ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL DA MULHER PUÉRPERA COM DEPRESSÃO PÓS-PARTO 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202410101351


Arliete Alves Vieira1;
Mikaele Marques Viana2;
Rivani Feliciano Da Silva3;
Silvana Dos Santos Conceição4;
Tatiana Almeida Machado5;
Thuany Silva Nascimento6
Orientador: Prof. Pedro Henrique R. Alencar


RESUMO 

A depressão pós-parto (DPP) é uma condição multifatorial que afeta a saúde mental  de muitas mulheres após o parto, com impactos no desenvolvimento infantil. Fatores  como renda, escolaridade e suporte social influenciam na prevalência e gravidade dos  sintomas. A identificação precoce e o manejo adequado são essenciais, e a atuação  do enfermeiro é central nesse processo. Enfermeiros, com sua posição privilegiada,  podem oferecer apoio emocional, realizar triagens e educar as puérperas sobre os  sinais da DPP. A formação contínua desses profissionais em saúde mental é  fundamental para o desempenho eficaz de suas funções. Pesquisas indicam que  intervenções focadas no fortalecimento do suporte social e na melhoria das condições  socioeconômicas podem ser eficazes na prevenção da DPP. No entanto, as pesquisas  atuais apresentam limitações, como a falta de diversidade nas amostras e vieses  interpretativos. Futuras investigações devem incluir amostras mais representativas e  explorar novas abordagens que enfermeiros podem adotar em diferentes contextos.  A compreensão da DPP deve considerar não apenas os sintomas, mas também o  contexto socioeconômico e o suporte social oferecido às puérperas. A ação proativa dos enfermeiros é fundamental para garantir o cuidado adequado durante esse  período, promovendo tanto a saúde mental das mães quanto o desenvolvimento  saudável dos bebês. As evidências destacam a importância de políticas públicas que  integrem o papel dos enfermeiros no cuidado à saúde mental materna. 

Palavras-chave: Depressão pós-parto; Enfermagem; Saúde mental; e Puérpera.  

ABSTRACT 

Postpartum depression (PPD) is a multifactorial condition that affects the mental health  of many women after childbirth, with impacts on child development. Factors such as  income, education, and social support influence the prevalence and severity of  symptoms. Early identification and proper management are essential, and the nurse’s  role is central in this process. Nurses, due to their privileged position, can provide  emotional support, conduct screenings, and educate new mothers about the signs of  PPD. Ongoing training in mental health is fundamental for these professionals to  perform their roles effectively. Research indicates that interventions focused on  strengthening social support and improving socioeconomic conditions can be effective  in preventing PPD. However, current research has limitations, such as the lack of  diversity in samples and interpretive biases. Future studies should include more  representative samples and explore new approaches that nurses can adopt in different  contexts. Understanding PPD should go beyond identifying symptoms and consider  the socioeconomic context and social support available to postpartum women.  Proactive nurse intervention is fundamental to ensuring adequate care during this  critical period, promoting both maternal mental health and healthy child development.  Evidence highlights the importance of public policies that integrate the role of nurses  in maternal mental health care. 

Keywords: Postpartum depression; Nursing; Mental health; and Postpartum woman. 

1. INTRODUÇÃO 

A saúde mental da mulher puérpera é uma questão de crescente preocupação  no contexto global, nacional e regional. Segundo Schwengber e Piccinini (2003),  estima-se que entre 1% a 20% das mulheres que dão à luz desenvolvem depressão  pós-parto (DPP), um transtorno que pode ter consequências tanto para a mãe quanto  para o recém-nascido.

No Brasil, a DPP é uma preocupação significativa, refletindo a necessidade de  uma abordagem mais eficaz na assistência à saúde mental durante o período pós parto, especialmente em regiões onde o acesso a serviços de saúde é limitado (BRITO  et al, 2022). Nesse cenário, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a  implementação de estratégias de rastreamento e intervenção precoce para esses  transtornos, destacando a importância da saúde mental como parte integrante da  saúde da mulher (SILVA et al, 2023). 

Segundo Santos et al (2022) e Andrade, Melo e Soldera (2024), a DPP é  caracterizada por sintomas como triste profunda, ansiedade e alterações no sono e  apetite, que podem surgir até um ano após o parto. A OMS classifica a DPP como um  transtorno mental que requer atenção e intervenção específicas, enfatizando a  necessidade de um suporte multidisciplinar, onde uma equipe de enfermagem  desempenha um papel fundamental. Nesse contexto, os enfermeiros são  frequentemente os primeiros profissionais a identificar sinais de sofrimento mental nas  puérperas, sendo essenciais para o rastreamento e a intervenção precoce, além de  oferecer suporte emocional e psicológico. 

A atuação da equipe multiprofissional – incluindo enfermeiros, psicólogos e  assistentes sociais – é fundamental para a promoção da saúde mental da mulher  puérpera. Essa abordagem integrada permite uma avaliação abrangente das  necessidades do paciente, considerando fatores sociais, econômicos e psicológicos  que podem influenciar sua saúde mental. A assistência de enfermagem, em particular,  deve focar na identificação precoce de sinais de DPPP e na implementação de  intervenções que promovam o bem-estar emocional, como o acolhimento e educação  em saúde (ANDRADE; MELO; SOLDERA, 2024). 

A escolha deste tema para a revisão sistemática da literatura se justifica pela  necessidade urgente de aprofundar o conhecimento sobre a assistência de  enfermagem na saúde mental da mulher puérpera, uma vez que a DPP pode afetar  não apenas a saúde da mãe, mas também o desenvolvimento da criança e a dinâmica  familiar. 

O objetivo deste estudo é compreender como a assistência de enfermagem tem  sido direcionada à saúde mental de mulheres puérperas que enfrentam a DPP,  buscando contribuir para a melhoria da qualidade do cuidado prestado e para a  promoção de instruções práticas na atenção primária à saúde.

2. REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1.Conceitos e Fatores Associados à Depressão Pós-Parto (DPP)

A depressão pós-parto (DPP) é uma condição psiquiátrica que afeta uma  parcela significativa de mulheres após o nascimento de um filho, sendo caracterizada  por sentimentos de tristeza intensa, falta de interesse nas atividades cotidianas, baixa  autoestima, alterações no sono e apetite, além de dificuldades em estabelecer  vínculos afetivos com o bebê. Trata-se de um transtorno multifatorial, cuja  manifestação resulta de uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais,  e que pode comprometer tanto a saúde mental da mãe quanto o desenvolvimento  saudável da criança (BRANDÃO et al., 2024). 

Entre os fatores biológicos, a queda brusca nos níveis hormonais (como  estrogênio e progesterona) após o parto é apontada como uma das principais causas  para o surgimento da DPP. Além disso, fatores genéticos, histórico prévio de  depressão ou transtornos de ansiedade, e complicações obstétricas também  contribuem para o risco aumentado de desenvolver o transtorno (BRANDÃO et al.,  2024). 

Do ponto de vista psicológico, a transição para a maternidade pode gerar  estresse significativo, especialmente para mulheres que enfrentam dificuldades em  lidar com as novas responsabilidades e pressões sociais associadas ao cuidado com  o bebê. A falta de experiência prévia com crianças e a autocrítica exacerbada, além  de expectativas irreais sobre a maternidade, podem contribuir para a vulnerabilidade  emocional (ALIANE; MAMEDE; FURTADO, 2011). 

Os fatores sociais desempenham igualmente um papel importante na etiologia  da DPP. A baixa renda familiar, o nível educacional limitado, o desemprego e a  ausência de uma rede de suporte social, como o apoio do parceiro ou familiares, são  considerados elementos que amplificam o risco de desenvolvimento da depressão  pós-parto. A marginalização social e a falta de acesso a serviços de saúde mental  também agravam o quadro, dificultando a detecção e o tratamento precoce (BRASIL,  2024). 

A DPP tem um impacto significativo não apenas na vida da mãe, mas também  no desenvolvimento do bebê. Pesquisas indicam que crianças de mães com  depressão pós-parto não tratada podem apresentar problemas emocionais e  comportamentais, como dificuldades de aprendizagem e transtornos do desenvolvimento social. Por isso, a detecção precoce e a intervenção adequada são  essenciais para minimizar os efeitos adversos da DPP na díade mãe-bebê (BRASIL,  2024). 

2.2.O Papel da Enfermagem na Assistência à Saúde Mental de Puérperas  com DPP 

A atuação do enfermeiro na assistência à saúde mental de puérperas com  depressão pós-parto (DPP) é fundamental para garantir um cuidado integral, que vai  além do tratamento físico, abrangendo também aspectos emocionais e psicológicos  da paciente. Os profissionais de enfermagem, especialmente aqueles que atuam na  atenção primária à saúde, desempenham um papel central na identificação precoce  da DPP, no suporte contínuo à mulher e na orientação sobre as estratégias de  enfrentamento e prevenção (ALVES et al., 2024). 

Uma das principais responsabilidades do enfermeiro é a identificação precoce  dos sinais e sintomas da DPP. Durante o acompanhamento pré-natal e no período  puerperal, os enfermeiros estão em contato frequente com as gestantes e puérperas,  o que lhes permite observar comportamentos e relatos que podem indicar o  surgimento da depressão. O enfermeiro, ao realizar consultas de rotina, utiliza  ferramentas de triagem, como questionários padronizados (por exemplo, a Escala de  Depressão Pós-Parto de Edimburgo), que auxiliam na detecção de sinais como  tristeza persistente, irritabilidade, ansiedade e dificuldades em cuidar do bebê  (CARVALHO; HAYASIDA, 2023). 

Além de identificar a DPP, o enfermeiro também é responsável por fornecer  suporte emocional às puérperas. O período pós-parto pode ser desafiador,  especialmente para mulheres que enfrentam a transição para a maternidade com  pouca ou nenhuma rede de apoio. O enfermeiro pode desempenhar um papel de  suporte, ouvindo as preocupações das mulheres, validando seus sentimentos e  orientando sobre como lidar com as dificuldades do pós-parto. Esse suporte  emocional é essencial para que as mulheres se sintam compreendidas e menos  sobrecarregadas, contribuindo para a sua recuperação emocional e psicológica  (MARÇAL et al., 2023). 

Outro aspecto relevante da atuação do enfermeiro é a educação das puérperas  e suas famílias sobre a depressão pós-parto. Muitos casos de DPP permanecem sem  diagnóstico ou tratamento devido ao estigma associado às doenças mentais, à falta de conhecimento sobre a condição e à crença de que os sintomas são apenas uma  consequência normal do pós-parto. Nesse sentido, o enfermeiro tem um papel  educativo ao informar as mulheres sobre os sinais de alerta da DPP, a importância de  procurar ajuda e as opções de tratamento disponíveis. Além disso, o enfermeiro pode  orientar as famílias sobre como oferecer apoio emocional e prático à mulher durante  o período pós-parto, criando uma rede de suporte mais eficaz (MARÇAL et al., 2023). 

A formação contínua dos enfermeiros em saúde mental é outro aspecto  essencial para a qualidade da assistência prestada às puérperas com DPP.  Profissionais de enfermagem capacitados conseguem reconhecer de forma mais  eficiente os sintomas da depressão, entender as necessidades emocionais das mulheres e aplicar intervenções baseadas em evidências. Programas de educação  continuada e treinamentos especializados em saúde mental são importantes para  garantir que os enfermeiros estejam atualizados sobre as melhores práticas e  protocolos de cuidado à mulher com DPP, além de habilitá-los a trabalhar em equipe  multiprofissional, garantindo um atendimento integral (CARVALHO; HAYASIDA,  2023). 

Assim, o enfermeiro ocupa um papel indispensável no cuidado à saúde mental  das puérperas com depressão pós-parto, oferecendo não apenas intervenções  clínicas, mas também suporte emocional e educativo. Sua presença, próxima e  contínua, faz com que ele seja um ponto de referência para essas mulheres, ajudando  a reduzir os impactos da DPP e a promover um cuidado integral que favorece a  recuperação e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê (ALVES et al., 2024). 

2.3.Intervenções na Atenção Primária à Saúde para Mulheres Puérperas com  DPP 

As intervenções realizadas na atenção primária à saúde desempenham um  papel fundamental na prevenção e no manejo da depressão pós-parto (DPP). Esse  nível de atenção é o ponto de entrada mais acessível para as mulheres durante o  período puerperal e, portanto, oferece uma oportunidade única para identificar  precocemente os casos de DPP, fornecer intervenções adequadas e promover ações  preventivas. As estratégias implementadas na atenção primária são baseadas no  fortalecimento da rede de suporte social e no empoderamento das puérperas, além  de envolver uma abordagem integral que considera os fatores biopsicossociais (ARRAIS; ARAUJO, 2017).

Um dos principais eixos das intervenções é a implementação de políticas  públicas e protocolos de cuidado voltados para a saúde mental de puérperas. A  criação de diretrizes específicas para a atenção primária à saúde é essencial para  garantir que a triagem para DPP seja realizada de forma sistemática, permitindo que  os profissionais de saúde, incluindo os enfermeiros, possam identificar as mulheres  em risco de desenvolver a condição. Através de protocolos clínicos, como o uso de  escalas padronizadas para avaliar sintomas depressivos, os enfermeiros podem  encaminhar as pacientes para tratamentos adequados, sejam eles psicoterápicos ou  farmacológicos, quando necessário (ARAUJO et al, 2019). 

Além disso, as intervenções voltadas para o fortalecimento do suporte social têm se mostrado eficazes na prevenção e manejo da DPP. O suporte social,  proveniente de familiares, amigos ou grupos comunitários, é um fator protetivo contra  o desenvolvimento de sintomas depressivos. Na atenção primária, enfermeiros podem  organizar grupos de apoio para mulheres no período pós-parto, facilitando o  compartilhamento de experiências, o que reduz o isolamento social. Essas atividades  grupais não apenas oferecem suporte emocional, mas também ajudam a criar uma  rede de solidariedade entre as puérperas, promovendo o fortalecimento de vínculos  sociais e uma melhor adaptação à maternidade (MARÇAL et al., 2023). 

As intervenções socioeconômicas também são fundamentais, visto que  condições financeiras precárias e falta de acesso a recursos básicos estão  diretamente relacionadas à maior prevalência de DPP. Profissionais de enfermagem  podem atuar como facilitadores, ajudando as puérperas a acessar programas sociais,  como auxílios financeiros, serviços de apoio psicológico gratuito ou iniciativas de  capacitação profissional que podem melhorar suas condições de vida. A melhoria do  contexto socioeconômico, aliada ao suporte psicológico, é um fator importante para  reduzir a vulnerabilidade à depressão (CARVALHO; HAYASIDA, 2023). 

Outro ponto crítico das intervenções na atenção primária é a capacitação  contínua dos profissionais de saúde, especialmente dos enfermeiros, em saúde  mental. A formação especializada em cuidados de saúde mental para puérperas  garante que os profissionais estejam preparados para identificar a DPP de forma  eficiente e realizar intervenções que envolvem acolhimento, aconselhamento e  encaminhamento adequado. Treinamentos periódicos sobre saúde mental são  essenciais para atualizar os profissionais sobre novas abordagens terapêuticas e técnicas de comunicação empática, fundamentais para o atendimento humanizado  (MARÇAL et al., 2023). 

A abordagem multiprofissional é outra estratégia central na atenção primária.  O cuidado à mulher com DPP deve envolver uma equipe composta por médicos,  psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros, de modo que a atenção seja integral e  coordenada. Nesse contexto, o enfermeiro atua como mediador entre as diferentes  áreas, assegurando que o plano terapêutico esteja alinhado às necessidades  individuais da puérpera e que haja continuidade no cuidado. A colaboração entre  profissionais de diferentes áreas amplia a possibilidade de intervenções mais  assertivas e abrangentes, beneficiando tanto a mulher quanto sua família (ARAUJO  et al, 2019). 

Portanto, as intervenções na atenção primária à saúde voltadas para a DPP  devem ser multidimensionais, abrangendo desde a implementação de políticas e  protocolos até o fortalecimento do suporte social e a capacitação dos profissionais de  saúde. A presença ativa do enfermeiro nesse processo é essencial para garantir um  cuidado integral, acessível e humanizado, que responda às necessidades emocionais,  sociais e econômicas das puérperas, promovendo um ambiente favorável para a  recuperação e o bem-estar de mãe e filho (ARAUJO et al, 2019). 

3. MÉTODOS 

Esta pesquisa consistiu em uma revisão sistemática de literatura, com o  objetivo de consolidar descobertas obtidas em estudos sobre um tópico específico  de forma organizada, sistemática e compreensiva. 

A revisão sistemática de literatura é uma abordagem metodológica  fundamental para a realização de pesquisas científicas, especialmente em campos  onde existe um volume significativo de estudos já publicados. Este método envolve  uma busca rigorosa e sistemática de evidências relevantes na literatura existente,  seguida de uma avaliação crítica e síntese dos resultados dos estudos incluídos  (SAMPAIO; MANCINI, 2007). 

A importância da revisão sistemática reside na sua capacidade de oferecer  uma visão abrangente e imparcial do conhecimento disponível sobre um  determinado tópico. Ao utilizar critérios claros para a seleção e avaliação dos estudos, uma revisão sistemática permite identificar tendências, lacunas no  conhecimento e áreas de consenso ou controvérsia na literatura (DORSA, 2020). Neste estudo, a pesquisa foi conduzida por meio de buscas de artigos nas  plataformas SciELO e Google Acadêmico; utilizando as palavras-chave “depressão  pós-parto”; “enfermagem”; “saúde mental”; e “puérpera”. Essas palavras-chave  foram escolhidas para abranger aspectos essenciais relacionados ao tema da  pesquisa. 

Os critérios de inclusão dos artigos foram estabelecidos da seguinte forma:  os artigos devem ter sido publicados nos últimos 10 anos, ser relevantes para o  estudo do tema escolhido e estar disponíveis em língua portuguesa ou inglesa. Os  artigos que não atendiam a esses critérios foram excluídos da análise. 

Inicialmente, a busca resultou em um total de 64 artigos (Fluxograma 1)  relacionados com o tema, sendo 38 artigos avaliados. Após aplicar os critérios de  inclusão e exclusão, 20 artigos foram selecionados para uma análise mais detalhada,  enquanto 18 foram excluídos por não atenderem aos critérios estabelecidos. 

Dentre os artigos selecionados, apenas 03 foram considerados relevantes e  adequados para inclusão na discussão da revisão sistemática. Esses artigos foram  utilizados como base para a análise crítica e síntese das evidências relacionadas  aos benefícios da prática regular de atividade física no combate à obesidade infantil. 

4. RESULTADOS 

A análise de dados desempenhou um papel importante na pesquisa científica.  De acordo com Santos et al (2018), por meio da análise de dados, os pesquisadores  podem transformar observações brutas em informações significativas, identificando  padrões, tendências e relações entre variáveis. 

O artigo “Depressão Pós-Parto: Atuação do Enfermeiro” destaca a importância  do papel dos enfermeiros na assistência às mulheres que enfrentam depressão pós parto (DPP). A pesquisa busca identificar as intervenções que esses profissionais  podem realizar para apoiar essas mulheres, considerando as repercussões  psicossociais da condição. A DPP é apresentada como um problema de saúde pública  que afeta não só a saúde da mãe, mas também a do bebê, tornando a atuação do  enfermeiro essencial para a detecção precoce e o manejo adequado da condição.

Fluxograma 1 – Método de seleção dos artigos nas bases de dados. 

Fonte: Autores (2024). 

A pesquisa ressalta que muitos casos de DPP podem ser negligenciados, o que  agrava os efeitos sobre mães e filhos, sugerindo que intervenções adequadas por  parte dos enfermeiros podem reduzir a incidência e a gravidade da depressão. O  estudo, realizado por meio de uma revisão integrativa da literatura, consultou bases  de dados como a BVS e o Google Acadêmico, apontando que a atuação do enfermeiro  deve focar em um acolhimento humanizado e na capacitação para reconhecer os  sinais de DPP e oferecer suporte psicológico. 

Os resultados indicam que aspectos socioeconômicos influenciam a ocorrência  da DPP e que é fundamental que os enfermeiros estejam preparados para oferecer  um cuidado integral. O artigo conclui que uma abordagem integrada e humanizada,  centrada na educação continuada e no suporte emocional, pode minimizar os efeitos  da DPP, melhorando a saúde mental das mães e promovendo um desenvolvimento  saudável para os bebês.

O artigo “Atuação do Enfermeiro no Diagnóstico Precoce da Depressão Pós Parto” discute o papel essencial do enfermeiro na identificação e manejo da depressão  pós-parto (DPP), uma condição que afeta muitas mulheres no período pós-parto. O  estudo investiga como os enfermeiros podem contribuir para o diagnóstico precoce da  DPP, destacando a importância de uma abordagem proativa e humanizada no  atendimento às puérperas. A DPP é apresentada como um transtorno frequente, com  graves implicações para a saúde mental da mãe e o desenvolvimento da criança,  reforçando a necessidade de detecção precoce para minimizar seus efeitos. 

O problema central analisado é a dificuldade na identificação da DPP, já que  muitas mulheres não relatam seus sintomas, resultando em diagnósticos tardios e  tratamentos inadequados. Embora não seja explicitada, a hipótese implícita é que a  intervenção dos enfermeiros pode melhorar tanto a detecção quanto o manejo da  DPP, trazendo benefícios para a saúde de mães e bebês. A pesquisa tem como  objetivo identificar as práticas dos enfermeiros no diagnóstico precoce da DPP e  propor estratégias para aprimorar sua atuação nesse contexto, utilizando uma revisão  integrativa da literatura para analisar estudos anteriores. 

Os resultados indicam que a capacitação dos enfermeiros para reconhecer os  sinais e sintomas da DPP é fundamental, assim como a criação de um ambiente  acolhedor e de escuta ativa para facilitar a comunicação das puérperas sobre seus  sentimentos. A implementação de protocolos de triagem para a identificação precoce  de riscos de DPP deve se tornar uma prática padrão nos serviços de saúde. O artigo  conclui que o papel do enfermeiro é vital para o diagnóstico precoce da DPP,  enfatizando a necessidade de formação contínua e estratégias que promovam um  cuidado humanizado às mulheres no período pós-parto. 

O artigo “Sintomas de depressão pós-parto e sua associação com as  características socioeconômicas e de apoio social”, escrito por Maria Luiza Cunha  Santos e colaboradores, examina a relação entre a depressão pós-parto (DPP) e  fatores como condições socioeconômicas e apoio social. O estudo busca entender  como esses fatores influenciam a manifestação de sintomas de DPP em mulheres no  período pós-parto, visando contribuir para uma compreensão mais profunda das  dinâmicas dessa condição. A DPP é uma condição prevalente que afeta a saúde  mental das mães e o desenvolvimento infantil, tornando essencial identificar os fatores  associados para a criação de intervenções mais eficazes e políticas públicas que  melhorem o suporte às puérperas.

O estudo investiga a dificuldade em identificar fatores relevantes para o  desenvolvimento da DPP, particularmente em cenários de vulnerabilidade  socioeconômica, onde o apoio social pode ser limitado. Embora não formulada de  maneira explícita, a hipótese do artigo sugere que mulheres com menor suporte social  e piores condições socioeconômicas apresentam uma incidência maior de sintomas  de DPP. A pesquisa quantitativa utilizou questionários para coletar dados sobre  características demográficas, socioeconômicas e níveis de apoio social de mulheres  no período pós-parto, permitindo uma análise estatística das correlações entre essas  variáveis. 

Os resultados revelam que baixos níveis de renda e escolaridade estão  significativamente associados à prevalência de sintomas de DPP, além de demonstrar  que mulheres com pouco apoio social apresentam maiores níveis de sintomas  depressivos. O estudo conclui que o aumento do suporte social e a melhoria das  condições socioeconômicas podem ser estratégias eficazes na prevenção e manejo  da DPP. Além disso, ressalta a importância de políticas públicas que abordem essas  questões para oferecer um melhor suporte às mães em situação de vulnerabilidade. 

Todos os resultados encontrados e descritos anteriormente nos artigos  selecionados para o estudo podem ser melhor visualizados no Quadro 1. 

Quadro 1 – Características de estudos selecionados. 

Fonte: Autores (2024).

5. DISCUSSÃO 

A discussão dos resultados obtidos nos artigos sobre a depressão pós-parto  (DPP) revela insights significativos sobre a condição e suas implicações para a saúde  materna e infantil. Os estudos desenvolvidos fornecem uma base sólida para  compreender a complexidade do DPP, suas causas e a importância da intervenção  precoce. Os resultados convergem para a ideia de que a DPP é uma condição  multifatorial, fortemente influenciada por aspectos socioeconômicos e de apoio social. 

O primeiro artigo, que aborda a atuação do enfermeiro, destaca que uma  intervenção adequada pode ser importante para a identificação precoce da DPP. Essa  conclusão está alinhada com as evidências de que o suporte emocional e a educação  contínua são fundamentais para o manejo eficaz da condição. A hipótese implícita de  que um suporte adequado poderia reduzir os sintomas de DPP é corroborada pelos  achados, que mostram uma demonstração entre apoio social positivo e bem-estar  psicológico das puérperas. 

Os resultados encontrados nos estudos revisados estão em consonância com  pesquisas anteriores que indicam que fatores socioeconômicos, como renda e  escolaridade, têm um papel significativo na prevalência da DPP. Por exemplo, um  estudo avaliado na revisão revelou que mulheres com menor renda familiar  apresentavam uma probabilidade maior de desenvolver sintomas depressivos. Essa  evidência reforça as descobertas do segundo artigo, que sugere que a capacitação  dos enfermeiros em identificar esses fatores pode melhorar os resultados de saúde  mental das mães. 

Contrapõe-se à literatura existente o fato de que alguns estudos não  conseguiram identificar claramente os fatores de risco associados ao DPP, apontando  uma possível falha na execução ou na seleção da amostra. Isso levanta questões  sobre a necessidade de metodologias mais robustas e abrangentes para capturar a  complexidade do DPP. 

Diante das conclusões obtidas, é possível afirmar que a compreensão da DPP  deve ir além da identificação dos sintomas; é essencial considerar o contexto  socioeconômico e o suporte social disponível para as puérperas. Uma nova  perspectiva sugere que intervenções direcionadas não apenas ao tratamento, mas  também à promoção de redes de apoio e à melhoria das condições socioeconômicas  podem ser mais eficazes na prevenção da DPP. Além disso, o papel do enfermeiro se destaca como um elemento central na abordagem da DPP. A formação contínua  desses profissionais em saúde mental é importante para garantir que eles possam  oferecer um suporte adequado às mães no pós-parto. Essa abordagem integrada  pode resultar em melhores resultados tanto para as mães quanto para os bebês. 

Os resultados dos artigos estudados oferecem uma visão abrangente sobre a  depressão pós-parto e ressaltam a importância de disciplinas precoces e do suporte  social. A combinação de fatores socioeconômicos e apoio emocional deve ser  considerada nas estratégias de saúde pública externas para a saúde materna. A  atuação proativa dos enfermeiros é essencial para garantir que as mulheres recebam  o cuidado necessário durante esse período crítico. 

6. CONCLUSÃO 

A conclusão deste artigo recapitula os principais achados sobre a depressão  pós-parto (DPP) e destaca a relevância da atuação do enfermeiro no diagnóstico e  manejo dessa condição. Os resultados obtidos demonstram que fatores  socioeconômicos e o suporte social têm um impacto significativo na prevalência e  gravidade dos sintomas de DPP. Uma pesquisa confirmou a hipótese de que uma  intervenção adequada por parte dos enfermeiros pode contribuir para a identificação  precoce da DPP, promovendo um cuidado mais eficaz às puérperas. 

As contribuições deste estudo são notáveis, pois ampliam o entendimento  sobre a complexidade do DPP, ressaltando a necessidade de uma abordagem  holística que considere não apenas os aspectos clínicos, mas também as condições  sociais e emocionais das mães. A atuação do enfermeiro é fundamental nesse  contexto, pois esses profissionais estão em uma posição privilegiada para oferecer  apoio emocional, realizar triagens adequadas e educar as mães sobre os sinais do  DPP. A formação contínua em saúde mental é essencial para que os enfermeiros  possam exercer esse papel com competência e sensibilidade. 

Entretanto, é importante considerar as limitações da pesquisa. A amostra pode  não refletir a diversidade de contextos sociais e culturais das puérperas, o que pode  restringir a generalização dos resultados. Além disso, a natureza observacional de  alguns estudos pode levar a visões na interpretação dos dados. Pesquisas futuras  devem incluir amostras mais representativas e explorar instruções específicas que possam ser inovadoras pelos enfermeiros em diferentes cenários. Nesse contexto, este trabalho reafirma o papel fundamental do enfermeiro na  prevenção e manejo da DPP. Ao promover um ambiente de apoio e acolhimento, os  enfermeiros podem não apenas ajudar na identificação precoce da condição, mas  também melhorar a qualidade de vida das mães e o desenvolvimento saudável dos  bebês. As evidências apresentadas enfatizam a necessidade de políticas públicas que  valorizem e integrem a atuação dos profissionais de enfermagem no cuidado à saúde  mental materna. 

REFERÊNCIAS 

ALIANE, P. P.; MAMEDE, M. V.; FURTADO, E. F. Revisão Sistemática sobre  Fatores de Risco Associados à Depressão Pós-parto. Psicol. pesq. [online].  2011, vol.5, n.2, pp.146-155. ISSN 1982-1247. 

ALVES, A. N. N. et al. He Role of The Nurse Ii the Emotional Health of Pregnant  Women. Ciências da Saúde, Volume 28 – Edição 134/MAI 2024. Disponível em: < https://revistaft.com.br/o-papel-do-enfermeiro-na-saude-emocional-da-gestante/>.  Acesso em: 28 set. 2024. 

ANDRADE, B. G. S. DE; MELO, A. K. R.; SOLDERA, P. DE F. Assistência de  Enfermagem na Saúde Mental da Puérpera na Atenção Básica. Revista Foco, v.  17, n. 5, e5123, p. 1–12, 03 mai. 2024. 

ARAÚJO, I. DE S. et al. Postpartum Depression: epidemiological clinical profile  of patients attended in a reference public maternity in Salvador-BA. Revista  Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 41, p. 155–163, 16 maio 2019. 

ARRAIS, A. DA R.; ARAUJO, T. C. C. F. Depression Postpartum: a review about  risk factors and protection. Psicologia, Saúde & Doença, v. 18, n. 3, p. 828–839,  30 nov. 2017. 

BRANDÃO, M. P. et al. Depressão Pós-Parto – uma revisão abrangente sobre a  etiologia, epidemiologia, fatores predisponentes, diagnóstico e  tratamento. Revista Brasileira de Revisão de Saúde, [S. l.], v. 2, pág. e68321, 2024.  Disponível em:  <https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/68321. Acesso  em: 28 set. 2024. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Depressão Pós-Parto. Portal do Governo Brasileiro,  2024. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a z/d/depressao-pos-parto>. Acesso em: 28 set. 2024.

BRITO, A. P. A. et al. Sofrimento Mental Puerperal: conhecimento da equipe de  enfermagem. Cogitare Enfermagem, v. 27, 2022. 

CARVALHO, M. HAYASIDA, N. Depressão Pós-Parto em Mães de Prematuros:  uma revisão integrativa da literatura. Revista Psicologia, Saúde & Doenças Vol.  24, Nº. 2, 498-510, 2023. Disponível em: https://scielo.pt/pdf/psd/v24n2/1645-0086- psd-24-02-498.pdf. Acesso em: 28 set. 2024. 

DORSA, A. C. O Papel da Revisão de Literatura na Escrita de Artigos Científicos. Editorial, v. 21, n.4, 2020. 

MARÇAL, A. A. et al. Nurse Assistance to Women with Postpartum Depression:  a narrative review of the literature. Research, Society and Development, [S. l.], v.  12, n. 6, p. e19512642278, 2023. Disponível em:  <https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/42278>. Acesso em: 28 set. 2024. 

MONTEIRO, A. S. J. et al. Depressão Pós-Parto: atuação do enfermeiro. Revista  Eletrônica Acervo Enfermagem, v. 4, e4547, 2020. 

SAMPAIO, R.; MANCINI, M. Estudos de Revisão Sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 11,  n.1, p. 83-89,2007. 

SANTOS, D. C. S. et al. Atuação do Enfermeiro no Diagnóstico Precoce da  Depressão Pós-Parto. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, v.31, n.3,  pp.114-119, jun. – ago. 2020. 

SANTOS, J. L. G. et al. Análise de Dados: comparação entre as diferentes perspectivas metodológicas da Teoria Fundamentada nos Dados. Revista da  Escola de Enfermagem da USP, v. 52, 2018. 

SANTOS, M. L. C. et al. Sintomas de Depressão Pós-Parto e sua Associação  com as Características Socieconômicas e de Apoio Social. Esc. Anna Nery, v.  26, 2022. 

SANTOS, M. V. M. DOS et al. Assistência de Enfermagem na Saúde Mental da  Mulher Durante o Ciclo Gravídico-Puerperal. Research, Society and  Development, v. 11, n. 4, p. e40611426632, 22 mar. 2022. 

SCHWENGBER, D. D. DE S.; PICCININI, C. A. O Impacto da Depressão Pós Parto para a Interação Mãe-Bebê. Estudos de Psicologia (Natal), v. 8, n. 3, p. 403– 411, dez. 2003. 

SILVA, J. M. DA et al. Assistência à Saúde nos Transtornos Mentais no Período  de Puerpério: revisão integrativa. Revista Ciência Plural, v. 9, n. 2, p. 1–21, 31 ago.  2023.


1Universidade Paulista (UNIP – Imperatriz), arlietealves0@gmail.com;
2Universidade Paulista (UNIP – Imperatriz),mikaeleviana73@gmail.com;
3Universidade Paulista (UNIP – Imperatriz),vanir.josias@gmail.com;
4Universidade Paulista (UNIP – Imperatriz),silvanaconceicao608@gmail.com;
5Universidade Paulista (UNIP – Imperatriz),tatyanaalmeida750@gmail.com;
6Universidade Paulista (UNIP – Imperatriz),thuanysilva345@gmail.com