THE EFFECTS OF IMPACT EXERCISE IN PATIENTS WITH POST MENOPAUSE OSTEOPOROSIS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409300752
Rewel Naath Martins da Silva2;
Jordy Christian Alves Martins3;
Tárcia Letícia Lucena Carvalho4
RESUMO:
Introdução: A osteoporose é uma doença caracterizada pela perda de densidade mineral óssea, o que aumenta o risco de fraturas, especialmente em mulheres. Acomete mais o sexo feminino devido às alterações hormonais, e na pós-menopausa, devido a queda dos níveis de estrogênio, que agrava a perda óssea. Objetivo: Foi investigar os efeitos dos exercícios de impacto em pacientes com diagnóstico de osteoporose na pós-menopausa. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, onde adotou-se a estratégia PICO, sendo assim a pergunta norteadora do estudo foi “Quais os efeitos dos exercícios de impacto na densidade mineral óssea de pacientes com osteoporose pós menopausa?”. A busca de dados ocorreu dentre os meses de julho e agosto de 2024, nas bases de dados PUBMED, PEDro e LILACS, através dos descritores: “exercícios de impacto”, “osteoporose” e “pós menopausa”. Encontraram-se 76 artigos e após aplicação dos critérios de elegibilidade foram utilizados 8 nesta revisão. Resultados: Os exercícios de impacto, como os de resistência, aeróbicos e método Pilates mostraram-se eficazes na melhora da densidade mineral óssea, força muscular e equilíbrio em mulheres pós-menopáusicas, reduzindo o risco de fraturas e melhorando a qualidade de vida. Conclusão: Conclui-se que exercícios de alto impacto oferecem diversos benefícios para mulheres com osteoporose no período pós-menopausa, incluindo o aumento da força muscular, melhora do equilíbrio, perfil lipídico, absorção de cálcio, qualidade de vida e densidade mineral óssea.
Palavras-chave: Exercícios de Impacto. Osteoporose. Pós Menopausa.
ABSTRACT:
Introduction: Osteoporosis is a disease characterized by the loss of bone mineral density, which increases the risk of fractures, especially in women. It affects women more due to hormonal changes, and in postmenopause, due to the drop in estrogen levels, which aggravates bone loss. Objective: This was to investigate the effects of impact exercises in patients diagnosed with postmenopausal osteoporosis. Methods: This is an integrative review of the literature, where the PICO strategy was adopted, thus the guiding question of the study was “What are the effects of impact exercises on the bone mineral density of patients with postmenopausal osteoporosis?”. The data search took place between July and August 2024, in the PUBMED, PEDro and LILACS databases, using the descriptors: “impact exercises”, “osteoporosis” and “postmenopause”. A total of 76 articles were found and after applying the eligibility criteria, 8 were used in this review. Results: Impact exercises, such as resistance, aerobic and Pilates exercises, were shown to be effective in improving bone mineral density, muscle strength and balance in postmenopausal women, reducing the risk of fractures and improving quality of life. Conclusion: It is concluded that high-impact exercises offer several benefits for women with osteoporosis in the postmenopausal period, including increased muscle strength, improved balance, lipid profile, calcium absorption, quality of life and bone mineral density.
Keywords: Impact Exercises. Osteoporosis. Post Menopause.
1. INTRODUÇÃO
A osteoporose é uma patologia caracterizada pela perda gradativa e deterioração da massa óssea, sendo a mais comum das doenças ósseas metabólicas, consequentemente aumentando os riscos de quedas e fraturas (Fischbacher et al., 2021). Isso se dá através das modificações que ocorrem durante o envelhecimento, principalmente em mulheres após menopausa, devido ao aumento de atividade osteoclática e diminuição da atividade osteblástica, sendo assim uma doença silenciosa e grave (Anupama et al., 2020).
Essa disfunção pode ocasionar fraturas por fragilidade, sendo capaz de diminuir as taxas de sobrevida, predispõe a morbidade, a dor crônica e gera custos econômicos gerais, além de diminuir a qualidade de vida, independência e autonomia do indivíduo. É uma desordem multifatorial, a qual 70% é dependente de fatores genéticos e 30% de fatores ambientais. Cerca de 33% das mulheres com mais de 50 anos têm fraturas osteoporóticas, resultantes de quedas. A osteoporose é uma doença insidiosa que pode evoluir durante muitos anos sem ocorrer qualquer sintoma. Então, a doença é assintomática, a não ser que ocorra fratura (Yu, Pei-An et al., 2019).
A osteoporose primária ou idiopática tem uma dupla classificação na qual o tipo1 é exclusivo do sexo feminino, sendo este produto do climatério e nos pós menopausa, devido a fisiopatologia depender do estrógeno. Em contraste, a forma 2 independe do sexo, associado ao envelhecimento e consequente perda de massa óssea. Já a forma secundária tem uma tríade representada por medicações, como heparina, corticoide, imunossupressores, e fatores externos como, a carência nutricional de vitamina D e cálcio. Estima-se que cerca de 50% das mulheres a partir dos 50 anos, sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida (Costa et al., 2020).
Durante o diagnóstico é necessário investigar os fatores de risco, sendo os mais determinantes: idade, sexo feminino, etnias branca e oriental, história familiar de fratura precedente e pessoal, redução da densidade mineral óssea (DMO), fatores ambientais, tabagismo, alcoolismo (acima/igual 3 doses por dia), sedentarismo, baixa vitamina D e baixa ingestão de cálcio. Já intolerância à lactose e a diminuição a exposição solar são destacados como ameaça. A densitometria óssea é o exame padrão ouro mais recente para diagnóstico da osteoporose, com soluções efetivas: T- Score de 0-1, baixa densidade mineral óssea de – 1,1 a – 2,5, e osteoporose densitométrica -2,5 para baixo (Souza, 2022).
Portanto a fisioterapia é de suma importância durante o tratamento dessa patologia, visto que a prática regular de exercícios físicos, além de preservar e melhorar a força muscular, atua na promoção da manutenção óssea, do equilíbrio e da marcha, e também na flexibilidade e no alívio da dor, proporcionando benefícios no bem-estar e qualidade de vida, no condicionamento físico e nas atividades de vida diária, atuando tanto na prevenção quanto no tratamento da doença (Santos; Borges, 2020).
Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar os efeitos dos exercícios de impacto em pacientes com diagnóstico de osteoporose na pós-menopausa.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Essa metodologia proporciona formas de sistematizar o conhecimento científico de determinado tema e demonstrar de forma linear a produção científica e a evolução do tema pesquisado. Além disso, fornece meios que possibilitem os leitores, avaliação e reprodutibilidade das técnicas utilizadas na elaboração da revisão (Botelho; Cunha; Macedo, 2011). A realização desta revisão seguiu as seguintes etapas: formulação da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e elaboração da revisão integrativa (Crossetti, 2012).
A pergunta norteadora para elaboração deste artigo foi realizada através da estratégia: PICo (P: População, I: Interesse, Co: Contexto) no qual foi ajustado da seguinte maneira: População: mulheres com osteoporose, Interesse: exercícios de impacto, Contexto: aumento da densidade mineral óssea (Santos; Pimenta; Nobre, 2007). De tal forma, a pergunta foi: Quais os efeitos dos exercícios de impacto na densidade mineral óssea de pacientes com osteoporose pós menopausa?
As buscas pelos estudos foram realizadas utilizando-se as seguintes bases de dados: MEDLINE/PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Physiotherapy Evidence Database (PEDro). Os descritores utilizados foram: “Exercícios de impacto”, “osteoporose”, “pós menopausa”. E para suas traduções em inglês: “Impact exercises“, “osteoporosis“, “post menopause“. Foi utilizado o operador booleano AND a fim de encontrar estudos que contenham os descritores escolhidos.
Foram selecionados apenas artigos que atendessem os seguintes critérios de inclusão: artigo científico relacionado ao tema proposto, trabalhos que correspondessem ao objetivo da pesquisa, evidências científicas somente em mulheres idosas acima dos 55 anos, artigos inseridos no intervalo temporal de 2018 a julho de 2024, trabalhos escritos em português, inglês e espanhol. Foram excluídos os trabalhos duplicados, artigos pagos, pesquisas que se apresentam como monografias, teses, revisão bibliográfica narrativa, revisão integrativa, revisão sistemática e estudos de caso.
Para a coleta de dados, primeiramente foi feita a leitura dos títulos/resumos e metodologias, e posteriormente a leitura dos trabalhos na íntegra, dos quais por meio dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados para compor o corpo do estudo. Após as pesquisas os dados foram tabulados no Microsoft Word, destes foram extraídas as seguintes informações, como: Autor e Ano de publicação, Tipo de Estudo, Intervenção e resultados e Conclusão dos artigos selecionados.
A busca através do cruzamento dos descritores resultou na identificação de 76 artigos como possíveis objetos de estudo desta revisão. Desses, 18 artigos foram pré-selecionados para leitura completa, os demais excluídos após aplicação dos critérios de elegibilidade supracitados.
Sendo assim, a seleção final incluiu 8 estudos do tipo ensaios clínicos randomizados que abordassem acerca dos efeitos dos exercícios de impacto em pacientes com diagnóstico de osteoporose na pós-menopausa, o fluxograma da busca foi exposto na figura 01.
Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos artigos incluídos nesta revisão.
3. RESULTADOS
Este estudo objetivou investigar os efeitos dos exercícios de impacto em pacientes com diagnóstico de osteoporose na pós-menopausa, através de uma revisão integrativa de literatura e como resultado foi possível perceber que muitos são os benefícios da prática de atividades físicas por mulheres com diagnóstico de osteoporose em pós menopausa e que há diversas modalidades de exercícios que podem auxiliar nesse processo, sendo os mais encontrados na revisão, exercícios de resistência, aeróbicos e método Pilates. Os resultados foram melhor demonstrados no Quadro 01.
Quadro 01. Resultados da revisão de literatura.
Autor e Ano | Tipo de Estudo | Intervenção | Resultados e Conclusão |
Carcelén-Fraile et al., 2023 | Ensaio Clínico Randomizado | – A amostra foi composta por 125 mulheres (GC: n= 62 e GI: n=63);-Avaliadas sobre QV e sintomas menopausais com o MRS e Short-Form Healthy Survey antes e após as intervenções;- GC recebeu apenas orientações, enquanto GI recebeu sessões de exercícios por 12 semanas. | As integrantes da pesquisa apresentaram melhora considerável em sintomas psicológicos, somáticos e até urogenitais, bem como na pontuação total do MRS, além dos domínios de saúde geral, funcionamento e papel físico, dor corporal, vitalidade e saúde mental do Short-Form Health Survey de 36 itens. O estudo concluiu que a realização do protocolo de exercício por 12 semanas se mostrou eficaz para melhorar os sintomas causados pela menopausa, além de melhorar de forma expressiva a qualidade de vida de mulheres em período menopáusico ou pós menopáusico. |
Pereira et al., 2018 | Ensaio Clínico Randomizado | – A amostra foi composta por 20 mulheres em período pós menopausa;- G1: treinamento aeróbico com restrição de fluxo sanguíneo, cuja intervenção foi 15 min de caminhada em esteira com 65% da FCmáx e o manguito de pressão inflado em área proximal da coxa;- G2: treinamento de resistência de baixa intensidade com restrição de fluxo sanguíneo, realizando, extensão unilateral dos joelhos até a falha a 30% de 1 RM com manguito na mesma localização;- G3: treinamento de resistência de alta intensidade, que realizou 4 séries do mesmo exercício até a falha concêntrica a 80% de 1RM;G4: grupo controle que não recebeu nenhuma intervenção. – Todos os grupos foram avaliados antes da intervenção, na 6° e 12° semanas. | O estudo demonstrou que as integrantes que realizaram treino de resistência de alta intensidade e o grupo controle obtiveram menores níveis de FM que os demais grupos, enquanto os grupos que realizaram treinamento com restrição de fluxo sanguíneo apresentaram aumentos significativos de força dinâmica máxima para extensão de joelhos. |
Garcia-Gomáriz et al., 2018. | Ensaio Clínico Randomizado | – 34 mulheres em pós menopausa, foram avaliadas quanto à DMO através de exame de Densitometria Óssea em coluna lombar e fêmur;- GC que realizou um programa de caminhada em ritmo intenso, caminhando 6km em 1h, por 3-5x/sem;- GI: realizou programa de treinamento resistido de alto impacto com exercícios com pesos e cargas, ligas elásticas e bolas, dividido em aquecimento, treino e relaxamento. Com duração de 90 minutos, 2x/sem;- Todas as participantes realizaram, de forma concomitante, suplementação com vitamina D e cálcio;- A intervenção durou 2 anos, com planejamento de 46 semanas/ano. | O estudo demonstrou que a prática do programa de treinamento de alto impacto associado a suplementação de vitamina D e cálcio é superior na melhora dos escores de DMO no colo do fêmur em comparação à caminhada. Relatando ainda não houve diferença significativa em relação aos escores na coluna lombar e que os níveis de DMO não reduziram 2 anos após a busca, o que reafirma a importância da prática de exercícios no tratamento e prevenção de osteoporose nas mulheres em pós menopausa. |
Gonzalo-Encabo et al., 2019 | Ensaio Clínico Randomizado | – 400 mulheres em pós menopausa;- G1: realizou 150min de exercício/sem (moderado);- G2: realizou 300min de exercício/sem (alto); – Avaliadas quanto à DMO e conteúdo mineral ósseo através de scanner de Raio-X;- Avaliadas antes do início, aos 12 e 24 meses de intervenção. | Os resultados do estudo demonstraram que as mulheres que praticaram exercícios de alto impacto obtiveram médias maiores de DMO, em comparação àquelas que realizaram exercícios de moderado impacto; resultados estes que se mantiveram tanto em 12, quanto em 24 meses de intervenção. Não houve diferença quanto ao conteúdo mineral ósseo. |
Filipovic et al., 2020. | Ensaio Clínico Randomizado | – 96 mulheres em pós menopausa;- GI: realizou exercícios de resistência, equilíbrio e aeróbicos por 12 semanas;- GC: nenhuma intervenção;- Avaliadas quanto à FM, equilíbrio e testes funcionais, antes, após 4 semanas e no final da intervenção. | Os resultados demonstraram que houveram melhoras em todas as variáveis analisadas no grupo que realizou exercícios desde as 4 primeiras semanas em comparação ao GC, resultados estes que se repetiram ao final da intervenção. |
Bittar et al., 2023 | Ensaio Clínico Randomizado | – 30 mulheres em pós menopausa;- G1: caminhada em esteira por 20min a 60% do VO2 máx;- G2: caminhada em esteira com restrição de fluxo sanguíneo por 20min a 40% do VO2máx;- G3: apenas restrição do fluxo sanguíneo;- 2x/sem por 24 semanas;- Avaliados antes, 12 e 24 semanas após o início da intervenção, realizaram varredura de absorciometria de Raio-X duplo para avaliar a DMO e exame de sangue para níveis de osteocalcina plasmática; | O estudo demonstrou que não houveram diferenças em DMO entre os grupos até 24 semanas de intervenção, mas, observou-se que os níveis de osteocalcina aumentaram entre a 12° e a 24° semana de intervenção. |
Benati et al., 2021. | Ensaio Clínico Randomizado | -23 mulheres em pós menopausa; – G1: realizou treinamento de equilíbrio;- G2: realizou treinamento de força;- G3: realizou treinamento de força e equilíbrio;- A intervenção foi realizada 2x/sem, por 10 semanas- Avaliadas quanto à equilíbrio, FM e perfil lipídico (exame laboratorial) | Os autores concluíram que G1 apresentou maior FM para FLX de ombro D e que os três grupos tiveram aumento de FM para EXT de joelhos. Houve aumento dos níveis de HDL e redução na taxa de triglicerídeos no grupo G2. Adicionalmente, observaram melhoras no equilíbrio, na flexibilidade e na QV nos três grupos, sendo que, os grupos G1 e G3 apresentaram aumento significativo na QV quando comparados ao grupo G2. Os autores concluíram que a prática de exercícios físicos regular e orientado, influencia positivamente na FM, na flexibilidade, no equilíbrio, no perfil lipídico e a QV de mulheres com osteoporose em pós menopausa. |
Bayram et al., 2023. | Ensaio Clínico Randomizado | – 23 mulheres em pós menopausa;- G1: MP, 2x/sem, por semanas; com exercícios com elásticos, alongamentos e fortalecimento de ombros; – G2: manteve o nível de atividade física anterior;- Avaliadas quanto à DMO, IMC e desempenho físico. | O estudo concluiu que não houve diferença significante na melhora em IMC e DMO entre os grupos. No entanto, a proporção de gordura, massa livre de gordura, circunferência da cintura e do quadril, equilíbrio e desempenho físico total melhoraram significativamente no grupo Pilates. |
Legenda: DMO: Densidade Mineral Óssea. FM: Força Muscular. GC: Grupo Controle. GI: Grupo Intervenção. G1: Grupo 01. G2: Grupo 02. G3: Grupo 03. G4: Grupo 04. MRS: Menopause Rating Escale (Escala de Avaliação de Menopausa). QV: Qualidade de Vida. VO2máx: Volume de Oxigênio Máximo.
Fonte: Autoria Própria, 2024.
4. DISCUSSÃO
A osteoporose (OP) é uma doença sistêmica que causa redução do conteúdo mineral e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. Ela afeta a todos, principalmente mulheres na pós-menopausa, resultando em fragilidade mecânica e consequente suscetibilidade à fraturas. Entre os fatores de riscos para desenvolvimento da doença em indivíduos brasileiros citam-se: baixa ingestão de cálcio, baixa exposição solar da forma adequada, baixo peso e estatura, tabagismo, ausência de terapia hormonal pós menopausa, consumo de bebidas alcoólicas, sedentarismo, histórico familiar de osteoporose, baixa escolaridade, menarca tardia, menopausa precoce, idade avançada e menor índice de massa corporal (Ribeiro et al., 2023).
A menopausa é a descontinuação definitiva da menstruação; esta condição pode se dar de forma natural ou devido à processos cirúrgicos ou clínicos que interrompam a produção hormonal ovariana. Mesmo sendo influenciada pelo eixo hipotálamo-hipofisário, a menopausa natural é principalmente um evento ovariano, resultante do declínio fisiológico dos folículos primordiais e geralmente ocorre entre 40 e 55 anos. A idade média de menopausa na população brasileira é de 47,8 anos. Considerando o aumento da expectativa de vida na maioria dos países desenvolvidos, pode-se inferir que as mulheres passarão um terço de suas vidas em período pós menopausa (Nascimento, 2023).
No presente estudo, os resultados de Garcia-Gomáriz et al., (2018) demonstraram que a prática do programa de treinamento de alto impacto associado a suplementação de vitamina D e cálcio é superior na melhora dos escores de DMO no colo do fêmur em comparação à caminhada. Concordando com Gonzalo-Encabo et al., (2019) que relataram que as mulheres que praticaram exercícios de alto impacto obtiveram médias maiores de DMO, em comparação àquelas que realizaram exercícios de moderado impacto.
Ainda em 2009, Kemper e colaboradores realizaram um estudo e afirmaram que para melhorar a Densidade Mineral Óssea (DMO) os melhores exercícios foram os resistidos, quando comparados aos exercícios aquáticos, como a hidroginástica. Desta maneira os exercícios resistidos se mostraram eficientes em prevenir fraturas, que são um dos principais perigos da OP, em decorrência do maior impacto ao osso devido às maiores cargas utilizadas.
Em concordância com Kemper et al.(2009), Garcia-Gomáriz et al., (2018) e Gonzalo-Encabo et al., (2019), Bittar et al., (2018) observaram em sua revisão que houve um efeito baixo, porém, relevante, da caminhada (quando realizada diariamente), na DMO do colo do fêmur, mas nenhum na coluna lombar, sugerindo que outras formas de exercício, que fornecem maior carga, podem ser necessários para melhores efeitos de prevenção e/ou aumento de DMO em mulheres pós menopausa.
Ainda em similaridade com os estudos supracitados, Silva et al., (2015) dividiram 173 mulheres em período pós menopausa para uma pesquisa, onde um grupo realizou exercícios aeróbicos e outro grupo realizou alongamentos, durante 1 ano, com 2 sessões semanais. Este estudo relatou uma diferença não significativa na DMO total entre o grupo alongamento e o grupo de exercícios após a intervenção.
Kemmler et al., (2020) por sua vez, observaram um efeito de baixo a moderado do exercício de resistência dinâmica sobre as alterações de densidade mineral óssea em mulheres em pós menopausa; no entanto, análises dos subgrupos com foca na característica do exercício não obtiveram resultados que permitam a derivação de recomendações significativas de exercícios na área de prevenção ou tratamento de osteoporose.
Exercícios de impacto e treinamento de resistência se mostraram muito eficazes em exercer carga mecânica, portanto, levando a maiores melhorias em densidade mineral óssea. De fato, a análise realizada por este trabalho revelou que maiores melhorias na densidade mineral óssea foram observadas em mulheres que relataram completar uma quantidade maior de exercícios de impacto. Esses resultados são consistentes com estudos anteriores que encontraram benefícios dos exercícios de impacto na saúde óssea.
As evidências apontam a atividade física como forma de prevenir a osteoporose, regulando a manutenção dos ossos e estimulando sua formação, incluindo acúmulo de minerais, fortalecendo músculos e melhorando o equilíbrio, reduzindo assim, o risco de quedas e fraturas. O exercício físico é considerado um componente altamente relevante na prevenção e tratamento da osteoporose e redução de fraturas, sempre levando em conta a prescrição de exercício individual e o estado de saúde óssea existente (Silva et al., 2020).
De acordo com Okahara (2023) um terço das mulheres com idade acima de 50 anos provavelmente vivenciarão alguma fratura osteoporótica 1 vez na vida, o que pode causar inúmeros desconfortos variando em dor, redução da funcionalidade, prejuízos financeiros, afastamentos laborais e de convívios sociais e declínio da qualidade de vida destas mulheres.
Como resultado desta pesquisa, o estudo de Benati e colaboradores (2021) concluiu que a prática de exercícios físicos regular orientado, influencia positivamente na FM, na flexibilidade, no equilíbrio, no perfil lipídico e a QV de mulheres com osteoporose em pós menopausa.
A conclusão da pesquisa de Carcelén-Fraile et al., (2023) informou melhora considerável em sintomas psicológicos, somáticos e até urogenitais, além dos domínios de saúde geral, funcionamento e papel físico, dor corporal, vitalidade e saúde mental nas mulheres que realizaram exercícios de alto impacto regulares por 12 semanas.
Reforçando os resultados de Benati et al., (2021) e Carcelén-Fraile et al., (2023), o estudo de Koevska et al., (2019) aponta que além de melhorar o estado geral de saúde, os exercícios de alto impacto, promovem o fortalecimento de vínculos, inclusão social, respeito próprio, autonomia, consciência corporal e elevam o humor. Observou ainda que há uma redução significativa nos níveis de depressão, ansiedade e medo de quedas entre mulheres que adotam uma rotina regular de atividades físicas. Esses benefícios destacam o papel fundamental da atividade na melhora da qualidade de vida em mulheres com OP em período pós menopausa.
Nesta revisão, Bayram et al., (2023) concluíram que não houve diferença significante na melhora em IMC e DMO entre os grupos estudados. No entanto, a proporção de gordura, massa livre de gordura, circunferência da cintura e do quadril, equilíbrio e desempenho físico total melhorou significativamente no grupo Pilates, inferindo assim que o método não foi eficaz para melhorar a densidade mineral óssea da população estudada.
Por sua vez, Angin, Erden e Can (2015) relataram que os exercícios de Pilates aumentaram significativamente a DMO, supõe-se que a diferença se deva ao fato de que Angin, Erden e Can (2015) realizaram a pesquisa com mulheres mais jovens, entre 40 e 69 anos, com diagnóstico de OP e que sua intervenção durou seis meses. O que ressalta a importância de realizar novas buscas e pesquisas com mais rigor metodológico a fim de realizar uma comparação justa, sem risco de viés nos resultados.
Esta revisão encontrou algumas modalidades de exercícios físicos de alto impacto que demonstraram resultados positivos para mulheres diagnosticadas com osteoporose em período pós menopausa. Porém, é importante ressaltar que houveram limitações para a sua realização, no que se refere, principalmente à falta de padronização das modalidades comparadas, dos protocolos utilizados e do tempo de exposição à intervenção, fatores que contribuem para a não homogeneidade da amostra e dos resultados aqui obtidos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após análise dos estudos desta revisão, concluiu-se que os exercícios de alto impacto trazem benefícios para mulheres com osteoporose em período pós menopausal, variando desde aumento de força muscular, melhora de equilíbrio, melhora do perfil lipídico, melhora da absorção de cálcio, na qualidade de vida e na densidade mineral óssea. O estudo constatou ainda que as atividades de maior impacto geram resultados mais expressivos, rápidos e duradouros que outras atividades.
No entanto, foi possível observar a falta de consenso na literatura em relação à frequência da realização da atividade física e da modalidade mais adequada para este perfil, sugere-se, então, que sejam realizadas pesquisas mais aprofundadas sobre a temática.
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1 Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado em Fisioterapia como Trabalho de Conclusão de Curso;
2Discente do Curso de Bacharelado em Fisioterapia na Instituição de Ensino Superior do Sul do Maranhão – UNISULMA. E-mail: rewnaath7@gmail.com;
3Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Neurofuncional Adulto e Pediátrico. Docente do Curso de Bacharelado em Fisioterapia na Instituição de Ensino Superior do Sul do Maranhão – UNISULMA. Professor Orientador. E-mail: jordy.martins@unisulma.edu.com.br;
4Fisioterapeuta. Especializada em Fisioterapia em Uroginecologia Funcional. Professora Co- Orientadora. E-mail: fisiotarcialeticia@gmail.com