THE EFFECTS OF CREATINE SUPPLEMENTATION ON ATHLETE PERFORMANCE: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410022122
Albertino Neto Lopes Borges1
Daniel de Aquino Iedo de Melo2
Líllian Tavares de Lima3
Ronildo Oliveira Figueiredo4
RESUMO
A creatina é um suplemento alimentar altamente popular entre os atletas devido seu potencial ergogênico. Em vista disso, este estudo propõe-se verificar na literatura especializada os principais efeitos da suplementação de creatina no desempenho dos atletas. A metodologia utilizada compreendeu em uma revisão literatura narrativa, sendo selecionados 12 artigos científicos no período de 2017 a 2024 nos seguintes bancos de dados: PubMed, Medline, Scielo e Lilacs. Os resultados demonstram que a suplementação de creatina produz efeitos ergogênicos, impactando de forma positiva na força muscular, resistência e potência dos atletas, reduzindo a incidência de cãibras e lesões, principalmente nas modalidades de futebol americano, futebol, basquete, tênis e handebol. Assim, conclui-se que essa suplementação promove melhorias significativas no desempenho muscular e composição corporal durante o treinamento periodizado dos atletas, envolvendo a repetição de exercícios de alta intensidade em período curto, médio e prolongado.
Palavras-chave: Suplementação;Creatina; Efeitos; Desempenho muscular; Atletas.
ABSCTRACT
Creatine is a highly popular dietary supplement among athletes due to its ergogenic potential. In view of this, this study aims to verify in the specialized literature the main effects of creatine supplementation on athlete performance. The methodology used comprised a narrative literature review, with 12 scientific articles selected from the period 2017 to 2024 in the following databases: PubMed, Medline, Scielo and Lilacs. The results demonstrate that creatine supplementation produces ergogenic effects, positively impacting athletes’ muscle strength, endurance and power, reducing the incidence of cramps and injuries, especially in American football, soccer, basketball, tennis and handball. Thus, it is concluded that this supplementation promotes significant improvements in muscle performance and body composition during athletes’ periodized training, involving the repetition of high-intensity exercises in short, medium and prolonged periods.
Keywords: Supplementation; Creatine; Effects; Muscle performance; Athletes.
INTRODUÇÃO
A nutrição contribui potencialmente para o desempenho bem-sucedido de atletas e os suplementos alimentares integram esse processo. Seu uso encontra-se cada vez mais difundido em todos os níveis do esporte, pois buscam melhorar o gerenciamento de deficiências de micronutrientes, fornecimento de energia e macronutrientes, estabelecimento de benefícios diretos e indiretos ao desempenho do atleta (Maughan et al., 2018).
A creatina é um suplemento alimento amplamente difundido entre os atletas e indivíduos que praticam atividade física (Hall; Manetta; Tupper, 2021). Muitos buscam vantagens competitivas para melhora seu desempenho física e consequentemente sua saúde. Embora várias atividades recreativas a esportivas ajudem para atingir esse objetivo, atletas e não atletas recorrem a adesão de estratégias de exercícios, somados a nutrição para aumentar o desempenho (força muscular, força aumentada e potência) (Wax et al., 2021).
A creatina pertence à família do fosfagênio guanidina, um composto de aminoácido não proteico de ocorrência natural encontrado principalmente em carnes vermelhas e frutos do mar (Kreider et al., 2017). É encontrada no corpo humano em duas formas, fosforilada e livre, com 95% dos estoques encontrados no músculo esquelético, a qual exerce uma função fundamental na produção de Adenosina Trifosfato (ATP) via transporte de fosfocreativa. Os 5% restantes, são distribuídos no cérebro, fígado, rim e testículos (Hall; Manetta; Tupper, 2021).
Na sua forma fosforilada (CP) é uma reserva energética muito importante, pois durante o exercício de alta intensidade, é quebrada em creatina e fosfato, liberando energia por esse processo. É usada para ressíntese da fonte primária de energia, a Adenosina Trifosfato (ATP), sendo amplamente usada durante a atividade física (Nascimento; Amaral, 2020). Promove adaptações musculares que elevam a resistência do tecido muscular e diminui de forma significativa os dados teciduais locais devido a uma estabilização dos sarcolemas e das mitocôndrias (Santos; Reis; Longhi, 2023).
A creatina foi descoberta pela primeira vez como um componente da carne. No entanto, foi a partir da década de 1970 que o suplemento foi utilizado como um potencial benefício ergonômico por atletas na União Soviética e posteriormente atraiu o interesse da comunidade científica na década de 1990 (Bemben; Lamont, 2005).
Além da sua popularidade, a creatina tem apresentado resultados significativos quanto a melhora e aumento de alguns tipos de desempenho, suplemento indiscutivelmente explorado na literatura sobre nutrição esportiva nos últimos anos (Wax et al., 2021). Outros estudos têm mostrado que a suplementação pode melhorar a recuperação pós-exercício, prevenção de lesões, termorregulação, reabilitação e neuroproteção da medula espinhal (Kreider et al., 2017).
Enfatiza-se que, desde que creatina passou a ser utilizada como suplementação, diversos protocolos foram desenvolvidos. Dentre eles está o protocolo da saturação, que é um período em que o indivíduo administra uma alta dosagem para que a célula recebe um excesso desse substrato. Na fase de manutenção daria conta de manter o músculo com estoque de creatina (Nascimento; Amaral, 2020).
Para tanto, é importante ressaltar que o consumo desordenado de suplementos de creatina pode resultar em aumento de tensão muscular do indivíduo; quando ingerida durante treinamentos, havendo a possibilidade de ocasionar câimbras musculares, assim como distúrbios gastrointestinais e outras alterações no organismo (Martins et al., 2019).
Recomenda-se que o atleta faça uma avaliação nutricional completa antes de aderir o uso de qualquer suplemento alimentar. Produtos que alegar melhorar o desempenho, incluindo cafeína, creatina e nitrato apresentam boas evidências quanto aos seus benefícios (Maughan et al., 2018).
Visando atualizar os conhecimentos a respeito do tema, este estudo tem como objetivo geral, verificar na literatura especializada os principais efeitos da suplementação de creatina no desempenho dos atletas. E os objetivos específicos elencados foram: evidenciar as alterações corporais proporcionadas pela creatina; identificar os benefícios ergogênicos proporcionados pelo uso da creatina durante o treinamento dos atletas.
MATERIAL E MÉTODOS
Esta revisão de literatura utilizou uma abordagem narrativa sobre o tema, sendo feitas buscas em diversos bancos de dados como: PubMed, Medline, Scielo e Lilacs. Uma lista de palavras-chaves foi consultada a citar: creatina, suplementação de creatina, desempenho ergogênico, desempenho esportivos, performance, habilidades esportivas, nutrição esportiva.
Os critérios de inclusão dos artigos científicos compreenderam no período de 2017 a 2014, texto completos em português e inglês que pertença a área de nutrição e saúde; ensaios clínicos randomizados ou estudos transversais; atletas do sexo masculino e feminino; grupos de intervenção com suplementação de creatina.
E os critérios de exclusão definidos foram: monografias, dissertações e teses; publicações fora do período especificado; estudos que não investigaram a suplementação de creatina em atletas; artigos incompletos e conteúdo não científicos.
Após a identificação dos artigos, foi realizada a triagem dos materiais bibliográficos por meio da leitura de títulos e resumos para a seleção dos estudos. Em seguida as publicações elegíveis foram lidos na íntegra, seguindo para análise. No total foram selecionados 12 artigos científicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No quadro 1 apresentam-se os artigos científicos publicados nas bases de dados supracitadas, que evidenciam os principais efeitos da suplementação de creatina no desempenho dos atletas.
Quadro 1 – Distribuição dos resultados referentes aos efeitos da creatina na performance dos atletas
Base de dados | Autor | Título | Ano | Resultados |
PUBMED | HALL, Matthew; MANETTA, Elizabeth; TUPPER, Kristofer | Creatine Supplementation: An Update. | 2021 | A creatina é um suplemento bastante utilizado entre os atletas, pois ajuda no aumento da massa muscular magra e capacidade de exercício de curta duração e alta intensidade. |
PUBMED | WAX, Benjamin et al. | Creatine for Exercise and Sports Performance, with Recovery Considerations for Healthy Populations. | 2021 | A suplementação demonstra uma grande capacidade de ampliar o pool de creatina intracelular, levando a uma amplificação da célula de ressintetizar o trifosfato de adenosina. |
PUBMED | KREIDER, Richard B. et al. | International Society of Sports Nutrition position stand: safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine. | 2017 | A creatina, além de promover melhorias no desempenho do exercício, exerce um papel significativo na prevenção e redução da gravidade de lesões, melhorando a sua reabilitação e ajudando o atleta a tolerar cargas mais pesadas de treinamento. |
SCIELO | TOMAZ, Letícia dos Santos Prado.; CRUZ, Michele Ferro de Amorim. | Os benefícios ergogênicos da suplementação de creatina para atletas do sexo masculino e praticantes de exercícios físicos. | 2022 | Para indivíduos que praticam exercícios físicos regulares e atletas, a creatina é um suplemento que ajuda no aumento da massa muscular, resistência, hipertrofia e energia. |
PUBMED | FORBES, Scott C. et al. | Creatine supplementation and endurance performance: surges and sprints to win the race. | 2023 | A suplementação de creatina ajuda a elevar o tempo até a exaustão durante atividades de resistência de alta intensidade, devido ao aumento da capacidade de trabalho anaeróbico. |
PUBMED | MIELGO-AYUSO et al. | Effects of Creatine Supplementation on Athletic Performance in Soccer Players: A Systematic Review and Meta-Analysis | 2019 | A suplementação de creatina apresenta efeitos positivos na melhoria dos testes de desempenho físico, os quais estão relacionados ao metabolismo anaeróbico, especialmente a potência anaeróbica em jogadores de futebol. |
PUBMED | WANG et al. | Effects of 4-Week Creatine Supplementation Combined with Complex Training on Muscle Damage and Sport Performance. | 2018 | O estudo conclui que a suplementação de creatina associada ao treinamento complexo trouxe melhorias significativas para força muscular máxima e diminuiu o dano muscular durante o treinamento. |
PUBMED | VARILLAS-DELGADOS; IVES | Association of Genetic Profile with Muscle Mass Gain and Muscle Injury Prevention in Professional Football Players after Creatine Supplementation | 2024 | O aumento do IMC e da massa muscular em resposta à suplementação de creatina em jogadores profissionais de futebol foi induzido por um TGS derivado da combinação de genótipos favoráveis relacionados ao desempenho muscular. |
LILACS | FERNÁNDEZ-LANDA, Julen et al. | Effect of Ten Weeks of Creatine Monohydrate Plus HMB Supplementation on Athletic Performance Tests in Elite Male Endurance Athletes | 2020 | O estudo constatou que a suplementação de CrM mais HMB ao longo de 10 semanas apresentou efeitos sinérgicos na potência aeróbica durante um teste incremental |
PUBMED | ATAKAN, M. M. et al. | Short term creatine loading without weight gain improves sprint, agility and leg strength performance in female futsal players. | 2019 | Durante uma semana, a suplementação de creatina foi utilizada pelas jogadoras de futsal feminino, onde houve melhora na força, velocidade e agilidade das pernas. |
PUBMED | OJEDA, Álvaro Huerta et al. | Effects of a Low Dose of Orally Administered Creatine Monohydrate on Post-Fatigue Muscle Power in Young Soccer Players | 2024 | O estudo comprovou que após a indução de fadiga aguda intra-sessão, a ingestão de uma dose baixa de creatina aumentou potência muscular entre os jogadores de futebol |
LILACS | YÁÑEZ-SILVA, Aquiles et al. | Effect of low dose, short-term creatine supplementation on muscle power output in elite youth soccer players. | 2017 | O estudo demonstrou que o uso oral de creatina em baixas doses e em curto prazo beneficiou potência muscular em jogadores de futebol de elite. |
As alterações mais relatadas na composição corporal encontram-se na massa corporal total e na massa corporal magra. A maioria da creatina é encontrada nas fibras musculares do tipo II (fibras de contração rápida ou glicolíticas rápidas). Contribui para estimular a síntese de proteínas por meio da regulação positiva de fatores de crescimento e aumento da produção de células miossatélites, ajudando para hipertrofia muscular. Os benefícios do desempenho ergonômico da suplementação de creatina são verificados com maior frequência em fisiculturistas e levantadores de peso, cujas atividades dependem de curtos períodos de intensidade máxima e desenvolvimento de massa corporal magra (Hall; Manetta; Tupper, 2021).
A respeito disso, o estudo realizado por Wilder et al. (2002) indicou que os efeitos de treinamento de resistência periodizado associada a administração de creatina pode causar alterações na força, desempenho corporal, circunferência e massa muscular magra de jogadores de futebol universitário. Para isso, foram feitos testes voltados para o peso, composição corporal, agachamento de 2 repetição e resistência muscular anaeróbica.
Evidências revelam melhorias na capacidade de exercícios de alta intensidade, proporcionando maiores benefícios em atividades físicas explosivas que exigem explosões curtas e moderada com duração de esforço de alta intensidade. Quando utilizada adequadamente, apresenta poucos efeitos adversos, provando ser bastante segura para uso clínico com efeitos benéficos em todas as faixas etárias (Hall; Manetta; Tupper, 2021).
Os resultados da pesquisa feita por Wax et al. (2021) demonstra que, para muitos atletas e treinadores, a creatina exerce um papel fundamental no desempenho esportivo, pois leva ao aumento do conteúdo de fosfocreatina (PCr) muscular, a aceleração da ressíntese de ATP e a aprimoração do desempenho em exercícios de curta duração, predominantemente o anaeróbico. Em uma investigação feita com vinte e cinco jogadores de futebol americano, em um período de 9 semanas de suplementação de monohidrato de creatina, ficou evidenciado que houve efeitos positivos no estado de hidratação celular, melhorando as variáveis de treinamento dos atletas (Bemben et al., 2001).
A eficácia da creatina encontra-se mais restrita para esportes de resistência, com a magnitude do benefício dependendo da duração do evento, bem como do modo de exercício. À medida que a duração de exercício aumenta, o potencial ergogênico do suplemento reduz (Wax et al., 2021).
Por outro lado, Wax et al. (2021) enfatiza que o armazenamento de glicogênico adicionado resultante da adição de creatina aos carboidratos e à alimentação com carboidratos + proteína é considerado um benefício essencial para o desempenho físico e para a saúde do atleta.
De acordo com Kreider et al. (2017), a suplementação de creatina tem sido recomenda aos atletas de potência/força devido ao auxílio ergogênico, visando a ajudá-los a otimizar as adaptações de treinamento ou atletas que precisam correr intermitentemente e se recuperar durante a competição. Essas modalidades correspondem ao futebol americano, futebol, basquete e tênis. O estudo realizado por verificou que a ingestão oral de creatina durante 14 dias produziu efeitos na potência muscular após a fadiga aguda intra-sessão em jogadores de futebol. As evidências indicam que tanto a velocidade de execução quanto a potência gerada no agachamento meio dorso (HBS) após a indução de fadiga aguada intra-sessão por meio de 21 repetições de sprint repetido (RSA) foram maiores que no grupo que ingeriu creatina (Grupo Experimental) em comparação ao grupo suplementado com PL (Grupo Controle).
Em outro estudo realizado por Izquierdo et al. (2002), evidenciou-se que a suplementação de creatina a curto prazo produziu melhorias significativas na força máxima da parte inferior do corpo, em exercícios repetitivos de alta potência da parte superior e inferior e em repetições totais até a fadiga no conjunto R(máx.) d MRPB, desempenho de sprint repetido e reduz o declínio na capacidade de salto após MRPB em jogadores de handebol.
Esses resultados corroboram com os estudos feitos por Yáñez-Silva (2017), que envolveu jogadores de futebol. Esses atletas ingeriram suplementação oral de monohidrato de creatina em baixa dosagem e em curto prazo, impactando positivamente a produção de potência muscular, sem quaisquer efeitos colaterais adversos.
Uma série de outras aplicações da suplementação de creatina são evidenciadas. Entre os atletas pode beneficiar durante a realização de treinamento intenso e em não atletas que buscam melhorar sua adaptação ao treino. Ajuda no processo de recuperação, redução de danos musculares e riscos de lesão em ritmo mais acelerado. Diminui também durante os treinamentos a incidência de lesões musculoesqueléticas, desidratação ou cãibras musculares (Kreider et al., 2017).
Nos estudos realizados Tomaz e Cruz (2022), ficou constatado que a suplementação de creatina trouxe resultados significativos para a hipertrofia muscular, aumento de performance e melhora da composição corporal, impactando positivamente na adaptação aos exercícios físicos. Em vista disso, é um benefício ergogênico para exercícios de alta intensidade como no caso de indivíduos envolvidos em práticas esportivas. Ostojic (2004) buscou examinar os efeitos da suplementação da creatina-monohidrato no desempenho específico de jogadores de futebol. 20 atletas do sexo masculino participaram do estudo, envolvendo testes de drible, potência de sprint, salto vertical e teste de resistência. Os resultados demonstram que a creatina melhorou de forma significativa o desempenho dessas habilidades.
Em um estudo randomizado realizado por Claudino et al. (2014), verificou-se entre os jogadores profissionais de futebol de elite brasileiros a ingestão creatina monohidratada preveniu a redução da potência muscular dos membros inferiores dos atletas durante 7 semanas envolvendo treinamento físico padronizado.
Observou-se também que o protocolo de suplementação apresenta variação, destacando-se doses entre 3 gramas e 5 gramas de no mínimo 4 a 5 semanas. Esse período é considerado necessário para avaliar os efeitos ergogênicos do suplemento devido a sua cronicidade e para que sejam suficientes para aumentar os estoques de creatina nos músculos (Tomaz; Cruz, 2022). As evidências apresentadas por Cooper et al. (2012) indicam que um protocolo típico de suplementação de creatina de uma fase de carga de 20 a 25 CM/d ou 0,3 CM/kg/d dividido em 4 a 5 ingestões diárias de 5g é recomendado para saturar de forma mais acelerada os estoques de creatina no músculo esquelético.
Conforme Forbes et al. (2023), a creatina pode afetar diversos mecanismos que têm o potencial de alterar a fisiologia da resistência e, consequentemente, os marcadores de desempenho de resistência. A suplementação de creatina demonstrou contribuir positivamente na regeneração mais rápida de adenosina trifosfato (ATP), influenciando a ressíntese de glicogênico, a cinética do cálcio, tamponar íons de hidrogênio, assim como age como antioxidante, além de ter efeitos anti-inflamatórios após os exercícios. Esses aspectos também são confirmados nas evidências apresentadas por Mills et al. (2020) onde a ingestão de creatina durante períodos específicos de treinamento de resistência passou a ser considerada uma estratégia viável para melhorar a força muscular e alguns índices de resistência. A respeito disso, há evidências nos estudos de Volek e Rawson (2004), que o a suplementação de creatina aumento o desempenho agudo do levantamento de peso e consequentemente o volume de treinamento, permitindo ao atleta maior sobrecarga e adaptações dos exercícios.
Em consonância com esses resultados, verificou-se nos estudos de Chilibeck, Magnus e Anderson (2007) que a suplementação de creatina utilizada por atletas de futebol americano de rugby se apresentou eficaz para aumentar a resistência muscular, compreendendo um aumento maior no número de repetições para testes combinados de supino e leg press.
Na investigação realizada por Garazhian, Azimkhani (2014), verificou-se que a suplementação de creatina durante 6 semanas em um programa periodizado de treinamento produziu efeitos quanto a intensidade de força em flexores de braço, supino e agachamento 1RM e composição corporal de dezoito atletas universitários.
A suplementação de creatina pode ser mais benéfica quando os exercícios são realizados de forma mais intensa, exigindo do atleta maior contribuição da produção de energia anaeróbica. Isso implica, considerar que, durante os exercícios de resistência de intensidade moderada, contínuos, prolongados e estado estacionário, a creatina pode apresentar um efeito benéfico reduzido (Forbes et al., 2023). Observou-se nos estudos de Nemezio, Oliveira e Silva (2015) que, 3 a 6 dias de suplementação de creatina, em doses diárias que variam de 20g a 30g ou 0,25 a 0,35 por kg de massa corporal, são suficientes para promover aumento da capacidade anaeróbica e melhora do desempenho durante a realização de exercícios de alta intensidade de característica contínua ou intermitente.
Em jogadores de futebol a suplementação de creatina melhorou significativamente o desempenho de testes físicos relacionados ao metabolismo anaeróbico, especialmente a potência anaeróbica. A dose efetiva de suplementação de Cr para obter efeitos positivos deve incluir uma dose de carga de 20–30 g/dia, dividida 3-4 vezes ao dia, ingerida por 6-7 dias e seguida por 5 g/dia por 9 semanas ou uma dose baixa de 3 mg/kg/dia por 14 dias ou mais (Mielgo-Ayso et al., 2019). No estudo realizado com jogadores de futebol americano universitário constatou-se que a creatina não aumentou a incidência de cãibras ou lesões nesses atletas. Foram ingeridas 15,75 g de creatina durante 5 dias, com ingestão média de 5g/dia, administrada em does de 5-10 gramas (Greenwood et al., 2003).
Os estudos realizados por Wang et al. (2018) envolveram trinta atletas do sexo masculino de times de beisebol, basquete e tchoukball. Foi verificado que durantes as 4 semanas de treinamento complexo com tempo de PAE individual ideal (3 vezes por semana) durante o período de entressafra podem diminuir a porcentagem de gordura corporal e elevar a força muscular máxima, desempenho de sprint de 30 m, altura do salto e potência de pico.
Ainda conforme Wang et al. (2018), a suplementação de creatina administrada durante o protocolo de treinamento complexo aplicado pode aumentar a força muscular máxima após 4 semanas de treinamento e diminuir o dano muscular causado pela sessão de treinamento complexo.
Assim, pode ser relacionado com os estudos de Percário et al. (2012), onde constatou-se que a suplementação de monohidrato de Cr associada a um programa de resistência específico aderida por atletas ajuda a promover um aumento significativo na força muscular sem ocasionar mudanças na composição corporal. Para tanto, observou-se um aumento no ácido úrico e a redução no TAS indicam que a suplementação de creatina, apesar de promover efeitos na melhora da força muscular, pode provocar estresse oxidativo e diminuir o estado antioxidante total.
Na pesquisa realizada por Varillas-Delgado e Ives (2024), pode-se constatar que a respostas da massa muscular mediante o uso da suplementação de creatina em jogadores profissionais de futebol está associada a uma pontuação genética de genótipos favoráveis/desfavoráveis em genes envolvidos no desempenho muscular. O genótipo CC e ao alelo de AMPD1 demonstram ser o poliformirfismo que melhor se correlaciona com uma maior probabilidade de resposta sob suplementação de creatina com o objetivo de aumentar o índice de massa corporal (IMC) desses atletas.
Para atletas que buscam melhorar sua capacidade de resistência, a ingestão ao longo de 10 semanas de uma combinação de HMB (3 g/dia) e CrM (0,04 g/kg/dia) pode elevar significativamente a capacidade de resistência esportiva. Durante a recuperação pós-exercício, isso iria impactar na melhoria do desempenho anaeróbico, ou seja, ambos os suplementos poderiam ter o mesmo efeito através de diferentes mecanismos de ação, o que justifica sua utilização combinada (Fernández-Landa, 2020).
Os estudos feitos por Atakan et al. (2019) evidenciaram que suplementação de creatina trouxe melhorias significativas para o desempenho de velocidade de 10m, 20m e 30m, força das pernas e agilidade em jogadoras de futsal feminino. Durante uma semana foram administradas baixas doses, o que indicou ser uma bastante eficaz para melhorar resistência, a capacidade de exercício das atletas sem um aumento associado no peso corporal.
Esses aspectos também foram verificados em um estudo randomizado realizado Ramires-Campillo et al. (2016) que buscou investigar os efeitos de um treinamento pliométrico de seis semana associada a uma intervenção de suplementação de creatina na intensidade máximas e resistência das jogadoras de futebol. Constatou-se que a creatina melhorou a performance das atletas nos testes de desempenho de saltos e sprints repetidos.
CONCLUSÃO
A partir deste estudo de caráter revisional, foi possível constatar os efeitos da suplementação de creatina no desempenho dos atletas. É considerada uma importante estratégia ergogênica, pois produz impactos significativos na morfologia muscular, os quais correspondem a massa corporal total e magra dos atletas e contribui para melhorias da hipertrofia muscular.
De forma ampla, os benefícios ergogênicos proporcionados pela ingestão da creatina durante o treinamento periodizado dos atletas consistem em melhorias no desempenho físico, nos exercícios de intensidade prolongada, curta ou moderada; aumento da potência muscular e redução da incidência de cãibras ou lesões.
Constatou-se também a existência de protocolos que orientam a administração adequada da suplementação de creatina, o que estimula a realização de novas investigações científicas, visando evidenciar a importância na nutrição esportiva quanto aos benefícios ergogênicos da creatina para o desempenho dos atletas.
Assim, conclui-se que a ingestão da suplementação de creatina, principalmente nas modalidades de futebol americano, futebol, basquete e tênis e handebol contribui para o desempenho dos exercícios anaeróbicos dos atletas, aumentando a força muscular e a resistência.
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1Acadêmico de Nutrição – Universidade Nilton Lins Manaus, Amazonas, Brasil
2Acadêmico de Nutrição – Universidade Nilton Lins Manaus, Amazonas, Brasil
3Docente do curso de Nutrição Manaus, Amazonas, Brasil
4Docente do curso de Nutrição Manaus, Amazonas, Brasil