somente na reserva Mamirauá e 17 ocorrendo somente na reserva Amanã e duas das espécies são compartilhadas pelas unidades. As 2 espécies compartilhadas multiplicadas por elas obtêm o valor 4. Esse valor é dividido por 75 que resulta em 0,053 e então multiplicado por 100 e o resulta é 5,33%. Valores acima de 3 as espécies são comuns, logo as espécies nas duas unidades têm um valor maior que 3 e isso indica que o ecossistema está equilibrado, com espécies que estão adaptadas.

Figura 2. Espécies de Agaricales ocorrentes no bioma Amazônianas duas reservas de uso sustentável Mamirauá e Amanã.

Tabela 1. Distribuição das espécies de cogumelos por substrato em cada uma das fitofisionomias estudadas no bioma Amazônia. AVV= Árvore viva, AMT= Árvore morta, SOL= Solo, SCA= Solo com área alagada, SER= Serrapilheira, GVT= Graveto, (T) = Total 

Na reserva Mamirauá foram coletados 306 espécimes (76,5%), distribuídos em 58 espécies e 26 gêneros. Na área de coleta é grande a disponibilidade de substratos lenhosos, derivados de madeira morta, divididas em troncos podres, árvores inteiras mortas e gravetos.  Das 58 espécies (100%) encontradas na reserva, 7 (12,06%) foram em substrato gravetos, 7 (12,06%) espécies encontradas em substrato solo de área alagada, 6 (10,34%) espécies encontradas em substrato solo, 26 (44,83%) espécies em árvore morta, 11 (18,9%) espécies encontradas em substrato serra pilheira, 1 (1,7%) espécie encontradas em substrato árvore viva. Esses dados apresentados mostram que nos substratos que contém lenhina e celulose, substratos de madeira, são os que apresentam maior número de espécies, mas os resultados também mostram que os fungos foram encontrados nos substratos restantes da tabela. 

Na reserva Amanã foram coletados 94 espécimes (23,5%) distribuídos em 19 espécies e 14 gêneros. Das 19 espécies (100%) encontradas na reserva, 2 (10,52%) foram encontradas em substrato gravetos, 1 (5,26%) espécie encontrada em substrato solo, 1 (5,26%) em substrato solo com área alagada, 8 (42,1%) encontradas em substrato árvore morta, 2 (10,52%) espécies encontradas em substrato serra pilheira, 5 (26,31%) espécies encontradas em substrato árvore viva. Graveto 2 espécies, 1 espécie em solo, árvore morta, 10 espécies, 5 em árvore viva. Os resultados encontrados na reserva Amanã também apresentam maior relação com os substratos de madeira, mas os demais substratos também trazem colaboração com os fungos. Apesar do substrato que contém lenhina e celulose apresentarem maior diversidade de espécies, os substratos restantes também trazem resultados para os fungos.

Figura 3. Diversidade de espécies nas duas reservas

Figura 4. Curva de rarefação para as espécies de basidiomicetes presentes de áreas das reservas Mamirauá e Amanã, no bioma amazônico.

A riqueza de espécies de basidiomecetes rarefeita é diferente entre as duas fitofisionomias, os intervalos de confiança não se sobrepõem. Interpretação feita com base no intervalo de confiança de 95%. Além da interpolação (rarefação), também foram realizadas extrapolações que podem ser usadas para estimar o número de espécies caso o esforço de coleta fosse maior. Na reserva Mamirauá, se as coletas continuassem, a diversidade de espécies aumentaria de acordo com as coletas, e isso está representado pela inclinação da linha no gráfico. 

Para medir a diversidade foi utilizado o Índice de Shennon e foram encontrados resultados para Mamirauá 3.477345 e Amanã 2.451741. O valor de 3.477345 para Mamirauá sugere uma diversidade relativamente alta de espécies. Valores acima de 3 geralmente indicam uma comunidade ecologicamente rica, onde as espécies estão mais uniformemente distribuídas. O valor de 2.451741 para Amanã é menor que o de Mamirauá, indicando que a diversidade de espécies nessa área é menor. Isso pode ser interpretado como uma menor uniformidade na distribuição das espécies ou uma menor quantidade total de espécies. Em resumo, Mamirauá tem uma maior diversidade de espécies em comparação a Amanã segundo o índice de Shannon, o que pode indicar que Mamirauá possui um ecossistema mais complexo ou mais equilibrado em termos de distribuição de espécies.

No índice de Simpson foram encontrados os resultados para a reserva Mamirauá 0.9512521 e para a reserva Amanã 0.8784722. Este valor é bastante elevado, indicando uma baixa diversidade. Isso sugere que há uma ou algumas espécies dominantes nessa área, enquanto as demais espécies estão presentes em menor abundância. Em outras palavras, a comunidade biótica de Mamirauá pode estar dominada por algumas poucas espécies.

Embora este valor também seja relativamente alto, ele é inferior ao de Mamirauá. Isso indica que, embora Amanã também apresenta uma baixa diversidade, ela é um pouco mais diversa do que Mamirauá. Pode haver um número um pouco maior de espécies com abundâncias mais equilibradas em Amanã, em comparação com Mamirauá.

Em resumo, ambos os locais apresentam baixa diversidade de espécies, mas Mamirauá é ainda mais dominado por poucas espécies do que Amanã. Esses resultados podem refletir características ecológicas, como habitat, condições ambientais, ou PRESSÕES ANTRÓPICAS que afetam as comunidades biológicas nessas áreas. Para uma interpretação mais aprofundada, seria interessante analisar os dados de espécies específicas e suas abundâncias, além de entender o contexto ecológico e histórico de cada área.

Para o índice de Pileou, na reserva Mamirauá foi encontrado o seguinte resultado 0.8493045 e para Amanã 0.8326684. Ambos os valores (Mamirauá e Amanã) estão bastante próximos de 1, sugerindo que a distribuição de espécies em ambas as áreas é relativamente uniforme. Isso significa que as diferentes espécies estão presentes em quantidades semelhantes, o que pode ser um indicativo de uma comunidade saudável e bem equilibrada.

Embora Mamirauá tenha um índice ligeiramente mais alto do que Amanã, a diferença não é muito grande. Isso sugere que, apesar de Mamirauá ter uma distribuição de espécies um pouco mais uniforme que Amanã, as duas áreas têm comunidades que são, em geral, equilibradas em termos de abundância das espécies.

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1Biólogo, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pampa, Campus São Gabriel.
2Biólogo, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pampa, Campus São Gabriel.
3Biólogo, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pampa, Campus São Gabriel.
4Discente de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pampa, Campus São Gabriel.
5Professora, Universidade Santa Cruz do Sul, Unisc.
6Professor Titular, Universidade Federal do Pampa, Campus São Gabriel.