EFEITOS DAS INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NO TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA ENTORSE DE TORNOZELO EM MULHERES ATLETAS DE VOLEIBOL: REVISÃO INTEGRATIVA¹

EFFECTS OF PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTIONS IN THE TREATMENT AND PREVENTION OF ANKLE SPRAINS IN WOMEN VOLLEYBALL ATHLETES: INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202409301942


Gabriel Silva Reis2,
Juliano de Paiva Brito3,
Wauerverton Bruno Wyllian4


RESUMO:

A entorse de tornozelo é uma lesão comum, especialmente em esportes como o voleibol, caracterizada pela torção dos ligamentos da articulação, geralmente causada por uma inversão, que ocorre durante movimentos de impacto com o solo, como saltos e mudanças bruscas de direção. Esse tipo de lesão afeta tanto atletas com histórico de entorses quanto aqueles sem lesões anteriores. O objetivo deste estudo foi investigar a eficácia de diferentes abordagens fisioterapêuticas, como exercícios proprioceptivos, treino de fortalecimento, terapia manual, programas de aquecimento e uso de bandagens, na prevenção e reabilitação de entorses de tornozelo em atletas de voleibol. Trata-se de uma revisão integrativa, utilizando a estratégia PICO (P: População – Mulheres atletas de voleibol; I: Interesse – Condutas fisioterapêuticas; Co: Contexto – Tratamento e prevenção de entorse de tornozelo), com a pergunta norteadora: “As intervenções fisioterapêuticas são eficazes no tratamento e prevenção de entorses de tornozelo em mulheres praticantes de voleibol?”. A busca foi realizada nas bases de dados PUBMED, LILACS, PEDro, SciELO e Web of Science, considerando artigos publicados entre 2013 e 2024. Foram identificados oito artigos com os descritores “mulheres”, “voleibol”, “tornozelo” e “fisioterapia”. Os resultados indicam que os exercícios proprioceptivos, o treino de fortalecimento, a terapia manual, a reabilitação aquática, programas de aquecimento e o uso de bandagem elástica funcional, quando aplicados adequadamente, promovem maior estabilidade articular e reduzem a reincidência de lesões. Conclui-se que essas técnicas, especialmente o treinamento proprioceptivo, o fortalecimento muscular, a reabilitação aquática e o uso de bandagens, são eficazes, melhorando a estabilidade, o equilíbrio e a propriocepção, além de acelerar o retorno das atletas às atividades físicas.

Palavras-chave: Tornozelo; Voleibol; Fisioterapia; Mulheres.

ABSTRACT:

Ankle soprai is a common injury, especially in sports such as volleyball, characterized by the twisting of the ligaments of the joint, usually caused by an inversion, which occurs during impact movements with the ground, such as jumps and sudden changes of direction. This type of injury affects both athletes with a history of sprains and those without previous injuries. The aim of this study was to investigate the efficacy of different physical therapy approaches, such as proprioceptive exercises, strengthening training, manual therapy, warm-up programs, and the use of bandages, in the prevention and rehabilitation of ankle sprains in volleyball athletes. This is an integrative review, using the PICO strategy (P: Population – Women volleyball athletes; I: Interest – Physiotherapeutic conducts; Co: Context – Treatment and prevention of ankle sprains), with the guiding question: “Are physiotherapeutic interventions effective in the treatment and prevention of ankle sprains in women who practice volleyball?”. The search was carried out in the PUBMED, LILACS, PEDro, SciELO, and Web of Science databases, considering articles published between 2013 and 2024. Eight articles were identified with the descriptors “women”, “volleyball”, “ankle” and “physiotherapy”. The results indicate that proprioceptive exercises, strengthening training, manual therapy, aquatic rehabilitation, warm-up programs and the use of functional elastic bandages, when applied properly, promote greater joint stability and reduce injury recurrence. It is concluded that these techniques, especially proprioceptive training, muscle strengthening, aquatic rehabilitation and the use of bandages, are effective, improving stability, balance and proprioception, in addition to accelerating the return of athletes to physical activities.

Keywords: Ankle; Volleyball; Physiotherapy; Women.

INTRODUÇÃO

A entorse de tornozelo é uma das lesões mais prevalentes entre atletas, frequentemente resultando em danos neuromusculares e mecânicos à articulação. Essas lesões comprometem o equilíbrio postural e, consequentemente, o desempenho durante a realização de atividades físicas (SAITO et al., 2016). Conforme estudos epidemiológicos, a incidência de entorse de tornozelo é estimada em uma ocorrência diária para cada 10.000 indivíduos. Devido às particularidades anatômicas e funcionais do tornozelo, aproximadamente 85% das lesões são do tipo inversão, ocasionando o varo do tornozelo e afetando predominantemente a estrutura lateral da articulação (Cristofoli et al., 2016; Silva et al., 2020).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), as entorses de tornozelo são classificadas em três níveis de gravidade: grau 1 – estiramento ligamentar; grau 2 – lesão parcial dos ligamentos; e grau 3 – lesão total dos ligamentos. O ligamento talofibular anterior, um dos principais ligamentos laterais, é rompido isoladamente em 66% dos casos, enquanto o ligamento calcâneo-fibular é afetado em 20% dos casos. Além disso, estima-se que aproximadamente 80% das pessoas que sofrem uma entorse de tornozelo experimentam recorrência da lesão após o primeiro episódio (MORAIS, 2019). É importante ressaltar que as entorses de tornozelo podem resultar em diversas complicações, incluindo edema articular, diminuição da funcionalidade, fraqueza, desequilíbrio, e, consequentemente, dor na região afetada (Milanezi et al., 2015).

O voleibol é uma das modalidades esportivas mais populares em todo o mundo, caracterizado por uma variedade de movimentos, incluindo saltos repetitivos, ações defensivas como o bloqueio, movimentos de organização de jogadas (levantamento) e ações de ataque, como o saque e a finalização das jogadas. Durante os saltos e os movimentos de retorno ao solo, pode ocorrer uma aterrissagem inadequada ou contato físico, o que pode resultar em lesões. Esses movimentos representam uma ameaça significativa às articulações das atletas de voleibol. As entorses correspondem a 80% das lesões nesses jogadores, sendo que o mecanismo de lesão por inversão é responsável por até 90% dos casos (Peres et al., 2014).

As condutas fisioterapêuticas podem ser recomendadas como um recurso na prevenção de lesões, pois atua na redução das causas de dores e desconfortos. No âmbito desportivo, essa abordagem permite a colaboração com equipes técnicas de treinamento, contribuindo para a avaliação, programação e execução da reabilitação de atletas. Além disso, também participa na preparação de programas preventivos que objetivam reduzir a ocorrência de lesões (ROSA, 2020). Atualmente, pesquisas na literatura investigam os efeitos de programas de intervenções fisioterapêuticas no tratamento e prevenção de entorses de tornozelo, visando à reabilitação dos atletas. (Melo et al., 2022).

O treinamento proprioceptivo, assim como a bandagem elástica funcional, é amplamente utilizado em programas de reabilitação e prevenção de entorses. Esses métodos contribuem para a redução da instabilidade articular e são considerados abordagens não invasivas no tratamento de entorses (SILVA & VANI, 2018; ARAÚJO, 2017). Existem diversas estratégias para prevenir entorses de tornozelo, como evitar sobrecarga na articulação, realizar exercícios de fortalecimento do tornozelo, realizar aquecimento adequado antes das atividades físicas, treinar o equilíbrio e ter atenção a pisos irregulares. O tipo de calçado também é crucial, não apenas para prevenir torções, mas também para evitar deformidades nos pés, que, se não tratadas, podem evoluir para lesões mais sérias e, eventualmente, resultar em problemas crônicos (Andrade, 2022).

Diante disso, o presente estudo pretende identificar os efeitos das intervenções fisioterapêuticas no tratamento e prevenção da entorse de tornozelo em atletas de voleibol.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, uma metodologia que permite sistematizar o conhecimento científico sobre um tema específico, demonstrando de forma linear a produção científica e a evolução do tema pesquisado. Além disso, essa abordagem proporciona aos leitores meios para avaliar e reproduzir as técnicas utilizadas na elaboração da revisão (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011). A realização desta revisão seguiu as seguintes etapas: formulação da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e elaboração da revisão integrativa (Crossetti, 2012).

Adotou-se o método PICO para a elaboração da pergunta norteadora (Quadro 1), em que, (P: População, I: Interesse, Co: Contexto), ajustada da seguinte forma: População: mulheres atletas de voleibol; Interesse: Condutas fisioterapêuticas; Contexto: Tratamento e prevenção de entorse de tornozelo. Assim, a pergunta norteadora foi: Quais os efeitos das condutas fisioterapêuticas no tratamento e prevenção de entorse de tornozelo em atletas de voleibol?

Quadro 1. Estratégia PICO.

AcrômioDefiniçãoDescrição
PPopulaçãoMulheres atletas de voleibol
IIntervençãoCondutas fisioterapeuticas
CoContextoTratamento e prevenção de entorse de tornozelo.

As buscas pelos estudos foram realizadas nas bases de dados PUBMED (National Library of Medicine), PEDro (Physiotherapy Evidence Database), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e WEB OF SCIENCE. A seleção iniciou-se com a busca por palavras-chave no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), utilizando os termos: women; volleyball; ankle; physiotherapy; assim como as palavras em português: mulheres; voleibol; tornozelo; fisioterapia, além de termos como intervenção fisioterapêutica, vôlei feminino e exercício de fortalecimento. Para a procura dos estudos foram utilizados os descritores nas línguas portuguesa e inglesa, com conjunções iguais nas bases de dados, utilizando o operador booleano AND para a combinação entre os descritores. Foram combinadas as palavras “physiotherapy and volleyball”; fisioterapia e vôlei; e “women” and ankle”; mulheres e tornozelo.

Os critérios de seleção incluíram artigos publicados entre 2013 e 2024, redigidos em inglês e português, que abordassem práticas de tratamento e prevenção fisioterapêutica de entorses de tornozelo. Foram excluídos estudos de revisão, monografias, teses, dissertações, tratamentos medicamentosos, técnicas que não envolvessem atividades realizadas por fisioterapeutas e outros estudos que fugissem do tema proposto.

Os achados da pesquisa passaram por algumas etapas de seleção, no primeiro momento, os artigos encontrados nas bases de dados passaram por uma análise que consistia na leitura do título e resumo, em um segundo momento os estudos selecionados foram lidos na íntegra, e com a aplicação dos critérios de inclusão/exclusão somente 8 estudos foram analisados de acordo com o fluxograma (Figura 1).

A busca realizada nas bases de dados resultou na identificação de 192 artigos. Após a aplicação dos critérios de inclusão, 167 artigos foram excluídos, enquanto 10 artigos foram eliminados por duplicação. Com base nessa revisão criteriosa, o número de artigos selecionados para leitura integra foram 15 onde foram excluídos 7 e inclusos na revisão integrativa 8. Esses artigos proporcionaram uma base sólida para identificar as melhores práticas fisioterapêuticas voltadas para o tratamento e a prevenção de entorses de tornozelo em atletas de voleibol.

Figura 1. Fluxograma da seleção dos estudos incluídos na revisão integrativa.

Fonte: Autor (2024)

3 RESULTADOS

Posteriormente a leitura na íntegra, foram analisados oito (8) artigos, dispostos no Quadro 1 e 2 onde o quadro 1 aborda os tratamentos e no quadro 2 foca na prevenção. No quadro 1, os estudos incluíram um total de 86 participantes com idade entre 18 a 38 anos. Todos os estudos adotaram uma abordagem metodológica de ensaio clínico randomizado, caracterizando uma análise rigorosa da eficácia de diferentes abordagens de reabilitação para o tratamento de entorses de tornozelo, especificamente em termos de melhora funcional, redução da dor e aceleração do retorno às atividades normais ou esportivas.  No quadro 2, os estudos adotaram diversas abordagens metodológicas, como estudos quantitativos do tipo semi-experimental, experimental longitudinal, estudos com avaliação pré e pós-intervenção, além de ensaios clínicos randomizados e controlados. Essas metodologias reforçam a análise rigorosa da eficácia de diferentes estratégias de reabilitação para a prevenção de entorses de tornozelo.

Através de uma revisão integrativa da literatura, foi possível identificar que há uma variedade de técnicas fisioterapêuticas eficazes no tratamento e prevenção das entorses, sendo as mais frequentemente os exercícios proprioceptivos e de fortalecimento, a terapia manual, terapia aquática, programas de aquecimento, e aplicação de bandagem elástica funcional. Essas técnicas, quando aplicadas corretamente, promovem uma maior estabilidade articular e ajudam na redução da reincidência de lesões, demonstrando sua importância na reabilitação de atletas e indivíduos com instabilidade do tornozelo.

4 DISCUSSÃO

A entorse de tornozelo é uma lesão aguda decorrente de um trauma súbito, caracterizada por uma torção ligamentar do tornozelo, causada geralmente por uma inversão ou eversão brusca, afetando principalmente pessoas com histórico de lesões anteriores no tornozelo e atletas do sexo feminino. Dentre os fatores de risco, destacam-se a idade jovem em fase de desenvolvimento físico, a falta de tratamento adequado, o início precoce da prática esportiva, a mudança nas condições de jogo e a deficiência de propriocepção e equilíbrio (Inoue et al., 2023).

No estudo de Plaza et al. (2016), os autores testaram a eficácia de uma combinação de exercícios proprioceptivos e de fortalecimento com terapia manual em pacientes com entorses de tornozelo recorrentes. A combinação de intervenções mostrou-se eficaz na melhoria da estabilidade e função do tornozelo, influenciando positivamente as estruturas articulares e neurais. Em contrapartida, o estudo de Maryam et al. (2024) investigou a eficácia de um protocolo de reabilitação subaquático em comparação com um programa de exercícios em terra, incluindo suporte externo, em atletas profissionais com entorse de tornozelo grau III. O foco da pesquisa foi determinar se a terapia aquática seria mais eficaz em acelerar a reabilitação, reduzir a dor e melhorar o equilíbrio dinâmico e o desempenho atlético, facilitando um retorno mais rápido ao esporte. Ambos os protocolos foram realizados ao longo de quatro semanas, com sessões de 2 a 3 vezes por semana.

A partir da análise dos dados, observou-se que ambas as intervenções apresentaram resultados positivos na reabilitação de entorses de tornozelo. No estudo de Plaza et al. (2016), a combinação de exercícios e terapia manual demonstrou eficácia na melhoria da estabilidade articular e na redução da dor em pacientes com entorses recorrentes. Os participantes que receberam a terapia manual, além dos exercícios, apresentaram uma recuperação mais robusta, com maior influência nas estruturas articulares e neurais, potencializando os efeitos da reabilitação. Por sua vez, o estudo de Maryam et al. (2024) demonstrou que a terapia aquática oferece vantagens significativas em comparação aos métodos convencionais, especialmente em atletas de elite com entorses de tornozelo grau III. A intervenção aquática acelerou o retorno ao esporte e melhorou o equilíbrio dinâmico, a força muscular e o desempenho atlético geral.

Lazzari et al. (2016) e Fuchs et al. (2020) abordaram intervenções voltadas para a melhoria da estabilidade do tornozelo e do controle postural de atletas, visando a prevenção de lesões, especificamente entorses de tornozelo. Ambos os estudos utilizam metodologias quantitativas e experimentais. Lazzari et al. exploraram os efeitos do treino proprioceptivo, enquanto Fuchs et al. avaliaram um programa de treinamento diferencial no voleibol.

Lazzari et al. (2016) conduziram um estudo semi-experimental com 17 alunas sedentárias e atletas femininas de voleibol, empregando um protocolo de propriocepção que evoluía em dificuldade ao longo de quatro semanas. Os exercícios foram realizados sobre superfícies instáveis e de olhos vendados. A principal contribuição do estudo foi demonstrar que o treino proprioceptivo de curta duração é eficaz no aumento da estabilidade articular do tornozelo, prevenindo lesões em atletas, especialmente as que envolvem o tornozelo. O estudo focou na demanda neuromuscular e no equilíbrio, utilizando a “rosa dos ventos” para medir a estabilidade.

Fuchs et al. (2020), por outro lado, aplicaram um programa de treinamento diferencial em 12 jogadoras de voleibol de elite, focando no movimento de salto de ataque, uma habilidade crítica no esporte. O treinamento incluía variações de movimentos para criar adaptações neuromusculares, visando melhorar tanto o desempenho no salto quanto o controle postural. Embora o foco primário fosse o salto, o estudo mostrou que a melhora no controle postural impacta positivamente a prevenção de entorses, o que converge com as descobertas de Lazzari et al. (2016) sobre a importância da estabilidade articular.

Ambos os autores ressaltam a importância de intervenções voltadas para o fortalecimento neuromuscular e o equilíbrio na prevenção de lesões em atletas de voleibol. Lazzari et al. enfatizam a estabilidade do tornozelo através do treino proprioceptivo, enquanto Fuchs destaca o controle postural como um fator crucial para a prevenção de entorses. Isso sugere que intervenções focadas em diferentes aspectos do controle motor, como equilíbrio, propriocepção e controle postural, podem ser complementares e eficazes na proteção da articulação do tornozelo em esportes de alto impacto.

Michalski et al. (2014) conduziram um estudo experimental com atletas jovens de voleibol feminino, com idades entre 15 e 17 anos, utilizando um programa de treinamento proprioceptivo. A intervenção incluiu seis exercícios realizados três vezes por semana durante quatro semanas, com progressão na dificuldade, incluindo superfícies instáveis e o uso de vendas para eliminar o feedback visual. O estudo usou o Star Excursion Balance Test (SEBT) para medir a estabilidade do tornozelo antes e após a intervenção.

Gouttebarge et al. (2020), em contraste, realizaram um ensaio clínico randomizado com 672 jogadores recreativos de voleibol, aplicando o programa de aquecimento “VolleyVeilig”, voltado para a prevenção de lesões em várias articulações. O estudo mostrou uma redução de 15-18% nas lesões agudas no grupo de intervenção, destacando a eficácia do programa na prevenção de lesões traumáticas.

Esses dois estudos se complementam ao mostrar que intervenções específicas de treinamento proprioceptivo (MICHALSKI et al., 2014) quanto programas de aquecimento generalizados (GOUTTEBARGE et al., 2020) podem contribuir para a prevenção de lesões no voleibol.

De Ridder et al. (2018) realizaram um estudo experimental com 28 participantes com instabilidade crônica do tornozelo (CAI), examinando o impacto da bandagem rígida durante tarefas de salto. A bandagem foi aplicada para limitar a flexão plantar, inversão e eversão, e mostrou-se eficaz ao alterar a posição do tornozelo durante o contato inicial com o solo, reduzindo o risco de entorses. No entanto, seu efeito diminuiu após o contato inicial, sugerindo que a bandagem tem limitações em situações de cargas prolongadas.

Alawna et al. (2020), em um estudo randomizado com 100 jogadores de voleibol com CAI, compararam os efeitos de diferentes tipos de suportes externos: fita adesiva rígida, bandagem elástica e placebo. A intervenção demonstrou que tanto a fita adesiva quanto a bandagem elástica proporcionaram melhorias imediatas no desempenho atlético, particularmente na altura do salto. No entanto, as melhorias na propriocepção e no equilíbrio surgiram apenas após uso contínuo, indicando que o corpo precisa de tempo para se adaptar ao suporte.

Esses achados são complementares ao demonstrar que a bandagem oferece um efeito protetor imediato, enquanto os benefícios de estabilização a longo prazo, como a melhora no equilíbrio e na propriocepção, dependem do uso contínuo e prolongado dos suportes externos.

A combinação dessas intervenções, aplicadas de acordo com as necessidades individuais dos pacientes, pode maximizar a eficácia do tratamento, resultando em melhor recuperação e prevenção de lesões recorrentes, especialmente em esportes de alto impacto. Esses achados sugerem que uma abordagem multidisciplinar é fundamental para garantir o sucesso na reabilitação e na manutenção da saúde articular de atletas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos estudos dessa revisão que visou abordagens fisioterapêuticas para a prevenção e tratamento de entorses de tornozelo, especialmente em contextos esportivos. As técnicas avaliadas incluindo o treinamento proprioceptivo, a reabilitação aquática, a terapia manual e o uso de suportes externos, como bandagens, mostraram-se eficazes em promover a recuperação e prevenir recorrências de lesões no tornozelo. Cada método oferece benefícios específicos, como a melhoria da estabilidade articular, do equilíbrio e da propriocepção, além de acelerar o retorno das atletas às atividades físicas.

Em suma, os achados ressaltam a importância de uma abordagem multidisciplinar e individualizada no tratamento de entorses de tornozelo, considerando o perfil do paciente e o tipo de lesão. Novos estudos devem investigar a melhor combinação e dosagem das intervenções, visando otimizar os protocolos de reabilitação e prevenção. Recomenda-se aprofundar essa temática em futuras pesquisas.

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1Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado de Fisioterapia do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma.

2Acadêmico do curso de Bacharelado em Fisioterapia do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail:bielbrother2016@gmail.com

3Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Esportiva. Docente do Curso de Bacharelado em Fisioterapia na Instituição de Ensino Superior do Sul do Maranhão – UNISULMA. Professor Orientador. E-mail: julianopbrito@gmail.com

4 Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia em Reumatologia. Coorientador. E-mail:brunowyllian_outlook.com