OCORRÊNCIA DA FEBRE DO NILO EM EQUINOS NO BRASIL 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409301258


Jeniffer Moreira de Souza;
Ágatha brito de Mattos;
Beatriz Rodrigues da Silva;
Giovanna Rimoli Maia;
Tayná Lima Haidar;
Orientador: Silvio  Luís Pereira de Souza


RESUMO 

A Febre do Nilo Ocidental (FNO) é uma arbovirose, zoonótica, causada pelo Vírus do  Nilo Ocidental (VNO). É um tema de alta relevância na medicina veterinária no Brasil.  Foi identificado pela primeira vez na Uganda em 1937 e o vírus se  espalhou pela África, Europa, Oriente Médio, Ásia ocidental e Austrália. Em 1999 o  vírus chegou aos Estados Unidos e desde então foi disseminado por toda a  América tornando-se o arbovírus com a maior distribuição geográfica. Os primeiros  indícios do VNO no Brasil surgiram em 1999, com resultados positivos em aves e  equinos, sendo as aves sentinelas da doença. Em 2014, foi registrado o primeiro caso  em humano no Piauí. A partir de 2018, foram confirmados casos em aves e equinos  no Espírito Santo. O VNO, um RNA vírus da família Flaviviridae, é transmitido pela  picada de mosquitos do gênero Culex, e esses mosquitos se infectam através de  aves infectadas, no período de viremia. As aves são hospedeiros amplificadores e os  humanos e equinos são hospedeiros acidentais. No Brasil, as características climáticas,  ambientais e socioeconômicas colaboram para a amplificação do vírus. O diagnóstico é  feito pela demonstração de IgM antiviral por ELISA, ou, em post-mortem, com RT PCR. As medidas de prevenção envolvem o uso de repelentes e telas, além da aplicação  de larvicidas. Em equinos, aplicação de vacina, embora recomendada, ainda não é  licenciada no Brasil. Este estudo analisou a ocorrência da Febre do Nilo em equinos no Brasil através de  revisão dos artigos científicos. Foram realizadas buscas nas bases de dados do Google  Acadêmico, PUBMED e Scielo, publicados no período de 2004 a 2024. A pesquisa foi  sustentada pelos seguintes critérios de busca: “Febre do Nilo”, “equinos” e “Brasil”, em  português, e “West Nile Fever”, “horses” e “Brazil”, em inglês. Foi constatado pelos  equinos serem hospedeiros acidentais ou terminais e muita por ser pouco divulgada,  muitas das vezes não são notificadas  e nem diagnosticadas, demonstrando assim a importância de mais estudos e  disseminação da informação sobre essa doença.  

Palavras-chaves: “Febre do Nilo”; “Equinos”; “Brasil” 

ABSTRACT 

West Nile Fever (WNF) is a zoonotic arbovirus caused by the West Nile Virus (WNV).  It is a highly relevant topic in veterinary medicine in Brazil. It was first identified in  Uganda in 1937 and the virus spread to Africa, Europe, the Middle East, Western Asia  and Australia. In 1999, the virus reached the United States and has since spread  throughout the Americas, becoming the arbovirus with the largest geographic  distribution. The first signs of WNV in Brazil appeared in 1999, with positive results in  birds and horses, with birds acting as sentinels for the disease. In 2014, the first human  case was recorded in Piauí. As of 2018, cases in birds and horses have been confirmed  in Espírito Santo. WNV, an RNA virus of the Flaviviridae family, is transmitted by the  bite of mosquitoes of the Culex genus, and these mosquitoes become infected through  infected birds during the viremic period. Birds are amplifying hosts and humans and  horses are accidental hosts. In Brazil, climatic, environmental and socioeconomic  characteristics contribute to the amplification of the virus. Diagnosis is made by  demonstrating antiviral IgM by ELISA, or, post-mortem, with RT-PCR. Preventive  measures involve the use of repellents and screens, in addition to the application of larvicides. In horses, the application of vaccines, although recommended, is not yet  licensed in Brazil. This study analyzed the occurrence of West Nile Fever in horses in  Brazil through a review of scientific articles. Searches were conducted in the Google  Scholar, PUBMED and Scielo databases, published between 2004 and 2024. The  research was supported by the following search criteria: “Nile Fever”, “equines” and  “Brazil”, in Portuguese, and “West Nile Fever”, “horses” and “Brazil”, in English. It  was found that horses are accidental or terminal hosts and, because it is little known,  many times it is not reported or diagnosed, thus demonstrating the importance of further  studies and dissemination of information about this disease.  

Keywords: “Nile Fever”; “Equines”; “Brazil” 

INTRODUÇÃO 

A Febre do Nilo Ocidental (FNO) é uma doença zoonótica, causada pelo Vírus do Nilo  Ocidental (VNO), um arbovírus, RNA vírus de fita simples, envelopado, da família  Flaviviridae e do gênero Flavivírus. A doença pode infectar aves, humanos, equinos e  outras espécies de mamíferos (BRASIL,2014; ORLANDI, 2023). A principal forma de  transmissão é através dos vetores que são os mosquitos hematófagos do gênero Culex (SILVA,2018). 

A transmissão ocorre principalmente durante o repasto sanguíneo, isso é quando se  alimenta do sangue de animais vertebrados. Quando o vetor faz o repasto de um sangue  infectado está apto para transmitir o vírus (SILVA,2021). 

A ocorrência da Febre do Nilo Ocidental (FNO), em inglês West Nilo Virus (WNV), em  equinos, vem sendo um tema de bastante importância na medicina veterinária e no  Brasil (COSTA, 2021; ORLANDI, 2023). Em 2009, houve o início de alguns indícios  sobre a circulação do Vírus do Nilo Ocidental (VNO) no Brasil (ORLANDI, 2023;  CHALHOUB ET AL., 2022). O Brasil é um país repleto de características climáticas,  ambientais e socioeconômicas que auxiliam na propagação e circulação de doenças  causadas por arbovírus, que são preservados na natureza por meio de ciclos de  transmissão tanto silvestres quanto urbanos (CHALHOUB ET AL., 2022). 

OBJETIVO 

O presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica da ocorrência  da Febre do Nilo Ocidental nos estados do Brasil, analisando sua distribuição  geográfica, fatores de risco associados e medidas de controle.  

MÉTODOS 

Para a realização da revisão bibliográfica, foram utilizadas pesquisas à base de dados  coletados de artigos em português e inglês, pelas plataformas de busca Google  Acadêmico, PUBMED e Scielo, publicados no período de 2004 a 2024. A pesquisa foi  sustentada pelos seguintes critérios de busca: “Febre do Nilo”, “equinos” e “Brasil”, em  português, e “West Nile Fever”, “horses” e “Brazil”, em inglês. Assim, foram  analisados cada caso encontrado da doença, sendo suspeita ou confirmado, para termos um parâmetro da situação atual em que ela se encontra no país dentre a população de  equinos 

DESENVOLVIMENTO 

AGENTE 

A Febre do Nilo Ocidental (FNO) é uma doença zoonótica, causada pelo Vírus do Nilo  Ocidental (VNO), um arbovírus, RNA vírus de fita simples, envelopado, da família  Flaviviridae e do gênero Flavivírus, sendo o mesmo gênero dos vírus da dengue, da  febre amarela e da Zika. (BRASIL,2014; ORLANDI, 2023). 

CADEIA EPIDEMIOLÓGICA  

A doença pode infectar aves, humanos, equinos e outras espécies de mamíferos. As  aves, principalmente silvestres e das ordens passeriformes, charadriiformes e  falconiformes, são os hospedeiros amplificadores, ou seja, influenciam na propagação  da infecção, já os humanos e os equinos são hospedeiros acidentais ou terminais, e não  possuem um papel importante para o ciclo de manutenção do vírus. Sendo assim,  apresentam viremia leve e de curta duração quando infectados, geralmente insuficientes  para serem uma fonte de infecção para os vetores (BRASIL,2014; ORLANDI, 2023). 

A principal forma de transmissão é através dos vetores que são mosquitos hematófagos  do gênero Culex, sendo o principal Culex pipiens (SILVA,2018) e no Brasil o principal é  o Culex quiquefasciatus. A transmissão ocorre principalmente durante o repasto  sanguíneo, isso é quando se alimenta do sangue de animais vertebrados. Quando o vetor  faz o repasto de um sangue infectado está apto para transmitir o vírus. (SILVA,2021). A  infecção dos mosquitos se dá ao se alimentarem de aves infectadas, sendo as aves os  reservatórios primários do vírus e amplificadores do agente na natureza.  (FLORES,2009). 

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 

Em equinos as manifestações clínicas envolvem febre, prostração, sonolência, cólica,  debilidade, fraqueza, sudorese, claudicação, ataxia dos membros, hiperestesia,  tetraparesia, andar em círculos, déficits de nervos cranianos, fasciculações musculares,  ranger de dentes, espasmos no focinho, paralisia facial e lingual, disfagia, opistótonos,  decúbito lateral com pedalagem, convulsões e morte. O período de incubação do vírus  varia de 3 a 15 dias. (ORLANDI, 2023) 

A maioria dos equinos infectados pela VNO apresentam a doença de forma  assintomática, sendo de 10 a 20% os que apresentam sinais clínicos neurológicos. No  caso dos sintomáticos que não se vacinaram, 30% a 50% vão a óbito, podendo ser por  morte natural ou eutanásia. Já no caso dos animais sobreviventes, estes podem  apresentar algumas sequelas da doença, tais como perda de peso, letargia, ataxia ou  déficits de nervos cranianos. Os equinos infectados pela forma leve da doença, recuperam-se de dois a sete dias, já os que apresentam as manifestações graves, variam entre vinte  dias a vários meses para a sua recuperação total. A doença é considerada de maior  letalidade em cavalos mais velhos (ORLANDI, 2023).

DIAGNÓSTICO 

A forma de diagnóstico recomendada para Febre do Nilo Ocidental (FNO), tanto em  humanos quanto em animais, é a demonstração de IgM antiviral pelo método ELISA,  durante a apresentação de sinais clínicos. Em equinos, em post-mortem é utilizado  demonstração de antígenos virais ou RNA coletados em tecidos nervosos. O método RT PCR pode ser utilizado, mas não funciona de forma tão eficaz em equinos por conta da  curta duração da fase de viremia. Devido a semelhança e a inespecificidade dos sinais  clínicos não neurológicos da FNO sintomática com outras doenças também causadas  por flavivírus, a utilização desses sinais não é considerada a forma ideal para o  diagnóstico. Assim também os sinais neurológicos da FNO apresentam similaridade a  diferentes doenças, devendo ser efetuado o diagnóstico diferencial para outras doenças  neurológicas como Raiva, Encefalomielite Equina Leste e Oeste, Mieloencefalite  protozoária por Sarcocystis neurona, Herpesvírus equinos tipo 1 e intoxicações  (ORLANDI, 2023).  

IMPORTÂNCIA DA DOENÇA  

A ocorrência da Febre do Nilo Ocidental (FNO), em inglês West Nilo Virus (WNV), em  equinos, vem sendo um tema de bastante importância na medicina veterinária e no  Brasil. O vírus da doença foi detectado pela primeira vez na região de West Nile, na  Uganda, em 1937, em um humano com sintoma febril (COSTA, 2021; ORLANDI,  2023). Inicialmente, o vírus teve maior prevalência por toda a extensão da África, além  de algumas partes da Europa, Oriente Médio, Ásia Ocidental e Austrália. O vírus se  disseminou amplamente após a sua chegada nos Estados Unidos, em 1999,  estabelecendo-se em uma área que se estende do Canadá à Venezuela, abrangendo toda  a região das Américas, e atualmente é considerado o arbovírus com a maior distribuição  geográfica do mundo (DOURADO e SANTOS, 2022). Em 2009, houve o início de  alguns indícios sobre a circulação do Vírus do Nilo Ocidental (VNO) no Brasil. Nesse  mesmo ano, foram relatados resultados positivos para o VNO em equinos e aves  domésticas, sendo as aves consideradas sentinelas. Em seguida, em 2014, foi descrito o  primeiro caso diagnosticado da doença em humano, em um agricultor relatando  distúrbios neurológicos, no estado do Piauí. Posteriormente, a partir de 2018, foram  confirmados casos da doença em equinos e aves, no Espírito Santo (ORLANDI, 2023;  CHALHOUB ET AL., 2022). 

O Brasil é um país repleto de características climáticas, ambientais e socioeconômicas  que auxiliam na propagação e circulação de doenças causadas por arbovírus, que são  preservados na natureza por meio de ciclos de transmissão tanto silvestres quanto  urbanos (CHALHOUB ET AL., 2022). 

TRANSMISSÃO 

A transmissão do VNO inicia-se após a picada do mosquito em aves infectadas durante  o período de viremia, ou seja, período em que o vírus está presente no sangue. Esse  período de viremia pode ocorrer por dias ou, dependendo da espécie das aves, pode  ultrapassar três meses. O período de incubação do vírus varia de 2 a 14 dias  (BRASIL,2014). Os vírus se multiplicam no intestino dos vetores e em seguida migram  para as glândulas salivares, onde podem transmitir através de novas picadas em outros  animais e nos seres humanos. Uma vez que se infectam, os vetores conseguem transmitir o vírus para o resto da vida, sendo considerado seu reservatório.  Transmissões de mãe para o feto, amamentação, transfusão sanguínea e transplante de  órgãos, já foram documentadas, mas são formas de transmissão de baixa incidência. A  transmissão por contato direto foi observada em certas espécies de aves em laboratórios,  mas não há evidências de transmissão interpessoal (BRASIL, 2014). 

PREVENÇÃO E CONTROLE  

As principais medidas de prevenção e controle da doença em equinos são utilização de  repelentes, capas, máscaras para proteção contra os vetores; também é orientado não  realizar atividades ao ar livre ao amanhecer e ao anoitecer, mantendo os animais dentro dos estábulos e em locais com telas, porém não pode ser aplicado aos animais que  vivem no pasto. A aplicação de larvicidas em águas paradas se torna um importante  modo de prevenção na disseminação desses insetos (SILVA,2018; SERRANO)  

A principal forma de controle da febre do Nilo em áreas endêmicas se baseia no controle  dos vetores, na detecção precoce do vírus ou na identificação do aumento da sua  atividade e vacinação de equinos, porém no Brasil ainda não é licenciada a vacina pois  atrapalharia o monitoramento sorológico. (BOSCO-LAUTH & BOWEN, 2019)  (CHARREL, 2016) 

OCORRÊNCIA NO BRASIL 

Inicialmente foi elaborada uma pesquisa para identificação de casos da febre do Nilo  dos equinos no Brasil, onde foi feito um mapa para melhor visualização desses casos.  Nessa pesquisa constatamos que a incidência do vírus no estado do Piauí foi superior, e  nos outros estados como Ceará, Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, Paraná,  Pernambuco, Mato Grosso do sul apresentou menor incidência. O primeiro caso  confirmado do VNO no Brasil desde o ano de 2009 já mostrava necessidade de maior  conhecimento sobre aspectos gerais do vírus. (PAUVOLID-CORRÊA, 2011;  MELANDRI, 2012). 

Figura 1– Mapa dos estados brasileiros com a presença de febre do Nilo. São Paulo,  2024 

Fonte: Elaboração própria. 

Tabela 1– Casos confirmados de Febre do Nilo em humanos e equinos. São Paulo, 2024  

ANO LOCAL ESPÉCIE NÚMERO DE CASOS
2009 MATO GROSSO  DO SULEQUINO 1
2014 PIAUI HUMANO 1
2017 PIAUI HUMANO 2
2018 ESPÍRITO  SANTOEQUINO 1
2018 MINAS GERAIS EQUINOS 1
2018 BAHIA EQUINOS 2
2019 PIAUI HUMANO 2
2019 CEARÁ EQUINO 1
2019 SÃO PAULO EQUINO 1
2020 PIAUI HUMANO 1
2020 PIAUI EQUINO 1
2021 PARANÁ EQUINO 1
2021 PIAUI HUMANO 4
2023 TOCANTINS HUMANO 1

Fonte: Elaboração própria. 

Nos países com o clima temperado, a maior ocorrência ocorre no verão até o início da  primavera (CDC, 2013). Pode ocorrer durante o ano todo nos trópicos, porém tem  preferência por climas mais quentes, onde se encontram mais vetores. Os mosquitos  também têm preferência por áreas úmidas. As fêmeas são as maiores responsáveis pela  transmissão e o período mais comum de encontrar é ao amanhecer. (SUTHAR ET AL.,  2013). Fatores socioeconômicos também podem implicar na ocorrência da doença como a falta de infraestrutura sanitária, condições de moradia precárias e densidade  populacional. (YEUNG, 2017) 

CONCLUSÃO 

Em conclusão, a ocorrência da Febre do Nilo Ocidental (FNO) em humanos apresenta  maior incidência do que em equinos, porém sua mortalidade é muita alta por não  apresentarem tratamentos eficazes para equinos. Sua incidência vem aumentando e isso  se torna um desafio significativo para a medicina veterinária no Brasil, exigindo uma  compreensão aprofundada do vírus, medidas de controle eficazes e a necessidade de  vigilância contínua. Diante disso, é essencial um esforço conjunto para aprimorar a  compreensão da FNO, desenvolver protocolos eficazes de diagnóstico e prevenção, e  promover a conscientização para proteger tanto a população equina quanto humana  contra os riscos associados a esse arbovírus. 

BIBLIOGRAFIA 

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