REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410101358
Ana Karolyne Fagundes Luna; Giovanna Gleyce Saraiva Bonetti; Gustavo Tiago Crucillo; Juliana Santos de Albuquerque; Larissa Galvão Cocoloti; Natalia Pereira Martins
RESUMO
A anestesia veterinária desempenha um papel essencial na segurança de procedimentos cirúrgicos em cães, embora a mortalidade associada a esses procedimentos continue sendo uma preocupação significativa. Este artigo analisa a literatura sobre os fatores que afetam a mortalidade durante os períodos transoperatório e pós-operatório, destacando a relevância da avaliação pré- anestésica, da seleção adequada de fármacos e do monitoramento rigoroso. Estudos indicam que as taxas de mortalidade ocorrem com maior frequência nos primeiros dias após a cirurgia, quando a vigilância é crucial para a sobrevivência dos animais.
Os dados sugerem que avanços nas práticas anestésicas e no manejo pós- operatório têm ajudado a diminuir essas taxas, apesar dos desafios que ainda persistem. O estudo ressalta a importância de protocolos de monitoramento efetivos e do treinamento contínuo de profissionais, com o objetivo de assegurar a segurança durante a anestesia em cães.
Palavras-chave: “período pós-operatório”. “complicações anestésicas”. “gestão anestésica”. “segurança anestésica”. “fatores de risco”. e “resultados pós- operatórios”.
ABSTRACT
Veterinary anesthesia plays a crucial role in the safety of surgical procedures in dogs, although mortality associated with these procedures remains a significant concern. This article reviews the literature on factors affecting mortality during the transoperative and postoperative periods, highlighting the importance of pre- anesthetic evaluation, appropriate drug selection, and rigorous monitoring. Studies indicate that mortality rates are most prevalent in the days following surgery, making vigilance essential for the animals’ survival.
The data suggest that advancements in anesthetic practices and postoperative management have contributed to reducing these rates, despite ongoing challenges. The study emphasizes the need for effective monitoring protocols and continuous training for professionals to ensure safety during anesthesia in dogs.
INTRODUÇÃO
A prática da anestesia em medicina veterinária é essencial para o sucesso de procedimentos cirúrgicos, proporcionando imobilidade, analgesia e relaxamento muscular adequados para intervenções seguras e eficazes (BENTUBO, 2007). No entanto, apesar dos avanços significativos na compreensão dos fármacos anestésicos e técnicas cirúrgicas, a mortalidade anestésica ainda é uma preocupação em pacientes caninos, especialmente durante o período transoperatório e pós-operatório (BENTUBO, 2007).
Conforme estudos recentes, a mortalidade anestésica em cães é influenciada por vários fatores, como a saúde prévia do paciente, a seleção e administração dos agentes anestésicos, a falta de monitoramento adequado durante o procedimento e a qualidade do suporte pós-operatório. Esta preocupação é reforçada por autores como Clarke et al. (2018), que enfatizam a importância de uma avaliação completa do paciente antes da indução anestésica para identificar quaisquer condições médicas subjacentes que possam aumentar o risco de complicações.
Além disso, a seleção dos agentes anestésicos e a manutenção da estabilidade cardiovascular e respiratória são fundamentais para reduzir a incidência de eventos adversos. Como demonstrado por Brodbelt et al. (2007) evidências indicam que a maioria das mortes não está relacionada aos medicamentos usados na anestesia, mas sim ao estado de saúde do animal.
Durante o período transoperatório, o monitoramento contínuo da função cardiovascular, respiratória e neurológica é essencial para detectar precocemente qualquer sinal de deterioração e intervir prontamente (LAREDO et al., 2001; SHMON, 2007). Para realização de uma perfeita anestesia e cirurgia, é essencial realizar uma avaliação pré-cirúrgica, a fim de preparar adequadamente e prevenir o paciente de qualquer risco e complicações. É necessário levar em conta o estado atual do paciente e as alterações nos exames pré-cirúrgicos, assim podem ser corrigidos antes da realização da cirurgia induzindo desta forma maior segurança anestésica ao paciente (LAREDO et al., 2001; SHMON, 2007).
Apesar dos esforços para aumentar a segurança anestésica, o período pós- operatório ainda apresenta desafios significativos. Complicações como depressão respiratória, hipotermia e dor mal controlada contribuem para um maior risco de mortalidade. Nesse contexto, a atenção cuidadosa à recuperação do paciente e o manejo eficaz da dor são aspectos cruciais da prática anestésica, conforme ressaltado por autores como Brodbelt (2009).
OBJETIVOS
O objetivo do presente trabalho foi identificar os principais precedentes relacionados à mortalidade anestésica em cães durante os períodos transoperatório e pós-operatório. Para tal, foi realizada uma revisão de literatura na qual serão analisadas as causas, incidências e estratégias preventivas associadas, com o intuito de promover uma prática anestésica mais segura e eficiente em procedimentos cirúrgicos veterinários.
MÉTODOS
Este estudo visa investigar os fatores de risco ligados às complicações anestésicas e à mortalidade em cães durante procedimentos cirúrgicos. A abordagem adotada foi retrospectiva, realizada por meio de uma revisão de literatura narrativa. A pesquisa se baseou em artigos científicos publicados nos últimos 24 anos (de 2000 a 2024) nas bases de dados Pubmed e Scielo.
A seleção dos artigos foi realizada de forma manual, na qual foram utilizados as palavras-chave “mortalidade anestésica, “cães”, “período transoperatório”, “período pós-operatório”, “complicações anestésicas”, “gestão anestésica”, “segurança anestésica”, “fatores de risco”, e “resultados pós-operatórios”. Após a seleção dos artigos, foram analisados os aspectos, como espécie, raça, sexo e idade, o risco anestésico (ASA), o tipo de procedimento cirúrgico e o desfecho final (óbito).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os medicamentos anestésicos para cães são extremamente importantes tanto para procedimentos cirúrgicos quanto diagnósticos, proporcionando uma experiência menos estressante e mais segura para o animal (FOSSUM, 2013). A investigação científica mostra que o uso correto de anestésicos garante a imobilização necessária à intervenção cirúrgica, reduzindo assim o risco de movimentos involuntários que podem levar a complicações (FOSSUM, 2013).
Além disso, a anestesia permite que os veterinários realizem cirurgias com precisão e eficiência, minimizando o tempo cirúrgico e, consequentemente, o tempo que o animal fica sob estresse (HALL, CLARKE, & TRIM, 2013).
Além de sua função primária de imobilização, a medicação anestésica também desempenha um papel vital no controle da dor durante e após a cirurgia. O manejo eficaz do desconforto não apenas melhora a saúde do animal, mas também acelera a recuperação pós-operatória (GRIMM et al., 2015). O controle da dor é um aspecto essencial dos cuidados veterinários para prevenir o desenvolvimento de hiperalgesia e outros efeitos adversos associados à dor a longo prazo (CB, 2008).
O uso adequado de anestésicos requer um conhecimento profundo da dosagem e do tipo de medicamento adequado para cada situação, destacando a importância em adaptar um plano de anestesia à saúde, idade e peso do cão (MUIR et al., 2013).
A mortalidade anestésica em cães nas primeiras horas após a cirurgia é um tema de extrema relevância na medicina veterinária (SHMON, 2007). Em um estudo recente, 1600 cães foram analisados para investigar a taxa de óbitos relacionados ao período pós-operatório imediato. Dos 1600 cães avaliados, 15 não sobreviveram, representando uma taxa de mortalidade de aproximadamente 0,94%. Desses 15 óbitos, 10 ocorreram nas primeiras 24 horas após a cirurgia. Dentro deste período crítico, as primeiras 3 horas foram identificadas como as mais cruciais para a sobrevivência dos animais. Este dado ressalta a importância do monitoramento intensivo e dos cuidados pós-operatórios imediatos para a detecção e tratamento precoce de complicações anestésicas. Além dos dez cães que morreram nas primeiras horas, outros cinco vieram a óbito dentro das 48 horas subsequentes a cirurgia. Este padrão de mortalidade destaca a necessidade de um acompanhamento contínuo e rigoroso durante os primeiros dois dias após a anestesia e a cirurgia. Conforme descrito, a taxa de óbito no pós-operatório de cães é de 0,89%. (SOARES, T. J. et al, 2022)
Os estudos indicam que esses números têm diminuído a cada ano, o que pode ser atribuído ao avanço da tecnologia e à melhoria das práticas anestésicas e de cuidados pós-operatórios (CORRÊA et al. 2009). Pesquisas adicionais por Chan, R. P. C., & Auler Junior, J. O. C, (2002), corroboram essa tendência de redução da mortalidade com o aprimoramento tecnológico e o aperfeiçoamento contínuo das técnicas veterinárias.
A mortalidade anestésica em cães nas primeiras horas pós-cirurgia permanece uma área crítica que requer atenção constante. A identificação das primeiras 3 horas como o período mais crucial para intervenções pode ajudar a orientar os protocolos de monitoramento e tratamento, potencialmente salvando vidas (ORTENZI, 2006).
CONCLUSÃO
Com o avanço contínuo da tecnologia e das práticas veterinárias, espera-se que a taxa de mortalidade continue a diminuir, proporcionando uma recuperação mais segura para os cães submetidos a procedimentos cirúrgicos (BRODBELT, 2009).
O avanço na anestesia veterinária tem levado a uma diminuição das taxas de mortalidade, porém, ainda existem desafios a serem enfrentados. A análise dos dados revela que o tempo crítico após a cirurgia, especialmente nas primeiras 24 horas, exige atenção especial. O monitoramento rigoroso e o manejo eficiente das complicações são essenciais para aprimorar os resultados pós-operatórios. A prática veterinária continua a evoluir, com novos protocolos e tecnologias emergindo para enfrentar os desafios da mortalidade anestésica. A adoção de diretrizes baseadas em evidências e o treinamento constante dos profissionais são essenciais para assegurar a segurança e o bem-estar dos cães durante e após os procedimentos cirúrgicos. A combinação desses fatores pode levar a uma redução contínua da mortalidade e a um aumento significativo na segurança anestésica.
FECHAMENTO
As disciplinas cursadas durante o curso desempenharam um papel importante no desenvolvimento do nosso TCC, proporcionando conhecimento e compreensão sobre o tema. As aulas de Anestesiologia Veterinária foram valiosas, oferencendo informações sobre a anestesia e suas complicações nos cuidados pré e pós operatórios, o que ajudou a construir as análises das complicações anestésicas em cães. A combinação do conhecimento adquirido em diversas disciplinas foram cruciais para desenvolver um TCC que visa aprimorar a compreensão e a prática da anestesia veterinária.
REFERÊNCIAS
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