AS ABORDAGENS ESTRATÉGICAS QUE OS ENFERMEIROS PODEM ADOTAR PARA MELHOR ADESÃO DO HOMEM NO PRÉ NATAL DE SUAS PARCEIRAS.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409301338


Stephanie Firmino Alves
Larissa Festa Procópio
Mayara Siqueira Brum
Orientador: Matheus Augusto da Silva Belidio Louzada


Resumo

O presente artigo tem como objetivo mostrar estratégias que os enfermeiros podem  adotar para integrar os homens no processo de pré-natal, melhorando a adesão e fortalecendo o suporte à gestante, com impactos positivos no bem-estar de toda a família.

Palavras-chaves: Enfermagem, Pré-natal, Parto, acolhimento, Consulta de enfermagem, Gestantes.

1 INTRODUÇÃO

A saúde do homem sempre foi inferiorizada tanto pela sociedade quanto pelos mesmos. Desde os primórdios o sexo masculino foram ensinados a serem sempre fortes e imbatíveis se tratando de saúde, talvez essa seja a razão pelo qual a saúde integral do homem foi negligenciada por tanto tempo . 

De acordo com Gomes (2011) às questões de prevenção e promoção de saúde merecem atenção especial, suas questões estão intrinsecamente ligadas ao processo de cuidado, de si ou de outros. A ênfase na atenção primária é significativa, pois os homens a valorizam menos e são visitantes menos frequentes, como pacientes, das unidades básicas de saúde, que são os serviços que representam esse tipo de cuidado 

Seguindo essa linha de raciocínio é fácil compreender que na questão de reprodução e sexualidade o homem também fica em segundo plano e esse problema implica diretamente na execução da sua paternidade. Segundo a cartilha dos pais do ministério da saúde, independentemente de como você se tornou pai, a paternidade ativa envolve o cuidado físico e emocional que você presta ao seu filho. É a maneira única como você olha para seu filho, as palavras que usa e a maneira como cuida dele. Ser pai é simplesmente cumprir esse papel com êxito e tentar ser o mais assertivo possível . Partilhar a decisão de ter filhos e de quando constituir família é um aspecto fundamental da paternidade ativa. Se tratando da inserção do homem nos cuidados de pré natal, é importante envolver o homem  neste processo de tomada de decisões e infatigável que todos têm a oportunidade de experimentar melhores conexões emocionais e uma melhor qualidade de vida com esse envolvimento no pré natal da família (BRASIL, 2018). 

Descrevendo uma série de ações para regular a fertilidade e garantir direitos iguais para mulheres, homens ou casais no controle de seus filhos, a Lei de Planejamento Familiar, conhecida como Lei Federal nº 9.263, promulgada em 12 de janeiro de 1996, serve como amparo. O direito ao planejamento reprodutivo inclui a capacidade de acesso à informação, ajuda especializada e recursos que permitam aos indivíduos tomar uma decisão autônoma sobre ter ou não filhos, bem como o número, espaçamento entre eles e o tipo de método contraceptivo utilizado sem qualquer forma de preconceito, pressão ou abuso (Brasil, 2018).

Por muito tempo somente se discutiu sobre a responsabilidade da mulher diante dos cuidados do pré Natal de qualidade, todavia essa temática não se aplica com o mesmo rigor relacionado aos homens, culturalmente o homem foi isento destas responsabilidades por várias questões de gênero, como machismo e muitos outros fatores que foram impostas por nossa sociedade. No passado, as iniciativas de planejamento e saúde reprodutiva eram voltadas exclusivamente para mulheres, principalmente durante a gravidez, parto e puerpério, com foco na relação entre mãe e filho. No entanto, com o passar do tempo tem havido um crescente reconhecimento do papel crucial desempenhado pelo homem durante este processo, visando encorajá-lo a ser presente e participativo no sistema de pré natal da família e assim fazer com que ele enxergue sua importância e protagonismo.   

O programa de pré-natal do homem, também conhecido como Pré-Natal do Parceiro, foi implementado pelo Ministério da Saúde em 2011, visando exclusivamente a inclusão do homem no pré-natal familiar. A proposta é um componente da PNAISH (Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem), assim como de outras políticas de saúde já existentes. Seu principal objetivo é facilitar a prestação de assistência voltada para a população masculina, fomentando uma cultura de conscientização da saúde entre os homens. Esta iniciativa serve como uma oportunidade para incentivar os homens a adotarem medidas e práticas de cuidados com a saúde (BRASIL, 2009).

Os profissionais de saúde são orientados pelo Guia de Pré-Natal do Parceiro, que se concentra em envolver os homens em todos os aspectos dos cuidados de saúde. Este guia oferece estratégias para oferecer atendimento de qualidade e melhorar o acesso aos serviços de saúde, com ênfase na Atenção Primária. Seu objetivo é ampliar a participação e melhorar o acolhimento dessa população (BRASIL, 2005).

Para estabelecer um vínculo forte entre profissionais de saúde e pacientes durante o pré-natal, é imprescindível um planejamento adequado das diversas ações. Isso inclui, mas não se limita a recebê-los no estabelecimento, mostrando empatia em relação à sua situação, comunicação eficaz e educação proativa em saúde. Tais medidas são cruciais para promover o engajamento positivo entre ambas as partes (BRASIL, 2006). No entanto, apesar da aparente simplicidade de estender o pré-natal ao companheiro da gestante, os serviços de saúde continuam enfrentando dificuldades nesse processo de inserção, pois, em alguns casos, não há orientações para aumentar o interesse das gestantes e seus parceiros de participar ativamente do processo. Diante do exposto, é notório o crescimento da produção escrita sobre a paternidade, tornando-se um tema de grande relevância para o desenvolvimento deste estudo, principalmente quando enfocado nas percepções dos profissionais de enfermagem como responsáveis ​​por esse cuidado. 

Mediante a implementação desta estratégia, este estudo tem como objetivo explorar o desenvolvimento da prática de enfermagem na promoção da paternidade responsável e compassiva. Os artigos de pesquisa escolhidos foram baseados principalmente em seu alinhamento com o assunto, bem como seu foco no estudo específico, incluindo obras como o guia de pré-natal do Ministério da Saúde, Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem e materiais diversos relacionados a pesquisas publicadas em uma década. Por outro lado,  textos fora do assunto e aqueles que não atendem aos objetivos deste estudo foram rejeitados como critérios de exclusão, visando um estudo com objetivo de ser direto e eficiente.  

1.1 Questão norteadora 

A questão norteadora da pesquisa abordada é a configuração da baixa adesão dos homens ao pré-natal. Para responder a essa questão, o artigo descreve as abordagens estratégicas que os enfermeiros podem adotar para melhorar a participação dos homens no pré-natal de suas parceiras.

Quadro 1 – Estratégia PICo

P (população)Enfermeiro
I (Fenômeno de interesse)Estratégias 
Co (contexto)Adesão masculina ao pré natal de suas parceiras 

1.2 Objetivo 

Esse estudo tem como objetivo geral buscar nas bases de dados virtuais quais as estratégias realizadas pelo profissional enfermeiro visando aumentar a adesão dos homens ao pré-natal, tendo por objetivos específicos:

  • Listar quais são os principais fatores que influenciam a não adesão dos homens ao pré-natal
  • Identificar quais são as estratégias do profissional enfermeiro na atenção primaria a saúde visando aumentar a adesão dos homens ao pre natal

1.3 Justificativa 

Em virtude ao desafio do enfermeiro, à baixa adesão paterna aos cuidados pertinentes ao ciclo gravídico, já que muitos associam a gestação, sendo de responsabilidade materna, e poucos serviços de saúde promovem a integração paterna. A inclusão e a participação dos parceiros ao pré-natal, proporciona segurança, encorajamento a gestante e desenvolve um maior vínculo entre pai e filho a partir da vida uterina. É necessário a conscientização da importância em fazer o companheiro entender, e compreender os malefícios que sua ausência acarretaria. Sendo de responsabilidade do enfermeiro o planejamento de estratégias a fim de reverter esse quadro, e atingir os objetivos.

De acordo com o ministério da Saúde (2006) toda gestante tem direito a assistência durante o pré-natal, tendo condutas acolhedoras para ambos os pais, o o objetivo de detecção precoce de doenças, atendimentos básicos, entre outros. Os parceiros de pré-natal tem direito a assistência em saúde,  e  cuidados oferecidos pelo enfermeiro durante o pré-natal, proporcionando ao enfermeiro medidas,  a fim de promover maior adesão e permanência dos pais ao acompanhamento gestacional e puerperal. (Balica, Aguiar, 2019).

O pré natal do parceiro vai além da concepção, pois é necessário ações que envolvam o homem em todo o planejamento familiar, até ao puerpério, fortalecendo o vínculo familiar (Taquette, 2017). Assim, essa ausência paterna, desencadeou estratégias e intervenções, com intuito de fortalecer as relações familiares durante o período gestacional (Santos,2018).

2 Metodologia 

Trata-se de um estudo de tipos de revisão integrativa com abordagem qualitativa, onde foram identificados materiais que abordassem o desafio do enfermeiro à baixa adesão dos homens ao pré-natal da parceira. Já a revisão de literatura foi compreendida pela ampla análise metodológica, permitindo a compreensão do fenômeno, analisando a parte de estudos técnicos-científicos como cunho experimental e não experimental. Compreende-se que a revisão interativa da literatura, concebe o estabelecimento de critérios bem definidos sobre a coleta de dados, análise e apresentação dos resultados, desde o início do estudo, a partir de um protocolo de pesquisa previamente elaborado e validado.

Os artigos foram identificados e acessados através da busca de bases de dados: Biblioteca virtual de saúde, BVS. Iniciou-se pela busca de materiais que contivessem os descritores em Ciências da saúde (DeCS): “Paternidade”, “Pré natal do parceiro”, ” Planejamento familiar”, “Saúde do homem”. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão de artigos: materiais completos em língua portuguesa, no formato de artigos e com recorte temporal de cinco anos (2018-2023), visando selecionar as publicações mais recentes e atualizadas. Os critérios de exclusão foram: estudos duplicados.

QUADRO 2 – Quadro de Filtros para busca dos documentos na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS)

FILTRO
PRIMEIRA BUSCA 
TEXTO COMPLETO 
RECORTE TEMPORAL 5 ANOS 
IDIOMA
DUPLICADOS 
NÃO ATENDEM A TEMÁTICA 

Fonte: Os autores.

3. Resultados 

Evidenciou-se os artigos: 

TABELA DE ARTIGOS 

N° NOME AUTOR ANO REVISTA BASE DE DADOS OBJETIVO MÉTODO 
Percepção e participação do parceiro na assistência pré-natal e nascimentoMarquete, Verônica Francisqueti; Vieira, Viviane Cazetta de Lima; Goes, Herbert Leopoldo de Freitas; Moura, Débora Regina de Oliveira; Marcon, Sonia Silva.2020Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) ; BDENF – enfermagem (Brasil) / LILACScompreender a percepção do parceiro sobre sua experiência e participação na assistência pré-natal e nascimento. Percepção e participação do parceiro na assistência pré-natal e nascimentoestudo de abordagem qualitativa realizado com 26 pais abordados no período de outubro a novembro de 2020, mediante entrevistas por mídia digital áudio gravadas. Utilizada análise de conteúdo, modalidade temática.
        
 2Tornar-se pai: Importância dos serviços de saúde na promoção da paternidade cuidadora Maduro, Ana Catarina Rodrigues.
 2020Coimbra; s.n; 20200701. tab, ilus BDENF – enfermagem (Brasil)Conhecer as conceções e sentimentos dos homens/pais sobre paternidade; analisar as experiências dos pais 
nos serviços de saúde
face à promoção da paternidade cuidadora; identificar os fatores condicionantes do
exercício da paternidade cuidadora.
Estudo de natureza qualitativa do tipo interpretativo. Participaram 10
homens, pais pela primeira vez, cujos filhos nasceram nas maternidades de Coimbra e com idades entre 6 meses e 1 ano. Acesso aos participantes através de?bola de neve?. Dados colhidos através de entrevistas semiestruturadas. O estudo teve parecer favorável da Comissão de Ética da UICISAE. Efetuada análise do conteúdo temático, segundo Minayo, Deslandes e Gomes (2009).
 3Fatores relacionados ao não uso de medidas preventivas das infecções sexualmente transmissíveis durante a gestaçãoMouta, Ricardo José Oliveira; Oliveira, Cláudia Lima de; Medina, Edymara Tatagiba; Prata, Juliana Amaral; Correia, Luiza Mara; Mota, Cristina Portela da.  2018Rev. baiana enferm ; 32: e26104, 2018  BDENF – enfermagem (Brasil) / LILACS Conhecer os fatores relacionados ao não uso de medidas preventivas das infecções sexualmente transmissíveis durante o período gravídico  Estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa, realizado com gestantes num hospital universitário do Rio de Janeiro, Brasil. A coleta dos dados foi feita mediante a aplicação de entrevista semiestruturada, no ano de 2017. Resultados as entrevistadas conheciam as principais infecções; não utilizavam nenhum método de prevenção; obtiveram informações sobre as infecções pelas mídias sociais, grupos de planejamento familiar e praticamente nenhuma durante o pré-natal; consideraram a conjugalidade um fator de proteção
4Paternidade e amamentação: mediação da enfermeira Rêgo, Rita Maria Viana; Souza, Ângela Maria Alves e; Rocha, Tatiane Negrão Assis da; Alves, Maria Dalva Santos. 2016Acta paul. enferm ; 29(4): 374-380, ago.BDENF – enfermagem (Brasil) / LILACSIdentificar como o pai percebe sua contribuição no apoio e estímulo à amamentação com base no aprendizado e verificar como a companheira compreendeu esta participação.Estudo qualitativo, participaram oito famílias, entrevistadas antes e após a realização dos quatro encontros grupais, acompanhadas em seus domicílios no puerpério. Os dados foram analisados com compreensão dos conteúdos manifestos dos discursos dos casais, fundamentados por meio da teoria do vínculo

ANÁLISE DE DADOS

Analisou-se ao observar as tabelas acima, que 50% dos artigos usados para a construção do trabalho são do ano de 2020, evidenciando como esta temática é relativamente nova se tratando de trabalhos de pesquisa. Outros 50% se dividem entre trabalhos feitos nos anos de 2018 e 2016. 

Total de 3 destes artigos se direcionam diretamente a paternidade e suas conexões com o período pré natal e perinatal da mulher, onde mostram com diversos dados a importância da intervenção do enfermeiro na respectiva temática, um artigo fala sobre fatores relacionados ao não uso de medidas preventivas das IST’s no período gravídico que tem conexão com o artigo que fala sobre a participação do parceiro na assistência pré-natal e nascimento, pois para que ocorra a prevenção das IST’s é primordial a participação do parceiro no pré-natal e nascimento. Os artigos (Tornar-se pai: Importância dos serviços de saúde na promoção da paternidade cuidadora) e (Paternidade e amamentação: mediação da enfermeira) estão interligados ,pois os dois falam sobre a paternidade como cuidadora, sendo observado que quando ocorre a contribuição no apoio e estímulo a amamentação o pai exerce a paternidade cuidadora. 

Como também 2 artigos (Percepção e participação do parceiro na assistência pré- natal e Nascimento) e (Paternidade e amamentação: mediação da enfermeira, são direcionados a importância da paternidade na amamentação e intermediação com os enfermeiros, a contribuição no apoio e estímulo à amamentação, os artigos falam  também em como os homens reconhecem que como pais, têm responsabilidade em acompanhar a assistência pré-natal, devem ser lembrados e incluídos em todo o processo reprodutivo, nas consultas de enfermagem, na assistência hospitalar e domiciliar, uma vez que a amamentação é parte inerente dessa fase singular na vida da família.

 Percebemos os benefícios desta participação, a promoção dos enfermeiros é de suma importância nos cuidados e orientações aos pais, as  actividades de apoio a casais, desde o pré-natal e após o nascimento dos filhos.

Dentre as bases de dados onde os estudos são indexados , 3 se encontravam na LILACS, 4 na BDENF. Como um mesmo estudo pode ser encontrado em mais de uma base, a totalidade de apresentações supera o número de materiais analisados. 

Devido heterogeneidade de periódicos nas publicações  (Nenhum artigo foi publicado em uma mesma revista)

Vale salientar que 100% dos artigos abordados são de caráter qualitativo, 100% dos trabalhos são estudos/pesquisa de campo, contribuindo ainda mais para a elaboração desta obra.

4. DISCUSSÃO – CATEGORIAS TEMÁTICAS 

Categorização Artigos utilizados
Ser pai: A adesão do homem no pré natal





– Tornar-se pai: Importância dos serviços de saúde na promoção da paternidade cuidadora –  Maduro, Ana Catarina Rodrigues(2020)
– Percepção e participação do parceiro na assistência pré-natal e nascimento – Marquete, Verônica Francisqueti; Vieira, Viviane Cazetta de Lima; Goes, Herbert Leopoldo de Freitas; Moura, Débora Regina de Oliveira; Marcon,
O pré natal do parceiro: Prevenção e promoção de saúde– Fatores relacionados ao não uso de medidas preventivas das infecções sexualmente transmissíveis durante a gestação.
– Mouta, Ricardo José Oliveira; Oliveira, Cláudia Lima de; Medina, Edymara Tatagiba; Prata, Juliana Amaral; Correia, Luiza Mara; Mota, Cristina Portela da. 
– Rêgo, Rita Maria Viana; Souza, Ângela Maria Alves e; Rocha, Tatiane Negrão Assis da; Alves, Maria Dalva Santos. 

Fonte: Os autores

Categoria 1 – Ser pai: A adesão do homem no pré-natal

  Em Maduro, A. C. R (2020) evidencia-se uma descrição histórica de como a desigualdade de gêneros foi importante para influenciar na figura paterna e nos desafios enfrentados pela paternidade no atual século XXI. No século XVIII E XIX a estrutura familiar era configurada de maneira, a qual, o pai não tinha nenhuma obrigação com os filhos na prestação de assistência e cuidados no pré parto, parto e pós parto. Durante esse período, foi demonstrado que somente a mãe era protagonista nessa fase, ficando responsável inclusive por todos os cuidados prestados ao bebê após o nascimento.

Atualmente, conforme a evolução do modelo de desigualdade de gênero, para um modelo onde exista a igualdade, e consequentemente, a paridade conjugal, é notório que houveram mudanças nas configurações dos papeis familiares. Sendo o homem, agora, mais solicitado para participação no cotidiano familiar, essencialmente no que se refere aos cuidados com os filhos. Muda-se então uma estrutura que perdurou por muitas décadas e traz um novo modelo de paternidade. Transferindo o foco e correlacionando agora para a assistência ao pré-natal, segundo Marquete, V. F. et. al (2022) que trás a inserção do homem com uma visão de que é fundamental a sua participação para o desenvolvimento saudável de todas as modificações que acontecem no ciclo gravídico puerperal. Seja pelos cuidados que serão prestados ao recém nascido após o nascimento, ao envolvimento na tomada de decisões, e ao apoio emocional prestado à mulher. O incentivo a participação favorece seu envolvimento no momento do parto e período puerperal, rompendo paradigmas de que somente a mulher é responsável por esse momento e por todos os cuidados. Todo o contexto histórico, evidencia as necessidades das mudanças estruturais para que hoje, tenhamos uma visão, não somente centrada da mulher como única responsável por esse momento, mas também a importância da participação do homem e a importância da construção de identidade paterna durante essa fase.

O enfermeiro tem um papel importante na participação da adesão do pré natal pelo parceiro. Através das orientações e do acolhimento, o enfermeiro é um dos profissionais aptos a incentivar a participação do pai ou parceiro nesse momento que envolvem muitas mudanças para o âmbito familiar. No estudo Maduro, A. C. R (2020) mostra que a chave principal para a promoção da participação dos cuidados paternos, é o setor de saúde. Através do envolvimento dos homens na saúde sexual e reprodutiva, ou na saúde materno-infantil, ajuda a garantir a saúde e bem estar da mulher, da criança, do homem, da família e da comunidade, bem como, garantir a paridade conjugal nas questões dos cuidados necessários. Esse é o momento fundamental para o profissional enfermeiro informar aos homens sobre o pré-natal masculino, realizando atendimento de prevenção de doenças, promoção da paternidade e maior desenvolvimento do cuidado. Embora no estudo Marquete, V. F. et. al (2022), os parceiros relataram desconhecer o programa do pré natal do parceiro, as ações oferecidas por ele, e não se sentirem acolhidos e incentivados pelos profissionais de saúde a participarem das consultas pré-natal, mostra o quanto ainda são necessárias algumas mudanças. É importante para a promoção da saúde, de forma integral, que a família esteja informada sobre a existência de ações que visem o cuidado com todos do grupo familiar, de forma a garantir a proteção, promoção e prevenção de agravos à saúde com foco no nascimento sadio do bebê e também garantir um ambiente familiar saudável. 

Categoria 2 – O pré-natal do parceiro: Prevenção e promoção de saúde

De acordo com Oliveira (Ricardo), desde a década de 1980, a consolidação na assistência integral à saúde da mulher têm sido prioridades das políticas públicas do Brasil. Em relação a assistência obstétrica e neonatal, ações governamentais têm sido desenvolvidas com a finalidade de minimizar os desfechos desfavoráveis, garantindo o acesso ao pré-natal e a qualidade dos cuidados no período gravídico e puerperal. Entre os cuidados específicos, segue o princípio da integralidade, atenção à saúde da mulher durante a gestação, a abordagem do exercício de sexualidade, a triagem de infecções sexualmente transmissíveis, e as atividades de educação em saúde individual e coletiva para a sensibilização da gestante e de seu parceiro a respeito da adoção às medidas preventivas para IST, visando as intercorrências que podem causar na saúde materna e fetal. Ressaltando que além do vírus HIV, sífilis, Hepatite B e HTLV, existem outras IST’S com potenciais complicadores para gestação e o feto, e podem levar ao aborto, sofrimento materno, parto prematuro, morte fetal, doenças congênitas e morte de recém-nascido. 

Neste contexto é recomendado no âmbito de atenção básica a realização dos testes rápidos para HIV, Sífilis, e Hepatite B, afim de obter um diagnóstico ao tratamento da gestante e seu parceiro, visando a redução das taxas de transmissão vertical e consequentemente, dos óbitos maternos e neonatais. 

Desde 1994, iniciou -se através do Sistema Único de Saúde (SUS) a distribuição gratuita de preservativos masculinos em alta demanda, mesmo após as distribuições dos preservativos as taxas de infecção pelo HIV entre as mulheres se despontaram, permitindo uma observação e constatação em buscar estratégias de prevenção mais efetiva. A partir de 1999 iniciou-se um plano de prevenção através da distribuição de preservativos femininos, visando a redução das taxas de infecção.

Cabe destacar que entre os anos de 2000 a 2015, a taxa de detecção de HIV em gestantes no Brasil, houve um aumento de 30%, tendo uma notificação de 92.210 gestantes soropositivas ao HIV. O mesmo se observa em relação à sífilis em gestantes, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima 1 milhão de casos novos por ano entre as gestantes. No Brasil entre os anos de 2000 a 2015 o Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN) recebeu um total de 100.709 casos, sendo 42,1% na região sudeste do Brasil, tendo registrado um número significativo de 1.241 óbitos.

Diante do exposto, podemos identificar a importância em promoção do enfermeiro e em orientação em relação à prevenção tanto para a gestante, quanto a seu parceiro, realizando informações bem claras, aos malefícios e intercorrências que poderão acometer a gestação à não prevenção de IST´s, principalmente durante o ciclo gravídico, a fim de evitar infecções e reinfecções.

Atualmente compreende-se a importância a participação paterna, desde o pre natal, a fim de prevenções , construção de vínculo entre pai e filho ainda dentro do útero, ao acolhimento dessa gestante resultando em uma mulher mais confiante, como também compreende-se uma valorização a presença paterna durante o puerpério, aos cuidados com o filho, quebrando barreiras de adaptação , e contribuindo no manejo da amamentação , evitando o desmame precoce.

Sabendo-se a importância da amamentação materna exclusiva até o sexto mês de vida do bebê, foi realizado por Viana (Rita), um estudo com as puérperas e seus respectivos parceiros, tenho como linha principal, o apoio, o acolhimento e a estimulação a amamentação materna exclusiva. Os observados foram: a falta de apoio dos parceiros aos serviços gerais de casa e as dificuldades de muitas puérperas, muitas delas não conseguem conciliar, refletindo em um desmame precoce. 

De acordo com os resultados obtidos por Viana (Rita), foi verificado que os pais demonstravam grande satisfação em prestar cuidados aos filhos, principalmente quando percebiam que sua colaboração era valorizada e reconhecida pela sua companheira ou pelos profissionais de saúde. Evidenciou-se que os pais olhavam admirados para os filhos, e demonstravam vontade em participar dos cuidados com os bebês, auxiliando-os ao colocar nos braços de sua companheira no momento da amamentação. 

Com base na vivência dessa pesquisa, tem comprovação que a figura do homem distante, imputado pela sociedade como provedor e sustentador financeiro, está sendo transformada em um cuidador eficiente, à medida que esse pai é reconhecido e valorizado por sua iniciativa em acertos. O pai deve ser lembrado e incluído em todo o processo de reprodução desde o pré-natal, à assistência hospitalar e domiciliar, uma vez que a amamentação é parte dessa fase única da vida da família.

5 CONCLUSÃO 

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma linha de raciocínio crítico que nos permita de alguma maneira compreender o papel do enfermeiro frente aos desafios na baixa adesão masculina no pré-natal da família, tornando possível futuramente mudança do cenário atual e a compreensão dos demais desafios. 

Levando em conta os artigos analisados para a construção deste trabalho, pôde-se concluir que a temática estudada ainda é recente, mesmo se tratando de uma problemática   que já é enfrentada há bastante tempo por enfermeiros no seu dia a dia. Por se tratar de uma pauta ainda pouco estudada, foram encontrados poucos documentos científicos para a elaboração do trabalho, contudo, ao analisar os artigos de base encontrados , ver-se que todos eles corroboram com a mesma linha de pensamento, visando sempre várias estratégias que facilitem a adentrada da paternidade completa na vida do homem. 

A partir dos resultados encontrados nesta pesquisa é notório que mais estudos sobre o assunto sejam feitos, afim de cada vez mais podermos implementar estratégias e deixar no passado todos os estereótipos que fazem o homem não ser participativo em várias áreas da paternidade e como resultado termos o fortalecimento do vínculo do homem com o serviço de saúde, e que isso trará benefícios para sua qualidade de vida no geral. 

Contudo, fica evidenciado a importância das abordagens estratégicas que os enfermeiros podem adotar para melhor adesão do homem no pré-natal de suas parceiras em todas as fases e formas de cuidado, levando em consideração conquistas significativas como a ampliação da participação do parceiro e melhora no acolhimento, para melhor introdução dos homens ao acompanhamento e apoio no pré-natal de suas parceiras, com a implantação do programa de pré-natal do homem, também conhecido como pré-natal do parceiro que amplia a conscientização e adesão dos homens, mediante pesquisas exploratórias.

É fundamental a participação do parceiro no pré-natal , pois proporciona bem-estar para a gestante e mais elo entre pai e filho. Dessa forma, será necessário que o enfermeiro e os profissionais de saúde no pré-natal, proporcione a adesão e continuidade dos pais no acompanhamento gestacional e puerperal, pois ainda ocorre baixa adesão paterna aos cuidados pertinentes ao ciclo gravídico, afinal muitos associam que a gestação é apenas responsabilidade materna.

Desse modo, existe uma necessidade de trazer na assistência pré-natal formas lúdicas e simplistas para melhor aceitação do homem no pré-natal de sua parceira, utilizando os profissionais de saúde como orientação o Guia de Pré-natal, para disponibilizar uma assistência de qualidade, por isso a importância de uma boa qualificação profissional dos enfermeiros e equipe multidisciplinar, pois um atendimento de competência no pré-natal e principalmente humano, com a abordagem paterna é fundamental para a gestante cuidar da sua saúde , durante toda a gestação com dignidade. Portanto, será necessário que por parte dos enfermeiros, incluindo toda equipe multidisciplinar que abordem boas práticas, com clareza, de maneira simples e de fácil compreensão, conduzindo um diálogo amplo e confortável, tendo em vista o objetivo de promover assistência de qualidade as gestantes que necessitam dos serviços de saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MADURO, Ana Catarina Rodrigues. Tornar-se pai: Importância dos serviços de saúde na promoção da paternidade cuidadora. Coimbra; s.n; 20200701. tab, ilus: BDENF – Enfermagem, 2020. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1177201. Acesso em: 1 set. 2023.

MARQUETE, Verônica Francisqueti et al. Percepção e participação do parceiro na assistência pré-natal e nascimento. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online): BDENF – Enfermagem / LILACS, 2022. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1358309. Acesso em: 1 set. 2023.

MOUTA, Ricardo José Oliveira; OLIVEIRA, Cláudia Lima de; MEDINA, Edymara Tatagiba; PRATA, Juliana Amaral; CORREIA, Luiza Mara; MOTA, Cristina Portela da. Fatores relacionados ao não uso de medidas preventivas das infecções sexualmente transmissíveis durante a gestação. Rev. baiana enferm: LILACS, BDENF – Enfermagem, 2018. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-990530. Acesso em: 1 set. 2023.

RÊGO, Rita Maria Viana; SOUZA, Ângela Maria Alves e; ROCHA, Tatiane Negrão Assis da; ALVES, Maria Dalva Santos. Paternidade e amamentação: mediação da enfermeira. Acta paul. enferm: BDENF – Enfermagem / LILACS, 2016. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-827726?lang=pt. Acesso em: 1 set. 2023.