REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410031634
Ana Julia Gagine Oliveira1;
Gabriela Santos da Silva1;
Jefferson Elyon Santiago Dias1;
Lukas Lincoln de Moura Rodrigues1;
Thayna da Silva Domiciano1;
Cristina F. Lucio2
RESUMO
Os consumidores estão cada vez mais preocupados com os alimentos que consomem, com a era digital é cada vez mais fácil encontrarmos informações, mas nesse meio existem as famosas Fake News, dentre essas falsas informações existe uma que segue firme, que é a presença de hormônios nos frangos de corte. Com o intuito de desmistificar essa ideia, realizamos um levantamento com o objetivo de instruir os consumidores com informações verdadeiras referente aos alimentos que estão sendo consumidos/produzidos e mostrar que o uso de hormônios é um mito. Foi realizada uma pesquisa baseadas em artigos, livros e material técnico científico relacionados ao tema. Segundo as pesquisas foi constatado que não existem efeitos positivos com base na utilização exógena de hormônios no crescimento das aves de corte, ou seja, dessa forma não existe vantagem técnica ou desempenho que justifique a sua aplicação na indústria avícola. Em 2014 a Indústria Brasileira de Aves adquiriu um selo de qualidade, onde ajudaria a desmitificar, afim de serem utilizados pelas agroindústrias em seus produtos, com a possibilidade de ser utilizado o Selo “HORMONE FREE” ou a seguinte frase “SEM HORMÔNIOS, CONFORME DETERMINA A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA”. A Ubabef (União Brasileira de Avicultura) acredita que a inclusão da frase no rótulo deve dar mais segurança ao consumidor. A Ubabef (União Brasileira de Avicultura) acredita que a inclusão da frase no rótulo deve dar mais segurança ao consumidor.
Palavras chave: selo, hormônios, consumidor, melhoramento genético.
INTRODUÇÃO
O Brasil segue sendo o maior exportador de carne de frango do mundo, exportando para cerca de 172 países, sendo o terceiro maior produtor do mundo (MAPA, 2024). Os consumidores estão mais preocupados com a saúde, com isso a alimentação mais saudável entra em questão onde a procura por rótulos como: livre de agrotóxicos e conservantes começam a fazer parte da alimentação do consumidor. O alimento deve ser saudável, saboroso e passar segurança para o comprador (NIELSEN, 2022). O crescimento acelerado dos frangos bem como a redução na idade do abate têm influenciado os consumidores a questionar quanto à utilização de práticas ilegais no processo de criação, geralmente associando a esta informação, a prática de utilização de hormônios (LAWRENCE, et al. 2012).
Apesar do mito do uso de hormônios em frangos de corte, a mudança rápida está relacionada ao melhoramento genético, onde ocorre o crescimento e ganho de peso acelerado dos frangos. O melhoramento se dá pela seleção de animais superiores em características comparado a outras, como por exemplo em ganho de peso e conversão alimentar. Então é realizado o cruzamento entre eles (KINGHORN et. al, 2006). Os hormônios não são eficientes para crescimento de aves, como foi demonstrado por Fennell & Scanes (1992), onde a utilização de três tipos de substâncias andrógenas (testosterona, 5α-dihydrotestosterona e 19 nortestosterona) via aplicação subcutânea em aves Leghorn (machos, fêmeas, e machos castrados) diminuiu o ganho de peso corporal.
O uso de hormônios é proibido no Brasil desde 2004, de acordo com uma norma do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicada em 2004, além disso não são usados por algumas razões, sendo elas práticas, dependendo do hormônio seria necessário injetar de forma individual e custo elevado (LEITE et al., 2004). Mesmo após a proibição, esse mito popular ganhou força levando o MAPA a permitir o uso de um selo pelas empresas para desmentir essas acusações, sendo criado o selo “Livre de hormônios conforme a legislação Brasileira”.
OBJETIVOS
A presente pesquisa tem como objetivo conscientizar e informar a população sobre o mito do uso de hormônios em frangos de corte, esclarecer sobre o uso do selo Hormone Free e avaliar o conhecimento dos entrevistados em relação ao tema proposto.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizada uma pesquisa “survey”, a qual é utilizada para obtenção de informações por intermédio de uma entrevista com os participantes, na qual são realizadas inúmeras perguntas acerca do tema que se está estudando, por meio da aplicação de um questionário estruturado para obter uma padronização do processo de coleta de dados (MALHOTRA, 2001). A pesquisa tem por sua vez, uma classificação exploratória e quantitativa, onde a coleta de dados foi realizada através de pesquisas de forma a usar a literatura como comprovação da hipótese. Será destacado como base o melhoramento genético e ainda, o Selo Hormone Free será utilizado como foco da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em pesquisa feita com 200 pessoas de diferentes regiões e idades entre 18 e 60 anos, obtivemos resultados que mostram como ainda há muita desinformação em relação ao tema abordado. No gráfico 1 foi questionado aos entrevistados se eles tinham conhecimento de como era a criação de frangos na indústria de alimentos. A maioria (61%) dos entrevistados afirmam não saber, já a menor porcentagem (39%) afirmam saber.
Gráfico 1
No gráfico 2 os entrevistados foram questionados sobre o uso de hormônios em frangos de corte, e de forma esperada a maior porcentagem (78,5%) afirmaram que era verdade, já a menor (21,5%) acreditam ser mito essa informação, reforçando a ideia de Lawrance em 2012, que afirmou que as pessoas acreditam mesmo sendo proibido por lei.
Gráfico 2
No gráfico 3 descreve a opinião dos entrevistados se ao comprarem frangos nos mercados, é levado em consideração a presença do selo em uma marca desconhecida por um preço maior, ou a comum na sua rotina por um preço mais baixo. O resultado foi que 54,5% dos consumidores comprariam o mais comum em sua rotina, mas levando em conta o preço. Os que comprariam levando em consideração a qualidade seriam a minoria de 45,3%, seria por conta do selo.
Gráfico 3
No gráfico 4 já levando em consideração o valor, se eles fossem o mesmo preço, 68,5% dos entrevistados iriam preferir a embalagem com o selo Hormone Free presente. Acreditando ser uma carne melhor em comparação a outras mais em conta, mesmo sendo uma marca na qual elas não conheçam. E 31,5% iriam continuar com a marca mais comum. Segundo Nielsen, o alimento é adquirido ao passar segurança para o comprador.
Gráfico 4
No gráfico 5 foi questionado também se as pessoas acreditavam que os produtos com o selo Hormone Free presente são produtos orgânicos, e 59% das pessoas acabam comprando com esse intuito sem saber que os produtos orgânicos são aqueles onde não tem a presença de antibióticos e onde o animal é alimentado com grãos e vegetais cultivados em sistema orgânico. 41% já relatam saber que não, por conhecer a forma como é apresentado os produtos orgânicos.
Gráfico 5
CONCLUSÃO
Com base nos resultados encontrados no desenvolvimento da pesquisa, concluímos que a informação da existência de hormônios em aves é bem popularizada. Podemos concluir que de modo geral, muitos desconhecem o selo e acreditam na afirmação da existência de hormônio nas aves, sendo bem recorrente. Com o intuito de apresentar e até mesmo popularizar o Selo e desmitificar a afirmação com dados verídicos, de forma adequada, informamos que, para que as aves obtenham o peso ideal em um tempo menor, existem três fundamentos para que a engorda seja possível, que seria o melhoramento genético, nutrição e manejo, sem a necessidade de quaisquer meios ou interferências químicas nessa obtenção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FENNELL M.J.; SCANES, C.G. Inhibition of growth in chickens by testosterone, 5 alpha dihydrotestosterone, and 19-nortestosterone. Poult. Sci. 1992, 71, 357–366.
NIELSEN IQEbit, Web Shoppers 45° Ed. Nielsen Consumers LLL. /ano 2022.
KINGHORN, B.; WERF, J.; RYAN, M. Melhoramento Animal: uso de novas tecnologias. Piracicaba: FEALQ, 2006. p.18.
LAWRENCE TLJ, Fowler VR, Novakofski J. Growth of farm ani- mals. 3a ed. Wallingford, UK: CABI; 2012.
LEITE, A.P.L. et al. Efeito do uso do propionato de testosterona sobre o desempenho de frangos de corte, de 01 a 46 dias de idade. Magistra, v. 16, n. 2, p. 59-65, 2004.
MALHOTRA, N. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2001.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, 2024.
1Alunos do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário das Américas.
2Docente do curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário das Américas.