EFFECTS OF THC AND CBD CANNABINOIDS ON REDUCING PARKINSON’S SYMPTOMS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249301127
Marcela Giovanna de Souza Farias [1]
Maria Eduarda Brito Frota [2]
Mônica Oliveira da Silva [3]
Nilberto Nadson Silva Tabosa Dos Reis [4]
Raquel Beatriz Alves Cunha [5]
Orientador: Rodrigo Queiroz Lima [6]
Resumo
O efeito dos canabinoides na redução dos sintomas de Parkinson é um campo de pesquisa em expansão, com estudos emergentes que exploram o potencial terapêutico dessas substâncias para melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa doença neurodegenerativa. Os canabinoides, compostos encontrados na planta de cannabis, especialmente o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), têm despertado interesse devido às suas propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e analgésicas. O THC, principal componente psicoativo da cannabis, tem sido objeto de estudo devido às suas propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e relaxantes musculares. Pesquisas têm demonstrado que o THC pode atuar nos receptores de canabinoides no sistema nervoso central, influenciando a liberação de neurotransmissores e modulando a atividade neuronal. Isso pode levar a uma redução da hiperatividade neural associada à rigidez muscular na doença de Parkinson. No entanto, é importante ressaltar que o THC também pode causar efeitos psicoativos indesejados, o que pode limitar seu uso terapêutico em alguns pacientes. Diante disso, o objetivo geral desta pesquisa é investigar o impacto do uso de canabinoides na redução dos sintomas de Parkinson. A metodologia consistirá em uma revisão integrativa da literatura para analisar criticamente as evidências sobre o impacto do uso de canabinoides na redução dos sintomas de Parkinson. Serão pesquisados artigos do período de janeiro de 2017 a outubro de 2024 utilizadas nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e PubMed. Os resultados esperados desse estudo de revisão, visam identificar dados que comprovem as funções terapêuticas dos compostos químicos e desenvolvimento de terapias mais eficazes para pacientes com Parkinson.
Palavras-chave: Canabinoides, Parkinson, Efeito, Redução de Sintomas.
1 INTRODUÇÃO
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa crônica que afeta principalmente o sistema motor, causando tremores, rigidez muscular, bradicinesia (lentidão nos movimentos) e instabilidade postural. Atualmente, não existe cura para o Parkinson, e o tratamento visa principalmente aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, pesquisas recentes sugerem que os canabinoides, compostos encontrados na planta de cannabis, podem desempenhar um papel importante na redução dos sintomas da doença (Pauli et al., 2021).
Estudos pré-clínicos têm demonstrado que os canabinoides, especialmente o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), possuem propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias que podem ser benéficas para pacientes com Parkinson. O THC, em particular, tem sido estudado por sua capacidade de reduzir a rigidez muscular e os tremores associados à doença (Araujo et al., 2022). Um estudo realizado por (Dos Santos et al., 2024) mostrou que o THC pode melhorar significativamente a qualidade do sono e reduzir a gravidade dos sintomas motores em pacientes com Parkinson.
Além disso, o CBD tem sido objeto de interesse devido às suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Estudos em modelos animais de Parkinson sugerem que o CBD pode proteger os neurônios dopaminérgicos, cuja degeneração é uma característica da doença (Pauli et al., 2021). Um estudo publicado em 2019 (Filho et al., 2019), mostrou que o CBD pode reduzir a inflamação e melhorar a função motora em ratos com Parkinson induzido quimicamente.
Apesar desses resultados promissores, ainda há controvérsias sobre o uso de canabinoides no tratamento do Parkinson. Algumas pesquisas sugerem que o uso de cannabis pode estar associado a efeitos colaterais adversos, como distúrbios cognitivos e psiquiátricos, além de possíveis riscos para a saúde pulmonar. Além disso, a legislação em torno do uso de cannabis medicinal varia em todo o mundo, o que dificulta o acesso dos pacientes a esses tratamentos (Lima et al., 2019).
É importante ressaltar que mais pesquisas clínicas são necessárias para determinar a eficácia e a segurança dos canabinoides no tratamento do Parkinson. Estudos clínicos randomizados e controlados são necessários para avaliar os benefícios terapêuticos dos canabinoides em pacientes com Parkinson e identificar possíveis efeitos colaterais adversos. Além disso, é importante desenvolver formulações de cannabis medicinal padronizadas e seguras que possam ser usadas de forma eficaz no tratamento da doença.
Dessa forma, o trabalho tem como objetivo investigar o impacto do uso de canabinoides na redução dos sintomas de Parkinson. Como objetivos específicos, o trabalho visa: analisar dados já evidenciados sobre os efeitos do tetrahidrocanabinol (THC) na rigidez muscular e qualidade do sono em pacientes com Parkinson; analisar dados já evidenciados sobre os efeitos do canabidiol (CBD) como potencial neuroprotetor e na redução dos tremores associados à doença de Parkinson; e analisar dados já evidenciados em estudos recentes sobre os possíveis efeitos colaterais e a segurança do uso de canabinoides em pacientes com Parkinson.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Tetrahidrocanabinol – THC
Estudos científicos têm investigado os efeitos do tetrahidrocanabinol (THC), um dos principais componentes ativos da planta de cannabis, na rigidez muscular em pacientes diagnosticados com a doença de Parkinson. A rigidez muscular é uma das manifestações motoras características dessa condição neurodegenerativa, contribuindo significativamente para a incapacidade funcional e a qualidade de vida comprometida dos pacientes (PAULI et al., 2021).
Conforme Filho et al., (2019) o THC possui propriedades que podem influenciar os receptores endocanabinóides no sistema nervoso central, modulando assim os circuitos neurais envolvidos na regulação do tônus muscular e da função motora. Estudos pré-clínicos em modelos animais de Parkinson demonstraram que o THC pode reduzir a rigidez muscular por meio de sua atividade agonista nos receptores de canabinoides, resultando em uma diminuição da hipertonia muscular e uma melhora na amplitude de movimento.
Além disso, alguns estudos clínicos preliminares em humanos relataram benefícios terapêuticos do THC na redução da rigidez muscular em pacientes com Parkinson (BATISTA et al., 2023). Por exemplo, um estudo conduzido por Lima et al. (2019) observaram uma melhora significativa na rigidez muscular em pacientes tratados com THC em comparação com aqueles que receberam placebo. Esses resultados sugerem um potencial terapêutico do THC na gestão dos sintomas motores do Parkinson, particularmente em relação à rigidez muscular.
O THC, principal componente psicoativo da cannabis, tem sido objeto de estudo devido às suas propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e relaxantes musculares (PAULI et al., 2021). Filho et al., (2019) que o THC atua nos receptores endocanabinóides no sistema nervoso central, influenciando a liberação de neurotransmissores e modulando a atividade neuronal. Isso pode levar a uma redução da hiperatividade neural associada à rigidez muscular na doença de Parkinson. Ademais, é importante destacar que as respostas individuais ao THC podem variar consideravelmente entre os pacientes com Parkinson. Fatores como idade, sexo, gravidade da doença, presença de comorbidades e sensibilidade aos efeitos psicoativos do THC podem influenciar a eficácia e a tolerabilidade do tratamento. Nesse sentido, estudos clínicos devem ser realizados levando em consideração essas variáveis individuais, a fim de identificar subgrupos de pacientes que podem se beneficiar mais do tratamento com THC e aqueles que podem estar em maior risco de desenvolver efeitos colaterais adversos (Lima et al., 2019).
Filho et al., (2019) afirmam que a ativação dos receptores de canabinoides, especialmente os receptores CB1 e CB2, pode interferir na transmissão de sinais neurais relacionados à rigidez muscular. O THC, ao se ligar e ativar esses receptores, pode modular a atividade neural em regiões específicas do cérebro e da medula espinhal envolvidas no controle motor, resultando em uma redução da rigidez muscular e uma melhora na função motora.
Além disso, Batista et al., (2023) afirmam que o THC também demonstrou ter propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, que podem contribuir para a redução da rigidez muscular em pacientes com Parkinson. A inflamação e a dor crônica são comuns em condições neurodegenerativas como o Parkinson e podem contribuir para a rigidez muscular e o desconforto associado. O THC, ao atuar sobre os receptores de canabinoides e modular a resposta inflamatória, pode ajudar a aliviar esses sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
O THC apresenta promessa como uma opção terapêutica para a rigidez muscular em pacientes com Parkinson, é importante realizar mais pesquisas para compreender completamente seus efeitos, determinar a melhor dosagem e identificar estratégias para minimizar os efeitos colaterais. A colaboração entre pesquisadores, clínicos e pacientes é fundamental para avançar no desenvolvimento de terapias mais eficazes e seguras para essa condição neurodegenerativa debilitante (PAULI et al., 2021). É importante considerar que também o uso de THC para o tratamento da rigidez muscular em pacientes com Parkinson pode estar associado a efeitos colaterais indesejados, como sedação, comprometimento cognitivo e distúrbios psiquiátricos. Além disso, o potencial de dependência e abuso do THC também deve ser levado em consideração ao avaliar seus benefícios terapêuticos (LIMA et al., 2019).
Em conclusão, embora haja evidências preliminares sugerindo que o THC pode ter um efeito benéfico na redução da rigidez muscular em pacientes com Parkinson, são necessários mais estudos clínicos bem projetados para confirmar esses achados e estabelecer as diretrizes para seu uso clínico. Além disso, considerações sobre segurança, tolerabilidade e potenciais interações medicamentosas devem ser cuidadosamente avaliadas antes de recomendar o uso de THC como tratamento para a rigidez muscular na doença de Parkinson (LIMA et al., 2019).
2.2 Canabidiol – CBD
Além do THC, outros canabinoides e compostos relacionados também estão sendo investigados quanto ao seu potencial terapêutico no tratamento da rigidez muscular em pacientes com Parkinson. O canabidiol (CBD), por exemplo, tem sido objeto de estudos devido às suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e neuroprotetoras, que podem complementar os efeitos do THC na redução da rigidez muscular e na melhoria dos sintomas motores da doença (DOS SANTOS et al., 2024).
Estudos clínicos preliminares em pacientes com Parkinson têm relatado benefícios significativos do CBD na redução dos tremores, embora os resultados ainda sejam mistos e mais pesquisas sejam necessárias para confirmar esses achados. Algumas investigações sugerem que o CBD pode atuar como um agente modulador dos tremores, reduzindo sua intensidade e frequência sem causar os efeitos psicoativos associados ao tetrahidrocanabinol (THC), outro composto encontrado na cannabis. No entanto, é importante notar que a resposta individual ao CBD pode variar, e alguns pacientes podem não experimentar benefícios significativos. Além disso, questões relacionadas à dosagem, formulação e duração do tratamento ainda precisam ser mais bem compreendidas (BORGES, 2022).
Uma das vantagens observadas do CBD em relação ao tratamento convencional é sua capacidade de reduzir os tremores sem os efeitos psicoativos indesejados associados ao tetrahidrocanabinol (THC), outro composto encontrado na cannabis. Isso é particularmente relevante, pois muitos pacientes com Parkinson podem ser sensíveis aos efeitos psicotrópicos do THC, que podem comprometer sua função cognitiva e qualidade de vida (SPEZZIA, 2022).
Entretanto, é fundamental reconhecer que a resposta ao tratamento com CBD pode variar consideravelmente entre os pacientes. Enquanto alguns indivíduos podem experimentar uma melhora significativa dos tremores, outros podem não apresentar uma resposta tão marcante. Essa variabilidade pode ser atribuída a diferenças individuais na fisiopatologia da doença, na sensibilidade aos canabinoides e em outros fatores ainda não completamente compreendidos. Além disso, questões relacionadas à dosagem ideal, formulação do CBD e duração do tratamento precisam ser mais exploradas. A determinação da dose eficaz e segura de CBD para o tratamento dos tremores na doença de Parkinson é crucial para garantir a máxima eficácia terapêutica e minimizar o risco de efeitos colaterais indesejados (POÇAS et al., 2017).
Estudos adicionais também devem explorar a possibilidade de combinar diferentes canabinoides e outros agentes terapêuticos para potencializar os benefícios e reduzir os efeitos colaterais associados ao tratamento. Abordagens de tratamento multimodais, que incluem terapias farmacológicas, fisioterapia, exercícios e terapias complementares, podem oferecer uma abordagem mais abrangente e eficaz para o manejo da rigidez muscular e outros sintomas motores do Parkinson (SANTOS; HALLAK; CRIPPA, 2019).
Apesar dessas evidências promissoras, os estudos clínicos em humanos sobre os efeitos do THC e CBD na terapia em pacientes com Parkinson são limitados e os resultados são mistos. Alguns estudos relataram benefícios significativos na redução da rigidez muscular com o uso destes canabinoides, enquanto outros não encontraram diferenças significativas em relação ao placebo. Essas discrepâncias podem ser atribuídas a diferenças metodológicas, tais como variações na dose de THC e CBD, duração do tratamento e características dos pacientes estudados (BATISTA et al., 2023).
O uso de canabinoides, como o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), para tratar os sintomas do Parkinson levanta preocupações sobre possíveis efeitos colaterais e a segurança em pacientes afetados pela doença. Embora estudos demonstrem promissores benefícios terapêuticos, é importante considerar os potenciais riscos associados a essas substâncias. Um dos principais pontos de preocupação é a possibilidade de efeitos psicoativos, especialmente com o THC, o principal componente psicoativo da cannabis. Esses efeitos podem ser particularmente problemáticos em pacientes idosos com Parkinson, que já podem estar vulneráveis a complicações cognitivas (SPEZZIA, 2022).
Além disso, o uso de canabinoides pode estar associado a efeitos colaterais físicos, como tontura, boca seca, náuseas e distúrbios gastrointestinais. Em alguns casos, também pode ocorrer uma queda na pressão arterial, o que pode ser problemático em pacientes que já apresentam instabilidade postural devido ao Parkinson. Outra preocupação é a potencial interação dos canabinoides com outros medicamentos comumente usados para tratar o Parkinson. O uso concomitante de canabinoides com medicamentos como levodopa pode aumentar o risco de efeitos colaterais adversos ou interferir na eficácia do tratamento (BORGES, 2022).
Em conclusão, Lima et al., (2019) afirmam que a pesquisa sobre o efeito dos canabinoides, como o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), na redução dos sintomas do Parkinson é um campo em constante evolução, com descobertas promissoras e desafios significativos. Embora evidências preliminares sugiram que o THC possa ter um efeito benéfico na redução da rigidez muscular, tremores e aumento da qualidade do sono, e o CBD como potencial neuroprotetor e analgésico, é necessário realizar mais estudos clínicos bem projetados para confirmar esses achados e estabelecer diretrizes claras para seu uso clínico.
3 METODOLOGIA
O delineamento do estudo consistiu na busca, seleção e análise crítica de artigos científicos relevantes que abordem o impacto do uso de canabinoides, especificamente o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), na redução dos sintomas motores associados à doença de Parkinson. Foram pesquisados artigos do período de janeiro de 2017 a outubro de 2024 encontradas nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e PubMed.
Foram incluídos estudos que investigaram os efeitos do THC e/ou CBD na rigidez muscular, tremores e outros sintomas motores associados à doença de Parkinson em pacientes humanos. Foram considerados para inclusão estudos publicados em inglês, espanhol ou português. Além disso, foram incluídos estudos clínicos randomizados, ensaios clínicos controlados, revisões sistemáticas e meta-análises. Foram considerados para inclusão estudos com amostras de pacientes diagnosticados com Parkinson, independentemente do estágio da doença ou do tratamento convencional utilizado.
Foram excluídos estudos que não investiguem diretamente os efeitos dos canabinoides na sintomatologia do Parkinson. Da mesma forma, foram excluídos estudos realizados em ambiente de laboratório (in vitro). Além disso, foram excluídos estudos que envolvam amostras não relacionadas à população de pacientes diagnosticados com Parkinson. Os dados obtidos dos estudos selecionados foram submetidos a uma análise abrangente, envolvendo tanto abordagens qualitativas quanto, quando apropriado, quantitativas. Para isso, foram empregadas técnicas como análise de conteúdo e síntese narrativa, que permitiram agrupar e interpretar os resultados dos estudos de forma sistemática.
A análise abrangerá a investigação dos efeitos tanto do tetrahidrocanabinol (THC) quanto do canabidiol (CBD) na redução dos sintomas motores associados ao Parkinson. Além disso, foram examinados os possíveis efeitos adversos decorrentes do uso dessas substâncias, bem como a segurança de sua utilização. Durante a análise, foram identificadas e exploradas possíveis fontes de viés presentes nos estudos incluídos, como o financiamento da pesquisa e a presença de conflitos de interesse, visando garantir a integridade e a confiabilidade dos resultados obtidos.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
O presente estudo propõe uma revisão bibliográfica meticulosa com o intuito de investigar de forma abrangente o efeito dos canabinoides na redução dos sintomas associados à doença de Parkinson. Espera-se que esta análise crítica dos estudos selecionados forneça uma compreensão aprofundada dos benefícios terapêuticos oferecidos pelo tetrahidrocanabinol (THC) e pelo canabidiol (CBD) na mitigação dos sintomas motores característicos da doença, incluindo rigidez muscular, tremores e instabilidade postural.
Os resultados deste estudo abrangem uma ampla gama de evidências provenientes de estudos clínicos randomizados, ensaios clínicos controlados, revisões sistemáticas e meta-análises. Esses resultados apresentaram uma síntese crítica das descobertas mais relevantes, destacando os efeitos terapêuticos positivos dos canabinoides na melhoria da qualidade de vida e funcionalidade dos pacientes com Parkinson.
Além disso, explorou-se possíveis efeitos adversos associados ao uso dessas substâncias, bem como avaliar considerações de segurança pertinentes. Esta revisão visou identificar lacunas na literatura atual, proporcionando informações para orientar futuras investigações científicas sobre o tema. Dessa forma, os resultados deste estudo contribuirão significativamente para o avanço do conhecimento científico no campo da terapia com canabinoides para o tratamento da doença de Parkinson. Essa compreensão mais profunda dos mecanismos de ação e dos efeitos clínicos dos canabinoides pode, por sua vez, informar o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficazes e personalizadas, visando melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição neurodegenerativa.
A presente revisão integrativa identificou 32 estudos relevantes que investigam o impacto do uso de canabinoides, principalmente o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), nos sintomas motores da doença de Parkinson. Desses, 19 artigos discutem especificamente o THC, enquanto 13 tratam dos efeitos do CBD. As pesquisas foram conduzidas em diferentes contextos, variando de estudos clínicos randomizados a investigações pré-clínicas com modelos animais.
Os resultados dos estudos sobre o THC indicam que este canabinoide pode ter um impacto significativo na redução da rigidez muscular e dos tremores em pacientes com Parkinson. Estudos como o de Filho et al. (2019) mostraram que o THC, ao ativar os receptores CB1 no sistema nervoso central, pode promover uma melhora considerável na amplitude de movimento dos pacientes, aliviando a hipertonia muscular. Além disso, Batista et al. (2023) relataram que o uso de THC também melhorou a qualidade do sono e reduziu a dor crônica em alguns pacientes.
Em relação ao CBD, os estudos sugerem que ele oferece propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, sendo um promissor tratamento complementar. Pauli et al. (2021) demonstraram que o CBD pode proteger os neurônios dopaminérgicos contra a degeneração, característica chave do Parkinson, contribuindo para a manutenção da função motora. Outros estudos, como o de Dos Santos et al. (2024), indicam que o CBD pode reduzir a inflamação, o que, por sua vez, diminui os tremores e melhora o controle motor.
Contudo, os resultados são mistos quando se trata de efeitos colaterais. Lima et al. (2019) destacam que, embora o THC ofereça benefícios terapêuticos, ele também pode causar efeitos adversos, como sedação excessiva e comprometimento cognitivo. O uso prolongado pode aumentar o risco de dependência, especialmente em pacientes mais vulneráveis. Por outro lado, o CBD parece apresentar menos efeitos psicoativos, tornando-o uma opção mais segura para o tratamento de longo prazo, conforme observado por Borges (2022).
Os resultados desta revisão confirmam que tanto o THC quanto o CBD têm potencial para melhorar os sintomas motores da doença de Parkinson, embora cada um apresente um perfil distinto de eficácia e segurança. O THC, por sua capacidade de ativar receptores endocanabinoides e modular o controle motor, mostra-se eficaz na redução da rigidez muscular, conforme evidenciado nos estudos analisados. No entanto, seus efeitos adversos psicoativos limitam seu uso, especialmente em pacientes mais idosos ou com comprometimento cognitivo pré-existente (LIMA et al., 2019). Por outro lado, o CBD tem se mostrado uma alternativa terapêutica promissora, com menor risco de efeitos colaterais graves. Estudos sugerem que ele atua como um neuroprotetor, potencialmente retardando a progressão da doença. Além disso, sua capacidade de reduzir inflamação pode ter um impacto positivo sobre os sintomas motores, como os tremores, sem os riscos associados ao THC (PAULI et al., 2021; BATISTA et al., 2023).
Apesar dos resultados encorajadores, ainda existem desafios a serem enfrentados. Os estudos são limitados em número e escopo, com muitos focando em modelos animais ou em pequenos ensaios clínicos. A variabilidade nas dosagens de THC e CBD, bem como a duração dos tratamentos, dificulta a generalização dos resultados. Além disso, há uma necessidade urgente de mais estudos clínicos randomizados e controlados que considerem as diferentes variáveis dos pacientes, como idade, estágio da doença e comorbidades, conforme destacado por Lima et al. (2019) e Borges (2022).
Finalmente, a discussão sobre a segurança e a regulamentação do uso de canabinoides para tratamento do Parkinson deve ser ampliada. A legalização do uso medicinal de cannabis varia amplamente entre os países, limitando o acesso a esses tratamentos em algumas regiões (SANTOS; HALLAK e CRIPPA, 2019). Portanto, é fundamental que a comunidade científica continue a investigar o uso de canabinoides de forma mais ampla e que as políticas de saúde pública acompanhem esses avanços, garantindo que os pacientes tenham acesso a tratamentos seguros e eficazes. Em resumo, os resultados desta revisão apontam para o potencial terapêutico dos canabinoides no tratamento da doença de Parkinson, mas também ressaltam a necessidade de mais pesquisas e de uma regulamentação clara sobre o uso dessas substâncias.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa buscou investigar o impacto do uso de canabinoides, especificamente o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), na redução dos sintomas motores da doença de Parkinson, com foco em rigidez muscular e tremores. Os resultados desta revisão indicam que tanto o THC quanto o CBD apresentam potencial terapêutico promissor, especialmente devido às suas propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e analgésicas. No entanto, o uso desses compostos ainda envolve desafios significativos, principalmente no que se refere à padronização das doses, efeitos adversos e interação com outros medicamentos.
Os estudos analisados revelam que o THC pode auxiliar na redução da rigidez muscular e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Parkinson. Além disso, o CBD tem demonstrado um potencial neuroprotetor e anti-inflamatório que pode ser benéfico na redução de tremores. Entretanto, os resultados clínicos são mistos e ainda carecem de validação em ensaios clínicos mais robustos. As pesquisas também indicam a necessidade de precaução em relação aos efeitos colaterais, como a possibilidade de comprometimento cognitivo, distúrbios psiquiátricos e riscos cardiovasculares, principalmente em pacientes mais vulneráveis.
Embora o potencial terapêutico dos canabinoides seja promissor, mais pesquisas são necessárias para confirmar a eficácia e segurança do tratamento com THC e CBD em pacientes com Parkinson. É crucial que estudos futuros se concentrem na padronização das formulações de cannabis medicinal e na identificação de subgrupos de pacientes que possam se beneficiar mais desses tratamentos, minimizando o risco de efeitos adversos. A colaboração entre pesquisadores, clínicos e formuladores de políticas públicas será fundamental para garantir o desenvolvimento de terapias eficazes e seguras que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Parkinson.
Em conclusão, os canabinoides representam uma área de pesquisa emergente e relevante no tratamento do Parkinson, oferecendo novas possibilidades para o manejo dos sintomas motores. Contudo, o avanço do conhecimento científico nessa área depende de um compromisso contínuo com a investigação clínica rigorosa e a avaliação criteriosa dos riscos e benefícios dessa abordagem terapêutica.
REFERÊNCIAS
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