RESPOSTA INSTITUCIONAL FRENTE A EVENTOS ADVERSOS EM UNIDADES  DE TERAPIA INTENSIVA 

INSTITUTIONAL RESPONSE TO ADVERSE EVENTS IN INTENSIVE CARE UNITS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409300918


Lisandra Bezerra Frota1; Monalisa Mesquita Arcanjo2; Benedita Beatriz Bezerra Frota3; Maria Islaine Portela de Miranda4; Francisco Douglas Canafístula de Souza5; Neivanne Tavares de Mesquita6; Carlos Leone dos Santos Brito7; Raimundo Carneiro de Aguiar8; Géssica Lima Silva9; Angeline Paiva do Nascimento10; Tatiany Yully Martins Ibiapina11


Resumo 

A meta de qualidade nos diferentes serviços oferecidos à sociedade tem sido cada vez mais  reconhecida, com consequente otimização de resultado. No âmbito da saúde, instituições hospitalares  têm incorporado tal perspectiva com o objetivo de oferecer assistência de excelência, diminuir custos e  garantir a satisfação da clientela, em qualquer nível de atendimento. O estudo teve como objetivo identificar as respostas institucionais diante da ocorrência de eventos adversos em Unidades de Terapia  Intensivas. Trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva, com abordagem quantitativa. Realizado  no setor de Unidade Terapia Intensiva adulta, pediátrica e neonatal do Hospital Regional Norte  (HRN). A coleta de informes para análise foi obtida através de um questionário e posteriormente de  um checklist, com vinte afirmativas, onde foi descrito o posicionamento dos profissionais acerca da  atuação da gestão. A pesquisa teve como resultado que 45,9% dos participantes cometeram algum  erro, ou seja, os erros estão presentes e irão acontecer. A pesquisa mostrou também que quando  esse erro acontece o profissional de saúde tem como sentimento imediato, vergonha e temor pelo  paciente. No entanto, a pesquisa mostrou que os profissionais de saúde da presente instituição se  comportaram de forma resiliente, mudando a sua prática assistencial e aprendendo de forma positiva  com o erro. Em se tratando de notificação, obteve-se o resultado de 29,5% que não realizaram a  notificação após a ocorrência do erro. Durante a aplicação da pesquisa foi relatado por alguns  participantes que, para alguns profissionais a Segurança do Paciente e comunicação efetiva, ainda  segue-se uma cultura errônea deste processo, acreditando que se trata de um instrumento com objetivo  de amparar única e exclusivamente ao paciente envolvido no cuidado, quando na verdade sua  finalidade é facilitar a assistência prestada nos serviços de saúde, em virtude de melhorar as  informações entre profissionais evitando a ocorrência de erros.  

Palavras-chave: Resiliência. Segurança do paciente. Evento adverso.

1 INTRODUÇÃO 

O conceito de saúde de uma pessoa é influenciado por condicionantes biológicos,  sociais, econômicos, culturais e psicológicos que podem em uma fase da vida levá-la a  procurar atendimento em um serviço de assistência à saúde, por vontade própria, a pedido da  família ou até mesmo por obrigação legal. Considerando-se qualidade na prestação dos  serviços nas instituições hospitalares, busca-se oferecer à clientela serviços com qualidade,  livre de riscos e danos, causando assim sentimentos de satisfação e segurança do cliente/  paciente (KRAEMER KALSING, 2012) (PIRES NASCIMENTO et al., 2008).  

Concernente a isso e buscando alcançar este patamar de qualidade dos serviços de  assistência à saúde, a 55ª Assembleia Mundial da Saúde (WHA) traz o conceito de qualidade  pontuado pela a resolução WHA, onde a mesma tem o objetivo de nortear ações, e promover  maior conhecimento sobre esse problema. Dessa forma, a comunidade científica foi  mobilizada a fim de conhecer os principais pontos críticos da assistência e na atenção à saúde  para minimizar falhas e promover a qualidade dos serviços e segurança dos pacientes  (BRASIL, 2013). 

A meta de qualidade nos diferentes serviços oferecidos à sociedade tem sido cada vez  mais reconhecida, com consequente otimização de resultado. No âmbito da saúde, instituições  hospitalares têm incorporado tal perspectiva com o objetivo de oferecer assistência de  excelência, diminuir custos e garantir a satisfação da clientela, em qualquer nível de  atendimento. Dentro da atenção terciária destacam-se os ambientes críticos, tais como as  Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para que o conceito de qualidade seja trabalhado e assim  se chegue a um cuidado com riscos relacionados à assistência minimizados (CLARO et al.,  2010).  

Tendo em vista os diferentes cenários onde prestam essa assistência à saúde, as  Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são reconhecidas como setores de vulnerabilidade  elevada à ocorrência de eventos adversos, devido à complexidade e da gravidade dos  pacientes assistidos. A cultura de segurança envolve atitudes e valores incorporados que  devem incentivar a identificação, a notificação e a resolução dos problemas relacionados à  segurança (MINUZZ et al., 2016).  

Neste contexto, os enfermeiros estão expostos também a condições clínicas e  ambientais difíceis que requerem atenção, controle e domínio científico, bem como, a diversas  inovações tecnológicas que precisam estar integradas/ ajustadas de forma consistente, correta  e segura ao cuidado (MARCON DAL SASSO et al., 2012). 

À vista disso, o fundamento da enfermagem em cuidados intensivos não está no  ambiente ou nas tecnologias especiais, mas no processo de tomada de decisão, baseada na  compreensão das condições fisiológicas e psicológicas do paciente, com ênfase em uma  assistência segura. A ocorrência de eventos na assistência vem colocando em risco a vida de  pacientes e tem merecido atenção dos enfermeiros na busca por cuidados que certifiquem um  mínimo de riscos ou dano. No entanto, a temática segurança do paciente está relacionada às  mudanças em relação ao modo e as rotinas de trabalho, ou seja, o modo como o ser humano  produz e reproduz sua existência, interferindo na maneira que o enfermeiro efetua seu  trabalho cotidiano (BARBOSA et al., 2014). 

Considerando-se que a segurança do paciente pode vir a ser definida como a redução e  mitigação de atos não-seguros dentro do sistema de assistência à saúde, como também a  utilização de práticas objetivando alcançar bons resultados para o paciente (FERNANDES et.  al, 2014). Diversas iniciativas estão sendo implementadas no intuito de fomentar questões  relacionadas à temática e aprimorar os sistemas e serviços de saúde para que sejam evitados e  minimizados, os eventos adversos e potencializar as estratégias em um processo mais seguro e  eficaz (BATALHA & MELLEIRO, 2016).  

A Equipe de Enfermagem, considerando suas rotinas e objetivos, deverá optar pelos  tipos de técnicas e instrumentos a serem utilizados, visando a promoção da segurança do  paciente e a qualidade da comunicação entre a equipe, pacientes e instituições. Os folhetos de  notificação de eventos adversos, constituídos também em banco de dados, são importantes  fontes de alerta e informação, proporcionando a segurança no ambiente hospitalar e  colaborando para um bom gerenciamento da assistência de enfermagem (DA SILVA DE  PAIVA et al., 2009).  

Com efeito, um ponto importante para a visualização das falhas assistenciais é a  notificação dos incidentes, que se constitui em atividades interligadas para detectar e analisar Eventos Adversos (EA) e circunstâncias de risco e direcionar para o aprendizado, a partir  desses eventos, com o objetivo de melhorar a segurança de pacientes durante sua estadia no  ambiente hospitalar. No entanto, dentre os fatores que interferem no processo de notificação,  incluem-se aspectos culturais e organizacionais de cada setor, estrutura prática da assistência,  sistemas de segurança, protocolos e processos de trabalho (PAIVA et al., 2014). 

Especificamente no que tange às instituições de saúde que se qualificam como  prestadoras de serviço e que têm como objeto de trabalho o elemento humano é preciso  reconhecer a cultura de organização para fins de políticas no nível de gestão e de  gerenciamento, desempenhando elementos determinantes, para que as propostas institucionais tragam sucesso às práticas adotadas, fazendo com que as ocorrências de eventos adversos  sejam minimizados nestes serviços (KURCGANT; MASSAROLO, 2015).  Nesse sentido, a cultura de segurança de uma organização pode ser esclarecida como o produto dos valores individuais e grupais, atitudes, percepções, competências e os padrões de  comportamento que determinam o estilo, a proficiência da saúde organizacional e a gestão da  segurança (KURCGANT MASSAROLO, 2015).  

Assim, adota-se em todos os processos de práticas em saúde, o conceito de resiliência  como proposta emergente de mudança do paradigma na compreensão dos eventos adversos,  por intermédio da perspectiva de resolução positiva dos problemas, introduzindo-se a ideia de  risco ‘’para resistir’’ às situações de vulnerabilidade (BRASIL,2017). 

Em consonância a isso, Reis (2013), acrescenta este pensamento colocando que diante  do amadurecimento dos processos de trabalho de uma organização de saúde, na expectativa  de tornar-se resiliente, robusto e praticável em face das situações que envolvem riscos  humanos e operacionais, e por consequência, a ocorrência do erro, pode-se a cultura de  avaliação proativa dos processos, mudando as condições sobre as quais os seres humanos  trabalham, criando métodos de barreira e enfrentamento ao erro.  

Para tanto, a instituição deve adotar uma cultura que prioriza a segurança acima das  metas financeiras e operacionais; que encoraja e recompensa a identificação, a notificação e a  resolução dos problemas relacionados à segurança; e que, a partir da ocorrência de incidentes,  promova o aprendizado organizacional; além de proporcionar recursos, estrutura e  responsabilização para a manutenção efetiva da segurança (BRASIL, 2013).  

A realização deste trabalho se deu pela participação da autora no grupo de pesquisa  intitulado Núcleo de Pesquisa e Extensão em Segurança do Paciente (NUPESP), onde foram  aprimorados e conquistados os conhecimentos sobre cultura e segurança do paciente. Além  disso, foi observado a existência de muitas pesquisas que avaliam a ocorrência de  evento adverso na ótica do paciente e profissional de saúde, porém a resposta institucional é  pouco abordada. Logo, surge a pergunta norteadora: Qual a resposta institucional frente a  ocorrência de eventos adversos? 

Dado o exposto, a realização deste estudo trará para a comunidade acadêmica  conhecimentos necessários para compreensão dos aspectos relevantes frente às considerações  estudadas e acreditando na importância da temática segurança do paciente como pressuposto  norteador das instituições de saúde. 

O objetivo geral do estudo foi identificar as respostas institucionais diante da  ocorrência de evento adversos em Unidades de Terapia Intensiva.

2 REVISÃO DA LITERATURA 

2.1 Segurança do paciente 

No quarto século antes de Cristo, considerado como o pai da medicina moderna,  Hipócrates, num contexto de saúde rudimentar, vem a ser considerado e julgado como um  pensador frente a sua época e diz: “Nunca causarei dano a ninguém” que após um tempo é  traduzido como “Primum non nocere” ou “primeiro não causar dano”. Através deste legado é  possível notar que Hipócrates admitiu que a assistência está exposto e cabível ao erro e a  segurança do paciente já era vista como prioridade. Com o passar dos anos, em 1863,  Florence Nightingale em seu livro “Notes on Hospitals” diz: “Pode parecer estranho  enunciar que a principal exigência em um hospital seja não causar dano aos  doentes”.Nightingale, que possuía uma mente avançada, com conhecimentos em diversas  áreas chegou a conclusão que existiam falhas e possíveis erros nas condutas profissionais  as quais eram um sério problema e alerta para a realidade (BERNARDO BUENO;  FASSARELLA, 2006). 

Dado essa premissa inicial e tendo em vista a segurança do paciente, caracterizado  pela preocupação com a magnitude da ocorrência de eventos adversos (EA), isto é, com  lesões ou danos ao paciente ocasionados pela assistência do cuidado em saúde, torna-se  evidente com os resultados do Estudo da Prática Médica de Harvard, em 1991. Mais tarde, a  publicação “To Erris Human do Institute of Medicine” (IOM), provoca grande mobilização da  classe médica e do público em geral, das organizações norte-americanas e de diversos países  para as questões relacionadas à segurança do paciente.  

Contudo, parte dessa mobilização é fruto da grande ocorrência e incidência de eventos  adversos (EA), onde os mesmos envolvem custos sociais e econômicos são consideráveis,  podendo implicar em danos físicos, morais, emocionais e psicológicos irreversíveis aos  pacientes e suas famílias. O relatório do IOM estimou a ocorrência de 44 a 98 mil óbitos a  cada ano, nos Estados Unidos (EUA), decorrentes de EA. A partir da década de 2000, a  segurança do paciente entra para a agenda de prioridades de pesquisadores de todo o mundo e  passa a ser internacionalmente reconhecida como uma dimensão fundamental da qualidade de  assistência à saúde ( REIS; MARTINS; LAGUARDIA, 2012).  

Por conseguinte, e reconhecendo a magnitude do problema da segurança do paciente a  nível global, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu em 2004 a Aliança  Mundial para a Segurança do Paciente (World Alliance for Patient Safety), que tem como interesse em organizar as definições e estudos sobre a temática segurança do paciente, e,  propondo medidas para reduzir os riscos e diminuir a incidência de eventos adversos (REIS;  MARTINS; LAGUARDIA, 2012).  

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2005, criou a Rede  Internacional de Enfermagem e Segurança do Paciente, com o objetivo de traçar tendências e  prioridades de promoção e prevenção no desenvolvimento da enfermagem na área da  Segurança do Paciente, discutir a cooperação e o intercâmbio de informações entre os países e  a necessidade de fortalecimento do cuidado de enfermagem a partir de evidências e  incidências científicas (CAVALCANTE et al., 2015). 

Acrescenta-se ainda que Cavalcante et al., 2015 diz que a Rede Brasileira de  Enfermagem e Segurança do Paciente – REBRAENSP– surgiu em maio de 2008, através da  OPAS, onde é membro, e tem como um dos principais objetivos de traçar abertura de  questionamentos na temática de segurança do paciente e à área de Enfermagem, a fim de criar  discussões e atualizações, incentivar pesquisas e melhorar a visibilidade com a divulgação de  novos métodos e experiências de assistência adequada e de qualidade, onde os mesmos venha  a diminuir a ocorrência de eventos adversos . 

No Brasil, todas essas iniciativas culminaram com a elaboração do Programa Nacional  de Segurança do Paciente, em 2013, com os objetivos de capacitar e envolver os pacientes e  familiares nas ações de segurança do paciente; ampliar o acesso da sociedade às informações  relativas à temática; elaborar, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do  paciente; fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico e de graduação  e pós-graduação na área da saúde.  

Compreende-se que, para a segurança do paciente, a enfermagem tem cinco  ferramentas importantes: Coleta de dados; Diagnóstico de Enfermagem; Planejamento;  Implementação; Avaliação. Essas etapas constituem a Sistematização da Assistência de  Enfermagem -SAE, essas ações em conjunto deve minimizar a prevenção de riscos que são  evitáveis, para uma tomada de decisões estudadas e corretas de acordo com a necessidade do  paciente( FERREIRA et al., 2014).  

Com efeito, a compreensão dos fatores que ocasionam os EA é elucidada sob a teoria  proposta por James Reason, professor de psicologia da Universidade de Manchester, Reino  Unido. Sua teoria conhecida como a teoria do “queijo suíço” compara as fragilidades do  sistema de saúde aos buracos de um queijo suíço. Cada “queijo suíço” representa uma etapa  desse sistema complexo, denominada em: a) fonte do problema; b) falhas ativas e; c) falhas  latentes. 

Assim, tem-se que: a) A fonte do problema sempre é desencadeada por múltiplos  fatores; que seriam as falhas estruturais ou pontuais, má prática ou descuido dos  profissionais de saúde, comportamentos inseguros, ou comportamento de risco por parte dos  pacientes; b) As falhas ativas seriam atos inseguros ou omissões, cometidos pelos  profissionais de saúde, cujas consequências teriam efeito adverso imediato para o paciente;  elas podem acontecer devido a um erro, à quebra de regras ou pela assunção de riscos;  c) As falhas latentes, entretanto, constituem características existentes no sistema, em  sua estrutura e processo, as quais permanecem ocultas, até que um evento ou acidente  ocorra e as exponham. Em hospitais, essas condições podem se relacionar ao ambiente de  trabalho, à supervisão inadequada, falta de treinamento ou formação deficiente, estresse,  sobrecarga de trabalho e sistemas de comunicação inadequados ou falta de conhecimento  teórico-prático. Ao ocorrer o alinhamento dos “buracos” dos “queijos suíços” o evento  adverso acometeu o paciente e a segurança do paciente foi quebrada (FERREIRA et al.,  2014). 

Tendo em vista a organização hospitalar, ela vem a ser definida pela Organização  Mundial de Saúde (OMS) como parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja  função é prestar à sociedade completa assistência no que se refere à saúde (OMS, 2008).  

Sendo assim, a assistência hospitalar consiste em um conjunto de auxílios, dentre  estas, fazer o bem e usar o melhor do conhecimento, constituem-se em fatores essenciais no  cuidado, porém são insuficientes para garantir uma assistência segura e eficaz na atualidade.  Recentemente, erros associados à assistência eram considerados um ato inevitável da  medicina moderna ou mesmo um infortúnio causado por maus prestadores desses serviços,  nos últimos anos a cultura de segurança do paciente vem crescendo progressivamente, se  tornando um assunto de abordagem mundial na área da saúde (FERNANDES et. al, 2014). 

2.2 Eventos adversos 

Nas décadas de 50 e 60, já havia registros da ocorrência de evento adverso (EA) nos  serviços e na assistência à saúde, mas foi na década de 90 que estudos mostraram a  importância dos custos sociais e econômicos decorrentes desses eventos. O Harvard Medical  PracticeStudy (HMPS) estimou que ocorreram EA’s em 3,7 % das internações em hospitais  de cuidados agudos no estado de Nova Iorque, Estados Unidos da América (EUA), em 1984.  A metodologia utilizada pelo HMPS serviu de base para outros estudos realizados em diferentes países — EUA, Canadá, Dinamarca, França, Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra,  Espanha, Brasil, Suécia e Holanda (PORTO et al., 2010).  

Destarte, o erro, como e por que acontece, seja na área da saúde ou em qualquer outra  área de trabalho, abre um leque de possibilidades para estudos relacionados à mente humana e  seu cognitivo, como também, para análise das circunstâncias de trabalho, fatores externos e  fatores ambientais. Os erros podem trazer danos e prejuízos diversos a um paciente e seus  familiares, seja um dano físico, moral ou emocional, desde o aumento do tempo de  permanência em uma instituição hospitalar, necessidade de intervenções diagnósticas e  terapêuticas e trazer, até, consequências trágicas, como a morte (BOHOMOL et al., 2007).  

Entende-se como definição de eventos adversos são incidentes não desejados,  problemas terapêuticos, danos iatrogênicos ou estabelecimento de assistência à saúde que  podem resultar de atos deliberados ou de omissão (REIS, 2013). 

À vista disso, os incidentes podem ser classificados como: incidentes sem dano,  incidente com dano (evento adverso), ou near misses, quando um incidente poderia atingir o  paciente, causando danos ou não, no entanto, foi evitado antes de acometer o paciente,  podendo também ser denominado de potencial evento adverso(CAPUCHO et al., 2013). 

Por outro lado, há algumas outras definições: Evento adverso: é uma ocorrência que  acontece durante a assistência à saúde e que pode resultar em injúria, dano físico ou  psicológico para o paciente, ou dano para a missão da organização. Evento sem dano: é um  evento que ao acontecer não resulta em dano real, embora o potencial para o dano possa estar  presente. A falta do dano pode ser devida a uma robusta fisiologia humana ou pura sorte.  Quase-acidente, conhecido na literatura também como near misses: é um evento em que as  consequências indesejáveis foram revertidas porque se descobriu com antecedência e se  corrigiu a falha, planejada ou não planejada (NETO, 2007). 

Posto que o aumento significativo da frequência de eventos adversos tem provocado  discussões em âmbito internacional. Pois, vem acarretando o aumentosignificativo da  morbimortalidade, prolongando o tempo de hospitalização e elevam os custos do tratamento.  Alguns estudos epidemiológicos apontam para uma prevalência de 20 a 46% de EAs em  pacientes hospitalizados. A incidência de EAs nos países desenvolvidos varia de 2,9 a 16,5  por 100 pacientes admitidos em hospitais, provocando a morte de cerca de 100.000 pessoas  nos Estados Unidos, a cada ano. Essa mortalidade vem ultrapassandodoenças como AIDS,  câncer de mama e vítimas de atropelamento (VENTURA et al., 2012).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que danos à saúde ocorram em  dezenas de milhares de pessoas todos os anos em todo o mundo. Dados do Instituto de  Medicina (IOM) dos Estados Unidos da América (EUA) indicam que erros associados à  assistência à saúde causam entre 44.000 e 98.000 disfunções a cada ano nos hospitais dos  EUA. Estudo realizado em 2013 com o objetivo de atualizar esses números demonstrou que a  estimativa de mortes prematuras associadas a danos evitáveis decorrentes ao cuidado  hospitalar estaria entre 210.000 e 400.000 americanos por ano. Estudos recentes mostram que  a incidência de Eventos Adversos (EA) no Brasil é alta. A ocorrência deste tipo de incidente  no país é de 7,6%, dos quais 66% são considerados evitáveis (BRASIL, 2014).  

Não obstante, nas instituições hospitalares, o envolvimento dos enfermeiros com erros  na assistência ao paciente pode ser encontrado em várias situações, como por exemplo, em  unidades críticas, autores diversos vem investigando esses eventos e respectivas  consequências para os pacientes, destacando, entre seus achados, com EAs sondas, drenos e  cateteres, erros de medicação, queda de pacientes, extubações não programadas, úlceras por  pressão e infecções adquiridas no hospital. Também, condutas adotadas pelos enfermeiros  imediatamente após a ocorrência desse tipo de acontecimentos em unidade de atendimento  (NASCIMENTO et al., 2008).  

Embora os EA’s possam acontecer em qualquer setor da assistência à saúde, pacientes  em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são particularmente vulneráveis a essas  complicações, quer seja pela necessidade de decisões de alto risco; muitas vezes de forma  urgente, a utilização de arsenal medicamentoso mais complexo, um número elevado de  procedimentos diagnósticos, pelo alto número de intervenções realizadas, em função da  gravidade e labilidade dos pacientes internados nesse local. Apesar dessa vulnerabilidade, são  poucas as publicações relacionadas à segurança de pacientes submetidos a cuidados intensivos  (NOVARETTI et al., 2014). 

2.3 Resiliência 

Nas ciências humanas, a resiliência representa a capacidade de um indivíduo  reconstituir-se positivamente face às adversidades. O dicionário de língua inglesa Longman  Dictionary of Contemporary English apresenta como a seguinte definição de resiliência: “[…]  habilidade de voltar para o seu usual estado de saúde ou de espírito depois de passar por  doenças e dificuldade”. A resiliência como foco da temática do crescimento humano em  situações de risco vem sendo estudada por vários autores em diversas partes do mundo desde a década de 1970, dos quais destacamos as pesquisas que buscam identificar os fatores de  risco e de proteção que contribuem para a adaptação dos indivíduos, subsidiando programas  de intervenção e políticas públicas no âmbito da saúde mental, em que a principal  preocupação desses pesquisadores busca identificar fatores que auxiliam as pessoas a manter  um desenvolvimento saudável na presença das adversidades (NORONHA et al., 2009). 

Enquanto nas áreas da indústria, aviação, financeira e militar esforços e investimentos  foram realizados de maneira ao criar sistemas de prevenção de erros humanos, na área da  saúde uma cultura de punição aos indivíduos que cometeram erros foi perpetuando, sendo a  culpa, o medo e a vergonha, os sentimentos que culminam destas ações. A primeira pergunta  que se é feita em instituições de saúde é “quem fez isso?”, como se erros não ocorressem  diante da conduta dúbia de alguns profissionais de saúde. Contudo, grandes estudos  epidemiológicos conduzidos em países desenvolvidos demonstram que o ambiente, a cultura,  as relações e a dificuldade do sistema culminam na ocorrência de inúmeros erros e eventos  adversos evitáveis, que comprometem a segurança do paciente e uma assistência (PEDREIRA  et al., 2009). 

Com efeito, a assistência prestada ao cliente é complexa, por isso os profissionais  precisam estar preparados de forma teórica e práticas, e conhecer suas atribuições e  habilidades específicas, conhecendo as normas e rotinas da instituição, bem como os  equipamentos utilizados e os procedimentos que venham a ser realizados. Na maioria das  vezes o cuidado é prestado de forma bem sucedida, no entanto, por mais preparada e  capacitada que uma equipe de trabalho esteja, erros poderão acontecer, pois errar faz parte da  natureza humana. Os riscos aumentam quando “práticas, procedimentos, protocolos, rotinas,  técnicas e equipamentos utilizados pelos trabalhadores forem inadequados, complexos e por si  só inseguros”. Porém, devemos aprender com o erro, não tratá-lo de forma punitiva, mas criar  estratégias para preveni-lo criando uma “cultura de segurança do paciente” (FASSINI et al.,  2012). 

Por sua vez, os erros relacionados com a assistência à saúde são, culturalmente,  abordados de maneira punitiva, apontando o profissional que estava prestando o cuidado  direto ao paciente. A maioria dos erros é cometido por profissionais comprometidos e bem  treinados e bem sucedidos em sua profissão, sendo improvável que punições evitem a  ocorrência de novos erros. Atualmente, evitar a exposição dos pacientes a situações de risco  depende da criação de estratégias que antecipem, previnam e impeçam os erros antes de  causarem danos (FASSINI et al., 2012). 

A abordagem do erro pode ser efetuada por duas perspectivas distintas, a perspectiva  individual e a perspectiva do sistema ou da organização.  

Na perspectiva individual é feita uma abordagem que se focaliza apenas no  profissional que está no final da cadeia da prestação da assistência há saúde. No entanto todas  as recomendações das instituições internacionais direcionam no sentido de se investigar as  causas do erro no sistema como um todo, procurando-se a solução para os erros que ocorrem  nos mecanismos de Segurança e na própria organização (SEQUEIRA; MARTINS;  PEREIRA, 2010). 

Notou-se também que os erros sejam identificados quando já ocorridos ou  precocemente, as organizações de saúde devem buscar um sistema de notificação. A  notificação voluntária, que consiste na comunicação de eventos adversos e demais incidentes  encaminhados por profissionais de saúde ou pacientes, espontaneamente, é o método mais  utilizado ao redor do mundo para coletar informações sobre os erros ocorridos, tornando-se  mais eficiente com a participação ativa dos funcionários. Entretanto a principal dificuldade  deste método é a subnotificação, característica comum em vários países, que ocorre por  diversos fatores, dentre eles o medo, a culpa, a vergonha, a autopunição, medo da crítica de  outras pessoas e do litígio, além da alegação de dificuldade para realizar uma notificação  como a extensão e a natureza do que deve ser relatado, o tipo de sistema de notificação, a  facilidade para enviá-la, existência de incentivos e obstáculos (CAPUCHO et al., 2013). 

Por conseguinte, um estudo realizado com enfermeiros, sobre a temática, avaliou que  40% de eventos não foram relatados devido ao estigma da atitude negativa em relação ao  incidente e os complexos relatórios que os profissionais são expostos. Outros autores  identificaram o medo de represálias e exposição a julgamentos como os principais fatores para  a não notificação e referem que apenas 25% dos erros são formalizados em relatórios ou  notificações de ocorrências (BOHOMOL et al., 2007). 

Pois, os eventos adversos são comumente associados ao erro humano individual, mas  devem-se considerar como desencadeadores as condições de trabalho, falta de preparação  técnica ou aspectos estruturais e a complexidade das atividades desenvolvidas. As situações  que predispõem ao risco de eventos adversos incluem avanço tecnológico com deficiente  aperfeiçoamento dos recursos humanos, desmotivação, falha na aplicação da sistematização  da assistência de enfermagem (SAE), delegação de cuidados sem supervisão adequada e  sobrecarga de serviço. (OLIVEIRA et al., 2014).

Logo, os estabelecimentos de saúde devem buscar formas de trabalhar os eventos  adversos, identificando a causa raiz, e buscando estratégias de aspectos educativos,  tecnológicos, psicológicos e processuais para apoio dos trabalhadores de saúde. 

3 METODOLOGIA  

3.1 Tipo de estudo 

Trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva, com abordagem quantitativa.  Esperón (2017) define a pesquisa quantitativa como um tipo de pesquisa em que se reúnem  dados e os analisam, sendo capaz de reconhecer a natureza exorbitante da realidade, seu  processo de relações e seu arranjo dinâmico. Nesse tipo de estudo pode-se acrescentar os  estudos de práticas baseadas em evidências onde colabora em comprovar a eficiência e a  eficácia dos procedimentos seguros da enfermagem.  

Destarte, Trivinos (2010) informa que o estudo exploratório é aquele que permite ao  pesquisador aprofundar seu estudo no limite de uma realidade específica, buscando  antecedentes, maior conhecimento, para em seguida, planejar uma pesquisa descritiva ou do  tipo experimental. Gil (2010) elucida que o estudo descritivo permite conhecer uma  comunidade, seus traços, problemas, valores cotidianos e suas características. 

3.2 Local e período do estudo 

A pesquisa foi realizada no Hospital Regional Norte da cidade de Sobral – Ce, que fica  situada na Região Norte do estado do Ceará. Localizado na Avenida John Sanford, 1500,  bairro Junco, na qual atualmente estão distribuídos aproximadamente 201.756 habitantes. O  Hospital Regional Norte (HRN) atende 1,5 milhões de habitantes dos municípios das cinco  regiões de saúde de Acaraú, Camocim, Crateús, Tianguá e Sobral que formam a macrorregião  Norte. É um hospital de alta complexidade do interior do Norte e Nordeste, com 57. 813,70  metros quadrados de área construída. Presta serviço público em sua totalidade, com  diferentes especialidades, entre as quais, obstetrícia, pediatria, neonatologia, radiologia,  cirurgia geral, cirurgia vascular, cirurgia torácica, cirurgia neurológica e otorrinolaringologia  (ISGH, 2013). 

O HRN foi inaugurado em 18/01/2013, e desde então, iniciou-se uma construção  coletiva voltada a atender a população da região Norte do Ceará com qualidade e segurança.  Foram aproximadamente três meses de organização interna, estruturação de unidades,  elaboração de protocolos, desenvolvimento de treinamentos e pactuação com a rede de saúde  da região para que fosse efetuado em 11/03/2013 o primeiro atendimento(ISGH, 2013). 

É um serviço terciário de alta complexidade que conta com 40 leitos de Terapia  Intensiva, distribuídas entre adulto, pediátrico e neonatal. A equipe destas unidades é  composta por: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, farmacêuticos  e nutricionistas (ISGH, 2013).  

A coleta de dados aconteceu no período de agosto a setembro de 2019. Estabelece-se  um tempo limite para orientação do pesquisador, levando em consideração o cronograma  estabelecido para conclusão da pesquisa. 

3.3 Participantes da pesquisa 

Participaram da pesquisa a equipe de enfermagem dos setores de UTI do referido  hospital, que contempla os serviços de UTI adulto, pediátrico e neonatal. É um estudo  censitário, em média 109 participantes, onde a totalidade da equipe de enfermagem foi  abordada para contribuir com o estudo. Os mesmos foram orientados sobre o teor da pesquisa  e convidados a participar.  

Desta maneira, foram envolvidos na proposta do estudo 109 profissionais de  enfermagem atuantes que estavam dentro das exigências dos critérios de inclusão, no setor de  Unidades de Terapia Intensiva adulta, pediátrica e neonatal, onde foram analisados como  resultado final de participantes da pesquisa, um total de 61 profissionais da equipe de  enfermagem dos turnos manhã, tarde e noite, tendo-se perda de 48 membros da equipe de  enfermagem que se negaram a participar do estudo. 

A amostra foi aleatória, aplicando-se para aqueles que estiverem nos dias  estabelecidos para a coleta. Como critério de inclusão participaram os funcionários  disponíveis no momento da coleta, e que atuem no setor de UTI, atuantes a mais de seis  meses. Considera-se este período como adequado para a compreensão de normas e rotinas  institucionais. Foram excluídos os colaboradores que estiverem afastados do serviço por  motivo de férias ou licença médica.  

Logo após foi apresentado o Termo de Consentimento (APÊNDICE B). Estes  documentos foram assinados em duas vias, uma foi entregue ao participante e a outra ficou com a pesquisadora. Respeitando os métodos de exclusão foi realizada a abordagem e obteve se a amostra de 61 participantes que concordaram em participar da pesquisa 

3.4 Métodos e procedimentos 

Foi realizada uma abordagem ao profissional, em seguida foi feita uma explicação do  que se trata a coleta e uma explanação breve de como se deve fazer o preenchimento correto  do checklist, além deste, o participante respondeu a um questionário com perguntas objetivas.  Para Gil (2011, p.86.), “o questionário é uma técnica de averiguação contendo um conjunto de  questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações, com a finalidade conhecer as crenças, opiniões, interesses, experiências, sentimentos, expectativas,  competências e situações vivenciadas entre outras”. 

O pesquisador entrou em contato com o objeto de estudo através do seguimento das  etapas abaixo: 

1ª Etapa – Planejamento 

Foi realizado o contato com a coordenação do setor para apresentarmos sobre a  investigação, assim como os objetivos propostos. Tal encontro definiu o melhor horário para a  coleta de dados. 

2ª Etapa – Implementação da proposta  

Nesta fase foi aplicado o questionário e checklist (APÊNDICE), o qual foi construído  com base no instrumento de James Reason, divulgado pelo Institute for Healthcare  Improvement (IHI) que tem o objetivo de contribuir para aquisição e formação de  competências dos profissionais de saúde ao nível da melhoria da qualidade e segurança do  paciente. Os colaboradores receberam o questionário e checklist, e as orientações de como  realizar o preenchimento adequado. O checklist vem trazendo um total de vinte afirmativas,  onde os participantes iriam marcar de acordo com o que a instituição se encaixa, tendo como  alternativas: sim, ?, não. Sendo que para o SIM: este é definitivamente o caso da minha  instituição, onde irá pontuar 1 ponto; para o ?: não sei, ou poderia ser parcialmente  verdadeiro, onde irá pontuar 0,5 ponto; para o NÃO: este definitivamente não é o caso da  minha instituição, onde se marcado não haverá nenhuma pontuação. Ao responder o checklist e atingir um certo tipo de pontuação é realizada a interpretação a partir dos scores, sendo estes:  0 (Jurassic Park, onde se é subtendido que na instituição não há nenhum tipo de segurança),  de 1-5 ( Você é muito vulnerável), de 6-10(Nada mal, mas ainda há um longo caminho pela a  frente), de 11-15(Está em boa forma. Mas não esqueça de ficar desconfortável) e de 16-20  (Tão saudável que quase não tem credibilidade).colocar na parte da metodologia. O  questionário e o checklist aplicado foi utilizado na pesquisa, tem como objetivo de coletar os  dados correspondentes a organização, cultura de segurança e seu conhecimento sobre a  temática.  

3ª Etapa – Análise e Interpretação dos Dados  

Os dados foram apresentados em gráficos e tabelas para facilitar a leitura e  compreensão dos resultados obtidos e posteriormente serão discutidos com apoio da literatura  vigente. O tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Esta consiste em captar os  conteúdos manifestos e latentes contidos em todo o material coletado (HENNIG, 2013). 

3.5 Análise de dados 

Após a coleta de dados, as informações de cada questionário foram inseridas e  processadas no Microsoft Excel, onde as variáveis foram relacionadas através da ferramenta – tabela dinâmica. Os dados foram apresentados em tabelas e gráficos e serão discutidos com  base na literatura. 

3.6 Aspectos éticos 

A pesquisa foi realizada dentro das prerrogativas da Resolução 466/12 do Conselho  Nacional de Saúde – CNS, garantindo o sigilo dos participantes, bem como a autonomia,  beneficência, não maleficência e justiça (BRASIL, 2012). O sigilo será mantido por meio da  não divulgação de informações que possam levar a identificação do sujeito.  

O princípio da autonomia foi respeitado a partir do momento em que o participante  decide ou não ter seu envolvimento na pesquisa; o princípio da beneficência está presente na  reflexão de uma boa assistência aos cuidados de enfermagem quanto a uma assistência de  qualidade; a não maleficência, ao longo da pesquisa e coleta das informações, será trabalhada  para o benefício do participante, preservando a identidade do sujeito e sigilo das informações, minimizando os riscos, os quais são mínimos envolvendo o constrangimento do participante,  este risco será minimizado através do preenchimento do questionário em local reservado, o  profissional foi tratado com igualdade, respeitando seus direitos, com a intenção de não causar  nenhum prejuízo.  

Os benefícios esperados com o estudo foram no sentido de enfrentamento profissional  e institucional frente aos eventos adversos ocorridos em Unidades de Terapia Intensiva, os  quais dever ser encarados como oportunidade de melhorias que resultem em ações de  promoção de um cuidado seguro, visando a prevenção de eventos adversos. Outrossim, as  responsáveis pela a presente pesquisa dispõe de assistência psicológica em caso de trauma,  constrangimento ou por algum motivo pessoal, em decorrência da pesquisa, dispõe de  assistência psicológica disponibilizada pelo o NAPI, Núcleo de Atendimento e Práticas  Integradas do Centro Universitário Inta (UNINTA) localizado na R. Cel. Antônio Rodrigues  Magalhães, bairro Dom. Expedito Lopes 359, Sobral- CE. 

Portanto, de acordo com o parecer n° 3.582.998, aprovado pelo Comitê de Ética e  Pesquisa (CEP) do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), o presente estudo  encontrou-se liberado para coleta de dados, no Hospital Regional Norte (HRN).  

Assim, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) documentou a  participação voluntária dos respondentes no estudo através da apresentação dos objetivos do  mesmo. 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS 

Neste capítulo abordar-se-ão os resultados oriundos da coleta de dados, primeiramente  proveniente de um checklist, com vinte afirmativas, onde foi descrito o posicionamento dos  profissionais acerca da atuação da gestão, posteriormente será apresentado os dados relativos  ao questionário com quatro questões objetivas, onde se analisa o posicionamento pessoal de  cada profissional acerca de seu trabalho assistencial e de sua equipe. 

4.1 Perfil da gerência 

O checklist foi projetado para ajudar as instituições de saúde a avaliar o nível de  segurança do paciente em seus locais de trabalho. Quando a instituição tem vários membros  da equipe que podem responder às questões, a pesquisa fornece a introspecção e material para  a discussão. Portanto, irá avaliar na perspectiva do funcionário como a gerência avalia o grau com que um sistema continuamente previne, detecta, atenua ou melhora seus riscos e  incidentes; o que significa que é mais do que voltar ao seu estado anterior, sendo um processo  evolutivo que envolve PREVENÇÃO. 

FIGURA 1 – Percepção dos funcionários em relação a gerencia 

Fonte: autoria própria (2019) 

Tendo em vista a interpretação, foi obtido o resultado de score de 16-20(Tão saudável  que quase não tem credibilidade) o total de 72,14% .Já o score11-15 ( Está em boa forma,  Mas não esqueça de ficar desconfortável) teve o total de 27,86%.  

Ou seja, o hospital referente à pesquisa, Segundo a análise de seus colaboradores de  enfermagem está em tão perfeito estado que não há tanta credibilidade. Considerando que  hospitais são locais de risco e que errar é humano e nesse contexto, os incidentes relacionados  à segurança e o paciente são indicadores críticos, pois permitem mensurar a lacuna entre a  assistência prestada e a desejada, possibilitando, por meio de sua análise, o planejamento de  um sistema de saúde mais seguro (SANTOS, 2018). 

Considerando-se que os profissionais de saúde estão na maior parte de seus dias  expostos a situações de estresse, que requer decisões rápidas exigindo conhecimentos técnicos  e teóricos, especialmente em Unidades de Terapias Intensivas (UTI), onde são ambientes de  trabalhos com grande aparato tecnológicos e situações estressantes rotineiramente  (STELLUTE et al., 2018). 

Além disso, Hospitais de grande porte que visam à qualidade ou níveis mais elevados  de assistência, como por exemplo, as certificações de acreditação, onde esta é responsável de  deixar estampada a qualidade de atendimento aos seus clientes, geram em seus profissionais  uma sobrecarga importante de trabalho para a equipe de enfermagem aumentando potencialmente o estresse e o risco ao erro (SILVA SANTOS., 2017). No entanto, estas  instituições não percebem que ao realizar a cobrança de um trabalho excelente, pode por em  risco a sua qualidade no atendimento e, consequentemente, na sua cultura de segurança,  criando profissionais com práticas engessadas e frustradas em sua assistência.  

Destaca-se que com o aumento da alta competitividade entre as empresas de saúde a  busca pela excelência da qualidade nos serviços oferecidos passou a ser diferencial no  mercado da saúde. Passaram a utilizar-se indicadores que traduzem a segurança do paciente,  usando a mesma como representante de capacidade de prestar a assistência necessária em  causar danos ou expor o paciente a riscos. Essa conversão da assistência em dados numéricos  estatisticamente significativos possibilita a comparação entre as instituições de saúde  (SANTOS., 2018). 

Por outro aspecto, há influências organizacionais, formadas por decisões da alta  administração e gestão, que tem impacto sobre a segurança organizacional de todo um sistema  assistencial/produção do cuidado. Condições de trabalho como supervisão, comunicação,  equipamentos, conhecimento e habilidade são fatores relevantes à segurança, são afetados  pelos processos organizacionais e decisões gerenciais. Além disso, somam-se às  características pessoais dos profissionais de saúde e o próprio paciente, que também é  determinante da variabilidade da prática clínica. Desse modo um grande desafio para a  segurança do paciente nos serviços de saúde é criar uma cultura de segurança, que permeie  todas as ações da prática assistencial (ROMA SANTIAGO et al., 2015). 

Ressalta-se que um dos maiores desafios dos gestores hospitalares consiste no  gerenciamento da redução de riscos ao paciente, podendo, assim acarretar riscos  desnecessários ao paciente, custos elevados e desnecessários às instituições. Sendo assim, é  importante uma instituição que dê suporte psicológico, físico, teórico e prático para todos os  profissionais de saúde em todos os níveis de assistência, dando abertura para uma  comunicação entre funcionário e gestores, gerando assim, uma melhor interação entre as  equipes de trabalho (PEREIRA DA SILVA, 2018). 

4.2 Perfil individual dos profissionais 

O primeiro gráfico apresenta a resposta dos participantes em relação à experiência do  erro durante a prática profissional, é possível ver que 28 (45,9%) que já cometeram algum  tipo de erro assistencial, e que 33 dos participantes (54,1%) referiram que nunca cometeram  um erro durante o cuidado do paciente

Gráfico 1 – Distribuição dos participantes em relação a experiência do erro na prática  profissional 

Fonte: Autoria Própria (2019). 

Em um relatório sobre a qualidade em assistência à saúde mostrou que, pelo menos,  44.000 americanos morrem a cada ano como resultado de erro médico e o número pode  atingir a marca de 98.000 mortes por ano (SILVA DE PAIVA et al., 2009).  

Contudo, em um estudo realizado no noroeste paulista, no setor de Unidade de Terapia  Intensiva diz que em um total de 576 admissões no período do estudo, foram registrados 550  eventos adversos. Dos 550 eventos adversos, 26 estavam relacionados aos cinco certos na  administração de medicamentos (paciente, medicamento, dose, via e horário certos), 23 às  medicações não administradas, 181 às anotações inadequadas da medicação, 28 às falhas na  instalação de drogas em bomba de infusão, 17 não realização da inalação e oito ao manuseio  incorreto de seringas e agulhas; 53 aos procedimentos de enfermagem não realizados; 46 ao  manuseio incorreto de artefatos terapêuticos e diagnósticos; 37 aos alarmes dos equipamentos  utilizados de maneira incorreta e 131 às falhas nas anotações de enfermagem(BECCARIA et  al., 2009). A presença dos incidentes e eventos adversos, que comprometem a segurança do  paciente, constitui-se atualmente em grande desafio para o aprimoramento da qualidade no  setor saúde, mas não é algo distante de ocorrer no serviço.  

Já no segundo gráfico para aqueles 45,9% que responderam “sim”, houve resultados  de sentimentos diversos adquiridos no momento do erro. Ao cometerem o erro 25% sentiram  medo, 35,7% sentiram vergonha, 35,7% sentiram temor pelo o paciente, 3,6% sentiram medo  de demissão e 0,0% tentou omitir o erro. 

Gráfico 2 – Distribuição dos participantes em relação a resposta pessoal relacionada a  experiência do erro na prática profissional +

Fonte: Autoria Própria (2019). 

Portanto, Santos et.al.,(2018) diz que o relatório do Instituteof Medicine nos traz que  apartir da premissa de que seres humanos cometem erros e que, portanto, onde há atividade  humana pode ocorrer erros há um grande desafio ao lidar com a segurança do paciente,  consiste nas estratégias inovadoras para a disseminação dessa temática na cultura  organizacional de um estabelecimento de saúde assim como o aumento de notificações, para  que esses erros possam ser identificados e corrigidos e que assim haja o aprendizado com  erro, tornando uma temática de livre discussão para todos os funcionários do serviço. 

Segundo SANTOS et al., 2007 em sua pesquisa realizado com profissionais de um  hospital em Goiânia, foi possível identificar os seguintes sentimentos: pânico, desespero,  preocupação, culpa, vergonha, medo e insegurança. Tendo como culpa e preocupação os  sentimentos mais vivenciados. 

SIQUEIRA et al., (2017) diz em seu estudo que após a ocorrência do erro sentimentos  negativos experimentados acerca do erro de medicação como: medo, incapacidade,  impotência, preocupação e responsabilidade, tendo o medo, o sentimento mais contundente  expresso, é associado diretamente ao receio de não causar mal ao paciente e ou não se  prejudicar na carreira profissional. O sentimento de culpa, o medo da punição, da demissão, e  as preocupações com a gravidade do erro podem levar os indivíduos a subnotificarem o  incidente. Para mudar esta situação, é relevante a educação dos profissionais por meio de  cursos, reciclagem e treinamentos entre outras formar de capacitação para o aprimoramento  da prática assistencial.  

Gráfico 3 – Resposta da equipe diante de um erro assistencial

Fonte: Autoria Própria (2019). 

Em relação ao questionamento sobre a postura da equipe diante de um erro  envolvendo outro membro da equipe, 51,2% afirmaram que a equipe apresentou um  comportamento de crítica e 48,8% manifestaram apoio. 

Quando se há falta de compreensão sobre o erro, acaba gerando nos profissionais um  sentimento negativo e, somado à cultura punitiva que ainda existe, acaba muitas vezes  acarretando na omissão do erro, tendo como consequência uma equipe desunida, onde a  crítica se sobressai por partes de colegas e gerencias, fazendo com que o erro seja visto de  forma negativa ao invés de ser tratado como aprendizado (CLARO et al., 2010).  

Assim, quando o erro acontece deve-se ser feita uma abordagem que se focaliza no  profissional, onde o mesmo se encontra no final da cadeia de prestação a assistência, no  entanto todas as recomendações das instituições internacionais vão no sentido de se investigar  as causas do erro no sistema como um todo, não focando apenas no individuo que cometeu  esse erro.  

Procurando-se a solução para os erros que ocorrem nos mecanismos de Segurança e na  própria organização, por exemplo: há uma boa estrutura para o trabalho? O individuo está  trabalhando em uma carga horária justa? O setor se encontra bem organizado? (ROMA  SANTIAGO; TERESA TURRINI, 2015).  

O profissional que comete o erro deve ter por parte das gerencias, colegas de trabalhos  e chefias, apoio, o erro assim como para paciente pode trazer para o profissional de saúde  sequelas psicológicas irreparáveis podendo mudar na sua forma de assistência.

O gráfico abaixo refere-se as respostas dos participantes na perspectiva de vivencia de  erros assistenciais dentro de sua equipe. Obteve-se como resultado que 86,9% já vivenciou  um erro dentro de sua equipe de trabalho.  

Gráfico 4 – Distribuição dos participantes em relação a ocorrência de erros assistenciais  envolvendo a equipe de trabalho 

Fonte: Autoria Própria (2019). 

Diante de risco ou de um possível erro, os profissionais de saúde devem adotar uma  cultura resiliente. A Resiliência consiste na capacidade do indivíduo enfrentar uma situação  estressante e possível causadora de trauma sem se desestruturar, aprendendo algo de novo  com a experiência e buscando mecanismos para contornar essa adversidade. Resiliência pode  ser entendida também como a capacidade de “encontrar forças para transformar intempéries  em perspectivas”( PERIM et al., 2015). 

Sendo assim, umas das formas de diminuir a incidência de erro nas equipes de saúde é  a uma boa comunicação entre seus membros de toda a rede de prestação a assistência;  independente dos canais utilizados, exerce importante impacto como nas relações entre  profissionais e pacientes, pois quando não há uma boa comunicação, existe uma forte razão para uma maior probabilidade de eventos adversos. A equipe deve trabalhar em conjunto, não  havendo diferenças em categorias (PEREIRA DA SILVA, 2018). 

Em relação ao comportamento individual diante do erro do colega, descreve-se as  seguintes posturas: Critica 0%, apoio 13,5%, mudança na prática assistencial 26,9% e  aprendizado com o erro 59,6%, o que representa um ponto positivo dentro da instituição  pesquisada. 

Gráfico 5 – Distribuição dos participantes em relação a resposta individual diante de erros  assistenciais envolvendo a equipe de trabalho 

Fonte: Autoria Própria (2019). 

Quando há profissionais de saúde que se deparam com erros nos seus contextos e  resolvem por não os denunciar. Neste sentido, estes autores referem que as barreiras à  notificação do erro/evento adverso agrupam-se em fatores como medo, atitude das entidades  administrativas, barreiras relacionadas com o sistema de reporte e a percepção de erro por  parte dos profissionais de saúde (LIMA et al., 2018).  

LIMA et al. (2018) diz também que quando se trata da equipe de saúde, torna-se  prioritário conscientizar-se e instigar à notificação do erro/evento adverso, como forma de  otimizar a aprendizagem através da identificação e análise do erro, promovendo assim a  melhoria continuada dos cuidados prestados. A notificação de incidentes de segurança  possibilita dividir aprendizagens com o erro e é considerada como uma das ferramentas para  identificar os riscos, perigos e vulnerabilidades de uma organização. 

É importante que os profissionais de enfermagem se conscientizem de que a  notificação dos eventos adversos implica diretamente na melhoria da qualidade da assistência.  Por meio da notificação, é possível aprender com os erros cometidos, novas práticas  assistenciais, detectar e monitorar potenciais erros para o futuro e auxiliar na busca de  alternativas para solucionar problemas relacionados à assistência em saúde (ARAÚJO et al.,  2016). 

Gráfico 6 – Distribuição dos participantes em relação notificação dos erros assistenciais.

Fonte: Autoria Própria (2019). 

O gráfico referente à quarta questão apresenta se houve a notificação após a ocorrência  dos erros. Tendo como resultado, 70,5% notificaram a ocorrência do erro e 29,5% não  notificou.  

Sendo assim o incentivo à notificação dos incidentes tem sido progressivo, com o  propósito de analisar as situações e identificar os pontos vulneráveis dos processos, em  detrimento da cultura punitiva (FEREZIN et al., 2017).  

Pois, quando se trata da notificação de eventos adversos, vale ressaltar o papel do  enfermeiro no sentido de melhorar o processo de identificação de riscos e de eventos e por ser  ele o profissional responsável técnico pelos outros membros da equipe de enfermagem.  Assim, deve exercer importante função de educador, promovendo a mobilização no sentido de  reduzir os eventos adversos, tornando e mantendo todos os membros da equipe treinados e  íntimos dos dispositivos de notificação, deixando todos responsáveis pelo o processo de  notificação (STELLUTE et al., 2018). 

Estudo em território nacional descreve que 76,8% dos indivíduos nunca preencheram  uma notificação e, internacionalmente, acima de 40% deles nunca utilizaram esse  procedimento e 25% não conheciam o sistema de notificação. Dentre os fatores que  interferem na notificação, incluem-se aspectos culturais e organizacionais, estrutura prática da  assistência, sistemas de segurança, regulamentos e processos de trabalho (SILVA DE PAIVA  et al., 2014).  

Segundo FEREZIN et al. (2017) vale destacar a necessidade de se ampliar esforços  para construção de sistemas de notificação robustos e eficientes, capacitação de profissionais  qualificados, atentos e capazes de identificar possíveis erros e eventos, de forma a contribuir  para um ambiente mais seguro e livre de danos. A responsabilidade pela segurança no  ambiente de trabalho deve ser compartilhada entre as instituições educacionais e as  instituições de saúde, já que a temática perpassa ambas as áreas e ainda carece de ações  multidisciplinares para que haja mudança no cenário. 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O presente estudo mostrou que nem todas as facetas da cultura de segurança do  paciente têm o mesmo peso quando se é levado em consideração à cultura organizacional.  Assim, se torna indispensável que se analise a cultura de segurança nas organizações de saúde  com o intuito de identificar possíveis fragilidades organizacionais e assistenciais que  necessitam ser identificadas e melhoradas. Onde os gestores devem ter esta visão como  direcionamento e posicionamento na implantação de estratégias que fortaleçam a temática  segurança do paciente nas organizações, principalmente tendo em vista que mudança das  percepções sobre a cultura de segurança pode consumir recursos e esforços consideráveis  podendo trazer benefícios para a instituição.  

Assim sendo, para que haja melhoria da qualidade e a melhoria no aumento da  segurança do paciente é necessário o trabalho integrado das equipes com o apoio da alta  direção, ou seja, apoio de pessoas que tomam as decisões sobre o destino de uma organização.  

Desse modo, é importante salientamos a necessidade e a importância da participação  do gestor em saúde no acompanhamento e no aprimoramento das mudanças na demanda por  cuidados críticos, adequando processos, pessoal, insumos, equipamentos e leitos, dentre  outras medidas, de modo a contribuir para a melhoria do cuidado assistencial aos pacientes  críticos afim de aprimorar a assistência à saúde. 

Em virtude dos fatos mencionados, a pesquisa teve como resultado que 45,9% dos  participantes que cometeram algum erro, ou seja, os erros eles estão presentes e irão  acontecer, depende da forma como a instituição e os profissionais de saúde irão encarar esse  erro. A pesquisa mostrou também que quando esse erro acontece o profissional de saúde tem  como sentimento imediato vergonha e temor pelo o paciente, a vergonha aparece como  sentimento que degrada a imagem do profissional, mesmo quando considerasse que todo ser  humano é passível de erro, podendo levar a perda da confiança e habilidade na sua prática. 

Por sua vez, a pesquisa mostrou que os profissionais de saúde da presente instituição  se comportaram de forma resiliente, mudando a sua prática assistencial e aprendendo de  forma positiva com o erro. O que é considerado um ponto positivo para a instituição.  

Em se tratando de notificação obteve-se o resultado de 29,5% que não realizou a  notificação após a ocorrência do erro, um quantitativo ainda elevado. Quando o erro acontece  pode acabar expondo o sujeito a situações vexatórias e a julgamentos e comentários maldosos  sobre sua responsabilidade e competência profissional, podendo causar de forma direta a não  notificação ou omissão do erro.

Pelos resultados apresentados, depreende-se a necessidade de uma rápida identificação  e registro dos incidentes e uma comunicação efetiva entre a equipe e gestores. Nesse contexto,  uma das exigências para a assistência de qualidade é que as organizações de saúde passem a ter um canal de comunicação que permita às equipes transmitir e receber informações de  forma clara e precisa em todos os níveis hierárquicos, garantindo melhorias na tomada de  decisão, na resolução de conflitos e no alcance das metas institucionais. 

Dado o apresentado, durante a aplicação da pesquisa foi relatado por alguns  participantes que, para alguns profissionais a Segurança do Paciente e comunicação efetiva,  ainda segue-se uma cultura errônea deste processo, acreditando que se trata de um  instrumento com objetivo de amparar única e exclusivamente ao paciente envolvido no  cuidado, quando na verdade sua finalidade é facilitar a assistência prestada nos serviços de  saúde, em virtude de melhorar as informações entre profissionais evitando a ocorrência de  erros, foi relatado também a responsabilidade de algumas categorias profissionais como  responsáveis para a notificação, onde a mesma teria que ser responsabilidade de todos.  

Portanto, é de fundamental importância que as organizações de saúde criem políticas e  procedimentos específicos para o relato e a divulgação de eventos adversos e formas de  notificações mais simplificadas e de fácil compreensão e com acesso livre a todos os  profissionais assistencialistas. Considerando a necessidade de se desenvolver estratégias,  produtos e ações direcionadas aos gestores, profissionais e usuários da saúde sobre segurança  do paciente, que possibilitassem a promoção da mitigação da ocorrência de evento  adverso na atenção à saúde.  

Levando-se em consideração esses aspectos, o estudo apresentou limitação, aponta-se  o quantitativo dos participantes, onde os resultados do estudo não podem ser extrapolados  para a população em geral, necessitando de estudos mais ampliados que abordem a temática.

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1Graduada em Enfermagem, Centro Universitário INTA – UNINTA, lisandra437@gmail.com, https://orcid.org/0000-0002-3825-9419;
2 Graduada em Enfermagem,  Centro Universitário INTA – UNINTA, monalisamesquita@hotmail.com, Orcid: https://orcid.org/ 0000-0002-4435-0550; 
3Graduada em Enfermagem, Centro Universitário INTA – UNINTA, bbb.frota@gmail.com, Orcid: https://orcid.org/0009-0002-0316-5161;
4Graduada em Fisioterapia, Centro Universitário INTA – UNINTA, islainemiiranda@gmail.com;
5Graduado em Enfermagem, Universidade Estadual Vale do Acaraú, douglas21091997@gmail.com, https://orcid.org/0000-0002-8845-1062;
6Graduada em Enfermagem, Universidade de Fortaleza, neiviannentm@gmail.com;
7Graduado em Enfermagem, Centro Universitário INTA – UNINTA, carlosleonedsb@gmail.com, https://orcid.org/0009-0003-9735-0647;
8Graduado em Enfermagem, Centro Univsersitário INTA – UNINTA, raimundofilho18@hotmail.com;
9Pós graduada em Urgência e Emergência e Saúde da Família; Centro Universitário INTA-UNINTA; limagessik@gmail.com; Orcid: https://orcid.org/0009-0003-0371-0999;
10Pós graduada em saúde da família; Escola de Saúde Pública Visconde Sabóia; angeline.p.n11@gmail.com;
11Graduada em Enfermagem, Centro Universitário INTA – UNINTA, tatiany-martins@hotmail.com, https://orcid.org/0000-0002-0931-655